Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Este estudo investiga a interseção entre diferentes estilos de liderança —
transformacional, transacional e liberal (laissez-faire) — e as funções executivas do
cortex pré-frontal. Num cenário global caracterizado pela volatilidade, incerteza,
complexidade e ambiguidade (VUCA), a liderança se destaca como um fator
essencial para o sucesso organizacional. Exploramos a influência das funções
executivas, incluindo flexibilidade cognitiva, memória de trabalho, controle inibitório e
raciocínio abstrato, na adoção de práticas de liderança. Resultados indicam que
líderes transformacionais, ao incorporarem efetivamente essas habilidades
cognitivas, emergem como impulsionadores de engajamento e eficácia nas equipes.
Em contrapartida, líderes liberais tendem a conceder autonomia sem uma base
cognitiva sólida, refletindo em práticas menos estruturadas. Este estudo não apenas
contribui para uma compreensão mais profunda de como o aprimoramento das
funções executivas molda estilos de liderança, mas também examina seu impacto
direto nas organizações. Ao desvendar as nuances dessa interação complexa,
esperamos fornecer reflexões valiosas a fim de aprimorar a eficácia da liderança em
um ambiente dinâmico e desafiador.
1. Introdução
Na gestão organizacional, a liderança surge como uma força determinante,
moldando não apenas a dinâmica das equipes, mas também os resultados tangíveis
das organizações. Este estudo visa explorar a intrincada relação entre estilos de
liderança e as funções executivas, fundamentais para os processos cognitivos
superiores. A motivação para essa investigação surgiu da observação direta dos
impactos provocados por diferentes estilos de liderança na influência dos liderados
e, por conseguinte, nos resultados organizacionais. O engajamento das equipes
revela-se crucial, com uma correlação substancial de 70% atribuída aos gerentes
imediatos, conforme revela o relatório do Gallup em 2022. De maneira alarmante,
apenas 20% dos colaboradores demonstram engajamento no ambiente de trabalho,
um déficit que se traduz em um prejuízo global estimado em US$ 8,1 trilhões.
A relevância crítica da liderança eficaz na promoção do engajamento, e, por
conseguinte, no sucesso organizacional, é evidenciada por dados concretos. Em
2020, as 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil apresentaram um
faturamento superior a 9,3%, enquanto as demais organizações ficaram
notavelmente aquém, registrando apenas 0,7%, segundo dados do Great Place to
Work Brasil. Adicionalmente, na bolsa de valores brasileira, as receitas das
2
2. Desenvolvimento
Neste artigo, adotamos uma abordagem fundamentada na revisão de literatura para
a análise aprofundada do tema em questão. A metodologia empregada consistiu na
identificação e seleção criteriosa de estudos, pesquisas e teorias relevantes
relacionadas à habilidade de liderança, com foco nas funções executivas e sua
interação com líderes transacionais. A busca abrangeu bases de dados acadêmicas,
periódicos especializados e obras de referência, permitindo uma compreensão
abrangente das perspectivas teóricas e empíricas existentes sobre o impacto das
funções executivas no desenvolvimento da habilidade de liderança. A análise crítica
e a síntese dos achados da literatura possibilitaram a construção de uma base sólida
para a discussão e interpretação dos resultados, contribuindo para uma visão
holística e embasada sobre a temática em foco.
3
Bianco & Schermerhorn, 2006). Além disso, o foco autorregulatório atua como
mediador e moderador na dinâmica de liderança, influenciando os processos de
liderança (Kark et al., 2017). No contexto da qualidade da tomada de decisões,
verificou-se que o conflito afetivo tem um efeito inibitório significativo, enfatizando o
impacto de fatores emocionais na tomada de decisões (Lee et al., 2022). Além disso,
a liderança inclusiva mostrou ter um efeito inibitório no esgotamento emocional,
destacando seu papel na promoção do bem-estar (Xintian & Peng, 2022).
No âmbito do desenvolvimento de liderança, compreender como o desenvolvimento
de liderança é configurado e gerenciado dentro das organizações é crucial, pois
impacta a eficácia das iniciativas de liderança (Jivan, 2020). Além disso, a
autoeficácia de liderança, conforme proposta na teoria cognitiva social de Bandura,
regula o funcionamento do líder em ambientes dinâmicos, enfatizando as variáveis
cognitivas que influenciam a eficácia da liderança (McCormick, 2001). Além disso, a
liderança consciente envolve comportamentos que promovem uma maior
capacidade psicológica por meio da autorregulação cognitiva e emocional,
destacando a importância da autorregulação na liderança eficaz (Vreeling et al.,
2019).
Em conclusão, o controle inibitório está intrinsecamente ligado à liderança,
influenciando a tomada de decisões, a regulação emocional e a autorregulação.
Compreender a base neurológica do controle inibitório, seu impacto nos processos
de tomada de decisões e seu papel na regulação emocional é essencial para uma
liderança eficaz. Além disso, as teorias relacionadas à autorregulação e
autoliderança proporcionam conhecimentos preciosos sobre o modelo normativo de
influência própria e sua importância nos procedimentos de liderança.
6. Conclusão
Com base nas análises empreendidas para investigar a correlação entre os estilos
de liderança (transformacional, transacional e liberal) e as funções executivas no
córtex pré-frontal, visando identificar as implicações dessas relações nas
organizações, esta pesquisa atingiu seus objetivos de maneira abrangente.
Ao explorar a liderança transformacional, evidenciamos que habilidades cognitivas
específicas, como raciocínio abstrato, empatia e flexibilidade cognitiva,
desempenham papel crucial na eficácia desse estilo de liderança. As análises
neurocientíficas, exemplificadas por líderes como Nelson Mandela, Steve Jobs e
Angela Merkel, ofereceram uma compreensão mais profunda das correlações
específicas entre as funções do córtex pré-frontal e o sucesso na liderança
transformacional, fornecendo insights valiosos sobre como esses aspectos podem
impactar positivamente as organizações.
No que tange à liderança transacional, os resultados destacam que habilidades
cognitivas como a tomada de decisões estratégicas, o uso eficaz de recompensas e
punições, e a regulação emocional são fundamentais para inspirar e motivar
equipes. A análise neurocientífica, com líderes exemplares como Jeff Bezos e Mary
Barra, salientou a importância do córtex pré-frontal em processos decisórios e
adaptação a contextos dinâmicos, ressaltando as implicações dessas competências
para o contexto organizacional.
No contexto da liderança liberal, constatamos que mesmo em um modelo
caracterizado pela mínima intervenção do líder, habilidades cognitivas específicas
associadas ao córtex pré-frontal, como a regulação emocional e a adaptação,
continuam sendo essenciais. Estudos indicaram impactos ambíguos na motivação
dos funcionários, sublinhando a necessidade de líderes liberais possuírem
competências cognitivas para lidar com a autonomia concedida e suas
consequências nas organizações.
13
Referências
ABBASI, Soleiman. Leadership Styles: Moderating Impact on Job Stress and Health.
Journal of Human Resources Management Research, v. 2018, p. 1–12, 2018.
ALVAREZ, Julie; EMORY, Eugene. Executive Function and the Frontal Lobes: A
Meta-Analytic Review. Neuropsychology Review, v. 16, n. 1, p. 17–42, 2006.
BARCH, Deanna et al. Function in the human connectome: task-fMRI and individual
differences in behavior. NeuroImage, 15(200), 372-381, 2020.
14
BECHARA, Antoine. Decision making, impulse control and loss of willpower to resist
drugs: a neurocognitive perspective. Nature Neuroscience, 8(11), 1458-1463, 2005.
CIESIELSKI, Kristina et al. Posterior brain ERP patterns related to the go/no-go task
in children. Psychophysiology, v. 41, n. 6, p. 882–892, 2004.
CURTIS, Clayton E.; LEE, Daeyeol. Beyond working memory: the role of persistent
activity in decision making. Trends in Cognitive Sciences, v. 14, n. 5, p. 216–222,
2010.
FELLOWS, Lesley K.; FARAH, Martha J. Is anterior cingulate cortex necessary for
cognitive control? Brain, v. 128, n. 4, p. 788-796, 2005.
GOOD, Darren J.; SHARMA, Garima. A Little More Rigidity: Firming the Construct of
Leader Flexibility. Journal of Change Management, v. 10, n. 2, p. 155–174, 2010.
HANNAH, Sean T. et al. The Psychological and Neurological Bases of Leader Self-
Complexity and Effects on Adaptive Decision-Making. Journal of Applied
Psychology, v. 98, n. 3, pág. 393–411, 2013.
HINSON, John M.; JAMESON, Tina L.; WHITNEY, Paul. Impulsive decision making
and working memory. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory,
and Cognition, v. 29, n. 2, p. 298–306, 2003.
ISAACSON, Walter. Steve Jobs. New York: Simon & Schuster Paperbacks, 2011.
KARK, Ronit; VAN DIJK, Dina; VASHDI, Dana Rachel. Motivated or Demotivated to
Be Creative: The Role of Self-Regulatory Focus in Transformational and
16
LI, Hongxia. Working Memory Depletion Affects Intertemporal Choice Among Internet
Addicts and Healthy Controls. Frontiers in Psychology, v. 12, 2021.
LI, Xintian; PENG, Peng. How Does Inclusive Leadership Curb Workers’ Emotional
Exhaustion? The Mediation of Caring Ethical Climate and Psychological
Safety. Frontiers in Psychology, v. 13, 2022.
ROTHMAN, Naomi B.; MELWANI, Shimul. Feeling Mixed, Ambivalent, and in Flux:
The Social Functions of Emotional Complexity for Leaders. Academy of
Management Review, v. 42, n. 2, p. 259–282, 2017.
SARAVO, Barbara; NETZEL, Janine; KIESEWETTER, Jan. The Need for Strong
Clinical Leaders – Transformational and Transactional Leadership as a Framework
for Resident Leadership Training. PLoS One, v. 12, n. 8, p. e0183019, 2017.
SOK, Keo Mony et al. How and when frontline employees’ resilience drives service-
sales ambidexterity: the role of cognitive flexibility and leadership humility. European
Journal of Marketing, v. ahead-of-print, n. ahead-of-print, 2021.
VREELING, Kiki et al. How medical specialists experience the effects of a mindful
leadership course on their leadership capabilities: a qualitative interview study in the
Netherlands. BMJ Open, v. 9, n. 12, p. e031643, 2019.
YE, Weijiao et al. The Effects of Insecure Attachment Style on Workplace Deviance:
A Moderated Mediation Analysis. Frontiers in Psychology, v. 13, 2022.
ZHANG, Jiaojiao; WANG, Yao; GAO, Feng. The dark and bright side of laissez-faire
leadership: Does subordinates’ goal orientation make a difference? Frontiers in
Psychology, v. 14, n. 14, 2023.
ZWINGMANN, Ina; WOLF, Sandra; RICHTER, Peter. Every light has its shadow: a
longitudinal study of transformational leadership and leaders’ emotional
exhaustion. Journal of Applied Social Psychology, v. 46, n. 1, p. 19–33, 2015.