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CAPACITAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DE
HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
Crédito: Etiammos/Shutterstock.
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Figura 2 – Processo de mudança organizacional
Período de Futuro
Estado atual
transição pretendido
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Heráclito, a ideia de que “a única coisa constante é a mudança” tem sido um
truísmo de vida.
Complementando o pensamento de Savagnago e Vizeu, para as empresas
a palavra mudança tem diversas conotações, podendo se referir a mudanças
externas em tecnologias, nos clientes, na concorrência, no mercado, no ambiente
sociopolítico etc. E também se referir a mudanças internas, como a organização
se adaptar a mudanças no ambiente organizacional, nas práticas, visões e
estratégias. O importante é perceber que essas mudanças se correlacionam.
De acordo com Silva e Vergara (2003), citados por Cruz e Freitas (2010), a
mudança organizacional deve valorizar uma dimensão social como fator
determinante para com o sucesso das organizações. É necessário perceber a
mudança organizacional também como uma mudança de relações: do indivíduo
com a organização, dele com os companheiros, da organização com a sociedade,
do indivíduo com a sociedade e consigo mesmo.
A mudança organizacional combina alterações internas nos valores,
aspirações e comportamento das pessoas com alterações externas nos
processos, nas estratégias, nas práticas e nos sistemas, visto que quando ocorre
uma mudança, consequentemente ocorre aprendizagem, pois a organização não
realiza simplesmente algo de novo, ela constrói a capacidade de mudar
constantemente, conforme apresentando por Lima, Sampaio e Simões (2005).
Wood Jr (1995) é um estudioso que serviu de base para outros estudiosos,
menciona que a mudança organizacional como qualquer alteração, sendo ela
planejada ou não, de elementos constitutivos da organização, em função de
fatores internos e/ou externos, podendo desencadear consequências positivas ou
negativas para os resultados organizacionais e a sua sobrevivência. Sendo a
mudança organizacional considerada uma tarefa desafiadora, pois possibilita
diversas e múltiplas características, como a profundidade e a complexidade. Para
ele, as organizações se deparam com ambientes modificados e dinâmicos,
buscando se adaptar aos novos desafios da mudança. Segundo o autor, a
mudança organizacional é “qualquer transformação de natureza estrutural,
estratégica, cultural, tecnológica, humana ou de qualquer outro componente,
capaz de gerar impacto em partes ou no conjunto da organização”. E que para
sobreviver nesse ambiente mutável e competitivo, as empresas procuram
desenvolver competências, capacidades organizacionais para melhorarem seu
desempenho e assegurarem sua sobrevivência. O desenvolvimento dessas
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competências, dessas capacidades, dependerá de a empresa gerar, disseminar
e utilizar informações necessárias com as oportunidades do mercado, enfim, é a
capacidade da empresa aprender.
Figura 4 – Conhecimento
Crédito: Rudall30/Shutterstock.
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Diversos filósofos antigos tentaram conceituar o conhecimento, porém este
termo assume diversos significados, que variam de acordo com o contexto em
que está sendo empregado, podendo ser considerado um aprendizado,
habilidade, experiência, percepção, competência entre outros.
Nonaka e Takecuhi (1997), dois dos autores mais citados na área dos
estudos organizacionais, indicam que o estudo do conhecimento humano é tão
antigo quanto a própria história do homem e que no período grego esse tema já
fazia parte dos estudos de filosofia e epistemologia. Complementam afirmando
que foi Platão quem desenvolveu inicialmente a conceitualização do termo
conhecimento sob uma perspectiva racionalista. Para eles, Platão argumentou
que o mundo físico é uma mera sombra do mundo perfeito das ideias, isto é, as
ideias são conhecidas apenas através da razão pura, de modo que tudo se
justifica por meio da matemática e através dela que se chega à verdadeira
realidade. Para este filósofo existem quatro graus de conhecimento: crença,
opinião, raciocínio e indução. Já Aristóteles enfatizou a importância da observação
e da nítida verificação da percepção sensorial individual, sendo que as ideias para
ele eram adquiridas pela experiência. Aristóteles destaca a existência de seis
graus de conhecimento: sensação, raciocínio, intuição, percepção, imaginação e
memória. Para ele não há diferença entre conhecimento sensível e intelectual,
pelo contrário, um é a continuação do outro.
Nonaka e Takeuchi (1997, p. 26) argumentam que para Aristóteles:
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publicadas apenas após anos de sua elaboração. Essas obras serviram de
alicerce para novas teorias que a posteriori realizaram uma verdadeira
transformação nos meios acadêmico, literário, organizacional e até social.
Já Angeloni (2002) sugere que para se compreender melhor o que é
conhecimento se faz necessário primeiramente distinguir dado, informação e
conhecimento. Dados referem-se a elementos descritivos de um evento e são
desprovidos de tratamento lógico ou de contextualização, informando um estado
da realidade pura. A informação pode ser entendida como um conjunto de dados
selecionados e agrupados logicamente para a consecução de determinado
objetivo. O conhecimento é composto de um conjunto de informações pertinentes
a um sistema de relações críticas, significando a compreensão de todas as
dimensões da realidade, captando e expressando essa totalidade cada vez mais
ampla. Embora o conhecimento contenha um conjunto de informações
articuladas, o mesmo não é sinônimo de acúmulo de informações.
Nesta mesma linha, Davenport e Prusak (1998), afirmam que o
conhecimento pode ser entendido a partir de dados e da informação que são
utilizados para sua construção. Os dados são registros estruturados de
transações organizadas que criam a ilusão de exatidão científica e que não
fornecem julgamento nem interpretação para a tomada de decisão. A informação
pode ser representada por uma mensagem na forma de documento ou
comunicação audível ou visível, trata-se de um dado dotado de significado,
relevância e propósito, que se movimenta na organização por meio de redes hard
(infraestrutura) e soft (pessoas).
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Quadro 1 – Dados, informação e conhecimento
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Em ambientes globalizados, competitivos e concorrentes a capacidade de
utilizar e criar conhecimento é a mais importante vantagem competitiva para as
organizações. Mas você sabe quais são os conhecimentos?
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constituído de insights, conclusões que torna difícil sua expressão ou formalização
por meio de métodos sistemáticos.
Para os autores, a criação do conhecimento é realizada pelo ser humano.
As pessoas são as responsáveis pela criação e disseminação do conhecimento
no ambiente organizacional. Então vamos entender como funciona esse processo
de criação do conhecimento?
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As quatro maneiras de conversão do conhecimento se retroalimentam em
uma espiral contínua de construção do conhecimento organizacional conforme
figura a seguir:
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a) Socialização – conhecimento compartilhado, como modelos mentais ou
habilidades técnicas compartilhadas;
b) Externalização – conhecimento conceitual, os novos conceitos;
c) Combinação – conhecimento sistêmico, como por exemplo, tecnologia de
novos componentes;
d) Internalização – conhecimento operacional, como uso de novos produtos,
gerenciamento de projeto.
Crédito: Fizkes/Shutterstock.
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GC tem seu termo originado do inglês Knowledge management, que é
definido como um conjunto de tecnologias e processos que objetiva contribuir para
a criação, transmissão e aplicado do conhecimento dentro das organizações,
promovendo uma visão integrada.
De acordo com Alvarenga Neto e Souza (2003) muitos pesquisadores
tentaram definir a Gestão do Conhecimento e que para melhor ilustrar a GC é
preciso utilizar seus conceitos complementares, como Capital Intelectual e
Inteligência Competitiva. Além desses conceitos,
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Desde o princípio da década de 1990, a gestão do conhecimento ganhou
maior visibilidade como fonte de vantagem competitiva e como meio de construir
um ambiente propício ao aprendizado. A informação e o conhecimento tornaram-
se mais importantes que qualquer outro produto da era industrial, pois é uma
valiosa fonte de vantagem competitiva.
Angeloni (2002), afirma que a GC é um processo moderno e sistemático,
articulado e intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e
apropriação de conhecimentos e habilidades, com o propósito de atingir a
excelência organizacional.
Para Angeloni (2002), as empresas estão preocupadas em descobrir como
alcançar resultados por meio da GC contida na experiência, conhecimento e
habilidades de seus membros. Cabe à gestão do conhecimento integrar esses
conhecimentos em torno dos objetivos organizacionais. Esse processo envolve
criar novos conhecimentos, mas também melhor utilizar os que já foram
disseminados dentro da organização.
Segundo Leonard-Barton (1998), para a empresa gerir conhecimento é
necessário primeiramente entender as aptidões estratégicas da empresa, isto é,
deve identificar as competências que não podem ser facilmente imitadas,
constituindo sua vantagem competitiva.
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TEMA 4 – APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL
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Segundos os autores existem cinco práticas para que as organizações
possam aprender continuamente:
Pela experimentação
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pensarmos em organização, é isso o que acontece: os colaboradores estão
sempre em aprendizagem com as transformações, mudanças que acontecem no
cenário. Eles vão se adaptando às novas abordagens, novas tecnologias, novas
aprendizagens que são requeridas todos os dias. Para Vygotsky (1989), a
aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo, a partir de seu contato com a
realidade, com o meio ambiente e com outras pessoas, apropria-se de
informações, habilidades, atitudes e valores.
Botelho et al. (2011) visualiza a aprendizagem organizacional como um
fenômeno em que as partes são maiores que o todo, ou que a aprendizagem
organizacional é maior que a soma das aprendizagens individuais dos
componentes da organização, graças ao ambiente, regulações e características
sociais que determinam um contexto específico.
De acordo com DiBella e Nevis (1999), “a natureza da aprendizagem e a
forma pela qual ela acontece estão intimamente ligadas à cultura da organização”.
Para eles, as organizações desenvolvem sua aprendizagem de diversas
maneiras, e os princípios que norteiam a cultura dão origem a alguns valores de
aprendizagem e a condicionam à escolha das áreas que receberão investimento
para o processo de aprendizagem.
O papel da aprendizagem organizacional é o de ajudar as organizações a
superarem seus limites e cada dia mais procurar melhorar seu desempenho.
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Representa o esforço de investigar o ambiente em busca de informações.
Quando passa a entender o ambiente, torna-se capaz de alcançar um nível
adequado de aprendizagem.
• Defasagem de desempenho: percepção generalizada de que há a
existência da diferença entre o desempenho real e o desejado. Esse fator
refere-se à consciência coletiva que os membros da organização têm de
que existe uma diferença entre o desempenho desejado e o desempenho
real da organização.
• Preocupação com medição: esforços são necessários e despendidos na
definição e na medição de fatores básicos, e a discussão dos critérios de
medição faz parte da atividade de aprendizagem; é o grau de preocupação
com a medição do conhecimento adquirido e dos resultados operacionais
da organização. Quanto maior a preocupação com a medição, mais
adequada será a aprendizagem na organização.
• Curiosidade organizacional: curiosidade sobre condições e práticas e
interesse por ideias criativas e novas tecnologias acabam por proporcionar
a experimentação nas organizações. Esse fator propicia a criação de um
ambiente onde as pessoas são encorajadas a fazer experiências
continuamente.
• Clima de abertura: os membros da organização se comunicam
abertamente, compartilham problemas, erros e lições. Este fator está
relacionado com a liberdade de comunicação entre os indivíduos
formadores da organização, ao grau de oportunidade que é concedido aos
membros para conhecerem e participarem das atividades realizadas na
organização. A organização em que os membros têm liberdade de se
expressar propicia um ambiente à aprendizagem.
• Educação continuada: a organização se empenha constantemente para
prover recursos de alta qualidade para a aprendizagem, ou seja, manter
um clima que possibilite a continuidade da educação em todos os
seus níveis.
• Variedade operacional: os membros valorizam a variedade de
procedimentos, métodos, entre outros. Esse fator proporciona a
oportunidade de entender as implicações e consequências na empresa de
diferentes formas de trabalho, desenvolvendo, assim, a capacidade de
aprendizagem organizacional.
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• Defensores múltiplos: os colaboradores de todos os níveis
organizacionais são motivados a desenvolver novas ideias e métodos
de trabalho, ocasionando a existência de defensores múltiplos. Este
fator avalia o efeito de indivíduos capazes de defender novas ideias
e processos da organização.
• Envolvimento das lideranças: as iniciativas de aprendizagem contam com
a participação pessoal e ativa dos líderes, garantindo, assim, um ambiente
propício para que aconteça.
• Perspectiva sistêmica: reconhecimento da interdependência das diversas
unidades e dos grupos organizacionais, consciência da necessidade de
decurso de tempo entre ações e a obtenção de seus resultados. Este fator
está relacionado à capacidade de se pensar em termos globais sem perder
de vista a interdependência das partes.
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REFERÊNCIAS
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