Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
histórico-culturais
Resumo
Palavras chave
615
Trabalhos recentes tratam desse tema através de suas diferentes arestas, como o de Fleury
(2006), Bejarano (2013), Farrán (2013), Nava (2013) e Guillen (2014), entre outros.
A base cognitiva do processo educativo em sala de aula baseia-se no fato real e objetivo,
embora de natureza ideal, da fixação e estruturação do conhecimento científico nos
conteúdos pedagógicos por meio justamente dos conceitos; bem como no grau de clareza e
precisão com que o aluno as apropria e as traduz em competências, habilidades e aptidões.
O problema é que esses fundamentos lógico-gnoseológicos nem sempre têm uma base
científica sólida, nem são conscientemente e consequentemente assumidos e aplicados.
Isso influencia decisivamente tanto na concepção do próprio processo de formação do
conceito, quanto na sua implementação pedagógica.
617
Por isso, quanto mais apropriados e cientificamente válidos forem os fundamentos lógicos e
epistemológicos do processo de formação de conceitos neste campo, e quanto mais
consciente e consistentemente os mesmos forem utilizados, maior será a contribuição para
a eficiência, eficácia e pertinência do processo ensino-aprendizagem.
Cabe destacar que embora a produção científica de Ausubel relacionada a esse tema seja
extensa, incluindo a abordagem de problemas como a aprendizagem verbal significativa e
sua relação com a chamada aprendizagem por recepção, exposta em sua obra original A
psicologia da aprendizagem verbal significativa ( 1963); o estudo do desenvolvimento infantil
com seus componentes personológicos e comportamentais, linguísticos, cognitivos e físicos,
como expressão das influências biológicas e sociais (AUSUBEL; SULLIVAN; PENHOS,
1991); a análise da aquisição e retenção do conhecimento em sua estreita ligação com
questões como os diferentes contextos em que pode ocorrer, os nomes dos conceitos e sua
aquisição por meio de aprendizagem representacional significativa e o aumento do
vocabulário da pessoa (AUSUBEL, 2000 ); no entanto, o tratamento da questão específica
da formação de conceitos aparece de forma madura e clássica como parte de sua
Psicologia da Educação: um ponto de vista cognitivo, escrito originalmente em 1968 e
ampliado com contribuições de diversos colaboradores em 1978 (AUSUBEL; NOVAK;
HANESIAN , 1997), aliado ao fato de sua compreensão da formação dos conceitos ter
mantido os pontos de vista teóricos essenciais que o caracterizam, razão pela qual nos
detemos fundamentalmente neste trabalho para sua apreciação.
Segundo este autor, para que aprender seja significativo, a tarefa de aprendizagem. deve
ser potencialmente significativo. (consistindo de material razoável que pode ser
substancialmente e não arbitrariamente relacionado à estrutura cognitiva do aluno), e o
aluno também deve assumir. uma atitude de relacionar o novo material de aprendizagem
com sua estrutura de conhecimento existente, em correspondência com a oferta de
conteúdo relevante nessa estrutura (entendida como o conteúdo
618
Por sua vez, Ausubel considera que a aprendizagem significativa pode ocorrer de diversas
formas, e por recepção, se o conteúdo potencialmente significativo for compreendido ou
tornado significativo durante o processo de internalização; ou por descoberta, se o aluno
relaciona intencionalmente e substancialmente uma proposição potencialmente significativa
de um enunciado de um problema à sua estrutura cognitiva, a fim de obter uma solução que
provavelmente está significativamente relacionada à sua estrutura cognitiva (AUSUBEL;
NOVAK; HANESIAN, 1997).
Acima de tudo, este autor entende por conceito os objetos, eventos, situações ou
propriedades que possuem atributos de critérios comuns e que são designados por algum
símbolo ou signo. Ele considera importante e necessário estudar conceitos, pois, em sua
opinião, "o homem vive em um mundo de conceitos em vez de objetos" (AUSUBEL; NOVAK;
HANESIAN, 1997, p. 105), que nos permitem perceber a realidade através um filtro
conceitual, que permite adquirir ideias abstratas sem experiência empírico-concreta, que
servem tanto para categorizar novas situações dentro de campos de conhecimento
existentes quanto para servir como pontos de ancoragem para assimilação e descoberta de
novos conhecimentos.
Para ele, o processo específico de formação do conceito caracteriza-se pelo fato de ser
espontâneo, sem orientação, de natureza indutiva, onde os atributos dos critérios do
conceito são adquiridos por meio da experiência direta, passando por sucessivas etapas de
geração de hipóteses. , verificação. e, finalmente, generalização do mesmo. Embora, como
foi dito, este seja um processo que ocorre principalmente na criança pré-escolar, ele
considera que pode ocorrer em qualquer idade, o que amplia o espectro de sua presença e
significado no processo educacional (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1997, 1997).
619
de formação de conceitos está amadurecendo, de tal forma que, segundo ele, os atributos
dos critérios concretos são progressivamente substituídos por atributos de natureza mais
abstrata. Em tudo isso, a linguagem desempenha um papel importante ao facilitar, por meio
das propriedades de representação das palavras, os processos de transformação do
pensamento aqui envolvidos; melhorando e aperfeiçoando os significados por meio da
verbalização e, assim, aumentando seu poder de transferência (AUSUBEL; NOVAK;
HANESIAN, 1997).
Entendendo os signos como aqueles estímulos criados artificialmente pelo indivíduo para
influenciar seu próprio comportamento ou o de outros, para ele a sinalização (como um
processo de criação e uso de signos) representa um novo princípio de atividade que delimita
e especifica a natureza da psique humana. (VYGOTSKY, 1994).
A partir daqui, Vygotsky concebe o conceito como uma formação qualitativamente nova que
não pode ser reduzida aos processos mais elementares que caracterizam o
desenvolvimento do intelecto em seus estágios iniciais, é uma nova forma de atividade
intelectual e um novo modo de comportamento onde se tem consciência de si mesmo.
próprias operações intelectuais como resultado de mudanças substanciais autênticas, que
incluem tanto o conteúdo quanto a forma de pensamento. Na sua opinião, isso ocorre de
forma verdadeiramente completa na fase da adolescência e ele a valoriza como um
fenômeno fundamental de toda a idade de transição. Nesse sentido, considera que "a
formação de conceitos é justamente o núcleo fundamental que reúne todas as mudanças
que ocorrem no pensamento adolescente" (VYGOTSKY, 1991, p. 59).
620
do crescimento social e cultural total do adolescente constitui uma função psíquica superior
mediada por aquele signo específico que é precisamente a palavra, que é usada
conscientemente como meio para a própria formação de conceitos.
Mesmo quando Vygotsky se opõe ao exagero do papel da percepção visual direta e das
experiências concretas na criança, o que leva a sugerir que ela mesma não sabe pensar
abstratamente, considera que nessa idade o que existe são equivalentes funcionais de
conceitos ou palavras que nomeiam classes conhecidas ou grupos de elementos visuais
relacionados entre si por características visualmente comuns, e não por conceitos
totalmente formados.
621
Em algumas ocasiões, Ausubel identifica a existência real apenas com a existência objetiva,
quando, por exemplo, caracteriza o conceito como "uma abstração ou uma ideia genérica
que realmente não existe" (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1997, p. 59), embora em outros
lugares esclarece que tal irrealidade dos conceitos se refere ao mundo físico.
O exposto baseia-se neste autor no fato de que no nível lógico a consideração do significado
lógico do conhecimento nada tem a ver com sua validade empírica, o que na verdade
mostra que Ausubel assume e opera sobretudo com uma lógica formal. , ou seja, dizer, que
desconsidera e não trata da análise e verificação do conteúdo específico a que se referem
os conhecimentos em geral e os conceitos em particular. Quando Ausubel identifica o
abstrato com o formal (AUSUBEL; NOVAK: HANESIAN, 1997, p. 209), isso leva a pensar
em conceitos à perda de conteúdo e, portanto, de validade operacional real.
Mas esta, por sua vez, é uma expressão da concepção ausubeliana segundo a qual os
conceitos capturam as características comuns das classes de objetos na realidade
(AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1997). No entanto, como se sabe, o essencial não pode
ser identificado ou refletido simplesmente pelo comum; pois geralmente se o conceito
pretende reproduzir o essencial, isso não se consegue a partir da detecção dos aspectos
repetíveis sensorialmente perceptíveis, mas sobretudo refletindo a lei interna do movimento
do objeto. Aqui se expressa a confusão entre o essencial e o universal (por um lado) e o
repetível e o comum por outro.
Todos os itens acima são baseados na visão estreita e unilateral da prática de Ausubel.
Embora seja correto o entendimento ausubeliano de que a prática não é uma variável da
estrutura cognitiva, mas um fator social que a influencia; interpretação dela como
622
"apresentações repetidas de uma mesma tarefa de aprendizagem" (AUSUBEL; NOVAK;
HANESIAN, 1997, p. 276) manifesta claramente, primeiro, sua redução ao campo
educacional, e segundo, sua simplificação e empobrecimento ao restringi-la a uma atividade
repetitiva, limitada ativos e substancialmente não criativos.
Por outro lado, a distinção ausubeliana entre formação e assimilação de conceitos ainda é
extremamente convencional, pois quando o indivíduo assimila ativamente um conceito,
evidentemente o resultado não é o mesmo conceito que lhe foi apresentado, mas sim aquele
que carrega a marca de sua peculiar estrutura cognitiva, interesses, necessidades e
objetivos, ou seja, um conceito que é refeito e reformado.
Tudo isto, sem deixar de ser verdade, pode levar ao perigo de que a escola se adapte
eficazmente e aceite passivamente esta situação, e renuncie ao propósito de promover e
formar na maioria dos membros da sociedade as capacidades não só de receber
conhecimento feito, mas para assimilá-lo criativamente e descobri-lo permanentemente.
Precisamente, Ausubel considera que a escola só pode contribuir para a realização da
criatividade como capacidade "naqueles raros indivíduos que já possuem as potencialidades
necessárias" (AUSUBEL: NOVAK; HANESIAN, 1997, p. 509), que francamente frisa com
posições elitistas que deve ser evitado.
Esta é uma expressão que Vygotsky conscientemente assume e usa a abordagem lógica
dialética, interpretada materialmente, no estudo da evolução da realidade e seu reflexo
623
A formação de novos conceitos ocorre em relação direta com todo o resto e, quando eles
aparecem, inserem-se no sistema conceitual previamente existente, o que reordena e
aperfeiçoa tal sistema, que representa uma característica relevante de sua existência e
funcionamento.
624
NOVAK; HANESIAN, 1997, p. 151), que suprime a diferença essencial entre o caráter
material da prática e o ideal do pensamento; porém, em sua concepção prevalece o
reconhecimento de que os problemas que a própria vida coloca ao adolescente, bem como
sua incorporação ativa a ele, são o principal estímulo para o desenvolvimento de formas
superiores de pensamento, inclusive o de conceitos; levando em consideração a atividade
prática do ser humano (e especificamente a atividade laboral como fator fundamental no
desenvolvimento cultural do indivíduo e da sociedade) em toda a sua complexidade,
mediada tanto pelas ferramentas materiais quanto pelas ferramentas do pensamento que
contribuem para as operações intelectuais. Com isso, Vygotsky desenha toda a
complexidade e natureza multilateral desse peculiar fenômeno humano.
Com base em tudo o que foi exposto, este autor defende o fato real de que, através do
desenrolar do processo de formação do conceito, se realiza uma reflexão com maior
profundidade e verdade da realidade, como um processo gradual e infinito de aproximação
da imagem intelectual. o fenômeno à sua essência real, contraditória e dinâmica.
Da mesma forma, quando Vygotsky afirma que: "O adolescente, com a formação dos
conceitos, entra em um caminho de desenvolvimento que o levará mais cedo ou mais tarde
a dominar o pensamento dialético" (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1997, p. 68), oferece
uma imagem desse processo, pois não é automático, inevitável, nem seguro ou inviolável
que o adolescente venha a dominar um pensamento dialético na formação de conceitos,
uma vez que dela participam outros fatores, como as tarefas ou atividades que são
desenhadas pelo professor e a serem realizadas pelo aluno, seu grau de maturação
intelectual, suas motivações e permanência escolar, o ambiente familiar e social, entre
outros.
Considerações finais
É por isso que, do nosso ponto de vista, tanto Ausubel quanto Vygotsky oferecem
referências essenciais a serem levadas em conta para compreender e implementar o
complexo e relevante processo de formação de conceitos no espaço educacional.
625
- o uso de conhecimentos pré-existentes para ela, embora não tanto individualmente, mas
sobretudo nos espaços coletivos em que ocorre na sala de aula e na escola, promovidos por
colegas de estudo e professores;
- ter em conta e promover ambos aprendizagem por recepção como por descoberta,
mesmo na escola;
Ela manifesta uma das funções mais importantes da escola como instituição social ao
preparar o ser humano para a vida, ao capacitá-lo a se apropriar do mais alto elaborado e
acumulado pela humanidade que o precedeu, além de colocá-lo no nível de seu tempo. e
oferecer-lhe as ferramentas intelectuais para transformar sua realidade e humanizar seu
ambiente, transformando-o em um ser ativo motivado pelos interesses da maioria, o que
também chama a atenção para a dimensão ética da formação de conceitos, não como pura
ou exclusivamente fenômeno intelectual, mas antes de tudo e essencialmente humano.
626
REFERENCIAS
AUSUBEL, David. The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view. Boston:
Kluwer, 2000.
AUSUBEL, David. The psychology of meaningful verbal learning. New York: Grune &
Stratton, 1963.
com/8da7v-xs3qy3/formacion-de-conceptos-y-categorias-en-psicologia-del-pensam/>
Acceso en: 21 mar. 2014.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Historia del desarrollo de las funciones psiquicas superiores:
La Habana: Cientifico-Técnica, 1987
VYGOTSKY, Lev Semenovich. La formación social de la mente. Sao Paulo: Martins Fontes,
1994.
Matanzas, Cuba.
627