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MECÂNICA

7. Momentos de Inércia

André Castro – andre.castro@estsetubal.ips.pt

2º Semestre, 2020-2021
MECÂNICA

Introdução

• As forças distribuídas consideradas anteriormente eram


proporcionais às áreas ou volumes associados a elas:
- A resultante dessas forças poderia ser obtida pela soma das áreas ou
volumes correspondentes.
- O momento da resultante em relação a um dado eixo poderia ser
determinado pelo cálculo dos momentos de primeira ordem das
superfícies ou sólidos em relação a esse eixo.

• Introduzimos agora métodos para calcular os momentos e


produtos de inércia para superfícies e sólidos.

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MECÂNICA

Introdução

• São aqui consideradas forças cujas intensidades dependem


não só dos elementos de área ou de volume sobre os quais
atuam, mas que também variam linearmente com a distância
entre esses elementos e algum eixo dado.
- É aqui demonstrado que a intensidade da resultante depende do
momento de primeira ordem da superfície sobre a qual atua a força em
relação ao eixo considerado.
- O ponto de aplicação da resultante depende de:
§ Momento de segunda ordem
§ Momento de inércia da mesma superfície em relação ao eixo.

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MECÂNICA

Momento de Inércia de uma Superfície


!
• Consideraremos forças distribuídas DF cujas intensidades
são proporcionais aos elementos de área DA sobre os quais
essas forças atuam e que, ao mesmo tempo, variam
linearmente com a distância entre DA e um dado eixo.

• Exemplo: Consideremos uma viga sujeita a


flexão pura. As forças internas variam
linearmente com a distância do eixo neutro que
passa pelo centroide da seção.
!
DF = kyDA
R = k ò y dA = 0 ò y dA = Q = momento de primeira ordem
x

M = k ò y 2 dA ò y dA = momento de inércia
2

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MECÂNICA

Momento de Inércia de uma Superfície

• Exemplo: Consideremos a força


hidrostática numa comporta circular
vertical submersa num reservatório.
DF = pDA = gyDA
R = g ò y dA
2
M x = g ò y dA

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Momentos de Inércia de uma Superfície por Integração

• Os Momentos de Segunda Ordem ou Momentos de Inércia de


Superfícies em relação aos eixos x e y são:

I x = ò y 2 dA I y = ò x 2 dA
• O cálculo dos integrais é simplificado, escolhendo-se dA como
sendo uma faixa estreita paralela a um dos eixos coordenados.

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MECÂNICA

Momentos de Inércia de uma Superfície por Integração

• Para uma superfície retangular,

h
I x = ò y 2 dA = ò y 2bdy = 13 bh 3
0

• A fórmula para superfícies retangulares


também pode ser aplicada para faixas
paralelas aos eixos x e y.

dI x = 13 y 3dx dI y = x 2 dA = x 2 y dx

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MECÂNICA

Momento de Inércia Polar

• O momento de inércia polar é um parâmetro


importante em problemas que tratam da
torção de eixos cilíndricos e da rotação de
placas.
2
J 0 = ò r dA
• O momento de inércia polar pode ser
calculado a partir dos momentos de inércia
retangulares,
( )
J 0 = ò r 2 dA = ò x 2 + y 2 dA = ò x 2 dA + ò y 2 dA
= I y + Ix

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MECÂNICA

Raio de Giração de uma Superfície

• Considere-se uma superfície A com momento de


inércia Ix. Imaginemos que a superfície está
concentrada em uma faixa estreita paralela ao eixo x
com Ix equivalente. I
I x = k x2 A kx = x
A
kx = raio de giração em relação ao eixo x.

• De forma similar,
Iy
Iy = k y2 A ky =
A
JO
J O = kO2 A kO =
A

kO2 = k x2 + k y2
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MECÂNICA

Teorema dos Eixos Paralelos

• Considere o momento de inércia I de uma


superfície A em relação a um eixo AA’

I = ò y 2 dA

• O eixo BB’ passa pelo centroide da


superfície e é denominado eixo centroidal.

I = ò y 2 dA = ò ( y ¢ + d )2 dA
= ò y ¢ 2 dA + 2d ò y ¢dA + d 2 ò dA

I = I + Ad 2 Teorema dos eixos paralelos

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MECÂNICA

Teorema dos Eixos Paralelos

• Momento de inércia IT de uma superfície


circular em relação a uma linha tangente
ao círculo:
( )
I T = I + Ad 2 = 14 p r 4 + p r 2 r 2

= 54 p r 4

• Momento de inércia de um triângulo em


relação a um eixo centroidal:
I AA¢ = I BB¢ + Ad 2

I BB¢ = I AA¢ - Ad 2 1 bh 3
= 12 1 ( )
1
- 2 bh 3 h
2

1 bh 3
= 36
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MECÂNICA

Momentos de Inércia de Superfícies Compostas

ü O momento de inércia de uma superfície composta A em relação a um dado eixo


pode ser obtido pela adição dos momentos de inércia das superfícies
componentes A1, A2, A3, ... , em relação ao mesmo eixo.

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Exercício 7.1

• Determine o momento de inércia de área da figura em


relação ao eixo x.

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Exercício 7.1

• A figura é a composição de dois rectângulos.


• O momento de inércia de área da figura em relação a x será
igual à soma dos momentos de inércias de áreas parciais em
relação a x.

Notas:
𝑏ℎ'
𝐼!# =
12

dy = 𝑦*

(momento inércia em relação ao eixo x)

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MECÂNICA

Exercício 7.1

• Assim sendo:

A dy2 Ady2 Ix Ix

A1 28 225 6300 9,33 6309,33

A2 28 49 1372 457,33 1829,33

Total 8138,66

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Exercício 7.2

• Para a figura abaixo, determine:


a) A posição do centroide;
b) Os momentos principais de inércia em relação ao centroide.

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MECÂNICA

Exercício 7.2

• Posição do centroide:

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MECÂNICA

Exercício 7.2

• Momentos principais de inércia em relação ao centroide:

𝑰𝒙 !−𝒚
(𝒀 !)2 Ady2 𝑰𝒙’ 𝑰𝒚 !−𝒙
(𝑿 !)2 Adx2 𝑰𝒚’

1 20,25 9,88 266,69 286,94 182,25 0,45 12,25 194,50

2 221,83 14,88 327,31 549,14 7,33 0,68 15,03 22,36

𝜮 836,08 216,86

/∗1'
– 𝑰𝒙 = 23
1∗/'
– 𝑰𝒚 = 23

– Valores em cm2; cm3; cm4


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Exercício 7.3

• A resistência de uma viga em perfil I


360 x 44 é aumentada quando se
anexa uma placa à sua aba
superior. Determine:
– O momento de inércia em relação ao
eixo centroidal X;
– O raio de giração da seção composta
em relação a um eixo paralelo à placa
passando pelo centróide da secção.

üPara o perfil em I:
o A = 5730 mm2
o 𝐼!# = 122 𝑥 106 mm4
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MECÂNICA

Exercício 7.3

• Determinamos a localização do centroide da secção


composta em relação ao sistema de coordenadas com
origem no centroide C da secção.

• Aplicamos o teorema dos eixos paralelos para determinar os


momentos de inércia do perfil I e da placa em relação ao eixo
centroidal da secção composta.

• Calculamos o raio de giração a partir do momento de inércia


da secção composta.

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MECÂNICA

Exercício 7.3

• Determinamos a localização do centroide


da secção composta em relação a um
sistema de coordenadas com origem no
centroide C da secção.

Seção A, mm 2 y , mm yA, mm3


Placa 4.218,75 185,38 782.072
Perfil I 5.730 0 0
å A = 9.948,75 å yA = 782,072

Y ∑ A = ∑ yA Y=
∑ yA 782.072 mm
=
3
= 78, 61 mm
2
∑ 9.948,75 mm
A

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MECÂNICA

Exercício 7.3

• Teorema dos eixos paralelos para determinar os momentos de inércia do


perfil I e da placa em relação ao eixo centroidal da secção composta:
2
I xʹ, perfil I = I x + AY 2 = 122 ×10 6 + ( 5.730 ) ( 78, 61)
= 157, 41×10 6 mm 4
3 2
I xʹ,placa = I x + Ad 2 = 121 ( 225) (18, 75) + ( 4.218, 75) (185, 38 − 78, 61)
= 48,11×10 6 mm 4
I x¢ = I x¢,perfil I + I x¢,placa = 157,41´106 + 48,11´106

= !𝑌 − 𝑦* I x¢ = 205,52 ´10 6 mm 4
• Raio de giração a partir do momento de inércia
da secção composta:
I x¢ 205,52 ´10 6 mm4 k x¢ = 143,73 mm
k x¢ = =
A 9.948,75 mm2
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MECÂNICA

Momentos de inércia de um Corpo Tridimensional

• A aceleração angular, em relação ao eixo AA’, de um


pequeno corpo de massa Dm devida a aplicação de um
binário é proporcional a r2Dm., momento de inércia de um
corpo de massa Dm em relação ao eixo AA’
• Para um corpo de massa m, uma medida de sua resistência
à rotação em torno do eixo AA’ é
I = r12 Dm + r22 Dm + r32 Dm + !
= ò r 2 dm = momento de inércia do corpo de massa Δm

• O raio de giração para uma massa


concentrada com momento de inércia
equivalente é:
I
I = k 2m k=
m
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MECÂNICA

Momentos de inércia de um Corpo Tridimensional

• O momento de inércia em relação ao eixo y é:

I y = ò r 2 dm = ò z 2 + x 2 dm ( )
• De forma similar, os momentos de inércia em
relação aos eixos x e z são:

Ix = ∫ (y 2
+ z 2 ) dm
Iz = ∫ (x 2
+ y 2 ) dm

• Em unidades SI,

I = ò r 2 dm = kg × m 2 ( )
Em unidades usuais para UK/USA,

(
I = slug × ft 2
) æ lb × s 2 2 ö

ç ft
(
ft ÷ = lb × ft × s 2
÷
)
è ø 24
MECÂNICA

Momentos de Inércia de um Corpo Tridimensional

• O momento de inércia de um corpo homogêneo é obtido pelo cálculo de integrais


duplas ou triplas dependendo do formato do corpo.
I = r ò r 2 dV

• Para corpos com dois planos de simetria,


o momento de inércia pode ser obtido por
integração simples, escolhendo como
elemento de massa dm uma fatia fina
perpendicular aos planos de simetria.

• Para um corpo composto, o momento de


inércia em relação a um eixo pode ser
obtido pela soma dos momentos de
inércia dos componentes do corpo em
relação ao mesmo eixo.

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MECÂNICA

Teorema dos Eixos Paralelos


• Para um sistema de coordenadas retangulares com
origem em O e eixos paralelos aos eixos
centroidais:

( 2
I x = I x¢ + m y + z 2
) ( )
I y = I y¢ + m z 2 + x 2
I z = I z¢ + m(x 2 + y 2 )

• Generalizando, para qualquer eixo AA’ e um eixo


centroidal paralelo tem-se:
2
I = I + md
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MECÂNICA

Momentos de Inércia de Placas Finas

• Para uma placa fina de espessura uniforme t e feita de um


material homogéneo de massa específica r, o momento de inércia
da placa em relação ao eixo AA’ contido no plano do placa é

I AA¢ = ò r 2 dm = rt ò r 2 dA
= r t I AA¢,área

• De forma similar, para um eixo BB’ perpendicular a AA’


que também está contido no plano da placa, tem-se

I BB¢ = r t I BB¢,área

• Para o eixo CC’ que é perpendicular ao plano da placa,


I CC ¢ = r t J C , área = r t (I AA¢, área + I BB¢, área )
= I AA¢ + I BB¢
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MECÂNICA

Momentos de Inércia de Placas Finas

• Em relação aos eixos que passam pelo centro de


gravidade da placa retangular tem-se,

I AA¢ = r t I AA¢,área = r t (1
12 )
a3b = 121 ma 2

I BB¢ = r t I BB¢,área = r t (1
12 )
ab 3 = 121 mb2

(
I CC¢ = I AA¢,massa + I BB¢,massa = 121 m a 2 + b 2 )
• Em relação aos eixos centroidais em uma placa
circular tem-se,

( )
I AA¢ = I BB¢ = r t I AA¢,área = r t 14 p r 4 = 14 mr 2

I CC ¢ = I AA¢ + I BB¢ = 12 mr 2
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MECÂNICA

Momentos de Inércia de Massa de Formatos Regulares

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MECÂNICA

Momentos de Inércia em Relação a um Eixo Arbitrário

• IOL = momento de inércia em relação ao eixo OL.


2 ! !2
I OL = ò p dm = ò l ´ r dm
! !
• Expressando l e r em termos dos
componentes retangulares e expandindo o
produto vetorial temos,

I OL = I x l2x + I y l2y + I z l2z


- 2 I xy l x l y - 2 I yz l y l z - 2 I zx l z l x

• A definição dos produtos de inércia de um I xy = ò xy dm = I x¢y¢ + mx y


corpo é uma extensão da definição do produto I yz = ò yz dm = I y¢z¢ + myz
de inércia de uma superfície
I zx = ò zx dm = I z¢x¢ + mz x
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MECÂNICA

Exercício 7.4

• Determine os momentos de inércia da figura em relação aos


eixos centroidais.

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MECÂNICA

Exercício 7.4

b h A !
𝒙 !
𝒚 𝑨!
𝒙 𝑨!
𝒚

1 100 160 1,60e+04 50 80 8,00e+05 1,28e+06

2 40 100 4,00e+03 38 86 1,52e+05 3,44e+05

𝜮 1,20e+04 6,48e+05 9,36e+05

! = 58
𝑿 ! = 78
𝒀
Valores em mm; mm2; mm3
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MECÂNICA

Exercício 7.4

• Determinação dos momentos de inércia em relação aos eixos


centroidais:

𝑰𝒙 Ady2 𝑰𝒙’ 𝑰𝒚 Adx2 𝑰𝒚’


1 3,41e+07 6,40e+04 3,42e+07 1,33e+07 2,56e+05 1,36e+07

2 3,33e+06 2,56e+05 3,59e+06 5,33e+05 1,02e+06 1,56e+06

𝜮 3,06e+07 1,20e+07

!−𝒚
dy = 𝒀 !

!−𝒙
dx = 𝑿 !

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MECÂNICA

Exercício 7.5

• Determine o momento de inércia e o raio de giração da figura


abaixo em relação ao eixo y.

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MECÂNICA

Exercício 7.5

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MECÂNICA

Exercício 7.5

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MECÂNICA

Exercício 7.6

• Determine o centroide e os momentos principais de inércia


da figura abaixo.

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MECÂNICA

Exercício 7.6

• Divisão da peça:

1 2

𝑌* 22,5 mm
4
𝐼𝑥’ 3,44e+07 mm4

𝐼𝑦’ 1,22e+08 mm4


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MECÂNICA

Exercício 7.6

• Determinação do centroide:

b h A !
𝒙 !
𝒚 𝑨!
𝒚

1 25 100 2500 -100 75 187500

2 25 100 2500 100 75 187500

3 325 25 8125 0 12.5 101562,5

4 25 100 2500 0 -50 -125000

𝜮 15625 351562,5

!
𝒀 22,5

– Valores em mm; mm2; mm3


– Não é preciso determinar centroide em x devido à simetria da peça
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MECÂNICA

Exercício 7.6

• Determinação dos momentos de inércia em relação aos eixos


centroidais:

𝑰𝒙 !−𝒚
(𝒀 !)2 Ady2 𝑰𝒙’ 𝑰𝒚 !−𝒙
(𝑿 !)2 Adx2 𝑰𝒚’

1 2083333,33 2756,25 6890625 8973958,333 130208,333 10000 25000000 25130208,3

2 2083333,33 2756,25 6890625 8973958,333 130208,333 10000 25000000 25130208,3

3 423177,083 100 812500 1235677,083 71516927,1 0 0 71516927,1

4 2083333,33 5256,25 13140625 15223958,33 130208,333 0 0 130208,333

𝜮 3,44e+07 1,22e+08

– Valores em mm2; mm3; mm4

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