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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO, FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO
Disciplina: DFD0418 – Direito Econômico
Professor Doutor Alessandro Serafim Octaviani Luis

Uma visão crítica sobre o desenvolvimento do capitalismo

Trabalho apresentado como requisito parcial


para conclusão da disciplina de Direito
Econômico no segundo semestre de 2017,
ministrada pelo Professor Doutor Alessandro
Serafim Octaviani Luis.

Aluno: William Paisano Jato Nº USP: 8113550 Turma: 24

São Paulo
2017
Sumário

1. Introdução..........................................................................................................................3
2. Sobre o autor......................................................................................................................4
3. Sobre a obra....................................................................................................................... 5
4. Uma história do capitalismo.............................................................................................. 7
5. O papel do Direito Econômico na superação do subdesenvolvimento...............................8
6. Referências........................................................................................................................ 9
1. Introdução

Este trabalho é uma análise do livro de Ha-Joon Chang, Chutando a Escada. Nesta
obra o autor traz uma visão crítica sobre o desenvolvimento econômico de diversos países,
tanto os tradicionalmente analisados como Alemanha e Inglaterra, como países menores como
Bélgica e Holanda.
A proposta é analisar os argumentos trazidos por Chang, juntamente com os estudos
realizados por autores como Fabio Comparato e Gilberto Bercovici.
Um resgate histórico sobre o desenvolvimento dos países ricos se faz necessário para
a compreensão do instrumental utilizado para atingir o atual nível de desenvolvimento e para
compreender por que os países em desenvolvimento não conseguem chegar no patamar dos
desenvolvidos.
O livro mostra que a postura dos países desenvolvidos em relação aos em
desenvolvimento é de supremacia, enquanto no sentido oposto a postura é de dependência. A
ideia de “chutar a escada” que remete o livro é justamente aquela relação, em que a posição
dos países ricos é de impedir o desenvolvimento completo do segundo grupo.
2. Sobre o autor

Ha-Joon Chang, professor da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, desde 1990,


e diretor-adjunto do Departamento de Estudos sobre Desenvolvimento. Ha-Joon vem sendo
considerado um líder da nova geração de economistas heterodoxos que tentam revitalizar os
trabalhos e debates na área de desenvolvimento econômico
Em 2003, o livro em análise neste trabalho, cujo título original em inglês é Kicking
away the ladder: development strategy in historical perspective, foi o vencedor do Prêmio
Gunnar Myrdal, dado pela EAEPE (European Association for Evolutionary Political
Economy) para a melhor publicação.
O autor ainda dividiu o Prêmio Leontief (Wassily Leontief Prize for Advancing the
Frontiers of Economic Thought) de 2005, dado pela Universidade de Tufts, com Richard R.
Nelson, professor da Universidade de Columbia. O Prêmio Leontief foi recebido pela sua
contribuição para o estudo do desenvolvimento econômico de países pobres e pelos seus
trabalhos tentando desvendar a problemática relação existente entre metas de
desenvolvimento e uma economia globalizada.
3. Sobre a obra

Ha-Joon Chang recruta a história econômica para montar uma crítica provocativa do
"Consenso de Washington" - o conjunto padrão de recomendações de políticas que visam
promover o desenvolvimento econômico nos países pobres. De acordo com o consenso, os
países em desenvolvimento devem adotar um conjunto de "boas políticas" e "boas
instituições" para melhorar seu desempenho econômico. As boas políticas incluem políticas
macroeconômicas estáveis, um regime liberal de comércio e investimento e privatização e
desregulamentação. As boas instituições incluem o governo democrático, a proteção dos
direitos de propriedade (incluindo a propriedade intelectual), um banco central independente e
instituições transparentes de governança corporativa e estabelecimentos financeiros. Essas
políticas foram adotadas pelo Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e por muitos
economistas convencionais, daí o termo Consenso de Washington.
Chang destaca o paradoxo de que muitos dos países de alta renda de hoje não
perseguiram tais políticas quando estavam escalando a escada econômica do sucesso no
século XIX. Em vez disso, esses países implementaram tarifas elevadas e políticas industriais
setoriais, ficaram em atraso na introdução de reformas democráticas, roubaram as tecnologias
industriais umas das outras, não possuíam bancos centrais independentes, e assim por diante.
Portanto, na opinião de Chang, os países desenvolvidos são hipócritas quando procuram negar
aos países em desenvolvimento o acesso a essas mesmas ferramentas políticas e quando
exortam-nas a adotar reformas democráticas e a proteger a propriedade intelectual.
Em certo sentido, este livro coloca Adam Smith (ortodoxia do mercado livre) contra
a Friedrich List (heterodoxia de intervenção gerenciada) e vem do lado da Lista. Na opinião
de Chang, os países desenvolvidos pregam as políticas de Adam Smith para os países em
desenvolvimento hoje, mas seguiram as próprias políticas de Friedrich List no passado. Os
países desenvolvidos estão "derrubando a escada" (na frase memorável de Friedrich List) que
eles costumavam se tornar mais ricos e, em vez disso, estão tentando impor aos países em
desenvolvimento um conjunto de políticas totalmente inadequadas para sua condição
econômica e contrárias aos seus interesses econômicos. Este livro já alcançou um alto status
como uma crítica iconoclástica do "fundamentalismo de mercado" neoliberal, como
pronunciado pela economia estabelecida e pelas instituições internacionais.
Chang, que é Diretor Adjunto de Estudos de Desenvolvimento da Universidade de
Cambridge (Reino Unido), divide seu livro em quatro capítulos. Cada capítulo se concentra
nas políticas seguidas há um século pelos principais países ricos de hoje (Grã-Bretanha,
Estados Unidos, Alemanha, Japão e outros países europeus) e compara essas políticas com as
que os países em desenvolvimento são instados a adotar o Consenso de Washington. O
Capítulo Um introduz o livro e pergunta "Como os países ricos se tornaram ricos?" O
Capítulo Dois analisa as políticas comerciais e industriais, projetadas para permitir aos países
em desenvolvimento "recuperar o atraso" com os países industrializados. O Capítulo Três
centra-se nas instituições e na boa governança. O capítulo quatro conclui com um resgate
histórico.
4. Uma história do capitalismo

Um dos principais pontos para o discurso neoliberal sobre a globalização é a


convicção de que o livre comércio, mais do que os movimentos livres de capital ou de
trabalho, é a chave para a prosperidade global. Até muitos daqueles que não estão
entusiasmados com todos os aspectos da globalização parecem concordar que o comércio
livre é o mais benigno, ou pelo menos um elemento menos problemático no progresso da
globalização. Partem da convicção no livre comércio que os proponentes da globalização
possuem vem da crença de que a teoria econômica estabeleceu a irrefutável superioridade do
comércio livre, embora existam alguns modelos formais que mostram que o comércio livre
pode não ser o melhor. No entanto, mesmo os construtores desses modelos, argumentam que
o livre comércio ainda é a melhor política porque no modelo intervencionista a política
econômica são quase certas de sofrerem abuso político. Ainda mais poderoso para os
proponentes de livre comércio, é a crença de que a história está do seu lado. Depois de tudo,
os defensores do comércio livre perguntam, não é através do livre comércio que todos os
países desenvolvidos do mundo tornaram-se ricos? O que estariam alguns países em
desenvolvimento pensando quando eles se recusam a adotar uma receita tão testada para uma
economia em desenvolvimento? (CHANG, 2004)
Um olhar mais atento sobre a história do capitalismo, no entanto, revela uma história
muito diferente. Praticamente todos os os países desenvolvidos não praticaram o livre
comércio. Em vez disso, eles promoveram suas indústrias nacionais tarifas, subsídios e outras
medidas. Particularmente notável é o fato de que a diferença entre histórias "reais" e
"imaginadas" da política comercial é o maior em relação à Grã-Bretanha e os Estados Unidos,
que convencionalmente acreditavam para alcançar o topo da hierarquia econômica mundial
adotando o livre comércio quando outros países estavam presos com políticas mercantilistas
desatualizadas. Estes dois países foram, de fato, muitas vezes os pioneiros e frequentemente
os mais importantes usuários do comércio intervencionista e da política industrial medidas em
seus estágios iniciais de desenvolvimento. Desconsiderando o mito do livre comércio do
histórico perspectiva demonstra que existe uma necessidade urgente de repensando
completamente alguma sabedoria convencional o debate sobre a política comercial e, mais
amplamente, sobre a globalização (CHANG, 2004).
5. O papel do Direito Econômico na superação do subdesenvolvimento

Fabio Comparato (1978) afirma que o novo direito econômico surge como o
conjunto das técnicas jurídicas de que lança mão o Estado contemporâneo na realização de
sua política econômica. Ele constitui assim a disciplina normativa da ação estatal sobre as
estruturas do sistema econômico, seja este centralizado ou descentralizado.
Em se tratando de matriz constitucional, Gilberto Bercovici (1999) afirma que as
soluções dadas pelo intérprete e pelo aplicador da Constituição devem estar adequadas e ser
coerentes com a ideologia constitucionalmente adotada, que os vincula. A Constituição de
1988 é voltada à transformação da realidade. O autor afirma ainda que a perspectiva jurídica
da Constituição precisa ser completada por considerações de política constitucional dirigidas
para manter, possibilitar ou criar os pressupostos de uma realização legítima da Constituição.
Chang (2003) afirma que permitir que os países em desenvolvimento adotem
políticas e instituições mais apropriadas ao seu estágio de desenvolvimento e a outras
circunstâncias que eles estão vivendo permitir-lhes-á crescer mais rapidamente, como deveras
aconteceu nas décadas de 1960 e 1970.
O Direito Econômico, portanto, exerce um papel central na superação do
subdesenvolvimento. Toda a reconstrução das instituições, bem como a revisão das
legislações e acordos de comércio teriam de ser realizadas pelo instrumental do Direito
Econômico, que deverá ter um viés transformador.
6. Referências

BERCOVICI, Gilberto. A problemática da Constituição dirigente: algumas considerações


sobre o caso brasileiro. Revista de Informação Legislativa, nº 142. Brasília: Senado Federal,
1999.

CHANG, H. Chutando a escada. São Paulo: UNESP, 2004

COMPARATO, Fábio Konder. O Indispensável Direito Econômico. _____. In Ensaios e


Pareceres de Direito Empresarial. Rio de Janeiro: Forense, 1978. p. 453 - 472;

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