Avaliação e Educação Infantil escola: um Olhar sensível e reflexivo sobre a criança
O livro retrata a avaliação no contexto da
educação infantil e os pressupostos básicos da avaliação. A partir dos estudos apresentados sobre o desenvolvimento infantil, Hoffman utiliza de pareceres descritivos e encaminha procedimentos que auxiliem na elaboração de relatórios de avaliação que poderão ser utilizados para a educação infantil e para as séries iniciais. Avaliar crianças exige dos educadores muita observação, reflexão, registros diários e, sobretudo, grande sensibilidade. Esses são os pontos que se destacam neste livro. Nele, Hoffmann defende que não devemos pensar na avaliação como um ato classificatório, mas como acompanhamento e promoção do desenvolvimento.
O termo avaliação, na concepção defendida no livro,
refere-se a um conjunto de procedimentos didáticos que se estendem por um longo tempo e em vários espaços escolares, de caráter processual e visando, sempre, a melhoria do objeto avaliado.
Avaliar não é julgar, mas acompanhar um
percurso de vida da criança. Acompanhar em avaliação mediadora, é permanecer atento a cada criança, pensando em suas ações e reações “sentindo”, percebendo seus diferentes jeitos de ser e de aprender. Avaliar, na concepção mediadora, portanto, engloba, necessariamente, a intervenção pedagógica: planejar atividades e práticas pedagógicas, redefinir posturas, reorganizar o ambiente de aprendizagem e outras ações, com base no que se observa, sem a ação pedagógica, não se completa o ciclo da avaliação na sua concepção de continuidade, de ação-reflexão-ação.
A concepção de “avaliação mediadora” envolve
procedimentos essenciais (não lineares, mas complementares): a) uma observação atenta e individualizada das crianças; b) a análise reflexiva de suas manifestações, possibilidades e interesses; c) o planejamento das ações educativas visando a oferecer-lhes melhores e diferentes oportunidades de aprendizagem. Dois princípios que norteiam a avaliação na concepção mediadora:
a) o princípio da individualização: observar e cuidar
mais e por mais tempo da criança que estiver precisando de maior apoio em determinado momento, preservando a liberdade e a espontaneidade de cada uma e refletindo acerca de ações educativas pertinentes aos interesses de todas.
b) o princípio da mediação: a intenção de desenvolver
estratégias pedagógicas desafiadoras de modo que s crianças evoluam em todas as áreas do conhecimento, seguras e com iniciativa para inventar, descobrir e experimentar. O olhar avaliativo não é apenas sobre as crianças, mas sobre elas no âmbito da instituição com todas as variáveis que essa contempla. Nesse sentido o professor/avaliador terá por objetivo: a) manter uma atitude curiosa e investigativa sobre as reações e manifestações das crianças no dia a dia da instituição; b) valorizar a diversidade de interesses e possibilidades de exploração do mundo pelas crianças, respeitando sua identidade sociocultural; c) proporcionar-lhes um ambiente interativo, acolhedor e alegre, rico em materiais e situações a serem experenciadas; d) agir como mediador de suas conquistas, no sentido de apoia-las, acompanha-las e favorecer lhes desafios adequados aos seus interesses e possibilidades; e) fazer anotações diárias sobre aspectos individuais observados, de forma a reunir dados significativos que embasem o seu planejamento e a reorganização do ambiente educativo. A avaliação mediadora, concebida como um acompanhamento sensível e reflexivo, encaminha fortemente a esse aprofundamento, na medida em que se é impelido a encontrar respostas às suas dúvidas e incertezas que surgem a partir de uma postura permanentemente investigativa (a observação atenta e curiosa do professor, a escuta sensível das crianças e sua reflexão sobre as descobertas feitas por elas).
Relatórios de avaliação consistentes se constituem
por anotações frequentes sobre o cotidiano de cada criança, de modo a subsidiar, permanentemente, o trabalho junto a ela, desvelando caminhos ao professor no sentido de planejar melhores estratégias de aprendizagem. Os relatório de avaliação representam a memória ressignificada da história vivida pela criança na instituição e favorecem a continuidade do seu processo de aprendizagem, têm por objetivo documentar e ilustrar a história da criança no espaço pedagógico, a sua interação com os vários objetos do conhecimento, a sua convivência com os adultos e outras crianças que interagem com ela de forma positiva e potencializadora.
Como história individual devem esses registros revelar
as especificidades, peculiaridades, curiosidades, avanços e dificuldades.
Tais registros devem ser considerados sempre como
“provisórios”, dado a dinâmica de construção do conhecimento. Três princípios norteadores da avaliação mediadora e que irão fundamentar a elaboração de relatórios de avaliação:
1) princípio de investigação docente: postura de
curiosidade, analisando e problematizando o espaço pedagógico e a construção de conhecimento.
2) princípio de provisoriedade: realizar anotações e
registros frequentes, para agir sobre o que observa.
3) principio da complementaridade: complementar as
observações, se aproximando por mais tempo com a criança. A ação reflexiva, em termos três tempos articulados e complementares da elaboração dos relatórios, delineia- se em :
a) tempo de observação/descrição da ação: selecionar
e descrever com palavras uma situação de aprendizagem, onde é necessário parar e pensar sobre o que é importante destacar/relatar.
b) tempo de retomada/reflexão: reler as anotações após
um tempo, analisando a si próprio por meio de suas anotações, voltando no tempo e se posicionando criticamente, em relação as suas próprias ações e posturas.
c) tempo de reconstrução/mediação: reflexão
abrangente e reflexiva, analisando o conjunto das situações educativas, a evolução de cada criança, frente ao contexto educativo. Questão de Concurso (UNOESC-2018-Pref de Saudades-SC) Jussara Hoffmann em seu livro Avaliação na pré-escola: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança (2007) apresenta posturas avaliativas classificatórias e mediadoras. Analise as afirmativas a seguir, com base na autora citada: I. A avaliação mediadora realiza pareceres descritivos com concepções disciplinadoras, sentencivas e comparativas que ferem seriamente o respeito à infância. II. A avaliação classificatória, geralmente é construída no final do semestre ou do ano letivo, registrando os comportamentos que a criança apresentou não levando em consideração o cotidiano da criança. III. A avaliação mediadora busca permanentemente o significado de cada momento do trabalho para a formação de crianças autônomas, críticas e participativas, sujeitos de seu próprio desenvolvimento. IV. Na avaliação mediadora, a história da criança passa a ser de fundamental importância, e os fatos vividos por cada uma delas em diferentes situações, “não para comprovar que alcançou os objetivos previstos pelo professor” (porque não os alcançará imediatamente), mas por serem pontos de referência para uma ação educativa, permanentemente, voltada ao seu desenvolvimento máximo possível. Questão de Concurso Com base nas afirmativas acima assinale a alternativa correta:
a) Somente as alternativas I, II e III estão corretas.
b) Somente as alternativas I, III e IV estão corretas.
c) Somente as alternativas II, III e IV estão corretas.