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No dia 30 de maio de 2023 o marco temporal (PL 490 07) foi aprovado na Câmara
dos Deputados, por 283 votos a favor, 155 contra e uma abstenção. O presidente da
Câmara, Arthur Lira pediu urgência nesse processo defendendo que os povos
originários tenham possibilidade de explorar suas próprias terras. É uma ação
envolvendo a Terra Indígena Xokleng Ibirama Laklaño, dos povos Xokleng, Kaingang
e Guarani, e o estado de Santa Catarina.
O Marco Temporal é uma tese jurídica que defende que os povos indígenas só têm
direito à demarcação de suas terras se estivessem ocupando essas terras desde 5
de outubro de 1988, data da Constituição Federal. Comunidades que não tiverem
provas de que estavam ocupando as terras antes da Constituição ou depois não
poderão continuar vivendo nesse local, não sendo demarcadas como terras
indígenas. Os territórios são considerados propriedades privadas ou do Estado,
deixando os povos tradicionais fora deste decreto.
O Estado de Santa Catarina afirma que as terras não eram ocupadas pelos povos
Xokleng quando a Constituição foi proclamada porém os Xokleng afirmam que
ocupam ocupado e que haviam abandonado as terras pela perseguição que
estavam sofrendo dos colonos europeus na primeira metade do século XX.
Segundo o livro “Povos Indígenas e a Lei dos “Brancos”: o direito à diferença”, eles
discutem dúvidas sobre os procedimentos demarcatórios diante das disputas sobre
as terras. O processo de demarcação apenas delimita a terra indígena e não cria
uma posse tradicional ou um habitat remanescente. Ela é, na visão sociológica e
antropológica, tradicional e para identificar uma posse indígena é necessário olhar
se ainda na área há a influência dos povos tradicionais demonstrando de que há não
muito tempo os indígenas tinham o seu habitat e que foram expulsos à força ou não.
A retirada dos povos, além de ferir a Constituição Federal de 1988, não se trata
apenas da questão territorial e sim econômica fortalecendo o agronegócio (bancada
ruralista do Congresso Brasileiro) e o garimpo ilegal, além de ser uma questão de
sobrevivência da cultura dos povos no Brasil. O documento “Não ao marco
temporal”, texto de Marcos Sabaru, diz que esses defensores do marco temporal
argumentam que a falta de uma data definida para a ocupação das terras pelos
indígenas gera insegurança jurídica e conflitos fundiários. Os ativistas,
ambientalistas e os próprios indígenas, ao contrário deles, acreditam que é um
retrocesso ao que tudo que construíram e lutaram para os seus direitos serem
reconhecidos. “O marco temporal é isso, ele é atemporal mesmo, essa máquina volta no
tempo, reverte o tempo, troca as pessoas de tempo, coloca as pessoas em tempo diferente,
apaga a memória e muda a história”, trecho do documento.
“Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças
e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.”
“Marco temporal é a maior privatização de terra do país”, diz Ailton Krenak (líder
indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro) em uma entrevista
concedida pela CNN Brasil no dia 1 de setembro de 2021 sendo totalmente contra
ao Marco temporal.