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Umbanda Omolokô

Saudações a todos !

Continuando nossa nova série "Novos Estudos-Vertentes da Umbanda" ,


iniciada a partir da última publicação "01-Umbanda Esotérica e
Iniciática" onde passeamos segundo nossos entendimentos pelos principais
acontecimentos que desencadearam o movimento esotérico e iniciático, a
partir de seus percursores seguindo estudos bibliográficos, artigos e textos
pela internet. O estudo das vertentes da Umbanda passa também pela
compreensão de alguns fatores causais que contribuíram para eclosão dos
diferentes segmentos.

A diversidade étnica e cultural base de nossa sociedade é ou foi o fator


primário, a não sistematização dos cultos abriram precedentes para uma
prática plural e miscigenada, vista por muitos em vários casos como
"marginalizados", inclusive considerando-as baixo espiritismo. Em
contraponto, os movimentos federativos que aglutinavam os
individuais(terreiros), visavam representação política frente ao governo,
sobretudo de uma legislação opressora, preconceituosa e perseguidora.

O Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, em 1941,


tinha por finalidade normatizar a religião em uma doutrina comum à
todos, aglutinou-se então lideranças diversas para que apresentassem
suas teses e conceitos sobre o surgimento, questões doutrinárias,
ritualísticas entre outras. Existiu também a necessidade de embasamento
científico que aproximasse a religião das culturas cristãs, este viés é
reconhecido por grande parte dos pesquisadores e para boa parcela deles
isso aconteceu pela necessidade afirmação da Umbanda como religião
perante ao governo e sociedade, podemos considerar esta fase, como o
"embranquecimento" da Umbanda, pois, valorizava-se muito mais o
"cientificismo" próprio da doutrina kardecista e do positivismo do que
das raízes culturais e práticas que a Umbanda então herdava dos
africanos e indígenas.

Essa ideologia serviu para que o movimento Omolokô ganhasse


militância e seu reconhecimento dentro do universo umbandista.

Tata Tancredo
Tancredo da Silva Pinto (Tata Ti Inkice), conhecido porTata Tancredo foi
o principal nome do movimento Omolokô sendo o responsável por
coordenar toda a estrutura política pelos movimentos federativos, quanto
doutrinárias pela condução de terreiros e publicações de livros sobre a
Umbanda Omolokô, um muitas fontes é tido como o "Organizador do culto
Omolokô".

Defendia a origem e fundamentação da Umbanda como herança de povos


africanos de Angola do grupo Luanda-Quiôco, para isso é dele a seguinte
afirmativa reproduzida em tantos veículos de informação que tratam da
questão...“a Umbanda é africana, é um patrimônio da raça negra”.

Tata Tancredo fundou em 1950 a Confederação Umbandista do Brasil e


viajou a diversos estados auxiliando e incentivando a criação de
instituições que agregassem terreiros com fundamentações provenientes de
cultos afro-brasileiros praticados na Umbanda, era uma verdadeira frente
de resistência pelos fundamentos africanos na religião. Era também
sacerdote e segundo o excelente estudo publicado no blog Uniafro teve
mais de 3.566 "filhos de santo" iniciados. Outra característica importante
de Tata Tancredo, foi o legado bibliográfico deixado para o movimento
Omolokô e foram mais de 30(trinta) livros, alguns deles em parceria
com Byron Torres de Freitas. Abaixo reproduzimos a lista de algumas
obras publicadas por Tata Tancredo, que extraímos da publicação Tata de
Inkice Tancredo da Silva Pinto através da CEUB:

- Negro e Branco na Cultura Religiosa Afro Brasileira – Os Egbás


- Tecnologia Ocultista da Umbanda no Brasil
- A Volta dos Orixás
- Doutrina e Ritual de Umbanda
- Primado de Umbanda
- Guia e Ritual para Organização dos Terreiros de Umbanda
- Doutrina e Ritual de Umbanda – Tancredo da Silva Pinto
- As Mirongas de Umbanda
- Tecnologia Ocultista da Umbanda Brasil
- Origens da Umbanda
- O Eró
- Cabala Umbandista
- Iaô
- Camba de Umbanda
- Impressionantes Cerimônias da Umbanda
- Fundamentos da Umbanda

FUNDAMENTOS DA UMBANDA OMOLOKÔ

Nascido no Rio de Janeiro, que é o estado berço da Umbanda, o movimento


Omolokô é conhecido por praticar a caridade espiritual em sessões
mediúnicas por incorporações de guias espirituais como (Preto-Velhos,
Caboclos, Exús...) com fundamentações rito litúrgicas muito aproximadas
dos cultos de raiz afro-brasileiras, como o Candomblé por exemplo. É
necessário o esclarecimento que ao nosso entendimento é
importantíssimo... Omolokô não é Candomblé, mais sim uma vertente de
Umbanda com forte influência de cultura africana, em muitos casos é
conhecido comoUmbandomblé.

Ainda seguindo os estudos do blog Uniafro, verificamos o significado do


termo Omolokô indicado por Tata Tancredo como : "Omolokô é uma
palavra Yoruba: OMO - filho e OKO - fazenda, era a zonal rural ou de
difícil acesso onde eram realizados os rituais, escolhidos para fugirem da
repressão policial que havia naquela época... Talvez por causa disso hoje
temos as denominações terreiro e roça para os lugares onde os cultos
afro-brasileiros são realizados". Outros pontos são muito comuns com
o Candomblé principalmente e aparecem nos rituais e fundamentos destes
terreiros, mais as variações existem, de acordo com cultura de cada casa em
geral apresentam as seguintes características:

Ritos iniciáticos dos "filhos de santo" ou neófitos, para ingressarem na


escala evolutiva de formação e aprendizado da cultura Omolokô, podem
genericamente apresentar as fases ou "obrigações": Ebó, batismo,
catulação, oborí ou borí, camarinha para recolhimento e saídas festivas
entre outras iniciações.

Além dos ritos de iniciação, há também Hierarquia Sacerdotal com termos


comumente conhecidos nos cultos de nação, como por
exemplo: Babalorixá, Yalorixá, Dagã, Yabasé ou Yabá e outros já
familiarizados com o universo umbandista como Ogã e Cambono ou
Combono.

Os Orixás cultuados em geral são: Oxalá, Ogum, Oxossi, Obaluaê, Omolú,


Ossain, Nanã, Oxumarê, Odé, Oxum, Iemanjá, Xangô, Iansã/Oyá,
Irokô/Lokô, Ibeji/Erê.

Os trajes e paramentos são mais destacados em relação a outras vertentes


da Umbanda que preferem apenas o uniforme branco, no caso da Omolokô
aproximam-se bastante das tradições afro-brasileiras.

As entidades espirituais mais presentes e destacadas envolvidas com a


cultura Omolokô são: Caboclos, Preto-velhos e Exús, mais isso não é uma
regra de exclusividade, outras como Marujos, Boiadeiros, Baianos,
Ciganos e Crianças também estão presentes nestas casas.

Um dos pontos mais polêmicos é sobre os sacrifícios animais em seus


rituais, uma realidade existente em alguns terreiros de Omolokô, pois,
seguem tradições tão conhecidas e oriundas dos cultos de nação. Para isso é
bom o leitor compreender que não estamos generalizando a prática para
100% do movimento muito menos reprovamos seu uso, apenas devemos
perceber que em meio a tanta discussão sobre a utilização ou não no meio
umbandista ainda existem terreiros realizando-as. Para reflexão acerca do
tema indicamos a leitura da artigo Sacrifício de animais não é tudo !, que
certamente ajudará nossos sentidos a entender o significado do uso pelo
movimento Omolokô

Passando longe de qualquer discussão sobre as práticas desenvolvidas pelo


movimento Omolokô serem ou não de Umbanda, mesmo com tantos
registros históricos delineando as frentes defendidas e perpetuadas,
por Tata Tancredo, como um dos movimentos umbandistas então surgidos
e organizados após o advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas, ainda
sim há quem não os credite ou perceba que sim! Omolokô é Umbanda
também!

As semelhanças com os cultos de nação afro-brasileiros são naturais,


sobretudo no tocante aos ritos iniciáticos e graus sacerdotais, acredita-se
que este tipo de "Umbanda" ou "culto" tenha vindo dos povos Bantos
angolanos, ou seja, segundo suas crenças, o culto religioso já existia antes
mesmo de vir para o Brasil pelos então negros escravizados, e mesmo que
tenham passado por um processo de aculturação e assimilação dos
costumes e formas que o Brasil apresentou para estes, de tempos em
tempos sua forma foi se amoldando chegando no produto que conhecemos
hoje como Umbanda Omolokô.

Mais uma vez agradecemos o fato da Umbanda não ter uniformidades de


pensamentos, ideologias e rituais, ser plural como a cultura brasileira é o
que a torna mais brasileira ainda!
ALGUNS LIVROS DE TANCREDO DA SILVA PINTO

. Negro e Branco na Cultura Religiosa Afro Brasileira – Os Egbás –


Editora Espiritualista – Tancredo da Silva Pinto e Gerson Ignes de Souza

. A Volta dos Orixás – Editora Espiritualista

. Primado de Umbanda – Editora Espiritualista

. Guia e Ritual para Organização dos Terreiros de Umbanda – Editora


Eco –Tancredo da Silva Pinto e Byron Torrez de Freitas

. Doutrina e Ritual de Umbanda – Tancredo da Silva Pinto e Byron


Torrez de Freitas – Editora Espiritualista

. As Mirongas de Umbanda – Tancredo da Silva Pinto e Byron Torrez de


Freitas

. Tecnologia Ocultista da Umbanda Brasil – Tancredo da Silva Pinto –


Editora Espiritualista

. Origens da Umbanda – Tancredo da Silva Pinto

. O Eró – Tancredo da Silva Pinto

. Cabala Umbandista – Tancredo da Silva Pinto

. Iaô – Tancredo da Silva Pinto

. Camba de Umbanda – Tancredo da Silva Pinto

. Impressionantes Cerimônias da Umbanda – Tancredo da Silva Pinto

. Fundamentos da Umbanda – Tancredo da Silva Pinto

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