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Resumo:
O artigo apresenta as condições que levaram o ser humano a desenvolver uma crença
baseada na existência de um ser superior, tratando especificamente sobre a questão da
diversidade religiosa, trazendo este debate para o ambiente escolar. Ao longo da história,
surgiram diversas religiões que são conhecidas até hoje, porém muitas foram massacradas
por outras que se assumiam superiores. Com base nesses acontecimentos, é possível
reconhecer que a intolerância religiosa sempre existiu e continua forte, sendo incentivada
cada vez mais cedo por pessoas que vivem a nossa volta. Um método para diminuir esse
preconceito existente é através de um trabalho que pode ser realizado dentro das escolas,
mais especificamente na disciplina de Ensino Religioso.
1. Introdução
natureza. A maioria dos seres humanos possui a crença de que existe um ser superior que
realiza eventos sobrenaturais, tornando o fato ocorrido em algo de “outro mundo” ou
simplesmente sem explicações prováveis cientificamente. Os filósofos dizem que a
necessidade de o ser humano acreditar em algo que está além dele é natural, por isso a
busca sobre “coisas” ou seres superiores, tais como deuses, destino pré-determinado ou
milagres provindos destes.
2. O que é religião?
Para entender quais são os fatores que levam as pessoas a atacar ou amar o seu
próximo é necessário compreender o significado da palavra religião. A palavra religião é
provinda do termo latim religi, religionis que pode ser traduzido como “culto, prática, leis
divinas ou santidade”. Porém seu significado está ligado à palavra religare ou religere
significando “ligar novamente, religar”. O termo sugere religar os seres humanos ao(s)
ser(es) superior(es) ou à(s) divindade(s). Assim, podemos dizer que a religião seria a união
de um conjunto de crenças, mitologias, ritos ou pensamentos ligados ao sobrenatural, a
algo que esta além da compreensão do ser humano, ao sagrado e transcendental.
entre outros. Em alguns casos as divindades são substituídas por valores morais ou
associadas a fenômenos da natureza.
Rituais. Provindos da palavra em latim ritualis, seriam cerimônias ou procedimentos
praticados pelo ser humano, para realizar a (re)ligação com a(s) divindade(s). Esses
procedimentos podem ser realizados individualmente ou coletivamente, podendo
citar como exemplo a oração que uma pessoa realiza antes de dormir, uma missa
católica ou a oração realizada pela família antes da refeição.
Em algumas religiões, podemos observar a existência de vestimentas específicas,
instrumentos utilizados em rituais, objetos que caracterizam as religiões ou
representam o seu simbolismo religioso com uso de símbolos específicos.
Existe o corpo de pessoas que compõem as funções religiosas. Em algumas religiões
há uma espécie de classes, as quais existem a pessoa que serve como intermédio
entre os fiéis e a(s) divindade(s), seguindo hierarquicamente até chegar às pessoas
que desempenham funções na tesouraria, limpeza ou trabalho voluntário.
As reuniões são realizadas em locais específicos que tem nomes diferenciados:
igreja, templos, roça, terreiros, barracões, mesquitas, entre outros.
Embora existam diversas religiões distribuídas pelo mundo inteiro, existem pessoas que
são relutantes a acreditarem em ser(es) superior(es), mantém dúvidas em relação a
religiosidades ou à prática religiosa. Silveira (2008) conceitua algumas dessas crenças
como: ateísmo (negação da religião teísta), agnosticismo (dúvida sobre a existência de um
deus e sobre o princípio da religião) e deísmo (crença em um deus, cujo pensamento é
realizado pela lógica).
3. Intolerância religiosa
Embora haja tantas religiões e todas preguem o amor ao próximo e a paz, é comum
a existência de discussões, intrigas e violências entre os integrantes de cada grupo.
Segundo o jornal online Globo.com no Brasil “em 2011, foram registradas 15 ligações
relatando atos de intolerância; em 2012, o número saltou para 109, um aumento de mais de
600%”. As pessoas tomaram consciência de que a intolerância religiosa é um crime, mas o
número de um ano para o outro aumentou exponencialmente e, com isso, percebe-se que
não é uma informação nova apesar de ser alarmante. Anteriormente, conta a ONG Nova
Consciência, que até os anos 90 houve um conflito entre adeptos católicos e protestantes,
ocasionando diversos atos de violência tanto física como moral, nos quais os adeptos
protestantes quebravam imagens de santos católicos e em alguns casos utilizavam carros de
som para pregar contra a outra religião. A ONG e a Igreja Metodista contam que a mídia
influencia diretamente nestes atos de violências, pois uma informação ambígua pode
acarretar descontentamentos entre os adeptos como relata a ONG Nova Consciência sobre
o caso no qual “o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus Sérgio Von Helder, que, em
1995, chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida em rede nacional de TV”.
4. Ensino religioso
Fica claro que a proposta do Ensino Religioso se distingue dos objetivos das
demais disciplinas por sua ênfase em ajudar o aluno a construir uma resposta à
pergunta pelo sentido da sua vida, o que implica uma reflexão sistemática e
vivências cotidianas em torno de um projeto pessoal ético e cidadão. [...].
Portanto, o seu ‘lugar’, a sua importância na grade curricular da escola pública
está marcada por distintas interpretações a respeito do papel da escola diante dos
temas ligados à religiosidade dos seus educandos e dos grupos humanos e
sociedades. (DANTAS, 2004, p.123).
professor acaba defendo apenas uma religião e, muitas vezes, desprezando outras religiões
que segundo ele são erradas. Dessa forma, o aluno acaba considerando que existe apenas
uma religião que deve ser seguida e essa religião deve ser a sua, e todos os outros que
pensam de maneira diferente estão errados.
5. Considerações finais
Uma forma de evitar tais conflitos seria uma conscientização a partir da base de
formação das pessoas, para que possam aprender a tolerar o diferente e a conviver com
culturas diversas. Quando falamos de conscientização a partir da base nos referimos à
educação, a qual, junto da escola, tem como dever criar um cidadão consciente de seus
deveres e responsável, visando à convivência harmônica na sociedade. Para auxiliar nessa
tarefa existe atualmente uma disciplina facultativa, chamada educação religiosa ou ensino
religioso, cujo objetivo é a educação para a tolerância.
A diversidade religiosa existente no Brasil deve ser respeitada, assim como a todos
que professam a essas religiões e a escola deve ser um dos principais locais de
conscientização. As ações da família e das instituições religiosas também possuem um
papel importante nesse processo de conscientização, sendo elas as principais formadoras de
opinião.
A mídia, por sua vez, realiza uma grande influência na vida das pessoas, todos
estão mais conectados a uma rede de informações, o que torna mais fácil e, ao mesmo
tempo, também mais difícil conseguir controlar uma grande massa para a formação de
idéias.
A tolerância seja ela religiosa, cultural ou qualquer outra, deve ser incentivada
desde os primeiros anos de vida de uma criança, para que o índice de violência causada
pelo preconceito possa ser reduzido.
6. Referências Bibliográficas
Rede Globo. Obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas provoca polêmica. 2012.
Disponível em:
<http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2012/09/obrigatoriedade-do-ensino-
religioso-nas-escolas-do-pais-provoca-polemica.html>. Acesso em: 16 maio 2014.
SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. Diversidade Religiosa. In: ZENAIDE, Maria de Nazaré
Tavares; SILVEIRA, Rosa Maria Godoy; DIAS, Adelaide Alves. Direitos
Humanos:capacitação de educadores. João Pessoa: Editora Universitária da Ufpb, 2008. p.
99-110.