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OBJETIVIDADE CIENTFICA O efeito fsico, cientificamente significativo, pode ser definido como passvel de ser regularmente repetido por

qualquer pessoa que realize o experimento adequado, segundo o modo prescrito. Nenhum fsico de peso daria divulgao, em termos de descoberta cientfica, a qualquer desses efeitos ocultos, como proponho cham-los experimentos para cuja reproduo no seria vivel oferecer instrues. A descoberta seria de pronto rejeitada como quimrica, simplesmente porque tentativas de submet-la a testes conduziria a resultados negativos. (Da decorre que qualquer controvrsia em torno da questo de saber se ocorrem eventos, em princpio nicos e insuscetveis de repetio, no pode ser decidida pela cincia; tratarse-ia de uma controvrsia metafsica.) (...) Qualquer que possa ser nossa resposta final questo da base emprica, um ponto deve ser deixado claro: se concordamos com a nossa exigncia de que enunciados cientficos devem ser objetivos, ento os enunciados que se refiram base emprica da cincia devero tambm ser objetivos, isto , suscetveis de teste intersubjetivo. A possibilidade de teste intersubjetivo implica em que outros enunciados suscetveis de teste possam ser deduzidos dos enunciados que devam ser submetidos a teste. Assim, se os enunciados bsicos devem ser, por sua vez, suscetveis de teste intersubjetivo, no podem exigir enunciados definitivos em cincia no pode haver, em Cincia, enunciado insuscetvel de teste e, consequentemente, enunciado que no admita, em princpio, refutao pelo falseamento de algumas das concluses que dele possam ser deduzidas. (POPPER, 2002, p. 47-50) (...) (...) no exijo que todo enunciado cientfico tenha sido efetivamente submetido a teste antes de merecer aceitao. Quero apenas que todo enunciado cientfico se mostre capaz de ser submetido a teste. Em outras palavras, recuso-me a aceitar a concepo de que, em cincia, existam enunciados que devamos resignadamente aceitar como verdadeiros, simplesmente pela circunstncia de no parecer possvel, devido a razes lgicas, submet-los a teste.
POPPER, Karl. A lgica da pesquisa cientfica. SP: Cultrix, 2002.

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