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UNIDADE CURRICULAR: Igualdade, Exclusão Social e Cidadania

CÓDIGO: 41102

DOCENTE: Rosário Rosa

A preencher pelo estudante

NOME: Bruna Letícia Mota Gonçalves

N.º DE ESTUDANTE: 2000959

CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 24 de janeiro de 2022

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

“Em situação de fragilidade social, que agrupam a situação de pobreza e


exclusão social, encontram-se ex-reclusos” (Borba & Lima, 2011, p.228).

A temática da inclusão e, por contraponto, a da exclusão social faz parte das


interrogações centrais que avassalam a sociedade. Atualmente os números
daqueles que são considerados como “excluídos” são elevados e adquirem
contornos multidimensionais e complexos, atingindo setores cada vez mais
diversificados da população. Nesse sentido, os trabalhos de reinserção
assumem maior destaque e não podem passar apenas por uma vertente da
intervenção social. A inserção poderá passar pela criação de ligações entre as
necessidades, as respostas que existem e as que poderão ser criadas.

Será que as políticas de reinserção social capacitam os reclusos para a sua


integração / inclusão na sociedade, sem reincidirem?

 TEMÁTICA E TÍTULO DO PROJETO:

O projeto “GUIA” (GUI- Guimarães; A- Ajuda; Apoia; Acolhe; Acompanha e


Aceita), é um projeto interventivo, com o objetivo de reforçar a promoção da
igualdade, inclusão social e cidadania, junto a ex-reclusos, que após saída de
reclusão, se encontrem em situação de vulnerabilidade, sem habitação;
dificuldades económicas; sem rede de suporte social e/ou familiar, no concelho
de Guimarães.

 FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO:

Este projeto, assim como o próprio nome indica, pretende contribuir para um
aumento de proximidade, prevenindo o risco inerente de exclusão e consequente
reincidência ao crime por parte de ex-reclusos, promovendo a sua reinserção na
sociedade.

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Procura trazer aceitação, mudança de paradigmas, acolhimento e respeito por
este grupo colocado à margem da sociedade, através do preconceito, barreiras
e tabus, aumentando as suas limitações e obstáculos.
Visa cumprir o Princípio da Igualdade, que se encontra presente no nº1 do artigo
13º da Constituição da República Portuguesa (CRP), que proclama que todos os
cidadãos têm a mesma “dignidade social” (Diário da República Eletrónico, 2022).
Este decreta aos poderes públicos um tratamento igual de todos os seres
humanos perante a lei e uma proibição de discriminações infundadas.
Visa igualmente cumprir o nº2 do artigo 13º da CRP, que declara que “ninguém
pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou
isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território
de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação
económica, condição social ou orientação sexual.” (Ibidem).
Pretende uma sociedade capaz de incluir todas as pessoas, de forma a este
grupo ter a possibilidade de usufruir de uma segunda oportunidade.

 GRUPO ALVO:

O grupo-alvo deste projeto são ex-reclusos, provenientes do Estabelecimento


Prisional de Guimarães ou qualquer outro Estabelecimento Prisional nacional,
que após a sua liberdade se encontrem em situação vulnerável, com dificuldades
ao nível de rendimentos, sem habitação, sem apoio ou, que apenas necessitem
de orientação e acompanhamento para a sua reinserção e para o recomeço das
suas vidas.
Segundo dados do estudo realizado por Anália Torres e Maria do Carmo Gomes
em 2002, o nível de reincidência em Portugal é bastante elevado,
correspondendo a 62% (Capucha, 2005).
O estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) revela ainda que,
da população sem-abrigo em Portugal, 9,5% corresponde a ex-reclusos
(Ibidem).
Estes dados permitem avaliar as dificuldades que ex-reclusos revelam para
aceder e manter emprego ou para estabilizar as suas vidas, conduzindo à sua
exclusão, muitas vezes à sua forma mais extrema, i.e., sem-abrigo, e a uma
reincidência na vida criminal.

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As atuais medidas adotadas não parecem estar, de facto, delineadas para
construir uma efetiva melhoria das condições de inserção (Ibidem).

 FATORES DE EXCLUSÃO:

Ao falar de exclusão social, está-se a falar diretamente de exclusão da


sociedade, pois esta é constituída por diversos sistemas sociais. Alguns destes
são básicos e essenciais, bem como interdependentes entre si (Perista &
Baptista, 2010).
A exclusão pode afetar aspetos fundamentais da vida, gerando uma não-
participação num conjunto de benefícios que definem um membro de pleno
direito dessa sociedade, opondo-se à noção de integração social.
A titulo de exemplo, a exclusão do mercado de trabalho gera pobreza e esta
impede o acesso a bens e serviços socialmente relevantes, e.g., habitação,
saúde, lazer.
Os grupos à margem como os ex-reclusos, são os mais comumente associados
à pobreza e exclusão, porque são os que se encontram mais afastados do
normal funcionamento social, sofrendo de estigma, preconceito e discriminação,
o que torna difícil reverter a sua situação de exclusão (Capucha, 2005).
No que diz respeito aos obstáculos ao processo de reinserção social, estes são,
particularmente, impostos pela própria sociedade que mantêm fortes tendências
de desconfiança face aos ex-reclusos e, inclusivamente os considera perigosos.
De tal forma que, os que conseguem emprego, não lhes sendo pedido registo
criminal, preferem manter em segredo a condição de ex-recluso com medo da
discriminação.

A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) é um serviço


central da administração direta do Estado, tutelado pelo Ministério da Justiça,
que tem como missão definir e executar as políticas de prevenção criminal e de
reinserção social, promovendo e executando medidas tutelares educativas,
penas e medidas alternativas à prisão. “Agir para integrar” é a expressão que
manifesta a identidade e a visão estratégica deste serviço de justiça.
O que acontece, porém, é que condenados cumprem a sua pena e depois saem
com cadastro criminal, sem um currículo apresentável, sem qualificações
pessoais e profissionais.

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Apesar da existência da DGRS, cuja principal tarefa é o acompanhamento
dessas pessoas, e a existência de conceções no decorrer da reclusão tais como
as Licença de Saída Jurisdicional (LSJ) e Licença de Saída Excecional (LSE),
cuja finalidade é a preparação para a vida no exterior, esse apoio não tem
efetivos resultados, demonstrando ser igualmente necessário após a saída da
prisão.

 DESCRIÇÃO DO PROJETO:

O projeto “GUIA” pretende promover a igualdade, a inclusão social e a cidadania,


junto a ex-reclusos, no concelho de Guimarães.
A missão deste é reconstruir as vidas da população ex-reclusa, através do apoio
à sua reinserção e integração social e profissional.
Este iniciará com a construção de uma habitação social central onde ex-reclusos
poderão recorrer a uma equipa técnica multidisciplinar e a diversos serviços. Na
sua periferia, pretende-se construir lofts individuais (incluem cama, casa de
banho, cozinha) onde estas pessoas poderão residir.
Deverão ser verificados os recursos físicos e materiais necessários para a sua
implementação.
Na habitação social irão desenvolver-se vários ateliers (e.g., cozinha, costura,
hábitos de higiene); workshops; atividades desportivas; formações profissionais
e escolares, com vista à aquisição de novas competências e aptidões; o
acompanhamento a várias instituições (bancárias, saúde, segurança social,
entre outras) e acompanhamento emocional.
As várias atividades pretendem:
 dotar ex-reclusos de uma formação de base e competências de forma a
tornar possível a sua valorização pessoal e profissional;

 proporcionar as ferramentas necessárias para tornar ex-reclusos mais


confiantes e aumentar a sua autonomia e participação na sociedade com
o apoio dos técnicos de reinserção que estarão sempre no terreno,
todavia num segundo plano, permitindo desta forma que as pessoas se
sintam independentes e orientadas/acompanhadas simultaneamente;

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 gerar oportunidades de emprego.

O pagamento de dívidas fixas como a renda, a luz e água, estarão ao encargo


das pessoas que residam os lofts, tendo estes baixos custos e simbólicos, de
forma a criar responsabilidade e valorização pessoal. A população ex-reclusa
terá possibilidade para o pagamento desta habitação, através de um emprego
ou, inicialmente, através do Rendimento Social de Reinserção (RSI).
De forma a gerar oportunidades de trabalho, pretende-se estabelecer parcerias
com algumas empresas e instituições em Guimarães, que ao aceitarem acolher
o nosso projeto, ficarão isentos de qualquer pagamento de salários que serão,
durante o primeiro ano, da responsabilidade total do financiamento do projeto.

O projeto tem como objetivo ajudar ex-reclusos a recomeçarem as suas vidas e


evitar a sua exclusão social, mas também mudar a mentalidade da sociedade e
pré-noções relativamente a este grupo de pessoas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Borba, Alvino & Lima, Mata (2011). Exclusão e inclusão social nas sociedades
modernas: um olhar sobre a situação em Portugal e na União Europeia.
Ser.Soc.Soc.n.106. pp.219-240. Disponível em
https://elearning.uab.pt/pluginfile.php/1697577/mod_resource/content/1/artigo%
201%20novo.pdf [acedido a 20.12.21].

Capucha, Luís (2005). Categorias Vulneráveis à Pobreza e à Exclusão Social in


Formulação de Propostas de Conceção Estratégica das Intervenções
Operacionais no Domínio da Inclusão Social. Instituto Superior de Ciências do
Trabalho e da Empresa. pp.118-135. Disponível em
https://elearning.uab.pt/pluginfile.php/1697594/mod_resource/content/1/Formul
acao_propostas_interven%C3%A7%C3%B5es_IESC.pdf [acedido a 20.12.21].

Diário da República Eletrónico (DRE) (2022). Princípio da Igualdade. Disponível


em https://dre.pt/dre/lexionario/termo/principio-igualdade [acedido a 19.01.22].

Perista, Pedro & Baptista, Isabel (2010). A estruturalidade da pobreza e da


exclusão social na sociedade portuguesa- conceitos, dinâmicas e desafios para
a ação. Fórum Sociológico, 20. pp.1-13. Disponível em
https://elearning.uab.pt/pluginfile.php/1820036/mod_resource/content/1/Perista
%20e%20Baptista.pdf [acedido a 20.12.21].

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