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Colin Renfrew (1937- ):

a hipótese anatólica
• povoamento da Europa
pelos protoindo-
europeus: estratos e
épocas diferentes

• migração a partir da
Anatólia cerca de 6.500
a.C.
• migração PACÍFICA de
AGRICULTORES

• primeiro a Europa do Sul,


e mais tarde a do Norte
“Pôr o carro à frente dos cavalos” (Renfrew)

• Gimbutas: cavalo = força principal para a


expansão dos guerreiros nômades
• Rg Veda, Poemas Homéricos, antiga
mitologia irlandesa
MAS...

1) primeiros meios de transporte  carros puxados por bóis (3.000 a. C., Europa
central e ocidental);

2) ossos de cavalo: a partir de 2.500 a. C.  não é claro se fossem montados


[usados para transporte? comidos?];

3) CAVALO = autóctone de TODA A EUROPA  dificilmente vocabulário exclusivo


indo-europeu.
“Pôr o carro à frente dos cavalos”
(Renfrew)

primeiro uso MILITAR  Grécia


1.600 a. C.
emprego do carro e montada do
cavalo  origem nas estepes,
pouco antes que na Europa
meridional

 “CAVALO” (e léxico associado) não serve


para a cronologia do protoindo-europeu
“Pôr o carro à frente dos cavalos”
(Renfrew)

• “CARRO” e léxico associado: a


partir do último Neolítico na
Europa central (4.000 a. C.)

• “CAVALO” muito mais tarde

o “CARRO” é anterior ao
“CAVALO”
A origem dos indo-europeus

A. modelo
Gimbutas Big modelos do
Bang Neolítico
B. modelo Tardio
Renfrew
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modelo do
C. modelo Alinei Continuidade Paleolítico
Mario Alinei (1926-) e a
“Teoria da Continuidade”

protoindo-europeus
=
primeira ocupação
da Europa a partir
da África
Mario Alinei (1926-) e a
“Teoria da Continuidade”

1. ideia de superioridade da Europa por sua origem de


“povo superior” invasor típica dos séculos XIX e XX,
mas problemática em termos históricos,
arqueológicos e linguísticos;

2. supostas invasões já quase no Calcolítico: o TEMPO


para ter uma invasão e a diversificação dos povos e
das línguas i.e. que temos até hoje NÃO é suficiente
Vantagens da Teoria da Continuidade

• é teoria defendível muito mais facilmente do que as


teorias de tipo “Big Bang”

Continuidade: compatível com todas


as invasões e migrações atestadas
têm que imaginar pela arqueologia
(e demonstrar) um
constante e.g. Kurgan
movimento de
povos dentro da
Europa
As bases linguísticas da Teoria da
Continuidade
princípio de AUTODATAÇÃO LEXICAL (Alinei, 1991):

correlação elementar entre TEMPO DAS INOVAÇÕES DATÁVEIS e


DATAÇÃO DOS NOMES DELAS

rock and roll 1957 do it. cannone: it.


fox trot 1915 patata
samba 1890 ingl. cannon pomodoro
tango 1836 al. Kanone mais
polka 1831 fr. canon tabacco
mazurka 1800
valzer 1781 séc. XVI séc. XVI
Método da autodatação lexical
As teorias tradicionais não aplicaram à pré-história europeia
por causa da brevidade do suposto intervalo entre
nascimento e afirmação do indo-europeu.

nas línguas e nos dialetos europeus há vestígios de


nomes diferentes para ferramentas da caça, da
pesca, da agricultura, da tecelagem, da cerâmica:
tecnologias neolíticas

a diferenciação já tinha acontecido no


Neolítico!
Autodatação lexical: exemplos

Médio Paleolítico (ou antes)


i.e. comum *MER- “morrer”
Paleolítico Superior (começo da sepultura ritual)
gr. tápto, lat. sepelire, a.irl. adnaicim, sue. jorda, ingl. bury,
a. esl. pogreti
(palavras diferentes também para “túmulo” e “cemitério”)
Autodatação lexical: exemplos
Paleolítico Médio (ou antes)
i.e. *PER-, *PER-TU-S “vau, passagem”
Paleolítico Superior: começo da pesca e da navegação
lat. portus, línguas celt. ritu- “porto”
Mesolítico pós-glacial: primeiro povoamento das áreas
que já não eram mais glaciais
escandinavo fjord “fiorde”
[mas: ingl. ford, al. Furt “vau, passagem”]
Autodatação lexical: exemplos
Paleolítico Médio (ou antes)
i.e. *RKTHO-S “urso”
Paleolítico Superior: primeiras atestações do culto do
urso
germânico “escuro”: a.isl. bjorn, din. bjØrn, ingl. bear,
a.a.al. bär
eslavo “comedor de mel”: a.esl. medvjed, ch. medved, pol.
niedžwiedž, rus. medved
céltico “filhote bom”: a.irl. mathgamain, irl.
mathghamhain (maith “bom”, ghamain “filhote”)
Autodatação lexical: exemplos
Paleolítico Médio (ou antes)
i.e. *LEU- “desatar, separar, soltar”
Paleolítico Superior-Mesolítico: produção de ferramentas
com partes separáveis (arpões)
germânico *lausa- “desatar, tirar, perder”, ing. loose, al.
lösen

sufixos: ing. –less, al. –los


ing. hopeless, useless, wireless...
al. hoffnungslos, nutzlos, drahtlos...
Teoria da Continuidade

- oposição entre Kurgan e cultura da “Europa antiga”


(Gimbutas)

- migrações de agricultores da Anatólia durante o


Neolítico (Renfrew)

mesmo erro:
os protoindo-europeus já estavam lá
Vantagens da Teoria da Continuidade

1) pré-história europeia pertence aos atuais


povos europeus: profundidade temporal
necessária para explicar os vestígios linguísticos e
culturais

2) a maioria das culturas arqueológicas europeias


recebe uma etiquetagem linguística e étnica

3) ligação entre proto-história e Paleolítico


tardio e Mesolítico
Vantagens da Teoria da Continuidade

4) linguística pode colocar a história de muitas


famílias de palavras no contexto de concretas
culturas arqueológicas

5) fim das contradições das teorias tradicionais


das invasões

6) renovada importância às línguas e dialetos


europeus: seriam parte integrante da evolução
humana, refletindo os passos técnicos, cognitivos e
espirituais.
Conclusões: Teoria da Continuidade
A Europa teria sido ocupada a partir da África por
populações protoindo-europeias junto com populações
urálicas e outras populações não indo-europeias. Essas
últimas não seriam pré-indo-europeias, mas perí-indo-
europeias. Seu papel seria de contato com as indo-
européias e portanto muito menos importante. A
cultura Kurgan seria um desses casos.
!!! teoria da continuidade é aceita para os
povos e as línguas urálicas

!!! cf. estudos de genética: 80% do


patrimônio genético das atuais populações
na Europa procede do Paleolítico, 20% do
Neolítico
A reconstrução do Indo-Europeu

2. Em busca da protolíngua
Como reconstruir as palavras?

Latim A. Grego Sânscrito A. Inglês


pater patér pitár- fæder

p>f

! plausibilidade fonética; ! a maioria ganha


Como reconstruir as palavras?

Latim A. Grego Sânscrito A. Inglês


pater patér pitár- fæder

Gótico A. Islandês A. A. Alemão


fadar faðir fater

f>p
Como reconstruir as palavras?

I.E. *PH TÉR


2

protogermânico: *faðær

A. Inglês Gótico A. Islandês A. A. Alemão


fæder fadar faðir fater
Como reconstruir palavras?

Latim A. Grego Sânscrito P.I.E. *??


pater patér pitár-

Latim A. Grego Sânscrito P.I.E. *A


agō ágō ajāmi

Latim A. Grego Sânscrito P.I.E. *I


bis dís dviṣ

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