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Cartões de Enfrentamento para Depressão

“Sou um fraco por estar deprimido”


• A depressão afeta animais e humanos porque é um estado que o cérebro é capaz de produzir, sendo um fruto
da evolução das espécies; portanto, não é minha culpa.
• A depressão é um estado mental. Da mesma maneira que minha mente pode estar em outros estados (feliz,
relaxada, com raiva, ansiosa), eu posso estar deprimido
• A depressão é desagradável, mas infelizmente milhos de pessoas sofrem dela porque, para o cérebro, é
apenas um de seus padrões para sentimentos
• A depressão pode afetar qualquer um – até mesmo pessoas consideradas fortes (e.g. Winston Churchill, que
manteve a Inglaterra sempre longe das mãos dos Nazistas durante a 2ª Guerra Mundial).
• A depressão é um estado horrível para se estar, mas não uma evidência de fraqueza
• A depressão é muito frequentemente uma questão de ficar exausto, fazer um esforço descomunal, sentir-se
derrotado, perder as esperanças. Geralmente percebemos que há algo nos ameaçando quando estamos
deprimidos. Ao entender melhor isso, eu posso fortalecer minha mente racional / compreensiva para ajudar a
enfrentar a depressão.
• Podem haver problemas muito reais em minha vida que me exauriram e me deixaram mais vulnerável a ficar
deprimido.

“Se eu precisar de um antidepressivo, isso significa que sou um


fraco”
• Depressão não tem a ver com fraqueza, mas pode ter a ver com estar exaurido.
• Preciso obter evidências sobre se um antidepressivo me ajudaria. Se puder me ajudar a dormir melhor e
elevar meu humor e confiança, então pode me ajudar a dar a volta por cima.
• Milhões de pessoas tomam medicamentos antidepressivos.
• O fato de eu tomar ou não um antidepressivo é uma escolha minha. Eu não preciso deixar de tomar um
antidepressivo para provar que sou uma pessoa forte ou com força de vontade.

“Se eu me envolver com a terapia, vou me sentir mal por ter que
revelar minha raiva ou vergonha”
• É compreensível ficar ansioso acerca de revelar coisas pessoais a outra pessoa, como um terapeuta.
• Terapeutas qualificados estão cientes de que as coisas das quais nos envergonhamos são aquelas que
causas nossos problemas
• Eu não tenho evidência de que um terapeuta vai me olhar com desprezo se eu falar com ele sobre as coisas
das quais me envergonho. Com efeito, da mesma forma que um cirurgião espera lidar com sangue e víceras,
terapeutas esperam lidar com os lados menos prazerosos / “nobres” da vida.
• Quanto mais eu estiver inclinado a encarar aquilo que me deixa envergonhado, maior será meu auto-
conhecimento; e com maior facilidade aprenderei a não deixar mais que estas coisas me perturbem.
• Um terapeuta não pode me forçar a falar, então posso ir seguindo o meu próprio ritmo, avaliando o quanto a
terapia está sendo útil.
“Eu não consigo mais fazer o que eu fazia antes, então eu sou um
fracasso”
• Eu estou deprimido agora, então é natural que minha energia não esteja em níveis normais. Sei que a falta
de energia é um dos sintomas que faz parte da própria definição da depressão.
• Ainda que eu não consiga fazer o que eu estava acostumado, eu ainda posso fazer algumas coisas, mesmo
que não tenha vontade para tal.
• Eu posso me elogiar pelo que fiz, ao invés de me denegrir por aquelas coisas que deixei de fazer.
• Eu posso dar um passo de cada vez. Como diz o provérbio chinês “uma caminhada de mil quilômetros começa
com o primeiro passo”.
• Ao me elogiar por meus passos, independente do quão pequenos pareçam ser, estou aumentando as chances
de dar passos cada vez maiores.

“Não tenho valor”


• Resumir uma pessoa (incluindo eu mesmo) em termos simplistas como “bom x mau”, “com valor x sem valor”,
é uma distorção cognitiva do tipo tudo-ou-nada (pensamento dicotômico).
• Só porque eu me sinto estúpido e sem valor, isso não significa que eu sou.
• Se eu me superidentificar com sentimentos de desvalia, aceitando-os sem questionamento, vou ter mais
chances de ficar deprimido.
• A ideia de valor pode ser aplicada a objetos como carros ou sabão em pó, mas não a pessoas.
• Se seu disser “sem valor”, isto é apenas um dentre os inúmeros sentimentos que eu posso, enquanto ser
humano, ter a meu respeito. Ao reconhecer isso, eu posso manter uma perspectiva destes sentimentos.

“Tenho tanta raiva dentro de mim – deve ser porque sou uma
pessoa má”
• A raiva é, como outros sentimentos, simplesmente algo que todos nós somos capazes de sentir.
• Altos níveis de raiva geralmente indicam altos níveis de vulnerabilidade e percepção de injustiça.
• Minha raiva me diz que há alguma coisa que eu quero mudar, algo que devo ir contra.
• Na verdade, descarregar minha fúria não ajuda, mas eu posso aprender a ser mais honesto com minhas
necessidades e colocá-las de forma assertiva.
• Eu posso aprender a compreender os mecanismos através dos quais a minha raiva é acionada, ao invés de
simplesmente me rotular como uma pessoa má e tentar afastá-la.

“Não sou competente como as outras pessoas, então sou um


fracasso”
• É natural querermos competir no mundo e sentirmos que estamos no páreo com as outras pessoas.
• Todos os seres humanos são únicos, e precisam andar de acordo com o próprio ritmo.
• O fato de algumas pessoas parecerem mais habilidosas do que eu não faz de mim um fracasso. Vou me
aventurar em ficar na média e ver o que acontece.
• Ao invés de prestar atenção no que os outros estão fazendo, eu posso me focar naquilo que eu sou capaz de
fazer e naquilo que é importante para mim, na minha vida.
“Nada parece ser tão bom quanto costumava ser, portanto não há
sentido em tentar fazer qualquer tentativa de mudança”
• Desapontamentos e frustrações fazem parte da vida, e posso aprender a enfrentar esses incômodos se eu
mantivê-los sob essa perspectiva – de que são apenas mais um aspecto inevitável da vida.
• Eu posso aprender a prestar atenção no quanto eu efetivamente faço as coisas, ao invés de me focar na não
satisfação das minhas expectativas.
• Eu posso em engajar em analisar o quanto eu me puno quando estou desapontado / frustrado, e aprender a
ser mais gentil comigo mesmo.

Baseado em: Gilbert, P. (2009). Overcoming depression: A self-help guide using Cognitive Behavioral Techniques. New York:
Basic Books.

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