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Luz e escuridão – Liane Collot d´Herbois

AS CORES
E SEUS VÁRIOS ASPECTOS

Magenta
Carmim
Vermelhão (Cinnabaris)
Laranja
Amarelo
Verde-amarelado
Verde
Turquesa
Azul cobalto
Índigo
Violeta

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Luz e escuridão – Liane Collot d´Herbois

INTRODUÇÃO
Os capítulos seguintes são um estudo dos vários aspectos das cores. Inicialmente
temos a fase do desenvolvimento (a assim-chamada época cultural), durante a qual o ser
humano se torna pela primeira vez consciente daquela cor específica. É importante para o
terapeuta que ele seja capaz de ver todos os estágios da evolução humana em imagens,
porque nós as incorporamos em nosso organismo quadrimembrado e mesmo hoje em dia
elas fazem parte do nosso ser. Ao mesmo tempo essas épocas culturais lançam
características peculiares uma cor para a nossa apreciação. A seguir descrevemos as
características e as propriedades curativas da cor, tanto as qualidades negativas quanto as
variedades claras ou escuras demais, nas quais as doenças se manifestam. São dados
exemplos de doenças e sugestões de exercícios terapêuticos. Eu as chamo enfaticamente
de sugestões, porque o terapeuta tem que decidir em cada caso individual como deverá ser
a linha terapêutica a ser seguida. Em um dos casos o exercício sugerido poderá ser um
ponto de partida, em outra ocasião pode ser o resultado final objetivado com o nosso
trabalho.
Finalmente cada cor recebeu um exercício de pintura (em alguns casos mais de um),
que deverá ser pintado em véus sobre uma grande folha de papel (aproximadamente 50 x
60 em). Estes exercícios foram imaginados como material de treinamento para o terapeuta,
através do qual nós possamos familiarizar com as características e os movimentos da cor.
Podem nos ajudar a construir um mundo interno de cor que pode ser a base para o nosso
trabalho na pintura terapêutica.
A forma pela qual descrevemos a pintura não está relacionada com qualquer dos
exercícios, que usei para serem dados para o grupo de pintura "Magenta". O modo de
trabalhar do artista é diferente do modo de trabalhar do terapeuta, e, portanto eles precisam
de treinamentos diferentes. Um bom artista não necessariamente faz um terapeuta. Uma
diferença entre os dois treinamentos, é que nos exercícios para o terapeuta é preciso que
ele entre na atmosfera da cor: temos que entrar dentro do magenta, temos de pensar-nos
dentro do carmim etc.
Nos exercícios que dei para os artistas, nos tornamos mais espectadores, olhamos
as cores mais do lado de fora, quase da maneira pela qual vemos o pôr-do-sol.

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MAGENTA

A época da Velha Índia


No primeiro alvorecer da consciência humana a primeira cor a ser observada
exteriormente foi um tipo de vermelho azulado, que neste livro é chamado de magenta.
Esta consciência emergente era uma consciência onírica. Nesta época as pessoas percebiam
as coisas pela concentração interna, através do corpo etérico. Para esta consciência a luz
não vem de uma determinada direção, ela é mais etérica do que terrestre, é uma luz que
tudo envolve tudo permeia, que não fornece sombras. Poderíamos também dizer que é uma
luz interna que brilha a partir de cada coisa vivente.
Magenta é uma cor que está tão perto do mundo do etérico, do mundo da alma, tão
perto, que poderíamos chamá-la de um reflexo da segunda dimensão. O mundo percebido
pela consciência onírica era inundado de magenta. Era uma realidade sem contornos: sem
forma, sonhada. Percebíamos apenas as variações de luz e de escuridão, não através dos
nossos sentidos, mas através de outra parte do nosso ser - parcialmente através dos
sentimentos (o coração) e parte através da vontade (os membros). Tínhamos consciência
de uma luz que a tudo permeava e assim estávamos plenos de esperança. Sentíamo-nos
carregados pela criação, nos sentíamos embrulhados num manto de misericórdia, sabíamos
que estávamos nas mãos de um Ser de Misericórdia. Toda a existência era um grande fluxo
de misericórdia que nos carregava, no qual vivíamos nessa difusão de esperança e calor e
luz. Assim era nesse período da evolução do ser humano que Rudolf Steiner chama de
época da Velha Índia.
Quando olhamos para algo, usamos nosso órgão sensorial físico, nós no ato de olhar
não estamos conscientes do que faz o nosso olho. Imagine agora que poderíamos nos treinar
de modo que pudéssemos olhar e ao mesmo tempo olhar para nós mesmos olhando, que
pudéssemos aprender a ser conscientes dos processos no olho.
Isso é algo que pode ser feito. Entramos então em outro estado de consciência, num
estado onírico de consciência. Nós já fomos assim um dia. Tínhamos uma consciência
onírica durante todo o dia. Não estávamos acordados. Não tínhamos noção de tempo, nem
consciência de interior e exterior, éramos unos com a grande circunferência. Isso era uma
muito mais inconsciente consciência onírica do que nós teríamos hoje quando nos
treinássemos. Hoje tal treinamento nos daria uma consciência (te?), até uma autoconsciente
consciência imagem. Ainda teríamos uma circunferência no espaço, mesmo que a
chamemos de infinito, mas nos tempos da Velha Índia isso não havia. Éramos unos com

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todo o universo, fazíamos parte do grande todo. E vivíamos isso especialmente através dos
líquidos do nosso corpo que se moviam num ritmo que estava conectado com o ritmo dos
planetas. Um ritmo de tomar para dentro e dar para fora. Estas pessoas viviam mais no seu
corpo etérico e astral. Seu mundo era composto do elemento aquoso e aéreo, um tipo de
Nflheim (NT). E nesse mundo de cooperação entre o etérico e o astral, viviam sua
existência onírica.
Os ossos de seus corpos ainda não estavam tão endurecidos, não possuíam a pele
do cérebro que nos dá nossa consciência diurna. Podemos imaginar todas as condições de
se viver dessa maneira. E esse modo de viver: uma parte de nós ainda possui. Ainda temos
a possibilidade, mas agora conscientemente.
Atrás dessas pessoas, nesse estado de consciência havia um mundo de luz - uma luz
que também está atrás de nós, mesmo hoje em dia. Nascemos a partir desse mundo de luz,
que também pode ser chamada de água luminosa. Foi uma dor vir para esse mundo, que
para eles era escuridão. Quando morremos passamos por uma ponte de escuridão, para um
mundo de luz. Quando as pessoas da Velha Índia nasciam, passavam por uma ponte de luz,
para um mundo de escuridão E sempre olhavam para esse momento de nascimento como
sendo de dor. Não queriam renascer, tinham medo do nascimento/tanto quanto temos medo
da morte. E assim o mundo de magenta era para eles um sonho escurecido.
Tudo o que descrevemos aqui está relacionado com a cor magenta. É uma cor que
nasce mais ou menos no limiar. Tem uma conexão com a vontade. Perto do final da sua
época os Velhos Indianos haviam desenvolvido uma certa sensitividade para a Terra, mas
isso era principalmente através do sistema metabólico, através da vontade. Começaram a
perceber um arco-íris nos céus, porém era para eles um arco de luz. Foi um enorme passo
para exterior, do mundo inteiramente vivido na segunda dimensão (o mundo etérico) para
esse nosso mundo. Assim tem início todo o processo.

As propriedades do magenta
Quando falamos a respeito das cores atrás da luz, é muito fácil encontrar um
exemplo, uma paisagem ou uma situação no mundo externo, para explicar o estado de
espírito da cor. Para as cores na frente da luz podemos encontrar exemplos desse tipo e
assim temos que nos mover para um mundo de interioridade. Especialmente com o
magenta, que tem tão pouca forma e que se parece mais com uma experiência interna do
que qualquer outra coisa. Não a vemos muito frequentemente no mundo exterior. É uma
cor que permanece na Terra por um período muito curto. Pode-se vê-la nas nuvens, muito

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cedo pela manhã. Quando ao pôr-do-sol a atmosfera é clara, pode haver um brilho delicado
de magenta sobre uma larga faixa de céu, Flores magenta murcham rapidamente. Uma
exceção para esta lei de curta duração são as pedras preciosas dessa cor: rubis ou safiras
podem ter uma linda cor magenta. No reino animal vemos magenta em peixe e molusco
que vivem no elemento de conexão da água. Lembrem-se como os antigos indianos viviam
como que nadando nesse elemento que tinha a tintura de magenta, da unidade dos mundos
etérico e astral E todos os líquidos do seu corpo tinham participação nos ritmos exteriores
da água, controlados pela Lua, Em sânscrito antigo havia apenas uma palavra para a Lua e
para a água: soma.
Hoje em dia ainda carregamos aquele velho mundo dentro de nós: na parte interna
do cérebro e na coluna espinhal, o cérebro interior não mudou desde a época da Velha
Índia, e em nós permanece o mesmo durante toda a nossa vida. Mas é essa parte de nós que
nos dá continuamente a possibilidade de desenvolvimento. É a base do nosso sonho, da
nossa consciência de imagens, da faculdade de fazer quadros conscientemente. É a parte
de nós que é ativa quando pintamos Poderíamos dizer que o responsável é o sistema
simpático, mas o simpático é a parte em nós que vai para a vontade, para a ação. O cordão
espinhal também faz isso, mas de modo diferente. Sua vontade é mais de uma consciência
instintiva e onírica e tem uma relação muito forte com o mundo exterior.
Em si mesmo o cordão espinhal com a coluna espinhal é de certa forma a imagem
invertida do ser humano: o cordão espinhal reflete o eu, as vértebras refletem o corpo astral,
as costelas têm uma forma vegetal e são uma imagem do corpo etérico. Podemos pintar
essa parte da constituição humana em cores. Na primeira palestra da "Fisiologia Oculta",
Rudolf Steiner diz que a parte profunda interior do cérebro é de um lindo violeta azulado e
que o cordão espinhal mostra uma interpenetração de cores indescritíveis. Na extremidade
inferior está o verde, a base formativa para a nossa existência.
Entre as costelas, nesse lugar central, o coração se situa como um sol. Sua cor é
magenta, o qual irradia para fora na frente do peito. A coluna vertebral pertence àquela
parte em nós ligada à Lua,
Veja como se fosse um quadro: perto da parte frontal do peito está o magenta do
coração, a cor do Sol Atrás está a esfera da Lua, com o verde na parte inferior da coluna.
O pescoço e a cabeça se erguem para dentro do azulado e finalmente para dentro do violeta
da parte interior profunda do cérebro - essa parte em nós que é reminiscente dos antigos
indianos. Aqui chegamos a um mundo muito indefinido e nebuloso. Não é fácil dizer
qualquer coisa de concreto acerca disso, mas isso nos afeta, porque tem tanto a ver com a

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cooperação entre a astralidade e o etérico. Está agora na base do nosso sonho, mas através
da função do nosso pensar-coração podemos trazer essa parte à consciência, à futura
consciente consciência imagem.
Quando olhamos para a coluna espinhal a partir de outro ponto de vista, podemos
chegar a um quadro diferente. Então podemos, por exemplo, dizer que a cabeça com o
cérebro representa o passado, a parte superior e mediana da coluna espinhal representa o
presente e a parte inferior da coluna espinhal representa o futuro. O presente, a parte
mediana da coluna espinhal, pode ser cortada para fora do passado, da cabeça. Então temos
um pescoço muito ruim. Quando a conexão entre o que é consciência (o que nós trazemos
conosco do passado) não flui harmoniosamente para dentro do presente (representado pela
parte mediana da coluna espinhal, então temos frequentemente um pescoço ruim. Mas
temos que retornar para a nossa cor. Quando deixamos o âmbito do sono acordamos pela
manhã, a primeira cor que vemos quando olhamos em direção à luz que é visível através
da cortina fechada, é o magenta. Tente vê-la à sua frente - a cor do cravo selvagem, de
certos ciclamens, pequenas plantas que não duram muito. A cor das nuvens matutinas, o
anúncio da chegada do Sol.
Mas agora imagine isso de outro modo: ela chega por trás de você. Do âmbito do
sono, das regiões antes do nascimento, passa para o mundo da consciência diurna. Ela se
desdobra às nossas costas, flui ao nosso redor e até certo ponto nos suporta. Traz
misericórdia. Podemos nos imaginar num rio de misericórdia e paz, andando ao longo do
seu fluxo. Então vemos um verde-jade muito clarinho à nossa frente como uma promessa
de futura encarnação do eu. Esta é a imagem que temos hoje.
Para as pessoas nos velhos tempos, o arco-íris era apenas um arco de luz, cambiando
mais ou menos entre luz e escuridão. Imagine uma ave, uma gaivota branca em frente a um
céu magenta- onde ela voa prateado como que surge, deixa uma trilha prateada em seus
movimentos. E move de um fundo claro para um fundo escuro e todo o fundo está
continuamente mudando e contra esse fundo em mutação a gaivota deixará um rastro de
luz prateada.
Tente imaginar duas pessoas que estão em um mundo magenta. Elas se movem
numa luz suave e difusa, nesse mundo. E quando se encontram, existe uma luz ainda maior
entre essas duas pessoas. Isso é possível apenas em magenta. Pode-se vê-lo como um
grande elemento, como a água, e nós os peixes nadando nesse elemento único, que tudo
permeia e tudo conecta. Pode-se dizer que o magenta é a cor mais social de todas as cores;
uma cor que conecta. Mas seja onde for que ela vá ela conecta. Devido à sua grande

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conexão com a escuridão, o magenta antigamente era visto como representante daquela
parte da Trindade que tem a ver com a criação contínua. Até mesmo ao século X,
especialmente nos séculos III e IV, tinha-se sempre a impressão que essa cor era
representante do divino na Terra. E usava-se com parcimônia. Em muitos países era mais
valioso do que o ouro, podia-se ser condenado à morte quando encontrado em meio aos
nossos pertences, no caso de não pertencermos ao grupo de pessoas autorizadas a usá-la.
O magenta, devido à sua relação com a criação divina, tem a ver com nossa vontade, com
todas as forças criativas em nosso ser e, portanto essa cor pode ter uma tremenda influência
sobre nós.

A doença do magenta
Característica das doenças de ambos os magentas, o muito claro e o muito escuro
são uma astralidade incontrolada e uma vida do pensar que não tem relação com a realidade
do mundo exterior. Na vida anímica se manifesta uma tremenda vaidade e orgulho que, no
entanto podem ser até facilmente enterrados, de modo que não o notemos. As pessoas de
magenta muito escuro são geralmente atéias. O ateísmo é uma vaidade, nega o Criador,
nega totalmente o mundo espiritual. E assim a grande circunferência de misericórdia da
qual o magenta puro é uma expressão, não carrega mais a pessoa. Isso dá origem às
doenças.
Pessoas com magenta muito claro devotam sua vida apaixonadamente a ideias
pagãs (NT) ou oriental, nas quais criam para si mesmas um mundo de ilusão, que não tem
conexão com a realidade espiritual. E isso também é uma base para a doença.

O magenta muito claro


O magenta muito claro é uma condição de alma muito doente. Imagine-se em uma
escuridão que tudo englobe que esteja em toda a sua volta. Então você chega ao limiar onde
o primeiro raio de luz aparece e com ele, o magenta. Quando você continua, você vem um
pouco mais próximo da luz: o carmim se toma visível. Mas as pessoas do magenta muito
claro não fazem esse movimento. Em lugar disso vão para a sua própria luz, uma luz
abstrata que não existe, e assim o seu magenta se toma pálido, aquoso, acinzentado, em
lugar de se tomar carmim. O carmim está ali, em sua substância anímica, mas trabalha
agora a partir da parte sonhadora do cordão espinhal e, ali trabalha de tal forma que dá um

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senso de pressão enorme. Estas pessoas podem alternar entre euforia onde tudo é adorável,
e esse sentimento de pressão, de profunda depressão. O carmim aí geralmente trabalha de
modo negativo. Pode desorientar estes pacientes (pessoas do magenta muito claro não são
tão satisfeitos consigo mesmos como aquelas do magenta muito escuro) de modo, que
perdem toda a experiência do seu eu. Estão encarnados de modo muito frouxo e errático,
encarnando e escarnando o tempo todo de um modo desritmado. Portanto não têm forças
para resistir a essa pressão, e depois de certo tempo isso pode ser a fonte de câncer no
sistema metabólico.
De um lado os órgãos são uma "porta" para a astralidade, através da qual pode
encontrar o corpo etérico para nele trabalhar. Isso pode ser prejudicado por essa encarnação
errática. É devido ao movimento de encarnação/escarnação que a astralidade trabalha de
modo incontrolável, o corpo etérico sofre e assim sofrem os órgãos também. O sentir dessas
pessoas em relação à escarnação pode influenciar as glândulas, mesmo aquelas na boca das
quais flui a saliva. O magenta muito claro pode chegar a um estado de difusão medrosa,
uma falta de forma, (medrosa)?, uma dissolução contínua. Tudo chega ao estado caótico e
isso provoca o transbordamento de líquidos nas glândulas.
Estas pessoas não vivenciam bem, não têm uma conexão real com o mundo exterior.
Nem com o mundo interior, também: seu mundo do pensar é abstrato e de sua própria lavra
e no seu sentir são muito sentimentais. Seu estado de super escarnação muitas vezes lhes
dá uma clarividência atávica, podendo ser mediúnicas. Assim têm um fascínio por
esoterismo oriental. Devido ao seu abstracionismo, devido a sua presunção, eles não têm
admiração. Não se pode dizer que estão satisfeitas consigo mesmas, porque de outro lado
têm um extremo almejar, que quase os arrasta para fora de si mesmas, seja de saudades ou
de desejo por outro mundo. Pode ser até um anelo para a escarnação absoluta - para fora!
Para fora! O almejar os torna irrequietos, eles viajam, vão para todos os lugares. Eles
almejam experimentar, mas não podem. O coração está vivendo num mundo onírico, mas
não é um mundo onírico de verdade, não é nada além de uma abstração. E essa abstração,
junto com o ritmo quebrado, pode torná-los doentes. Pode lhes dar doenças do sangue e do
coração.
Um dos piores efeitos do magenta muito claro é a falta de ritmo. Quando o ritmo
não os carrega mais, as funções dos órgãos (vesícula biliar, baço, fígado etc.) são
distorcidos, perturbados. É um fenômeno típico do magenta muito claro. Naturalmente há
muitos graus disso, o mais extremo sendo o desejo de morrer, o desejo de escapar desse
mundo para outro mundo - que não existe. A difusão, a falta de peso, a falta de forma do

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magenta muito claro desorganiza as funções de todos os órgãos e os torna fracos, eles se
tornam quase que aquosos demais. Também a parte inferior da espinha dorsal é afetada.
Ela se torna muito imóvel, e assim é a vida de sonhos que está conectada com isso. Estas
pessoas não têm sonhos. Não conseguem pensar em música ou em imagens, apenas podem
pensar em palavras. Mas as palavras não significam nada para elas, exceto palavras, não
há nada atrás das palavras (estamos ficando muito assim ultimamente). Isso pode afetar
toda a espinha dorsal. De um lado pode não haver capacidade para o sonho: pode-se
imaginar que isso vá tão longe que se solidifique a parte inferior da coluna vertebral (quase
paralisada) de modo que as pessoas não sentem muito as coisas. Por outro lado uma pessoa
pode se tornar tão sonhadora e tão encarnada/escarnada/encarnada todo o tempo que tudo
se torna muito frouxo, muito disforme, muito sem controle, isso faz com que várias partes
do sistema metabólico se tornem incontrolados. Há demais de tudo, água demais, assim
tudo vai por água abaixo. A base para isso está naturalmente um pouquinho na forma da
pessoa pensar.
Outro ritmo que se rompe é o ritmo da respiração. Seu desejo contínuo, sua avidez
por distrações, os leva demais para fora de si mesmos. Esquecem de inalar. Assim seu
sistema respiratório é afetado, mas também a pressão sanguínea varia demais.
Na região do coração é feita a troca entre os ritmos etérico e astral. Nestes pacientes
a troca não acontece ritmadamente. Pode-se até mesmo dizer que seu jeito abstrato de
pensar tem efeito sobre o movimento. Na verdade essas pessoas não têm movimento. Falta
a conexão com o mundo exterior. Tudo é interior, o mundo inteiro de sonhos não
verdadeiros, sem movimento. Lembre-se que estamos falando do magenta. O magenta está
tão relacionado com a escuridão que o magenta sem movimento não pode existir,
simplesmente. De fato, todo o magenta é realmente um processo interno. Tem a ver com a
vontade, com o corpo etérico, com o simpático e com as excreções internas. Estas pessoas
do magenta muito claro dependem muitas vezes demais daquilo que o simpático pode lhes
dizer, quando querem trilhar um caminho interior. A cura para elas se relaciona com o
Mistério do Gólgota.

O magenta muito escuro


Quando o magenta se torna muito escuro, muito denso, torna-se marrom
avermelhado, parecido com a cor do fígado. Assim como no magenta muito claro, podemos

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distinguir várias nuances neles também.


As pessoas do magenta muito escuro frequentemente têm o corpo muito pesado e o
rosto vermelho. Vivem inteiramente no presente, e têm uma avidez imensa por prazer. Não
se satisfazem com as experiências do prazer. Colecionam o prazer. Têm nostalgia, um
desejo forte por sensações. Vivem sempre no presente, e para eles não há passado e,
portanto negam uma parte de si mesmas. No ser humano o cérebro está ligado com o
passado e a corda espinhal mais com o presente. Pelo seu modo de pensar, pela toda sua
atitude em relação à vida, eles destroem a conexão entre os dois e assim não têm podem
ter conexão com o passado.
Têm uma tremenda auto satisfação, mas não conseguem ficar sozinhas. Para elas,
ficar sozinhas é uma experiência dolorosa que as tornam irrequietas. Isso é devido à sua
astralidade descontrolada e toma a forma de um falso eu.
Seu eu não pode encarnar adequadamente e parte do seu corpo astral funciona como
um falso eu. Um falso corpo astral que assumiu as características de um eu. Algumas
pessoas têm isso de modo muito intenso. Seu eu real não está ativo nelas, não está
encarnado, não consegue encarnar. O que vemos então é uma pessoa muito impressivo,
que se impõe no lugar, que fica assumindo os assuntos de outras pessoas, interfere com
tudo, e passa por cima da cabeça de todo mundo. O verdadeiro eu não se afirma dessa
forma, não tem desejo de poder ou de influência sobre outras pessoas
Pessoas com eu falso estão simplesmente seguindo seus próprios desejos. Veem
sentido apenas em coisas que pensam ser boas para si. E isso vão buscar sem descanso.
Quando estas pessoas pintam geralmente elas endurecem tudo demais. Existe uma
escuridão pesada ao longo da parte inferior do quadro. Elas tornam tudo em substância.
Fazer substância é uma atividade do sangue. Quando não está controlado pelo eu (porque
o eu não está aí) é formado um resíduo que é abandonado. O sangue se torna muito grosso
não consegue mais se mover ritmicamente. Estas pessoas estão abertas a todos os tipos de
doenças, que vão de dores de cabeça insuportáveis, até todos os tipos de inflamação, e até
diabete.
Pessoas com magenta muito escuro são super seguras de si mesmas e se veem acima
de todas as outras pessoas. O magenta pode ir para o orgulho, quando não está puro, pode
facilmente se tornar uma cor luciférica.
Elas são pessoas que acreditam demais somente nesse mundo, e são ateus. Seu
ateísmo faz com que se vejam como o centro do mundo. São como Deus, mas Deus não
existe. Como os materialistas, estão usando o espiritual (a mente) para negar o espiritual.

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Este é o paradoxo eterno no qual vivem e que vagarosamente solapa a integridade do seu
organismo. Podem ter um interesse em ocultismo escuso, mas apenas enquanto servir aos
seus propósitos egoísticos. Estas pessoas podem ser muito intelectualizadas. Mas não há
movimento no seu pensamento e isso os torna fanáticos da pior espécie. Pensam apenas
um pensamento e nada mais importa. Motivados pelo seu orgulho imenso, pensam até que
podem matar até mesmo revolucionar o sistema social. Qualquer meio se justifica para
atingir os seus propósitos, porque estão sempre certos. O magenta puro é uma cor muito
espiritual e quando se torna denso e duro nas pessoas, nada pode pará-las a alcançar seu
desejo. Mais tarde terão um carma muito difícil, terão muito que sofrer.
Algumas dessas pessoas (nem todas) podem estar intensamente preocupadas com
as funções do sistema metabólico. Em suas pinturas isso pode ser visto em um violeta sujo
e muito escuro. A função do simpático é então muito errática.
O magenta puro é um harmonizador. Dá uma conexão rítmica entre o mundo
exterior e o interior. Carrega a criatividade maior, mas nestas pessoas a conexão com o
mundo exterior está perturbado e fisicamente os processos sensórios são perturbados.
Inconscientemente gostam de viver em outra consciência, nos processos do corpo
etérico. O mundo exterior não é tão real para elas, não tão existente. Não há circunferência.
E dificilmente existe um interior e um exterior.
Conforme não tenham sensação de limite, não podem ter uma sensação de espaço.
Estão vivendo num mundo falso e ele é sempre o mesmo, para onde quer que olhem. Não
há fim para ele. De um lado estão demais no mundo exterior, e por outro lado estão
ocupadas com um mundo que não existe. Veem o mundo quase que por reflexo: não o
veem de fato, apenas refletem.
Pode ser que pelo jeito de pensar (especialmente o foco sobre a Terra e a existência
terrena que podem ser dados pelo ateísmo) de um lado, e por outro lado, a nostalgia e o
desejo de escapar, nasça um medo. O medo de nascer e viver na Terra é a imagem das
pessoas do magenta muito claro, e há o medo de morrer daqueles do magenta muito escuro.
O medo tem a ver com excesso de escarnação da alma. Através dessa super escarnação
todo ritmo é quebrado.
Quando o magenta se toma forte demais, escuro demais, pesado demais, então o
simpático não está trabalhando como deveria. Quando desejamos vê-lo como uma imagem,
pode-se dizer que o simpático é como uma teia prateada entre os órgãos e o sangue. E pode
endurecer e ser destruída. Os órgãos são uma porta para o mundo das estrelas. E agora a
astralidade não consegue passar e assim pode surgir com o tempo, um caos completo no

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sistema metabólico. É o corpo astral, que traz os ritmos para o etérico, através dos órgãos
- entre os quais, os pulmões. A astralidade não usa o pulmão como uma porta, não consegue
permeá-la. O corpo etérico está lá, mas não consegue se envolver do modo correto. Com o
tempo essas pessoas começam a juntar água em seus pulmões. E na vesícula biliar a
astralidade às vezes não consegue passar. Pela encarnação errática o ritmo da respiração é
quebrado. Quando isso acontece, o primeiro a sofrer é o coração: passam a ter problemas
circulatórios. O sangue se toma muito substancial e muito pesado, não há água suficiente
nele. E assim todo o sistema rítmico, a respiração e a circulação do sangue, se tornam mais
e mais imóveis.
Outro ritmo também é afetado, mas isso não os atrapalha: quando vão para cama,
geralmente adormecem imediatamente. Essa quebra do ritmo vem da abstração do seu
pensar: que podemos viver num mundo que não tem conexão nem com o céu e nem com a
terra. Simplesmente vive-se numa bolha luciférica sem vida. Não há relação com o cosmo,
os ritmos que são o pré-requisito para a vida, estão quebrados, e assim esse ateísmo
fundamental se torna a base para muitas doenças sérias.

Terapia
O magenta, na sua função normal, tem a qualidade de fornecer suporte para a alma.
Por exemplo, para pessoas que tiveram uma crise nervosa ou que passaram por um grande
choque, e que saíram um pouco de si mesmas, o magenta é uma das maiores cores mais
sanadoras. Ela liga o organismo como um todo. Liga todos os quatro membros da
constituição humana, proporcionando equilíbrio e harmonia.
Pode-se dizer em relação ao acima, que com as pessoas do magenta muito claro,
pode-se fazê-las pintar a parte inferior do quadro mais escura, e com as pessoas com o
magenta muito escuro, fazer com que os lados da pintura fiquem mais escuros.

O magenta muito claro


Estas pessoas têm que formar uma conexão mais intensa com o mundo externo.
Têm que observar a forma e têm que desenhá-la, coisas simples como peças de mobiliário
ou uma caixa de fósforos. Observar a forma é algo que é estranho para as pessoas do
magenta, elas não gostam disso. Ela não tem senso espacial e não estão conscientes de uma
circunferência. Faça com que desenhem ou pintem arquitetura, prédios. Têm que ter o

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sentimento que um prédio pode estar atrás do outro. Os cristais não são para eles, porque
poderiam lhes dar liberdade demais. Todo o seu organismo é fraco demais, devido à sua
escarnação. Machucam-se facilmente e têm inflamações que nunca melhoram.
É bom para elas pintar com verde, verde com o vermelho na frente. Pode-se pensar
em um pilar de luz verde com uma luz vermelha na frente. O vermelhão será pesado demais
para eles (com estas pessoas o vermelho nunca deve ser muito pesado) e assim tomamos o
escarlate ou um escarlate carmesim. Faça com que pintem em movimentos pequenos de
cerca de uma mão de comprimento, simplesmente flutuando atravessado, na frente do
verde. Na parte mais inferior da pintura pode-se colocar siena queimado. Isso é muito
necessário que dá um suporte terreno, um calor terreno, tem um brilho. Fica mais plano.
Essa é uma das cores mais necessárias para as pessoas que não conseguem encarnar. Depois
de cerca de três semanas pode-se decidir pintar o verde e o siena queimado com o amarelo
no meio, como um intervalo, como uma transição. Pode-se também colocar um pouco de
amarelo no verde, para tirar a sua frieza, porque pessoas que não estão encarnadas sempre
têm uma parcela de medo. Não que você tenha que ter a sensação de que seja amarelo,
ainda deve ser verde. Outro exercício pode ser o seguinte: o começo é com siena queimado
ao longo da parte inferior do papel, subindo suavemente de um lado. Erguendo-se torna-se
amarelo que por sua vez torna-se em verde-amarelado plano.
Ou, quando usamos as propriedades encarnadoras do verde junto com o calor do
vermelho e o siena queimado, pode-se deixar o siena queimado surgir, vira-lo e torná-lo
vermelho e depois deixar que mova de volta outra vez. Não deve ser um vermelho forte, o
que faria com que o paciente fugisse. Tem que ser um vermelho agradável, entre o carmim
e o vermelhão. Deixe que tenha um movimento lento, diagonal. Deve-se poder ver o verde
através do vermelho, de modo que saibamos que o vermelho está na frente do verde. Isso
os ajudará a desenvolver um senso espacial.
Quando o paciente não gosta de siena queimado, pode-se usar também o laranja. É
uma cor boa para pessoas que não conseguem descer. Ou se podem usar as duas cores
juntas. Quando uma pessoa não consegue descer, temos que encontrá-la no meio do
caminho. Faça com que pinte uma paisagem, uma montanha, com ela mesma de pé no topo.
Ao seu redor há um céu magenta límpido. A montanha pode ser laranja e siena queimado,
tornando-se mais escura para baixo. Não devemos dar-lhe azul, porque isso poderia fazer
com que voasse novamente. Pode haver árvores, casas, pessoas na paisagem. A coisa
importante é que estejam olhando para baixo. Depois disso podemos fazer com que desçam
gradualmente.

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Outro tema para ser pintado são as árvores em flor. Pode abrir seus olhos para a
beleza que pode ser encontrada na Terra, uma beleza quase tão grande quanto da Índia
Antiga.
Quando o paciente gosta de pintar, pode-se fazê-lo pintar cristais vermelhos e a
maneira pela qual se formam a partir da estrutura diagonal da luz. O fundo pode ser
turquesa, com alguns cristais turquesa perto do vermelho. Quando a pessoa pinta muito
bem o turquesa pode ser pintado na formação do turquesa e os vermelhos em suas próprias
pequenas formações redondas. Mas o vermelho é necessário. Quando podemos ir bastante
longe, podemos pintar um grande rubi vermelho que dê luz. Um cristal vermelho não daria
luz vermelha brilhante, portanto faça com que a luz seja um vermelho suave amarronzado.
A luz mais brilhante está no cristal em si. Deveria haver um brilho ao seu redor, que não
seja tão intenso quanto o cristal em si.
Para aqueles pacientes que não respiram adequadamente ou que têm dores de
cabeça (especialmente as pessoas com sangue demais), pode-se começar com um magenta
puro na base, o resto do quadro pode ser um azul cobalto muito claro e plano. Porque
também no cérebro há certa respiração, mesmo do líquido. Quando respiramos existe então
uma pequena alteração.

O magenta muito escuro


Para as pessoas que têm uma super preocupação com o sistema metabólico inferior,
é importante que desenhem o mundo exterior. Inicialmente as coisas materiais: uma
cadeira, uma mesa, um cubo. Pergunte-lhes quantos lados tem um cubo e eles responderão:
quatro. Pode ser que demorem muito tempo para encontrar a resposta correta. De certo
modo é bom para eles que modelem as formas platônicas. Eles devem realizar estudos de
famílias de plantas e é importante que desenhem com as raízes. Os tipos diferentes de
raízes, de caules, de folhas e de flores. Por mais que façam nunca será o suficiente.
Pode-se escolher uma planta para que pinte preferencialmente uma com um caule
oco, tal como as umbelíferas. Devem pintá-la em turquesa com um pouco de verde. Uma
planta dessa família e depois outra, etc.
Pinte a planta com as raízes e com as flores. Então com as sementes. Depois disso
com as sementes caindo sobre a terra, para dentro do caos, para a escuridão e o calor.
Depois deixe que a semente germine e deixe que a planta cresça novamente. Desse modo
pode-se conseguir que pintem todo o ciclo.

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Luz e escuridão – Liane Collot d´Herbois

Comece com o turquesa porque é isso que precisam. Pinte frequentemente o fundo
de turquesa, e use um pouco das outras cores na frente, aqui e ali. Turquesa é um grande
apoio na sua qualidade cristalina, tem uma certa moralidade.
O paciente que está inclinado a inflamação pode pintar cristais em turquesa, como
água-marinha e esmeralda.
O peso do sangue, a espessura, a superprodução sanguínea (a pessoa então pode ser
bem vermelha no rosto, nas orelhas, no nariz) precisa novamente de turquesa.
Quando estamos certos que estamos lidando com uma doença magenta, pode-se
usar violeta, muito violeta, devido ao sentimento religioso que carrega. É uma cor que
convoca uma certa responsabilidade. Não prejudicaria estes pacientes se eles se vestissem
em violeta claro.
Quando temos um paciente muito melancólico que se cobriu com um caput
mortuum muito escuro (um magenta muito baixo, um óxido de ferro escuro), então se pode
dar um magenta puro em tom claro, preferencialmente em véus. E depois carmim puro
Winsor & Newton. Para a cor mais clara é melhor que seja rose madder.

Pintando o magenta
Magenta é a cor que está à frente de tudo: na frente da luz, mesmo na frente da
maior parte da escuridão que está na frente da luz. Pode-se pintar em véus finos sobre
qualquer pintura, ou sobre grandes porções de uma pintura. Vai ligar tudo e dar uma certa
harmonia. Dá vida a uma pintura.
A palavra "magenta" é italiana e significa púrpura (a cor das vestimentas dos
cardeais). Eu sempre a uso para indicar a cor que se aproxima mais daquilo que Rudolf
Steiner chama de "flor de pessegueiro". A palavra inglesa "purple" não seria adequada aqui
porque frequentemente é usada para indicar a cor que chamamos de violeta.
Para pintar o magenta eu recomendo o pigmento chamado de "Brillant-Purpur I" de
"Schmicke Horadam". Às vezes é bom misturá-lo com um pouco de "Brillant-Rot 2" da
mesma marca. Magenta é o primeiro alvorecer da luz na escuridão e nesta cor o elemento
da escuridão é quente e profundo. Dista apenas a um passo da escuridão absoluta. Um passo
- do mundo espiritual da escuridão criativa para o mundo anímico da cor. É uma cor por
assim dizer de imagem: uma imagem anímica de uma realidade espiritual.
Devido ao seu parentesco tão forte com a escuridão, o magenta não tem uma
circunferência. Ao mesmo tempo o magenta é uma cor que é luminosa, e carrega sua

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Luz e escuridão – Liane Collot d´Herbois

própria luz difusa dentro dela. Não mostra movimento visível, mas temos que ter em mente
que ela está continuamente em movimento, difundindo continuamente, dissolvendo-se.
Pode-se ter a experiência que a luz no magenta é um brilho que vemos à nossa frente
e ao mesmo tempo podemos ter a sensação de que está atrás de nós e que somos carregados
por ele. Ele mais ou menos que nos exorta a seguir em frente, enquanto se desdobra, tirando
um véu depois do outro. (É muito diferente da atividade do azul que parece nos arrastar
para dentro da distância). A única propriedade do magenta é a de abrir-se e, portanto nesse
quadro tudo que for visível é visto através das aberturas do magenta.
Não se colocam sombras (se houvessem sombras seriam da cor do jade, da cor de
um rio da montanha, uma cor quase cremosa). Aqui estamos pintando em um plano sem
sombras, temos que pensá-lo como bidimensional.
Comece a pintar em camadas limpas e planas. Devem cobrir aproximadamente três
quartos do papel. Quando sentimos que o magenta está ficando muito doce, muito
sentimental, muito falso, podemos colocar um fino véu de veridian sobre ele. Isso
temperará a falsidade. (Quando o verde veridian é pintado sobre o magenta, o magenta fica
mais escuro. Um véu fino de verde veridian claro sobre magenta claro dá uma cor prateada).
O que serão as aberturas no magenta deixa-se por enquanto em branco. As aberturas
não podem ser grandes demais e de tamanhos diferentes. Elas devem ser pintadas muito
suavemente, sem limites duros. Quase não se pode ver onde a cor começa ou termina.
Quando tudo é magenta, com apenas umas pequenas aberturas, jamais teremos limites
duros, sob nenhuma circunstância.
A forma das aberturas não devem ser circulares (o que seria estático demais,
sugerindo que não haveria movimento ali), mas formados mais ou menos como uma gota
em pera e sempre deverá haver mais do que uma (de outro modo estaríamos pintando o
movimento do azul, que é uma luz central com escuridão em toda a volta) e não deveria
ser simétrico (a simetria para o movimento).
Quando se colocou magenta suficiente em camadas, para fazer a cor rica e profunda,
olhamos para esses buracos brancos por um tempo para ver que cor aparecerá aqui e ali e
então pintamos essa cor. Quando o magenta é escuro poderá haver um verde jade ou um
verde amarelado. Quando o magenta é mais claro, poderá ser o vermelhão. Quando estiver
ainda mais claro, pode até ser laranja. O laranja ou o vermilion devem ser pintados mais
claros do que o magenta (estão mais próximos da luz, contém menos escuridão). O carmim
sempre terá uma aparência mais escura do que o magenta.
Neste quadro o magenta é um mundo que está na frente do que se vê nas aberturas

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Luz e escuridão – Liane Collot d´Herbois

O magenta não tem movimento, apenas um escurecimento suave, talvez apenas em dois
lugares. Ou pode ser mais escuro de um lado. Ao redor das aberturas a escuridão do
magenta se clareia, o magenta ao redor das aberturas é mais claro do que a cor que se vê
na abertura. Então temos que mostrar que, o que é visto através das aberturas, é novamente
um mundo, uma esfera, uma cor. Em dois lugares poderemos ver através do magenta e
temos que mostrar que estes dois lugares têm uma conexão. Portanto, nesse exercício,
podemos melhor escolher um motivo que ligue os dois. Podemos pensar num galho de uma
árvore florida, ou num pássaro com um rabo comprido, ou num peixe. Vamos dizer que
escolhemos pintar um peixe. Então a cabeça pode ser vista em uma abertura e parte do rabo
em outra. O magenta entre as aberturas então está na frente do seu corpo. Para mostrar que
é um peixe, temos que pintar uma indicação do seu corpo, muito suavemente, com um
pouco de verde veridian. Pode-se ver o corpo do peixe através da transparência do magenta
e isso faz com que o magenta venha para frente dele. A cabeça é a parte mais substancial,
a mais maciça, portanto temos que pintá-la mais escura do que o resto do corpo. O dorso
também deverá ser pintado mais substancialmente do que o resto do corpo e se pode pintar
uma vaga faixa amarela ao longo dele. O olho pode ser pintado escuro com um anel ao seu
redor, que é mais claro. Quando queremos sugerir que há mais peixes, pintamos apenas os
seus olhos.
Quando estiver terminado, terá que parecer uma pintura muito simples. Quanto
mais simples melhor. Tem que ser nada como uma simples sugestão de algo. Seu efeito
reside na simplicidade Quando tem muito movimento, nega o seu próprio propósito e nos
torna doentes, porque não está no caráter ou na qualidade do magenta ser cheio de
movimento e mudança.
O importante deste exercício é fazer uma conexão entre as duas aberturas, para que
possamos ver através dela a unidade por trás.
Na terapia este poderá ser um bom exercício para um paciente que tem sangue
demais ou que fez uma ligação artificial entre si mesmo e o mundo, por ateísmo ou
pensamento materialista. Ou para alguém que prejudicou seu coração e circulação por
pintar de maneira abstrata.

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