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MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA

E INDIVIDUAL NO TRABALHO
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6 MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL NO TRABALHO

Para prevenir os acidentes e as doenças decorrentes do trabalho, a ciência e as


tecnologias colocam a nossa disposição uma série de medidas e equipamentos de proteção
coletiva e individual, que visam proteger os trabalhadores e, ao mesmo tempo, otimizar o
ambiente de trabalho, proporcionando mais rentabilidade, durabilidade e longevidade às
empresas.

Esta disciplina abordará as medidas de controle, os principais equipamentos de


proteção coletiva e individual, bem como as técnicas de prevenção dos riscos a que estão
sujeitos os profissionais.

6.1 Medidas de Controle

De acordo com Souza e Quelhas (2003), medidas de controle são as barreiras de


segurança que impedem ou minimizam as exposições ao risco. O controle visa à eliminação
ou redução dos agentes presentes no ambiente de trabalho, até concentrações que não
resultem em danos para a saúde da maioria dos trabalhadores expostos, ou ainda a
eliminação ou a limitação da exposição a tais agentes.

Os sistemas de controle (barreiras de segurança) introduzidos no projeto


devem ser previstos para manter os agentes de risco em níveis tão reduzidos quanto
possível, preferencialmente abaixo do nível de ação (50% do Limite de Exposição). Existem
três tipos de controle, de acordo com os autores acima citados:

a) controle na fonte: impede a formação ou a dispersão do agente de risco


no ambiente de trabalho;
b) controle no meio: impede que o agente de risco atinja os locais de trabalho,
em concentração preocupante para a exposição dos trabalhadores;
c) controle no receptor: é o conjunto de procedimentos que tem por
objetivo proteger a integridade física do trabalhador: pelo controle da saúde, a
partir de exames médicos; por treinamentos; e pelo uso de equipamentos de
proteção individual.

6.2 Conscientização e Treinamento

Uma das principais missões do profissional de Segurança e Medicina do Trabalho é


conscientizar empregados e empregadores em relação á importância de se adotarem
posturas que visem à plena preservação da saúde, conforto laboral e qualidade de vida do
trabalhador, proporcionando a melhoria das condições de trabalho e o aumento da
produtividade.

É importante que tanto empregados quanto empregadores tenham amplo


conhecimento das consequências de ambientes de trabalho nocivos à segurança e à saúde
do trabalhador e de tarefas executadas de maneira imprópria.

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Também não é suficiente conscientizar trabalhadores quanto à necessidade


prevencionista de manutenção da segurança e saúde laboral se este não sabe como agir ou
o que deve ser feito para esta preservação. Por exemplo, não é suficiente fornecer
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) em operações onde haja a possibilidade de
ocorrência de acidentes ou doenças ocupacionais, sem que haja critérios técnicos rigorosos
para a especificação destes EPIs e sem que medidas mais amplas de controle dos riscos
sejam tomadas.

Após uma intervenção ambiental por barreiras de controle, é necessário haver um


completo treinamento, onde são expostos os perigos inerentes às atividades, como executar
as tarefas de modo plenamente seguro e como utilizar e manter os equipamentos de
proteção. Essa conscientização e treinamento devem englobar toda a empresa, desde os
mais altos postos (diretores, gerentes e supervisores) aos funcionários de operação,
manutenção e limpeza.

A participação efetiva dos trabalhadores em programas de prevenção de acidentes


é atingida quando estes tiverem consciência da importância da segurança em sua vida no
trabalho, na rua e em casa.

6.3 Medidas ou Equipamentos de Proteção Coletiva

Equipamentos de Proteção Coletiva (MPCs ou EPCs) são todos os dispositivos


instalados ou decisões gerenciais tomadas com o objetivo de proteger a integridade física e
a saúde dos trabalhadores, mediante eliminação, isolamento ou diminuição dos efeitos
de um agente de risco agressivo, permitindo como máxima exposição os níveis legalmente
aceitos.

As medidas ou equipamentos de proteção coletiva devem ser sempre prioritários


em relação à adoção de equipamentos de proteção individual e devem possuir caráter
técnico, administrativo e/ou educacional.

Ao contrário dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que visam proteger a


integridade física do trabalhador que os utiliza, as Medidas ou Equipamentos de Proteção
Coletiva têm por objetivo proteger a coletividade dos trabalhadores, visitantes, da
comunidade e do meio ambiente, quando aplicável. Geralmente os EPCs atuam de duas
maneiras básicas:

a) na fonte: agindo diretamente sobre a origem do problema. Por exemplo, a


substituição de peças de um equipamento ruidoso, para torná-lo mais silencioso;
e,
b) na trajetória: impedindo que o agente atinja os trabalhadores. Por exemplo, a
utilização de cabines acústicas em ambientes ruidosos.

São exemplos de EPCs ou MPCs:

a) adequação das instalações para a atividade;


b) distribuição física dos equipamentos;

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c) proteção dos equipamentos;


d) iluminação eficiente;
e) sinalização;
f) proteção contra incêndio;
g) manutenção, limpeza e conservação do ambiente e dos equipamentos;
h) treinamento de segurança;
i) programas de prevenção.
j) corrimões: que são fabricados com materiais rígidos e resistentes e têm uma
altura mínima de 90 cm;
k) protetores: são os componentes de uma máquina que são utilizados como uma
barreira material para garantir a proteção. Por exemplo, tampas, coberturas,
painéis, muros, carcaças e barreiras.

6.4 Prevenção de Riscos Profissionais

Apresentam-se a seguir algumas medidas utilizadas na prevenção dos riscos


profissionais.

 Disjuntor diferencial:

Conforme ilustrado pela Figura 1, é um dispositivo de segurança que desliga


automaticamente a eletricidade quando se produz uma derivação com intensidade superior
à previamente estabelecida.

Figura 1 - Disjuntor diferencial

Fonte: Disponível em: http://www.eletricametasol.com/ Acesso em outubro 2014

Seguem-se também alguns exemplos de aplicação da proteção coletiva ao


ambiente de trabalho.

 Ventilação geral:

É uma medida de proteção coletiva que é aplicada ao meio de propagação dos


contaminantes químicos. Considera-se que só é adequada nos casos em que os
contaminantes são de baixa toxicidade e existem em pequenas concentrações. É uma
medida a ser adotada nos locais em que se pretenda, basicamente, eliminar o ar viciado
(escritórios, oficinas de produção, etc.) e também como melhoria do conforto térmico.

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 Ventilação localizada ou extração localizada:

Tem como objetivo captar o contaminante químico no ponto em que é gerado,


evitando que se espalhe no ambiente geral do local.

 Isolamento de máquinas ruidosas:

É uma medida de proteção coletiva complexa e que, na medida do possível, deve


ser concebida de modo a que o trabalhador não fique no interior do compartimento,
conforme ilustra a Figura 2 a seguir.

Figura 2 - Isolamento de máquinas ruidosas

Fonte: Elaborada pelo autor (2014)

6.5 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são todos os dispositivos de uso


individual destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. Os EPIs são
tratados pela Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6), que define os critérios de fabricação,
comercialização, utilização, restrições ao uso, fiscalização, entre outros.

Os Equipamentos de Proteção Individual devem ser vistos como último recurso a


ser adotado em programas de prevenção à saúde e segurança dos trabalhadores. Deve-se
sempre priorizar a adoção de medidas de caráter geral, como EPCs e MPCs, que têm por
objetivo controlar o agente de risco e proteger a coletividade dos trabalhadores, visitantes,
da comunidade e do meio ambiente.

A adoção de EPIs reporta a várias observações às quais de deve dar total atenção:

a) EPIs não constituem ações corretivas no ambiente de trabalho, pois não


eliminam o risco, apenas têm por objetivo reduzir a percepção do risco pelo
trabalhador;
b) EPIs não evitam acidentes. Quando utilizados corretamente, podem proteger o
trabalhador de um dano, mas tem sua eficácia limitada em muitas situações;
c) EPIs devem ser especificados com critérios técnicos, feitos com base em análises
qualitativas e quantitativas dos riscos aos quais o trabalhador está exposto;
d) a utilização eficaz do EPI está diretamente relacionada ao treinamento e à
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manutenção deste equipamento;


e) a especificação ou uso inadequados do EPI também pode causar danos ao
trabalhador pela não neutralização do risco;
f) não é suficiente fornecer EPI aos trabalhadores, mesmo que este seja
corretamente especificado;
g) é obrigação da empresa treinar os funcionários e fiscalizar correta utilização
dos EPIs, bem como é obrigação dos funcionários utilizar e manter
adequadamente o EPI.

Ao especificar um EPI, é necessário observar todos os critérios técnicos de


aplicabilidade e efetiva redução do risco ao qual o trabalhador está exposto. Por exemplo,
especificar ou utilizar máscara de proteção respiratória não adequada ao risco (poeira, gás
químico, vapor tóxico, agente biológico, etc.) com o filtro não adequado às características e
concentração do agente (poeiras de diâmetros variados, etc.) pode fazer com que o
trabalhador se “sinta” protegido sem efetivamente estar, já que a utilização de um EPI
inadequado ao risco e as suas características não neutraliza o risco.

A pior forma de proteção é a falsa proteção, já que o trabalhador pensa que está
protegido e, muitas vezes, deixa de tomar outras medidas preventivas, uma vez que se
imagina garantido pela falsa proteção de um EPI especificado ou utilizado erradamente.

A NR-6 determina que (BRASIL, 2001):

[6.3] A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI


adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento,
nas seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa
proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças
profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
e, c) para atender a situações de emergência.

6.5.1 Escolha Correta dos EPIs

A utilização dos EPIs será mais eficiente e trará melhores resultados quanto mais
precisa for a sua escolha. Esta especificação deve passar por várias etapas, que devem ser
criteriosamente seguidas. Todas as etapas para a especificação, aquisição, entrega,
treinamento e fiscalização de EPIs devem ser documentadas e estes documentos devem ser
guardados na empresa e permanecer à disposição da fiscalização da Delegacia Regional do
Trabalho (DRT). Tais etapas são descritas a seguir:

 1ª etapa: identificar os agentes de risco existentes no ambiente de trabalho;


 2ª etapa: mensurar a intensidade ou concentração dos agentes e comparar
esses valores com os Limites de Tolerância definidos na NR-15 ou, na omissão
desta, em outras normas internacionais (ISO, ACGIH, etc.);
 3ª etapa: com base nos resultados obtidos, devem ser escolhidos dentre os
EPIs disponíveis no mercado aqueles que mais se adaptem aos problemas
levantados, levando-se em consideração fatores como eficiência do EPI, qualidade,

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facilidade de utilização e limpeza, durabilidade, facilidade de adaptação do usuário


e relação custo/benefício;
 4ª etapa: adquirir os EPIs com CA (Certificado de Aprovação), com as
características especificadas e escolhidas de acordo com a 3ª Etapa;
 5ª etapa: fornecer gratuitamente aos trabalhadores os EPIs especificados
segundo os critérios técnicos anteriores;
 6ª etapa: treinar os trabalhadores e conscientizá-los quanto à necessidade
da correta utilização dos EPIs;
 7ª etapa: fiscalizar o uso dos EPIs.

6.5.2 Responsabilidades Quanto aos EPIs

Segundo o item 6.2 da NR-6 (BRASIL, 2001):

[6.2] O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou


importada, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do
Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente
em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do
Trabalho e Emprego.

Segundo o item 6.6 da NR-6, são obrigações das empresas com relação aos EPIs
(BRASIL, 2001):

[6.6.1] Cabe ao empregador quanto ao EPI:


a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
b) exigir seu uso;
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional
competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e
conservação;
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

Segundo o item 6.7 da NR-6, são obrigações dos empregados com relação aos EPIs:

[6.7.1] Cabe ao empregado quanto ao EPI:


a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne
impróprio para uso; e,
d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

6.5.3 Responsabilidades Quanto aos Certificados de Aprovação (CA)

Os subitens do item 6.8 (BRASIL, 2001) da NR-6 estabelecem as obrigações dos


fabricantes e dos importadores de EPIs quanto ao CA, Certificado de Aprovação. Entre estas
obrigações, destacam-se:

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[6.8.1] O fabricante nacional ou o importador deverá:


b) solicitar a emissão do CA, conforme o ANEXO II;
e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu
origem ao Certificado de Aprovação - CA;
f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de CA;
h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional,
orientando sua utilização, manutenção, restrição e demais
referências ao seu uso;
i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação.

Observação: o desempenho de um EPI é de responsabilidade civil e criminal de


quem o especifica.

6.5.4 Tipos de EPIs

Existe uma grande variedade de EPIs disponíveis no mercado. Eles podem ser
classificados de acordo com o tipo de proteção que oferecem, conforme ilustram os Quadros
1a e 1b a seguir.

Quadro 1a - Classificação dos EPIs

Fonte: Elaborado pelo autor (2014)

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Quadro 1a - Classificação dos EPIs

Fonte: Elaborado pelo autor (2014)

6.6 Exercícios Propostos

1) Existem três tipos de controle, quais são?


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2) Defina equipamentos de proteção coletiva?


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3) Defina equipamentos de proteção individual?


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4) Explique o critério de priorização entre EPIxEPC?


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5) Explique um tipo de EPC?


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6) Qual a norma que define os critérios de utilização do EPI?


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7) O EPI previne acidente, explique?


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8) Cite duas obrigações da empresa em relação ao EPI;


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9) Cite duas obrigações dos empregados e relação ao empregador?


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10) Quais os critérios que o técnico em segurança usa na escolha de um EPI?


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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR 6: Equipamento de


proteção individual. Ministério do Trabalho e Emprego: Brasília, 2001.

OLIVEIRA, C. A. D. Passo a passo dos procedimentos técnicos. São Paulo: LTr, 2002.

ZOCCHIO, Á. Segurança em trabalho com maquinaria. São Paulo: LTr, 2002.

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