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DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Wilma Letícia José Mário Mandlate, declaro por minha honra, que este trabalho
é de minha autoria, constitui resultado de pesquisa pessoal e das orientações do
meu supervisor, o dr. Janúario Milane. Este trabalho de pesquisa foi realizado para
a obtenção do grau de Licenciatura em Desenvolvimento Rural, pela Universidade
São Tomás de Moçambique, e que o mesmo nunca foi antes apresentado em
nenhuma instituição de ensino para a obtenção de qualquer outro grau académico.

Maputo, Outubro de 2022

A autora

_______________________________________________

(Wilma Letícia José Mário Mandlate)

I
CERTIFICAÇÃO

Este trabalho foi aprovado com ____(_______) valores, no dia _____de


__________ de 2022, por nós membros do júri examinadores da Faculdade de
Agricultura da USTM.

_______________________________________________

(Presidente)

_______________________________________________

(Oponente)

_______________________________________________

(Supervisor)

II
RESUMO

A avicultura é um dos segmentos da agro-pecuária que mais contribui para cobrir


o défice de proteína, para a promoção da segurança alimentar, na geração de
rendimento e de emprego, e do crescimento económico do país. O sector avícola
representa um dos maiores casos de sucesso na substituição das importações
verificado em Moçambique na última década, contudo, o sector ainda é vulnerável
a choques que podem vir a reverter os avanços registrados na última década. A
avicultura tem importância significativa na produção de proteína animal, é uma das
alternativas mais rápidas e de menor custo de produção de proteína animal, fazendo
frente às demandas alimentares e nutricionais. a avicultura é uma atividade
predominantemente familiar e desenvolvida maioritariamente por mulheres. A
actividade avícola representa, para 60% dos produtores entrevistados, a principal
fonte de renda da propriedade rural e para 40%, a atividade apresenta-se como fonte
de renda secundária na propriedade, sendo desenvolvida em consonância com a
produção de culturas agrícolas. Os produtores apresentaram a mesmas dificuldades
no que diz respeito ao custo muito elevado do preço de ração para as aves, o que
afecta diretamente o crescimento das mesmas que constantemente perdem a
qualidade, indicando assim que no distrito de Boane a produção avícola não tem
muita qualidade devido ao preço elevado da ração para as aves.

Pavras-chaves: Avicultura, Desenvolvimento Socioeconómico.

III
ABSTRAT

Poultry is one of the segments of agriculture and livestock that contributes most to
cover the protein deficit, to the promotion of food security, income and
employment generation, and economic growth of the country. The poultry sector
represents one of the most successful cases of import substitution in Mozambique
in the last decade, however, the sector is still vulnerable to shocks that may reverse
the progress made in the last decade. Poultry farming has sig¬nificant importance
in the production of animal protein, and is one of the fastest and lowest cost
alternatives for animal protein production, meeting the food and nutritional
demands. For 60% of the interviewed producers, poultry farming represents the
main source of income for the rural property and for 40%, the activity presents itself
as a secondary source of income for the property, being developed in line with the
production of agricultural crops. The producers presented the same difficulties with
regard to the very high cost of feed for the birds, which directly affects the growth
of the birds that constantly lose quality, thus indicating that in the district of Boane
the poultry production does not have much quality due to the high price of feed for
the birds.

Key-words: Poultry Production, Socioeconomic Development.

IV
DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a minha Avó Filomena Mutoropa e a minha Mãe Nilsa
Americo Chico, as duas maiores incentivadoras das realizações dos meus sonhos.
Muito obrigada.

”Tudo o que um sonho precisa para


ser realizado é alguém que acredite
que ele possa ser realizado”.
Roberto Shinyashiki

V
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus, por me ter feito ver o caminho em todo o
momento que eu chorei e pensei em desistir, me fazendo superar todas as
dificuldades e proporcionando-me saúde e forças que me permitiram alcançar este
objectivo tão importante da minha vida.

Em especial quero agradecer a minha avó Filomena Mutoropa por todo carinho
amor e força e que tanto lutou pela minha educação e nunca me deixou perder a fé
e custeou os meus estudos para chegar aonde cheguei hoje. Quero agradecer a
minha mãe Nilsa Américo Chico, meu irmão Archad, Allan, Ziadate, meu tio Gino
que deram-me apoio e incentivo nas horas difíceis.

Sou grata a Universidade São Tomas De Moçambique em particular a Faculdade


de Agricultura que contribuiu para a minha trajectória académica, especialmente
ao dr. Januario Milane, responsável pela orientação deste trabalho pelo seu tempo,
paciência e apoio em cada etapa da pesquisa contribuindo com as correções do
trabalho.

Agradeço ao meu noivo Willer Adam por me amar como eu sou, por me aceitar
com os meus defeitos e por sempre querer o meu melhor.

Quero agradecer a Eminence Kalenda com quem divide as minhas angústias e


alegrias das minhas conquistas e nunca deixou-me ser vencida pelo cansaço e pela
paciência ao longo desta jornada e a Agira Cerina meu muito obrigada pela
paciência e pelo incentivo.

VI
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE HONRA ................................................................................. I

CERTIFICAÇÃO ................................................................................................... II

RESUMO............................................................................................................... III

ABSTRAT ............................................................................................................. IV

DEDICATÓRIA ..................................................................................................... V

AGRADECIMENTOS .......................................................................................... VI

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... XI

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................XII

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO............................................................................... 1

1.1. Contextualização .............................................................................................. 1

1.2. Justificativa ....................................................................................................... 2

1.3. Problema ........................................................................................................... 4

1.4. Hipóteses .......................................................................................................... 5

1.5. Objectivos ......................................................................................................... 5

1.5.1. Objectivo Geral ............................................................................................. 5

1.5.2. Objectivos Específicos .................................................................................. 6

CAPITULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................... 7

2.1. Avicultura ......................................................................................................... 7

2.2. A Evolução do Sector Avícola Mundial........................................................... 7

VII
2.2.1. Sistemas de Produção na Avicultura no Mundo ......................................... 10

2.3. O Sector Avícola em Moçambique ................................................................ 11

2.3.1. Evolução Histórica do Sector avícola em Moçambique ............................. 11

2.4. O Sistema de Produção Avícola em Moçambique ......................................... 15

2.5. Contributo do Sector Avícola ......................................................................... 16

2.6. Políticas para a Promoção do Sector de Frango em África ............................ 17

CAPITULO III. METODOLOGIA ....................................................................... 21

3.1. Descrição do Local de Estudo ........................................................................ 21

3.1.1. Economia ..................................................................................................... 22

3.2. Tipo de Pesquisa ............................................................................................. 23

3.2.1. Quanto a Natureza ....................................................................................... 23

3.2.2. Quanto aos Objetivos .................................................................................. 23

3.2.3. Quanto a Forma de Abordagem do Problema ............................................. 24

3.3. Técnicas e Instrumento de Recolha de Dados ................................................ 25

3.3.1. Pesquisa Bibliográfica ................................................................................. 25

3.3.2. Pesquisa Documental................................................................................... 25

3.3.3. Guião de Entrevista ..................................................................................... 25

3.3.4. Inquérito por Questionário .......................................................................... 26

3.4. População e Amostra ...................................................................................... 26

3.5. Técnicas de Análise de Dados ........................................................................ 27

VIII
3.6. Questões Éticas ............................................................................................... 28

CAPITULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................... 29

4.1. Perfil do Avicultor do Distrito de Boane........................................................ 29

4.1.1. Género ......................................................................................................... 31

4.1.2. Nível de Escolaridade dos Avicultores ....................................................... 32

4.2. Importância Socioeconômica da Avicultura para os Produtores ................... 34

4.3. O Sistema De Produção Avícola Dos Produtores .......................................... 36

4.4. O Impacto da Produção Avícola no Desenvolvimento Socioeconómico dos


Avicultores............................................................................................................. 39

4.4.1. Contributo para a Segurança Alimentar ...................................................... 39

4.4.2. Contributo Económico................................................................................. 40

4.4.3. Níveis de Produção ...................................................................................... 42

4.4.4. Fluxo de Produção ....................................................................................... 43

4.5. Os Constrangimentos do Sector Avícola no Desenvolvimento


Socioeconómico dos Avicultores .......................................................................... 45

4.5.1. O Contrabando como um nó de Estrangulamento na Indústria Avícola..... 47

CAPITULO V. CONCLUSOES E RECOMENDAÇÕES ................................... 48

5.1. Conclusões ...................................................................................................... 48

5.2. Recomendações .............................................................................................. 49

Referências Bibliográficas..................................................................................... 51

IX
Anexos ................................................................................................................... 54

X
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização Geográfica do Distrito de Boane ..................................... 21

Figura 2. Idade dos Avicultores .......................................................................... 29

Figura 3. Tempo de Actuação dos Avicultores ................................................... 30

Figura 4. Género dos Avicultores........................................................................ 31

Figura 5. Nível de Escolaridade dos Avicultores. ............................................... 33

Figura 6. Sistemas de Produção dos Avicultores de Boane ................................ 37

Figura 7. Finalidade da Produção dos Avicultores de Boane ............................. 38

Figura 8. Número de Trabbalhadores dos Avicultores de Boane ....................... 41

Figura 9. Níveis de Produção do Frango do distrito de Boane ........................... 42

Figura 10. Dificuldades que os Avicultores Enfrentam durante a Produção ..... 46

XI
LISTA DE ABREVIATURAS

AIOPA – Associação Industrial de Óleos e Produtos

AMIA – Associação Moçambicana da Indústria Avícola

CAO – Comunidade da África Oriental

CEDEAO – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental

EUA – Estados Unidos da América

FAO – Organização para a Alimentação e Agricultura

INE – Instituto Nacional de Estatística

MINAG – Ministério da Agricultura

ONGs – Organizações Não Governamentais

PESOD – Plano Económico, Social e Orçamento Do Distrito

PENUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SDAE – Serviços Distrital de Actividades Económicas

SNV – Netherlands Development Organisation

SACU – União Aduaneira da África Austral

TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação

XII
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Em Moçambique, cerca de 80% da população está engajada em actividades


agrícolas, sendo a criação de frango uma actividade complementar. A avicultura é
um dos segmentos da agropecuária que mais contribui para cobrir o défice de
proteína, para a promoção da segurança alimentar, na geração de rendimento e de
emprego, e do crescimento económico do país segundo Oppewal et al, (2016).

O êxito na produção avícola no mundo é resultado da combinação de melhoramento


genético, nutrição, sanidade e maneio. Esta espécie de ave é hoje considerada uma
fonte importante de carne e responsável por mais de 30% do total de proteína
animal consumida no mundo, com maior impacto nos países em desenvolvimento.

A indústria de produção nacional de frango de corte registou um crescimento


assinalável na última década. Em 2005, o sector de avicultura encontrava-se num
ponto baixo, produzindo menos de 5,000 toneladas e com a maior parte do consumo
doméstico a ser satisfeita pelas importações. Nos anos seguintes, o sector conseguiu
dar a volta a esta situação, e em 2015 a produção superou 60,000 toneladas,
satisfazendo aproximadamente 69% da demanda doméstica. Apesar do sector
avícola conseguir satisfazer aproximadamente 69% da demanda domestica em
2015, o país continua a importar mais de 50% do consumo total de frango
congelado. Um dos focos prioritários da estratégia da revolução verde em
Moçambique no subsector da avicultura está em promover o desenvolvimento
sustentável da produção de frangos e reduzir importações.

1
Em 2004, cerca de 24 milhões de frangos foram produzidos pelos produtores
nacionais, atingindo um crescimento da produção na ordem de 9,8% até o ano de
2005, onde no mesmo período representou 37,7% da produção total da carne
nacional. Em 2006, das 13.500 toneladas de carne produzidas, mais da metade
(52%) corresponderam à produção de frango. O sector comercial contribuiu no ano
de 2005 com 11,5% da produção nacional da carne de frango (MINAG, 2008). É
neste contexto que se insere o presente trabalho, ampliando o arcabouço analítico
ao direcionar as discussões sobre a contribuição do sector avícola no
desenvolvimento socioeconómico dos avicultores no Distrito de Boane.

1.2. Justificativa

A avicultura é uma actividade económica de destaque nacional e internacional e


tem-se solidificado em várias regiões de Moçambique. Consecutivamente o sector
avícola tem exigido muito dos avicultores principalmente em relação às exigências
Rocha et al., (2015).

A avicultura tem importância significativa na produção mundial de proteína animal.


Segundo a FAO (2019), a carne de frango é responsável por mais de 30% do total
de proteína animal consumida no mundo e trata-se do segmento que, nas últimas
décadas, apresentou maiores transformações no sector técnico-produtivo, sendo
ainda uma das alternativas mais rápidas e de menor custo de produção de proteína
animal, fazendo frente às demandas alimentares e nutricionais de diversos países.

Para Moçambique, esta actividade produtiva é vital, por ser, uma das principais
fontes de proteína animal, para o consumo, à disposição das populações.

2
Moçambique é um país essencialmente agrícola, onde a prática da actividade
pecuária é considerada complementar, de sobrevivência, principalmente em regiões
onde a agricultura é menos segura. Das actividades pecuárias desenvolvidas no
país, a avicultura é a de maior contribuição à nutrição de famílias com baixa renda.

Outrossim, a avicultura também é um dos segmentos da agropecuária que mais


contribui para a geração de emprego, em virtude do seu curto ciclo de produção.
Desta forma, para um país com alto índice de desemprego e, reduzido nível de
actividade económica, o desenvolvimento desta actividade passa a ser relevante.

O estudo será realizado no Distrito de Boane, a escolha prende-se pelo facto da


actividade avícola neste local ser um das actividades mais praticadas pela
população e a mesma contribuí significativamente para a segurança alimentar de
muitas famílias consideradas pobres (de baixa renda) e contém um alto valor
nutricional e económico para as famílias.

A escolha do período 2016 a 2020 deve-se ao facto de ser um período que se


registou um avanço na produção avícola através da criação associações e
cooperativas de modo a fazer face os desafios que os avicultores vêm enfrentando,
e assim contribuir para o desenvolvimento socioeconómico dos avicultores.

Visto os aspectos acima, pretende-se neste trabalho mostrar a importância da


contribuição do sector avícola para bem-estar da sociedade, trazendo a academia
uma bagagem de informação que vai fazer perceber a situação no Distrito de Boane
para que possam desenvolver pesquisas futuramente. Para a autora vai ajuda-la a
compreender e desenvolver um entendimento mais aprofundado sobre a matéria
em estudo no caso de estudo seleccionado e possivelmente ao Governo a

3
desenvolver mais políticas públicas no sector avícola que contribuam para o
desenvolvimento socioeconómico dos avicultores.

1.3. Problema

Moçambique é um país em que a maior parte da população (cerca de 80%) pratica


a agricultura, e a actividade avícola é, entre as actividades agropecuárias a que
constituí solução imediata para cobrir o défice proteico das famílias de baixa renda.
Ela concorre para a promoção da segurança alimentar e para a geração de emprego
no país.

O sector avícola na Província de Maputo tem um papel primordial na erradicação


da pobreza e da fome uma vez que constitui uma das principais fontes de renda para
os agregados familiares (MINAG, 2016).

Segundo Quintilia (2008), a agropecuária, o ramo de actividade económica onde se


insere a avicultura, é o sector produtivo Moçambicano que mais emprega a mão-
de-obra activa, absorvendo cerca de 79% da população. No entanto, esta actividade
tem sofrido diversas transformações, desde o seu início na década de 60, até hoje
acompanhando a mudança de orientação económica.

Segundo MINAG (2016) o sector avícola representa um dos maiores casos de


sucesso na substituição das importações verificado em Moçambique na última
década. Importa referir que este sucesso foi impulsionado pela actuação conjunta
do Governo, sector privado e ONGs. Contudo, o sector ainda é vulnerável a
choques que podem vir a reverter os avanços registrados na última década (2010 a
2020), aliado a este posicionamento, constatou-se que no Distrito de Boane o sector
avícola ainda é pouco desenvolvido, as técnicas de produção são rudimentares, e a

4
cadeia produtiva é desintegrada. Ademais, a concorrência com o frango importado
constitui um entrave para a expansão desta actividade no país, porque depois da
produção, o frango nacional é pouco comercializado, devido aos altos preços
quando comparados com os do frango importado, o que pode estar a minar o
desenvolvimento dos avicultores desse distrito, e isso faz com que alguns
avicultores abandonem essa actividade.

Diante da problemática acima questiona-se: Até que ponto o Sector Avícola no


Distrito de Boane contribui para o Desenvolvimento Socioeconómico dos
Avicultores?

1.4. Hipóteses

H0: O sector avícola no Distrito de Boane não contribui para o desenvolvimento


socioeconómico dos Avicultores.

H1: O sector avícola no Distrito de Boane contribui para o desenvolvimento


socioeconómico dos Avicultores.

1.5. Objectivos

1.5.1. Objectivo Geral

 Analisar a contribuição do sector avícola no desenvolvimento


socioeconómico dos avicultores do distrito de Boane no período 2016 a
2020.

5
1.5.2. Objectivos Específicos

 Descrever o sistema de produção avícola dos produtores;

 Verificar o impacto da produção avícola no desenvolvimento


socioeconómico dos avicultores.

 Aferir os constrangimentos que o sector avícola enfrenta no


desenvolvimento socioeconómico dos avicultores.

6
CAPITULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Avicultura

Segundo Oppewal at al, (2016) a avicultura é um dos segmentos da agro-pecuária


que mais contribui para cobrir o défice de proteína, para a promoção da segurança
alimentar, na geração de rendimento e de emprego, e do crescimento económico do
país.

Segundo o mesmo autor, o êxito na produção avícola no mundo é resultado da


combinação de melhoramento genético, nutrição, sanidade e maneio. O frango de
corte (broilers) é considerada uma ave com alta conversão alimentar, rápido ganho
de peso, ciclo de produção curto, resistentes a doenças e crescimento uniforme.

2.2. A Evolução do Sector Avícola Mundial


A literatura diverge quanto ao real factor do início da dinamização do sistema de
produção avícola.

Segundo Nicolau (2008), pesquisas mostram que, com o término da segunda


Guerra Mundial, à partir de meados do século 20, várias transformações têm sido
impulssionadas no modelo de produção avícola, nos Estados Unidos, Europa e
Japão.

Ainda segundo a mesma autora, alguns autores referem que foi a partir da II Guerra
Mundial, através do aumento da necessidade de abastecimento das tropas com
carnes vermelhas, que desse modo, deu início a um processo de produção de carnes
alternativas com curto ciclo de produção e proteínas. Outros autores, consideram

7
que foi nos pós guerra, através do combate à fome que deu lugar ao
desenvolvimento de novas tecnologias.

Em 1950, após a Segunda Guerra Mundial, o sector avícola se concretiza devido a


retomada do crescimento económico e as aves estarem prontas para abate em curto
espaço de tempo, ao contrário da carne bovina que possui um tempo de
confinamento para abate muito mais elevado, dessa forma a substituição da carne
vermelha pela branca, principalmente pelo frango, faz com que aumente a
produção.

Segundo Rocha (2000), o ritmo da expansão e da consolidação da actividade


avícola podem ser explicados, principalmente, pela difusão da avançada tecnologia
nas áreas de manejo, nutrição, genética, equipamentos e sanidade porque ajudam a
diminuir o tamanho do ciclo produtivo, reduz os preços, aumenta a oferta do
produto e como consequência influencia a mudanças nos hábitos alimentares.

De acordo com Dalla Costa (1997), a queda do preço da carne de frango juntamente
com o aumento da renda média das pessoas fez com que houvesse um aumento
constante do consumo de carne de frango no mundo. Ainda mais com as mudanças
no estilo de vida e nos hábitos alimentares da população mundial também são
factores muito relevantes para o aumento do consumo da carne frango. As pessoas
passaram a consumir maiores quantidades de carnes brancas, como a do frango, em
busca de uma dieta mais saudável e equilibrada.

8
Organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), acreditam que a carne de frango seja capaz de
diminuir os graves problemas de alimentação da crescente população mundial.
Neste sentido, governos de vários países têm incentivado a produção de frango não
só como política de geração de renda e trabalho, mas principalmente como política
de segurança alimentar BNDES (1995).

A partir das últimas décadas a carne de frango ganhou espaço nos hábitos
alimentares, se tornando numa das principais fontes de proteína de origem animal.
Atualmente o frango ocupa a terceira posição, atrás apenas do pescado e da carne
suína, de acordo com Giehl (2016).

Levando em consideração os dados apresentados por Giehl (2016), os Estados


Unidos são o maior produtor, com 20,42% da produção mundial, seguidos pelo
Brasil que é responsável por 15,19% da produção total, a China por 14,18% e a
União Europeia com 12,36%. Esse mercado é concentrado nos quatro maiores
produtores mundiais que são responsáveis por 62,15% da produção.

De acordo com Giehl (2016), o crescimento da produção da carne de frango foi


mais modesto em relação a década anterior porque na última década ocorria um
avanço tecnológico nas áreas de genética, nutrição e equipamentos, os tornando
cada vez mais modernos e sofisticados, que levaram a grandes níveis de produção,
aumento de produtividade e redução dos custos de produção, os tornando mais
competitivos.

9
As estimativas do United States Department of Agriculture (USDA), que são
citadas por Giehl (2016), apontam um crescimento de apenas 0,96% no ano de 2016
em relação ao ano de 2015. Alguns principais produtores mundiais deverão ter um
aumento de produção, com destaque para Índia que deve crescer 7,69%. Por outro
lado, prevê-se diminuição de aproximadamente 5% na produção da China, o que
faz com que o crescimento médio mundial seja modesto já que é o terceiro maior
produtor. A queda na produção chinesa provém de restrições na demanda interna e
do surgimento de focos de Influenza Aviária nos Estados Unidos, que é o principal
fornecedor de matrizes de frango de corte para a China, em dezembro de 2014.

Seguindo a linha de Giehl (2016), a USDA espera para 2017 um crescimento na


produção mundial de carne de frango de aproximadamente 1%, com números na
maioria dos principais produtores. A única exceção é a China, que deve registrar
uma queda ainda maior do que a observada em 2016, podendo atingir uma redução
da produção em 9,5%.

2.2.1. Sistemas de Produção na Avicultura no Mundo


Segundo Nicolau, Borges e Souza (2008) os sistemas de produção que podem ser
empregues na produção avícola, estão relacionados com um ou mais sectores da
cadeia produtiva do sector avícola, dentro das condições de mercado em que elas
se inserem. Estes sistemas compreendem:

1. Sistema Extensivo

Quando os frangos são criados em liberdade e podem debicar e esgravatar em volta


da casa à procura de comida, fala-se de avicultura extensiva.

10
2. Sistema Semi-intensivo

No sistema de produção avícola semi-intensivo, também conhecido como produção


de pátio/quintal, o número de aves por bando varia entre 50 a 200. É uma criação
em pequena escala. Nos sistemas semi-intensivos, as galinhas encontram-se
confinadas a um espaço aberto vedado com arame. Existe um pequeno galinheiro
onde as galinhas podem permanecer à noite. O criador das galinhas fornece
praticamente toda a comida, a água e outras necessidades.

3. Sistema Intensivo

As explorações que se dedicam à avicultura intensiva requerem maiores


investimentos, tanto de capital como de mão-de-obra. O tamanho dos bandos de
aves no sistema de produção intensiva normalmente situa-se nos milhares. Tal foi
alcançado através dos avanços na investigação sobre incubação artificial,
necessidades nutricionais e controle das doenças.

2.3. O Sector Avícola em Moçambique


Moçambique é um país essencialmente agrícola e a pecuária é considerada uma
actividade complementar dentre a qual está a avicultura, desempenha um papel
muito importante na promoção da segurança alimentar no país.

2.3.1. Evolução Histórica do Sector avícola em Moçambique

Segundo Nicolau (2008), a evolução política, com as mudanças de orientação


económica, da economia centralmente planificada até a economia de mercado,
afectou profundamente o desempenho do sector avícola no país, como se pode
descrever a seguir:

11
De 1975 à 1977, período de adopção do sistema de planificação central pelo
governo em que há uma total estatização das unidades de produção do país.

Segundo Nicolau (2008), a prática da actividade avícola em Moçambique surgiu na


década de 60 na região sul e posteriormente expandiu-se para o centro e norte do
país. Inicialmente esta actividade era práticada apenas por pequenos produtores nas
zonas urbanas e peri-urbanas.

De acordo com o autor acima, o fornecimento de frangos para o mercado


consumidor moçambicano sempre esteve sob responsabilidade de dois sectores
destintos de produção, o sector familiar 1 (tradicional) e o sector comercial de
produção profissionalizada (empresarial).

Com a independência política nacional em 1975, houve uma destruição das


pequenas e médias unidades de produção e do tipo industrial, decorrente do êxodo
dos seus proprietários, acompanhados de actos de sabotagem das infraestruturas, o
que resultou na falta de carne de frango e ovos no mercado nacional.

Enquanto algumas unidades avícolas foram abandonadas e fechadas, outras foram


entregues voluntáriamente pelos seus proprietários ao Estado. Perante essa
situação, o Governo foi obrigado, progressivamente, a intervir na gestão dessas
empresas, através de comissões administrativas e assim desencadeou-se a

1
Sector familiar e comercial são termos usados pelo MINAG para classificar as produções avícolas. O sector familiar
é o sector que utiliza para a produção, aves de raças locais, comumente designadas por galinhas landim (indigena),
com aptidão para carne como para ovos que se alimentam essencialmente de restos da alimentação humana e de
produtos encontrados na natureza. Neste sector, o principal objectivo da produção é o auto-consumo sendo o
excedente para o mercado local.

12
estatização e nacionalização das principais unidades de produção. (Nicolau, 2008
citando MINAG, 1995).

De 1978 à 1985, período de consolidação e expansão da indústria sob a gestão do


Estado, e no final do período, ocorre a estatização do sector avícola. Foi criada uma
empresa estatal denominada Empresa Nacional Avícola (Avícola E.E.), com a
função principal de restabelecer e expandir a actividade por todo o país. Para
alcançar este objectivo, a empresa organizou-se em três centros de coordenação da
produção: no sul, centro e norte respectivamente com a sede na região sul.

A princípio, esta unidade dispunha de infra-estruturas para a realização de todas as


operações da cadeia de produção, mas não em todas as províncias. Algumas
províncias (Sofala, Zambézia e Gaza) tinham que ser abastecidas pelas sedes
regionais.

A guerra civíl que se fez sentir dois anos após a indepêndencia, o boicote
económico levado a cabo pela Àfrica do sul e Zimbabué, que resultaram na redução
de entrada das devisas para o país, as calamidades naturais que fustigaram a
produção agrícola, afectaram a economia nacional e o sector avícola. Muitas
unidades de produção foram encerradas, outras reduziram e quase paralisaram a
produção devido a falta de matéria-prima para abastecer as indústrias porque muitas
vias de transporte como estradas e linhas férreas foram sabotadas.

A partir de 1982, o sector avícola nacional começou a enfrentar enormes problemas


tanto de ordem interna como externa, que formaram um cenário insustentável para
a manutenção e o desenvolvimento da actividade.

13
De 1986 à 1994, ocorreu a transição do sistema centralizado para o sistema
económico de mercado em que há retirada do Estado da gestão das unidades
económicas. De 1995 à 2005, é período caracterizado por uma crise e estagnação
do sector avícola, registando um aumento das importações da carne de frango.

A economia Moçambicana, num periodo pós guerra, encontrava-se com maior


parte das infraestruturas destruidas. Após a assinatura do acordo de paz em 1992,
ocorre a implementação de programas de reconstrução nacional com pacotes
específicos para a recuperação e desenvolvimento pecuário.

Segundo Nicolau (2008), com a integração regional da SADC, o sector avícola, que
já se encontrava fragilizado, é pressionado pela concorrência internacional e assim,
a manutenção e o desenvolvimento da actividade passaram a depender da
capacidade contínua de adequação do sector às novas forças competitivas. Isto
porque as medidas de liberalização comercial forçaram os produtores internos a
alcançar níveis de produtividade equivalentes à aqueles vigentes no mercado
externo, por meio da concorrência com produtos importados.

A dificuldade de comercialização do frango nacional, gerou uma crise na avícultura


de corte nacional. O surto de influênza aviária na Àfrica do sul também afectou
consideravelmente a produção nacional porque este era o principal fornecedor de
matéria-prima (pintos de um dia e ovos para incubação), desviando a sua
importação do Brasíl e Europa com maiores custos de transporte, reduzindo a
competitividade e a oferta nacional levando até alguns pequenos produtores a
deixar de produzir.

Segundo a AMA (2008), o sector regitou o surgimento de novas empresas de


produção de ovos e expandiu as empresas existentes, nesse âmbito espera-se que a

14
produção de rações para galinhas poedeiras volte a crescer. Em Moçambique, já se
produziram rações para reprodutoras de ovos férteis para a incubação, designadas
de parents stock. Embora não se conheçam as quantidades certas, estima-se que em
2008 produziu-se cerca de 20.000 toneladas deste produto.

Actualmente, a indústria de processamento de frango tem enfrentado grandes


dificuldades de mercado devido a concorrência com o frango importado do Brasíl
e da Àfrica do sul.

2.4. O Sistema de Produção Avícola em Moçambique

Em Moçambique, foi possível identificar três sistemas de produção avícola: o


sistema independente que é o mais característico, onde simplesmente ocorre a
produção e posterior venda do frango no mercado livre. Este sistema é comum entre
os produtores familiares e médios, e é praticado por cerca de 90% dos produtores
nacionais.

O sistema de integração, em que a unidade integradora trabalha juntamente com


pequenos e médios avicultores. Pressupõe-se que existe um único coordenador das
operações de matrizes e de incubação de ovos, produção de ração para aves, abate
e distribuição, bem como a função de engorda do frango. Segundo Nicolau (2008),
em Moçambique, a implementação deste sistema de produção, está em fase inicial,
através do estímulo de parcerias entre as empresas, associações e ONG`s. Observa-
se também uma tendência de integração entre empresas de grande porte e
avicultores do primeiro grupo. Porém, esse movimento é resultado da estratégia das
empresas com o intuito de aumentar a sua capacidade produtiva.

15
Ainda segundo Nicolau (2008), ao implementar este sistema, há certos factores que
são essenciais para o seu sucesso, como: a distância das propriedades dos
integrados com a empresa integradora, a tecnologia de produção dos integrados, o
número de integrados por integrador, a elaboração de contratos de produção, a
capacidade instalada do integrado e a definição de índices produtivos. O Brasil é o
exemplo de sucesso deste sistema, com uma cadeia de produção totalmente
interligada através do sistema de produção integrado.

O sistema cooperado, que é o menos praticado através de cooperativas que


fornecem insumos (pintos e ração), assistência técnica e infraestrutura para criação
de aves. Este é o caso dos avicultores do distrito de Boane.

Os avicultores que adoptam o sistema independente de avicultura, são os mais


vulneráveis à oscilação dos custos de produção e do produto final, e tem menor
espaço para obtenção de créditos no mercado financeiro.

2.5. Contributo do Sector Avícola

Um dos mais recentes relatórios de referência sobre a transformação estrutural das


economias Africanas ACET (2014) identifica o agro-processamento como uma
vertente central para o desenvolvimento do continente, e dentro desta área aponta
para a indústria integrada de soja e avicultura como uma das cadeias mais
promissoras para impulsionar a transformação estrutural, Oppewal at al, (2016).

A produção animal e particularmente de aves constitui um componente importante


da economia agrária de Moçambique e o desenvolvimento contínuo do sector de
avicultura pode contribuir para um crescimento inclusivo e sustentável do país em
várias formas.

16
Por um lado, a avicultura é uma actividade geradora de renda para famílias pobres
que vivem em condições precárias. Também, a produção avícola pode aumentar a
disponibilidade de frango e ovos para o consumo familiar, o que é vantajosa na
perspectiva nutricional e de diversificação da dieta, visto que estes produtos
constituem fontes valiosas de proteínas a custo baixo. Por outro lado, o sector
comercial gera emprego, nas várias partes da cadeia, desde a incubação, a criação,
o abate, o empacotamento, o transporte até à comercialização do frango.

Ademais, o desenvolvimento do sector de avicultura no país pode substituir as


importações, resultando num impacto positivo na balança de pagamentos. O
crescimento da classe média, associado a uma crescente taxa de urbanização
continuará a impulsionar o consumo de frango, e prevê-se que esta tendência
manter-se-á nas próximas décadas, Oppewal at al, (2016).

Por último, o desenvolvimento integrado da indústria avícola, incluindo a produção


de ração, gera oportunidades de negócio para os pequenos e médios produtores de
milho e soja. Com o crescimento e a dinamização do mercado doméstico, os
produtores passam a ter uma maior garantia de escoamento da produção, o que
poderá permitir-lhes aumentar as suas áreas de cultivo e seus níveis de
investimento, Oppewal at al, (2016).

2.6. Políticas para a Promoção do Sector de Frango em África

De acordo com Oppewal at al, (2016), globalmente, o sector de avicultura é


bastante protegido. Apenas um número muito reduzido de países não tem nenhuma
medida restritiva sobre as importações de frango. Moçambique aplica, além da
quota de importação, uma tarifa de importação MFN de 20%. Se construísse uma
tabela de todos os países do mundo em função da taxa MFN no frango,

17
Moçambique ficava aproximadamente no ponto médio. Mais de 70 países têm
direitos aduaneiros MFN acima de 20%.

No continente Africano, a Comunidade da África Oriental (CAO) tem uma tarifa


de 25%. Por sua vez, a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental) introduziu em 2015 uma tarifa externa comum, e fixou a tarifa MFN de
importação de frango em 35%. Alguns países membros do CEDEAO, no entanto,
mantêm políticas de comércio de frango muito mais restritivas. A Nigéria, por
exemplo, tem uma proibição total de importação de frango desde 2003, que tem
impulsionado o crescimento da produção local.

Na África Austral, o SACU (União Aduaneira da África Austral) mudou a sua


política de comércio em relação a frango em 2013, aumentando a taxa aduaneira
no frango congelado inteiro de 27% a 82%.34 Botswana apresenta um caso
interessante do desenvolvimento do sector de avicultura, analisado em detalhe em
Grynberg (2015) citado por Oppewal at al, (2016).
Segundo o autor, o Governo de Botswana tem adoptado uma política proactiva para
promover a substituição das importações de frango. Desde os anos setenta, o
Governo tem estado a criar condições para que haja um "excedente do produtor"
suficiente para encorajar investimentos na indústria.

Um dos principais instrumentos usados pelo Governo para proteger o mercado local
é a quota de importação, introduzida em 1979, e que ajudou o sector a atingir a
autossuficiência. Na última década, algumas empresas locais aproximaram-se do
nível de capacidade necessária - em termos de escala, tecnologias e outros factores

18
de produção - para competir no mercado internacional, o que devia levar o governo
a reconsideração da política protecionista ora vigente.

De referir que a quota de importação tem provocado importações clandestinas,


como acontece em Moçambique, mas não na mesma dimensão. As autoridades têm
conseguido minimizar o impacto destas importações, de tal forma que este
fenómeno nunca chegou a minar a efectividade da quota de importação,
diferentemente do caso moçambicano.

A política de promoção do sector de avicultura em Botswana passou por diferentes


fases. No início, o foco era na promoção de avicultores de pequena dimensão
através de subsídios e créditos bonificados, entre outros instrumentos. Porém, ao
longo dos anos ficou evidente que a relevância das economias de escala no sector
de avicultura impediu que estes avicultores, operando de forma completamente
independente, se tornassem competitivos. A partir dos anos noventa, o sector
nacional passou a ser dominado cada vez mais por empresas de maior tamanho.

O sistema de fomento, onde pequenos avicultores têm contractos com grandes


matadouros e recebem insumos e assistência técnica dos mesmos, tem-se provado
um modelo apropriado para combinar o objectivo de um sector de avicultura
inclusivo que também gera oportunidades para pequenos avicultores, com a
realidade de economias de escala no mercado.

Botswana também tem em vigor uma política que obriga os produtores de ração a
adquirir pelo menos 70% das matérias-primas produzida localmente. Esta medida,
porém, tem o efeito de aumentar os custos das matérias-primas. Assim, mina a

19
competitividade e reduz o excedente do produtor no sector de avicultura, Oppewal
at al, (2016).

20
CAPITULO III. METODOLOGIA

3.1. Descrição do Local de Estudo

O Distrito de Boane está localizado a sudeste da Província de Maputo, sendo


limitado a Norte pelo Distrito de Moamba, a Sul e Este pelo Distrito da Namaacha,
e a Oeste pela Cidade da Matola e pelo Distrito de Matutuine, conforme ilustra a
figura 1 abaixo:

Figura 1: Localização Geográfica do Distrito de Boane

Fonte: Ministério da Administração Estatal (2019)

21
Boane foi elevado à categoria de Distrito de 1ª classe em Abril de 1987 pelo
decreto-lei nº 8/87 e a sua Sede, localizada a 30 km da cidade de Maputo foi elevada
a Vila pela resolução nº 9/87 de 25 de Abril do Conselho de Ministros.

A superfície do distrito é de 806 km2 e a sua população está estimada em 210.498


mil habitantes segundo o Censo de 2017. Com uma densidade populacional
aproximada de 166 hab/km2.

A estrutura etária do distrito reflecte uma relação de dependência económica de


1:1.2, isto é, por cada 10 crianças ou anciões existem 12 pessoas em idade activa.
Com uma população jovem (42%, abaixo dos 15 anos), tem um índice de
masculinidade de 94% (por cada 100 pessoas do sexo feminino existem 94 do
masculino) e uma taxa de urbanização de 23%, concentrada na Matola Rio, Boane
e respectivas zonas periféricas semi-urbanas.

3.1.1. Economia

O distrito de Boane é predominantemente agrícola, nele se encontrando localizada


a Estação Agrária de Umbelúzi, uma unidade do Instituto de Investigação Agrária
de Moçambique, fundada em 1909. Contudo, recentemente foi instalada uma
fundição de alumínio na área de Beluluane, posto administrativo de Matola-Rio, e
foi criado, na área adjacente, um parque industrial.

O Rio Incomati é o principal recurso hídrico, favorecendo a prática da actividade


pesqueira e agropecuária. O distrito conta com seis jazigos de areias e uma pedreira,
fontes importantes para o aprovisionamento do sector de construção da província e
da cidade de Maputo. No conjunto do distrito existe, ainda, um total de outras 78

22
unidades industriais, sendo a pequena indústria local uma alternativa imediata à
actividade agrícola, ou um prolongamento da sua actividade.

A proximidade de Maputo e dos países vizinhos da Suazilândia e da África do Sul,


contribui para uma actividade comercial bastante activa no distrito de Boane. O
comércio, sobretudo informal e de fronteira, ocupa 14% da população activa e 16%
das mulheres economicamente activas, na sua maioria das zonas urbanas e semi-
urbanas do distrito.

3.2. Tipo de Pesquisa


Quanto ao tipo de pesquisa tomou-se em conta a natureza da pesquisa, os
objectivos, a forma de abordagem do problema:

3.2.1. Quanto a Natureza

A pesquisa é básica, pelo facto da mesma gerar conhecimentos sobre a contribuição


do sector avícola no desenvolvimento socioeconómicos dos avicultores. Segundo
Appolinário (2012), a pesquisa básica tem como objectivo principal o avanço do
conhecimento científico, sem nenhuma preocupação com a aplicabilidade imediata
dos resultados a serem colhidos.

3.2.2. Quanto aos Objetivos

Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória. Descritiva por que foram


utilizadas técnicas de recolha de dados com o objectivo de descrever o sistema de
produção avícola dos produtores do Distrito de Boane. Bauren (2013) relata que a
pesquisa descritiva busca observar os factos, registar, analisar, classificar e

23
interpretar os mesmos, onde o pesquisador não interfere neles, sendo assim
estudados, mas não modificados pelo pesquisador.

E exploratória, pois foram buscados maiores conhecimentos na parte de produtores


para tornar a pesquisa mais clara com o objectivo de construir questões na
conclusão da pesquisa. Segundo Richardson (2007), a pesquisa exploratória é
aquela em que o estudo se presta a conhecer um fenómeno do qual não se tem
informação.

3.2.3. Quanto a Forma de Abordagem do Problema

A pesquisa é quali-quantitativa, na medida em que traduziu em números os dados


recolhidos recorrendo à análise descritiva e relacionou-os com os seus atributos ao
interpretá-los e discuti-los. A contribuição do sector avícola é um assunto que
compreende variáveis sociais, económicas, culturais e políticas, que a sua análise
não se pode restringir apenas na abordagem quantitativa ou qualitativa, mas sim
conjugando ambas as abordagens de forma a proporcionar melhor compreensão da
complexidade do assunto.

Segundo Flick (2004) um estudo pode incluir abordagens qualitativas e


quantitativas em diferentes fases. O uso da pesquisa qualitativa é sugerido para o
desenvolvimento de hipóteses que sejam, posteriormente, testadas por abordagens
quantitativas.

24
3.3. Técnicas e Instrumento de Recolha de Dados
Quanto as técnicas e instrumentos de recolha de dados o estudo optou pela:

3.3.1. Pesquisa Bibliográfica

Quando é elaborada a partir de um material já publicado constituído principalmente


de livros, artigos científicos, jornais, dissertações, monografia e internet Prodanov
e Freitas (2013). Nesta fase foi feita a consulta de vários materiais publicados como
livros, artigos científicos bem como recursos virtuais como material disponível na
internet que versa sobre sector avícola e desenvolvimento socioeconómico.

3.3.2. Pesquisa Documental

É entendida por Severino (2007) como fonte documentos no sentido amplo, ou seja,
não só de documentos impressos, mas, sobretudo de outros tipos de documentos,
tais como jornais, fotos, filmes, gravações, documentos legais. Nestes casos, os
conteúdos dos textos ainda não tiveram nenhum tratamento analítico, é ainda
matéria-prima, a partir da qual o pesquisador vai desenvolver sua investigação e
análise. Neste caso vertente, foram consultados diversos documentos tais como: o
relatório de actividades do sector avícola disponibilizado pelos Serviços Distritais
de Actividades Económicas; os relatórios estatísticos sobre a população do distrito
disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e outros.

3.3.3. Guião de Entrevista

A escolha de entrevistas semi-estruturadas, como técnica fundamental de produção


de dados, tem a ver com o facto de se tratar de um meio que possibilita captar o
saber, as percepções, as representações dos actores locais, um elemento

25
indispensável para a compreensão social. Prodanov e Freitas (2013) sustentam que
esta técnica permite uma maior flexibilidade para o esclarecimento das perguntas,
sondar respostas ou adaptar as questões as pessoas e também por ser este o método
eficiente para obter dados de uma forma mais profunda. As entrevistas foram
individualmente arroladas aos funcionários do SDAE e aos proprietários
avicultores das cooperativas. Dai que, a entrevista foi semi-estruturada dado que
consistiu num roteiro de questões previamente estabelecidas, mas que durante a
mesma houve abertura para questões que não tenham sido previamente elaboradas,
tendo dependido das respostas do entrevistado.

3.3.4. Inquérito por Questionário

O inquérito por questionário foi direcionado aos proprietários dos avicultores,


composto por questões fechadas previamente elaboradas. Fizemos corresponder a
cada afirmação, uma escala de concordância que tem como objectivo identificar o
sentimento do inquirido perante cada situação. Segundo Prodanov e Freitas (2013),
o questionário é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por
escrito pelo informante (respondente).

3.4. População e Amostra


Segundo Marconi e Lakatos (2007) citado por Prodanov e Freitas (2013) o universo
ou a população-alvo é o conjunto dos seres animados e inanimados que apresenta
pelo menos uma característica em comum, sendo N o número total de elementos
do universo ou da população, podendo ser representado pela letra maiúscula X, tal
que: XN = X1; X2; ... XN. A população em estudo consistiu em avicultores do

26
Distrito de Boane que contabilizam no Serviço Distrital de actividades económicas
240 avicultores registados, sendo que essa constitui a população do presente estudo.

Assim sendo, a amostra é de 90 pessoas, o critério da selecção da amostra é não


probabilística e intencional. Foi aplicada a técnica de amostragem não
probabilística e intencional por considerar-se que seriam capazes de fornecer
informações importantes e que interessassem aos propósitos destes estudos, e não
só mas também, esse procedimento dependeu das características dos participantes
da pesquisa, e tinha em vista permitir que fossem explorados com certa
profundidade as percepções e opiniões dos participantes sobre a problemática
apresentada.

Conforme sustenta Prodanov e Freitas (2013) a mostras não probabilísticas e


intencionais ou de selecção racional consiste em seleccionar um subgrupo da
população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerado
representativo de toda a população. A escolha desta amostragem foi pelo facto da
pesquisadora usar o seu julgamento para seleccionar os membros da população que
são boas fontes de informação precisa.

3.5. Técnicas de Análise de Dados


Convém referir que a análise dos dados é uma das fases mais importantes da
pesquisa, pois, a partir dela, é que são apresentados os resultados e a conclusão da
pesquisa, conclusão essa que poderá ser final ou apenas parcial, deixando margem
para pesquisas posteriores, Marconi e Lakatos (1996).

Portanto, para a análise e interpretação de dados foram usadas as seguintes técnicas


e instrumentos: na pesquisa qualitativa a análise de conteúdo. Com base nas

27
respostas fornecidas pelos entrevistados, foram agrupados em categorias ligadas
aos objectivos da pesquisa e interligadas com os dados e análises quantitativas
provenientes do inquérito.

Já para os dados quantitativos, a análise de dados foi realizada na planilha Excel


2016, ideal para os dados relativos às questões sociais. Este pacote permitiu
efectuar a análise descritiva através do cálculo de frequência de cada variável.

3.6. Questões Éticas


Para a realização do inquérito foi obtida autorização no SDAE do Distrito de Boane,
e o inquérito foi preenchido pelos respondentes tendo sido dada a garantia do
anonimato no seu preenchimento.

28
CAPITULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Perfil do Avicultor do Distrito de Boane


No que diz respeito a idade, os dados apresentados indicam que maior parte dos
avicultores, isto é, 54% está na faixa etária compreendida entre os 41 e os 50 anos
de idade. Com este resultado pode-se constatar que a actividade avícola em Boane
é praticada, maioritariamente, por indivíduos de idade avançada.

Segundo o estudo citado por Come (2012), a fraca participação dos jovens em
actividades agrarias pode se dever ao facto de que na maioria dos países em
desenvolvimento, esta actividade não é atractiva para esta faixa etária pois oferecer
baixo rendimento. Assim, os jovens têm tendência de procurar outras fontes de
renda nas cidades que, geralmente oferecem melhores oportunidades.

Figura 2. Idade dos Avicultores

Idade
6%
11%
29%

54%

20-34 31-40 41-50 acima 50

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados.

29
A existência de número reduzido de jovens na actividade avícola no Distrito de
Boane pode comprometer a produção, pois a presença de jovens ajudariam a trazer
novas ideias para o sector.

Figura 3. Tempo de Actuação dos avicultores

Tempo de Atuação

20%

48%

13%

19%

1 ano 2 a 4 anos 5 a 6 anos 7 a 10 anos

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados.

De acordo com a figura 3, é possível observar que 48% dos avicultores vem
praticando esta actividade de 7 a 10 anos enquanto 13% dos avicultores pratica a
apenas 2 a 4 anos. E temos 20% dos avicultores que praticam a 1 ano, e 19% que
praticam de 5 a 6 anos.

Os dados referentes ao tempo de actuação dos avicultores de Boane apontam, por


um lado, para um cenário de crescimento do sector, despertando grande interesse
entre os proprietários rurais da região de abrangência da pesquisa. Prova disso é

30
que 48% do total dos entrevistados ingressaram na avicultura nos últimos 10 anos,
com isso pode-se perceber existe um baixo índice de desistência da actividade.

4.1.1. Género
As frequências dos avicultores com base no género a figura 4 demonstra que cerca
de 67% dos Produtores inqueridos são do sexo feminino e os restantes 33% são do
sexo masculino. Este resultado pode ser justificado por estudo feito por Gemo
(2006), que reporta que a divisão de trabalho que se estabelece entre os sexos.

 Ao homem cabe geralmente a exclusividade de desenvolver serviços que


requerem maior força física como lavrar, cortar lenha, derrubar árvores, etc.
 À mulher compete executar as actividades mais rotineiras como tarefas
domésticas, o trato dos animais, principalmente os menores (galinhas, porcos
e cabritos) e ordenha das vacas.

Figura 4. Género dos Avicultores

Género

33%

67%

Feminino Masculino

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados.

31
4.1.2. Nível de Escolaridade dos Avicultores
A figura 5 evidência que 67% dos avicultores apresenta o nível primário, 22% para
o nível básico e 11% para o nível médio. Estes dados mostram que os avicultores
inqueridos têm baixo nível de escolaridade e podem ser sustentados com base no
estudo realizado por Faria (1995), que concluem que nas actividades agrícolas e
pecuárias a participação de pessoas com nível primário encontra-se praticamente
em cerca de 45% e quase nenhum com o nível superior.

O facto de maior parte dos inqueridos apresentarem um nível de escolaridade baixo


pode ser justificado por Francisco (2000), que refere que a actividade agrária é
considerada menos sofisticada e demanda mão-de-obra menos qualificada. O
predomínio do baixo nível de escolaridade dos produtores do Distrito de Boane,
como ilustra a figura 5, sem dúvida constitui um enorme obstáculo para o aumento
da produtividade, contribuindo para a permanência dos graves e persistentes
problemas da pobreza.

Assim sendo, os aspectos apresentados evidenciam que a avicultura é uma


atividade predominantemente familiar e desenvolvida por pequenos produtores
rurais, portanto com reduzida capacidade para investir em modernização das
técnicas e equipamentos, como requer o novo sistema desejado pelos avicultores.

32
Figura 5. Nível de escolaridade dos avicultores.

Nível de Escolaridade

11%

22%

67%

Primário Básico Médio

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados.

Outro dado obtido durante a recolha de dados, é que da amostra usada, 67% dos
produtores avícolas do distrito de Boane tem nível de escolaridade primário
completo do antigo sistema, por outro lado, os dados da pesquisa apontam para um
cenário positivo em relação ao grau de escolaridade do produtor, que, embora com
idade avançada, possui níveis de escolaridade superior à média nacional para
populações rurais.

Segundo o PNUD (2020), entende-se que a renda é um dos principais indicadores


do Desenvolvimento Humano, mas que ela isolada de outros indicadores não pode
representar o índice como um todo. Para analisar o desenvolvimento humano, deve-

33
se levar em conta outras características sociais, culturais e políticas, muito além do
que apenas a percepção económica. Isso mostra um perfil de avicultores
preocupados com o autodesenvolvimento e com capacidade para compreender e
incorporar as mudanças tecnológicas e práticas de maneio necessárias ao bom
desenvolvimento da atividade.

Este facto deve-se a existência de poucos jovens formados na área para


implementar técnicas mais avançadas para melhoria da produtividade no sector
avícola. Apesar de a maioria dos avicultores ter apenas o nível primário de
escolaridade, a partir desta actividade eles conseguem prover uma boa educação
aos seus educandos.

4.2. Importância Socioeconômica da Avicultura para os Produtores

É relevante o facto apontado na literatura existente de que a avicultura de corte se


constitui numa importante atividade económica, tanto em relação ao volume de
carne produzido quanto ao número de empregos diretos e indiretos gerados ao
longo de cada ciclo. Para o avicultor, entretanto, os ganhos vão além da geração de
empregos ou mesmo do autoemprego.

Para 60% dos produtores entrevistados, a avicultura representa a principal fonte de


renda da propriedade rural. Para 40%, a atividade apresenta-se como fonte de renda
secundária na propriedade, sendo desenvolvida em consonância com a produção de
culturas agrícolas.

Quanto aos motivos que impulsionaram os produtores agrícolas a investir na


avicultura, a possibilidade de uma renda extra às atividades agropecuárias
desenvolvidas aparece como principal propulsor para os produtores.

34
As principais motivações elencadas pelos produtores para a instalação dos aviários
estão expostas a seguir:

4.2.1. Principais Motivos Para Instalação dos Aviários

 Renda extra;
 Diversificação da propriedade;
 Renda em menor tempo e mais estável;
 Segurança maior de renda em relação à lavoura;
 Utilizar a cama de aviário como adubo para a lavoura.

Além da possibilidade de uma renda extra às atividades agropecuárias


desempenhadas, a avicultura representa uma forma de viabilizar a pequena
propriedade e diversificar a produção, permitindo ao produtor condições de obter
renda em menor espaço de tempo, comparativamente às demais atividades
agropecuárias. Com a avicultura, em média, o avicultor tem entrada de recursos
financeiros para gerir a propriedade, ao longo da produção seguinte.

Ainda, é conveniente destacar que a opção do produtor pela avicultura pode


representar uma possibilidade de renda mais estável e maior segurança em relação
à produtividade, principalmente se comparada à produção de grãos.

Na avicultura, os resultados estão diretamente relacionados às boas práticas de


maneio e demais variáveis passíveis de controlo, enquanto na produção de grãos
esses resultados sofrem interferência de aspectos que fogem do controle do
produtor, a exemplo das intempéries climáticas. Para uma parcela dos produtores
entrevistados, entretanto, a atividade não possibilita ganhos diretos. Para eles, a

35
motivação para ingressar no setor deu-se em razão da possibilidade de utilizar a
cama dos aviários como adubo para o cultivo de diversas culturas.

4.3. O Sistema De Produção Avícola Dos Produtores


Segundo Jorge (2013), a adopção de tecnologias no meio rural os produtores mais
jovem são mais susceptíveis à implementação do nível tecnológico em seu modo
de produção e os indivíduos mais idosos são menos receptivos às mudanças, visto
que os valores culturais internalizados e o conformismo próprio da idade
condicionam as pessoas mais idosas a serem mais resistentes às mudanças técnicas.

No distrito de Boane, foi possível identificar dois sistemas de produção avícola:

 O Sistema Independente

Que é o menos característico no distrito de Boane, detento 23% dos avicultores que
praticam esse sistema, onde simplesmente ocorre a produção e posterior venda do
frango no mercado livre. Este sistema é comum entre os produtores familiares e
médios.

 O Sistema Cooperado

Que é o mais praticado pelos avicultores de Boane através de cooperativas que


fornecem insumos (pintos e ração), assistência técnica e infra-estrutura para criação
de aves.

36
Figura 6. Sistemas de Produção dos Avicultores de Boane

Sistemas de Produção

23%

77%

Sistema Independente Sistema Cooperado

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados.

 Finalidade da Produção

Constatou-se que apenas 3% dos avicultores produzem aves para consumo, e 25%
produzem para a venda e consumo, enquanto 72% dos avicultores produzem só
para a venda. Esse facto indica a existência de flexibilidade dos avicultores em
relação à delimitação da fronteira territorial de actuação.

Ademais, o desenvolvimento do sector de avicultura no país pode substituir as


importações, resultando num impacto positivo na balança de pagamentos. O
crescimento da classe média, associado a uma crescente taxa de urbanização

37
continuará a impulsionar o consumo de frango, e espera-se que esta tendência
mantenha-se assim nas próximas décadas.

Figura 7. Finalidade da Produção dos Avicultores de Boane

Finalidade da Produção

25%

3%

72%

Venda Consumo Venda e Consumo

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados.

Além da possibilidade de uma renda extra às atividades agropecuárias


desempenhadas no distrito de Boane, a avicultura representa uma forma de
viabilizar a pequena propriedade e diversificar a produção, permitindo ao produtor
condições de obter renda em menor espaço de tempo, comparativamente às demais
atividades agropecuárias.

38
Com a avicultura, em média, o produtor tem entrada de recursos financeiros para
gerir a propriedade a cada dois meses, tempo significativamente menor em relação
à suinocultura (seis meses) e a produção milho, com safras anuais.

4.4. O Impacto da Produção Avícola no Desenvolvimento Socioeconómico


dos Avicultores

De forma geral a actividade agrícola contribui para a geração de renda e emprego,


diversidade de fonte de renda, melhoria de suas casas e seus aviários, qualidade de
vida pois com a renda que ganham obtêm mais poder de compra e conseguem ter
acesso a educação para os seus educandos, para a segurança alimentar de acordo
com os níveis e fluxos de produção a baixo descritos:

4.4.1. Contributo para a Segurança Alimentar

De acordo com os entrevistados, o frango de corte é considerada por boa parte dos
entrevistados uma ave com:

 Alta conversão alimentar;


 Rápido ganho de peso;
 Ciclo de produção curto;
 Resistentes a doenças; e
 Crescimento uniforme.

Esta espécie de ave é considerada uma fonte importante de carne e uma das maiores
fontes de obtenção de proteína animal naquela região.

39
Mas existe a menor parte dos produtores que não considera tanto a carne de frango
pois eles têm como principal actividade a agricultura, tendo plantações de culturas
de curtos ciclos, e usam a cama das aves para adubar a terra.

4.4.2. Contributo Económico


A produção animal, e particularmente de aves, constitui um componente importante
da economia agrária de Moçambique e o desenvolvimento contínuo do sector de
avicultura pode contribuir para um crescimento inclusivo e sustentável do país em
várias formas. Por um lado, a avicultura é uma atividade geradora de renda para
famílias pobres que vivem em condições precárias. Também, a produção avícola
pode aumentar a disponibilidade de frango e ovos para o consumo familiar, o que
é vantajosa na perspectiva nutricional e de diversificação da dieta, visto que estes
produtos constituem fontes valiosas de proteínas a custo baixo. Por outro lado, o
sector comercial gera emprego, nas várias partes da cadeia, desde a incubação, a
criação, o abate, o empacotamento, o transporte até à comercialização do frango.

Os avicultores do distrito de Boane fazem parte de associações que regem o seu


funcionamento, a associação 25 de Setembro e a cooperativa de agropecuária de
Campwane. É nestas associações que são debatidas todas as questões relativas a
produção e venda no sector avícola, desde a aquisição dos pintos, ração até a venda
dos frangos e os ganhos nas suas empresas e os ganhos individuais que geram.

Estas associações ajudam a resolver questões jurídicas relacionadas a criação e


registo de empresas que actuam no sector avícola.

Na amostra que foi usada na pesquisa, foi constatado que a 83% dos produtores não
tem trabalhadores em seus aviários, devido a escassez de recursos para empregar
jovens para trabalharem diariamente, portanto os produtores optam por contratar

40
trabalhadores para trabalhar de forma sazonal, isto é, apenas no final de cada ciclo,
quando a produção esta pronta para entrar no mercado para a venda, restando
apenas 17% dos produtores que tem trabalhadores em seus aviários, para estes
últimos o numero de trabalhadores é de dois (2) a dez (10), em que na sua maioria
a mão-de-obra são de mulheres, imponderando desta forma a mulher na actividade
avícola, e podemos concluir mais uma vez que esta actividade é exercida
principalmente pelas mulheres

Figura 8. Número de Trabalhadores dos Avicultores de Boane

Número de Trabalhadores
6% 3%
8%

83%

Nenhum trabalhador 2 trabalhadores 8 trabalhadores 10 trabalhadores

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados.

41
4.4.3. Níveis de Produção
De acordo com o Balanço Anual do PESOD (2018), aliado aos dados colhidos,
observou-se que no ano de 2018 o distrito de Boane teve uma produção de
11.390,50 toneladas de frango de um plano de 11.900 ton (95.7% de realização) e
um crescimento de 116.8 %, reajustou-se o plano e a produção de carne de frangos,
devido ao trabalho de base que está sendo feito nas comunidades (levamento e
cadastro dos avicultores) e junto aos vendedores de rações e pintos no Distrito de
Boane e na Matola com a ajuda de Direcção Provincial de Agricultura e Segurança
Alimentar onde chegou-se a conclusão de que há muita produção que não estava
sendo contabilizada, e o surgimento de novas casas de matanças.

Figura 9. Níveis de produção do frango do distrito de Boane

Niveis de Produção

2020

2019

2018

2017

2016

0,000 2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000 14,000

Fonte: Balanço Anual do PESOD, 2018

42
O crescimento acelerado da produção avícola nacional na última década, tem
conquistando uma maior quota do mercado doméstico, indica a competitividade do
frango nacional em relação ao frango importado, apesar dos obstáculos enfrentados
pelos produtores. Estudos revelam que o consumidor tem uma preferência pelo
frango congelado nacional, estando disposto a pagar um ligeiro prémio em relação
ao frango importado, Technoserve (2005). Assim, a autossuficiência no frango
congelado é um objectivo tangível no médio prazo.

4.4.4. Fluxo de Produção

No fim de cada ciclo os produtores preferem vender os frangos vivos, a uma média
de preço que varia de 270 a 280 meticais, com uma média de 2kg a 3kg. Quanto
aos motivos que impulsionaram os produtores a investir na avicultura, a
possibilidade de uma renda extra às atividades agropecuárias desenvolvidas
aparece como principal propulsor para 70% dos produtores no distrito de Boane.

A cadeia produtiva que envolve a avicultura de corte, assim como as diversas


cadeias produtivas mercantis, se constitui apresentando características próprias em
termos de produto, mercado, tecnologia, localização geográfica e organização da
produção de acordo com Espinhola (2022), factores que fizeram com que este
sector conseguisse estabelecer-se em um cenário que até os tempos modernos
apresenta inúmeras barreiras logísticas e mercantis que impedem que este cresça
em um ritmo ainda maior.

É conveniente destacar que a opção dos produtores pela avicultura pode representar
uma possibilidade de renda mais estável e maior segurança em relação à
produtividade, principalmente se comparada à produção de grãos. Na avicultura, os

43
resultados estão diretamente relacionados às boas práticas de maneio e demais
variáveis passíveis de controlo, enquanto na produção de grãos esses resultados
sofrem interferência de aspectos que fogem do controle do produtor, a exemplo das
intempéries climáticas.

Para uma parcela dos produtores entrevistados, entretanto, a actividade não


possibilita ganhos diretos. Para eles, a motivação para ingressar no sector deu-se
em razão da possibilidade de utilizar a cama dos aviários como adubo para o cultivo
de diversas culturas, principalmente para a produção de grãos. Dentre esses
produtores, estão aqueles com maiores áreas cultiváveis e que não têm na avicultura
a principal fonte de renda da propriedade rural.

Outro aspecto que merece destaque diz respeito à motivação para o ingresso na
actividade. Embora a parcela de produtores avícolas no distrito de Boane afirme
que a actividade não gera ganhos diretos e que, muitas vezes, trabalham com
pequena margem de lucratividade, a possibilidade de financiamento das estruturas
físicas e aparato tecnológico representa factor preponderante ao ingresso e
permanência na actividade.

Aliado a isso, tem-se também como motivador, de acordo com a pesquisa realizada,
o facto de que o sistema de integração possibilita segurança em relação à total
comercialização da produção; factores que impactam positivamente na decisão de
ingressar e permanecer na atividade, apesar das dificuldades enfrentadas no sector
a nível daquele distrito principalmente se tratando de pequenos proprietários rurais,
com reduzida capacidade de investimentos, pois segundo Hirschman (1958), autor
da Teoria dos Efeitos de Encadeamento, para que o desenvolvimento seja
alcançado é necessário o comprometimento de uma série de decisões que produzam

44
efeitos favoráveis sobre a economia, mesmo sabendo que é uma ação limitada pela
sua capacidade de investimento.

Conforme o autor, esses factores económicos levam a diferentes tipos de efeito de


retorno sobre suas próprias capacidades de investimento. Ainda, segundo o autor,
essa observância é entendida como “efeito complementaridade do investimento”,
em que as decisões de investimento da sociedade visam complementar a capacidade
produtiva de uma região.

4.5. Os Constrangimentos do Sector Avícola no Desenvolvimento


Socioeconómico dos Avicultores

Um facto constatado é que a maioria dos produtores entrevistados apresentaram a


mesmas dificuldades no que diz respeito ao custo muito elevado do preço de ração
para as aves, o que afecta diretamente o crescimento das mesmas que
constantemente perdem a qualidade. Este dado indica que no distrito de Boane a
produção avícola não tem muita qualidade devido ao preço elevado da ração para
as aves.

A seguir do custo elevado da ração, os avicultores de Boane apresentam


dificuldades em adquirir pintos de boa qualidade, o que influencia directamente na
taxa de mortalidade dos pintos ou frangos, que é mais um constrangimento que os
avicultores enfrentam. E por último alguns avicultores tem dificuldades na
produção por défice de equipamento apropriado para a prática avícola.

45
Figura 10. Dificuldades que os Avicultores enfrentam durante a produção

Dificuldade de Produção

18%

33%

16%

33%

Elevado custo de ração Baixa qualidade dos pintos


Défice de equipamento Mortalidade dos pintos

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados.

Para além das dificuldades citadas acima, de acordo com a Technoserve (2021) a
indústria local apresenta os seguintes constrangimentos:

 O contrabando do frango congelado (principalmente do Brasil, África do Sul


e Malawi);
 A desatualização e a falta de clareza dos regulamentos técnicos (por exemplo
das técnicas do abate);
 O regime tributário que penaliza a produção local;
 As fraquezas no sistema logístico para conectar os maiores centros de
produção de soja e milho com a indústria de ração.

46
4.5.1. O Contrabando como um nó de Estrangulamento na Indústria Avícola
A indústria avícola nacional tem sido muito bem-sucedida no mercado de frango
em Moçambique, logrando substituir o volume de importações deste produto como
era típico na década passada. No entanto este esforço tem sido combatido pelo
contrabando de frango pois muitos importadores e com destaque para os informais
têm insistido na importação de frango a partir da África do Sul, TechnoServe (2021)

Dados apurados com base em informações da UN – COMTRADE (2020) mostram


que por exemplo em 2014 foi reportada e registada em Moçambique a importação
de 13.648 toneladas de frango, no entanto os países exportadores de frango
reportaram exportações de 27.468 toneladas de frango, o dobro da quantidade
reportada em Moçambique. Esta diferença reflecte a quantidade de frango que foi
exportada para Moçambique, mas que não foi captada pelas autoridades de
comércio internacional do país incluindo as alfândegas.
O mesmo aconteceu nos anos anteriores sempre com cifras duas vezes superiores
às reportadas localmente. Presume-se que estas são as quantidades contrabandeadas
para o país no período reportado.
Se no passado recente a concorrência era essencialmente do frango do Brasil, hoje
a maior concorrência vem a partir da fronteira com a África do Sul. Esta carne de
frango que entra pela fronteira sul-africana é proveniente dos EUA e é constituída
essencialmente por pernas de frango.

47
CAPITULO V. CONCLUSOES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Como principais aspecto encontrados na pesquisa realizada, tem-se o fato de que a


atividade é desempenhada prioritariamente, por pequenos produtores, constatou-se
também que a avicultura é desenvolvida com significativa participação do trabalho
feminino, identificou-se ainda, entretanto, que a atividade é pouco atrativa aos
jovens, tal fato gera preocupação para a continuidade e crescimento do setor, e
necessidade de um a olhar mais atento das agroindústrias a essa problemática.

Um dos maiores constrangimentos que a indústria local de aves enfrenta é a


aquisição de pintos de má qualidade que interfere directamente na taxa de perdas
de pintos ou frangos por ciclo e o custo elevado da ração para aves, sendo esse um
factor preocupante para os avicultores

Por outro lado, os dados da pesquisa apontam para um cenário positivo em relação
ao grau de escolaridade do produtor, que, embora com idade avançada, possui
níveis de escolaridade superior à média nacional para populações rurais. Isso
denota um perfil de produtor de aves preocupado com o autodesenvolvimento e
com capacidade para compreender e incorporar as mudanças tecnológicas e
práticas de maneio necessárias ao bom desenvolvimento da atividade.

Outro aspecto que merece destaque diz respeito à motivação para o ingresso na
atividade. Embora parcela de produtores afirme que a atividade não gera ganhos
diretos e que, muitas vezes, trabalham com pequena margem de lucratividade, mas
conseguem suprir suas necessidades mensais e ainda tirar proveito desta actividade
para o cultivo de culturas agrícolas usando a cama dos frangos como estrume.

48
5.2. Recomendações

Recomenda-se ao governo a usar os recursos destinados ao apoio dos agregadores


e processadores no âmbito do programa Sustenta, para através do Instituto de
Oleaginosas, complementar os programas de fomento da produção de gergelim e
soja em curso no país, garantindo o financiamento das componentes necessárias ao
fecho da cadeia de valor destas duas culturas.

A intervenção do Instituto de Oleaginosas deveria se estender também às indústrias


já existentes, mas cuja operação está abaixo da capacidade instalada. Por exemplo
no caso do gergelim a sua semente quando processada produz cerca de 40 a 60%
de óleo alimentar, e 25% de proteínas, daí que a extracção de óleo de gergelim pode
contribuir para a produção de bagaço bastante rico em proteínas para a produção
de ração animal.

O governo deve estimular a ligação entre a indústria nacional de óleos representada


pela AIOPA – Associação Industrial de Óleos e Produtos Afins, a indústria de ração
animal para frango representada pela AMIA – Associação Moçambicana da
Indústria Avícola e as organizações envolvidas na promoção da produção de soja e
gergelim tais como a TechnoServe, SNV para que a cadeia de valor destas
oleaginosas seja fechada localmente evitando assim a simples exportação da
semente de gergelim e o processamento da soja primariamente para a produção de
bagaços.

Portanto o Sustenta e os programas da SNV e TechnoServe nas culturas específicas


deveriam ser complementares e não concorrentes, porque neste momento em
Moçambique o óleo é subproduto no processamento da soja e o bagaço é o produto

49
final uma situação atípica pois nos países vizinhos a soja é destinada primeiro à
produção de óleo sendo o bagaço um subproduto.

Recomenda-se aos jovens que apostem na prática da avicultura e que possam


desenvolver estratégias de desenvolvimento da cadeia de valor de aves com o
auxílio das TICs, como sendo uma área dominada pela camada juvenil

50
Referências Bibliográficas

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ed. São Paulo: Cengage Learning.

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teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas.

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51
organizado pela UEM sobre Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural:
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TechnoServe 2021. Desafios E Oportunidades No Desenvolvimento Da


Agroindústria Em Moçambique, Maputo

Severino, A. J. (2007). Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez.

https://comtrade.un.org/data/

53
Anexos

Formulário de inquérito é dirigido aos avicultores do Distrito de Boane.

Posto Administrativo: _________________ Data………/……../……..

Localidade:_________________________
Aldeia/povoado:_____________________

O presente questionário enquadra-se numa investigação, no âmbito de um trabalho


de Obtenção do grau de licenciatura em Desenvolvimento Rural na Universidade
São Tomás de Moçambique (USTM). O questionário é anónimo, não devendo, por
isso, colocar a sua identificação. Os resultados obtidos serão utilizados apenas para
fins académicos e com os mesmos pretende-se fazer o levantamento dos dados em
relação a contribuição do sector avícola no desenvolvimento socioeconómico dos
avicultores no distrito de Boane. Deste modo, agradeço pela sua especial atenção e
cooperação, respondendo com sinceridade às questões apresentadas:

1. Sexo: M ( ) F ( )

2. Idade: 15-30 ( ) 31-40 ( ) 41-60 ( )

3. Quantos aviarios possui?


1. Um ( ) 2. Dois ( ) 3.mais do que dois

4. Onde adquire os pintos?


1. Comprou ( ) 2. foi oferecido por alguém ( ) 3. Outro
_________________________________________________________

54
5. Tem tido dificuldades em produzir os frangos?
1. Sim ( ) 2. Não ( ) Se sim, Quais são?
_________________________________________________________

6. Qual é a quantidade que produz?


______________________________________________________________

7. Pertence a alguma Associação de avicultores?


1. Sim ( ) 1. Não ( )
8. Qual é o nome da Associação?
______________________________________________________________

9. Qual é o destino de sua produção?


______________________________________________________________

10. Depois de quantos meses o frango está pronto para ser comercializado?
______________________________________________________________

11. Com quantos Kg o frango está pronto para a comercialização


______________________________________________________________

12. Qual é o seu nível de escolaridade?


1. Primário ( ) 2. Secundário ( ) 3. Superior ( )

13.Concluiu o nível?

55
1. Sim ( ) 2. Não ( )

14. Parou em que classe?


______________________________________________________________

15. Como é que costuma vender os frangos?


1. Vivo ( ) 2. congelado ( ) 3. Os dois ( )

16. Qual é a forma que mais vende?


1. Vivo ( ) 2. Congelado ( ) 3. Os dois ( )

17. Quais são as raças de aves que produz?


______________________________________________________________

18. Qual é o rendimento de cada raça?


______________________________________________________________

19. Quantos pintos em media consegue colocar por ciclo

______________________________________________________________

20. Qual é o preco medio de frango?

______________________________________________________________

21. Quais são os sistemas de produção avícola que produtores mais usam no distrito
de Boane?

______________________________________________________________

56
22. Qual é a média de funcionários que os avicultores empregam nas suas empresas
no distrito de Boane?

______________________________________________________________

23. Qual é o número de trabalhadores permanentes?

______________________________________________________________

24. Qual é o número de trabalhadores sazonais?

______________________________________________________________

25. Em termos de géneros qual é o número de trabalhadores permanentes do sexo


masculino e do sexo feminino?

______________________________________________________________

26. Em termos de género, qual é o número de trabalhadores sazonais do sexo


masculino e do sexo feminino?

______________________________________________________________

27. A quanto tempo desempenha a actividade avícola?

______________________________________________________________

28. O aviário é próprio ou alugado?

______________________________________________________________

29. Qual é a fonte de energia e de água que usa?

______________________________________________________________

30. Consegue ter acesso a educação com os ganhos desta actividade?

57
1. Sim ( ) 2. Não ( )

31. Recebe alguma assistência técnica?


1. Sim ( ) 2. Não ( ). Recebeu de quem?
______________________________________________________________

32. Qual é a capacidade do seu aviario?


______________________________________________________________

33. Respeita o calendário de vacinação?


1. Sim ( ) 2. não ( ) Se sim, quais são as vacinas aplicadas?
______________________________________________________________

58

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