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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

FICHAMENTO DO ARTIGO: A POLITICA E AS BASES DO DIREITO


EDUCACIONAL

Disciplina: politica e organização da educação básica no Brasil

Prof.ª Doris Accyolli e Silva

OSASCO

2001.
Título: Politica e Organização da Educação Básica no Brasil

Subtítulo: Legislação e Educação

Referencia: VIEIRA, Evaldo. As Politicas e as Bases do Direito Educacional. Caderno


Cedes, ano XXI, nª55, Novembro/2001.

FiCHAMENTO

Este ensaio publicado pelo professor Evaldo Vieira tem como objetivo analisar
a relação existente entre Estado e Direito, tendo como elemento mediador a educação
nos momentos distintos e marcantes da politica social do século XX no Brasil, onde
a demonstração de que o Direito Educacional não se limita à simples exposição da
legislação de ensino, pois a educação é um bem jurídico, individual e coletivo,
embora as determinações constitucionais nem sempre sejam cumpridas.

Segundo Evaldo Vieira, dois são os momentos distintos da e marcantes do


século XX brasileiro: o primeiro é o período de controle da politica que corresponde
ao período da ditadura de Getúlio Vargas e o segundo é o período da politica de
controle, cobrindo a época da instalação da ditadura militar em 1964 até a conclusão
dos trabalhos da constituinte de 1988.

Nesse período os governos buscam legitimidade a partir das bases sociais e


aceitam suas reivindicações e até as pressões da sociedade, para superarem o caráter
fragmentário, setorial e emergencial que acirrava a sociedade brasileira. Em 1988 a
constituição brasileira acolhe a politica social e diversos direitos abrangendo diversos
setores da sociedade são contemplados, porém esses direitos sociais sofrem de
maneira clara ataques da classe dirigente do Estado e dos donos da vida, em geral, a
partir de 1995 em nome de um neoliberalismo tardio ou em nome da modernização.

A politica social neoliberal nega os direitos sociais e exige contrapartida para o


gozo dos benefícios, vinculando diretamente o nível de vida ao mercado,
transformando os cidadãos e o bem estar social em mercadoria, porém as politicas
sociais que integram a constituição de 1988 precisam se elevar para uma posição de
respeito e superioridade, pois são garantias fundamentais, ao contrário, estaríamos
fadados a nos consolar frente ao irracionalismo da meritocracia e aos seus
relativismos nas politicas sociais.
Os principais direitos fundamentais compõem o chamado Estado de direito
democrático. O Estado de direito aparece no liberalismo, porém, o Estado de direito
impõe o conceito de soberania popular, ou seja, o Estado necessita da legitimidade
vinda do povo. No que se refere as politicas de educação, desde a primeira
constituição de 1824 a educação aparece como o fundamento da politica social, mas
que só alcança abrangência durante o século XX.

No final do século XX ocorre um intenso debate e reflexão sobre a educação,


todavia, as origens ou ponto de partida para se estabelecer as bases do Direito
Educacional deve estar na constituição, onde os princípios abrangentes são capazes
de multiplicarem-se em muitos direitos, em muitas garantias e muitos deveres.

É no artigo 3º da constituição que estão os princípios básicos na teoria e na


prática educacional, juntamente com outros princípios que estendem ao longo do
texto constitucional, porém esses princípios e direitos somente se sustentam nas
garantias constitucionais, assim como os direitos a liberdade, a segurança e a
propriedade.

O Brasil, por sua vez, se submete a pactos internacionais, firmado por ele, a
partir da década de 90 com a conferência internacional de educação para todos, mas a
educação já está presente em todas as constituições do país e essa constitucionalidade
faz da educação brasileira um direito e obrigação do Estado, com princípios,
autonomia e liberdade de ensino.

Na constituição federal de 1988, a educação compõe os direitos sociais, junto


com outros direitos, por essa razão, as politicas sociais, apoiadas em direitos sociais,
tornam obrigatórias e imediatas as medidas estatais para elevar a condição humana
dos titulares desses direitos em resposta às necessidades sociais e transformam em
realidade os direitos sociais.

A educação, na constituição federal de 1988 é um bem jurídico e um direito


público subjetivo, é um bem jurídico, porque com ela se constrói uma
sociedade livre justa e solidária e um direito subjetivo ela é protegida por ser
um bem jurídico, além das atribuições da União, dos Estados e os municípios,
onde os encargos são divididos harmoniosamente entre eles.
Evaldo Vieira ressalta que o Poder Executivo não pode exceder-se na
regulamentação da lei de diretrizes e bases da educação que proporciona a
flexibilização dos processos educativos criando normas de comportamento e de
organização destinadas a regulamentar a LDB, pois complicam e impedem a ação
educativa.

Disponível: Biblioteca da FEUSP

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