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APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Existem diferentes teorias de aprendizagem que contemplam diferentes estratégias de


ensino. As principais são:

 Teoria cognitiva, que foca nas habilidades mentais fundamentais para a


formação do conhecimento. Alguns exemplos dessas habilidades são:
conhecimento, memória, raciocínio, linguagem.
 Teoria afetiva, que propõe que a assimilação do conhecimento se dá por meio
de experiências internas. Por exemplo: sensações de prazer, bem estar e
formação de vínculos.
 Teoria psicomotora: pondera a aprendizagem a partir da linguagem corporal e
das respostas musculares adquiridas pela prática e treino.

Neste texto, vamos abordar uma teoria mais específica: a aprendizagem significativa!
Ela é derivada da teoria de aprendizagem cognitiva e tem como seu principal
pensador e teórico David Ausubel, importante psicólogo da educação estadunidense.

Ausubel traçou sua Teoria de Aprendizagem Significativa entre 1963 e 1968. Em 2003,
o autor reiterou suas pesquisas e, nesse meio tempo, a teoria recebeu contribuições de
outros autores, como Joseph Novak e Helen Hanesian, além de Marco Antônio Moreira,
no Brasil.

Em suas pesquisas, além de se basear nos aspectos cognitivos, David Ausubel descreve
o processo de aprendizagem seguindo uma perspectiva construtivista, que também
tomava forma no mesmo período histórico dos anos 1960.

As teorias construtivistas consideram que para que as pessoas construam novos


conhecimentos, elas precisam se basear em experiências e conhecimentos já
adquiridos.

Atualmente, quando buscamos informações sobre a aprendizagem significativa, nos


deparamos com inúmeros conteúdos voltados para educação infantil. E não é por
menos, a Teoria de Aprendizagem Significativa proposta por Ausubel fala muito do
início de processos de aprendizagem, logo na infância.

Entretanto, os ensinamentos do autor e dos colaboradores da teoria também podem e


devem ser aproveitados no ensino superior! Continue a leitura para saber mais sobre o
que é a aprendizagem significativa, sua importância, como ela acontece, quais os tipos e
mais!

O que é, afinal, aprendizagem


significativa?
Podemos considerar a aprendizagem significativa aquela em que as ideias expressas de
maneira simbólica interagem de forma substantiva e não arbitrária com aquilo
que o estudante já sabe. Para compreender melhor essa definição, abaixo você confere
os conceitos de não-arbitrariedade e substantividade, segundo Ausubel.

 Não-arbitrariedade do material: ocorre quando o material potencialmente


significativo é relacionado de maneira não-arbitrária com o conhecimento que já
existe para o aluno. Nesse contexto, a relação entre o aprendiz e o material não
se dá por qualquer aspecto da estrutura cognitiva, mas através de conhecimentos
relevantes específicos. Assim, o conhecimento prévio serve como base para
fixação de novos conhecimentos.
 Substantividade: indica que é a substância do novo conhecimento e ideias que é
incorporado à estrutura cognitiva do estudante. Isso quer dizer que não são as
palavras específicas usadas por um professor ou educador para expressar essas
ideias que são absorvidas e utilizadas para construção do conhecimento. Afinal,
diferentes maneiras, signos, símbolos e palavras podem ser usados para explicar
um mesmo conceito. 
 Disponibilidade do sujeito para aprendizagem significativa: além da não-
arbitrariedade e da substantividade, um outro fator determinante para que ocorra
a aprendizagem significativa, para David Ausubel e os contribuidores Hanesian
e Novak, é a disponibilidade do sujeito. Isso significa que, para que a
aprendizagem significativa ocorra, é necessária uma predisposição favorável do
sujeito.

E assim como em outras teorias educacionais de base construtivista, o que o aluno já


conhece é um fator importantíssimo para os processos de aprendizagem
significativos. Dessa forma, Ausubel se baseia nessa premissa e considera que os
conhecimentos prévios dos alunos podem atuar como pontos de ancoragem de novas
ideias.

De forma resumida, podemos considerar que a aprendizagem significativa se dá com a


atribuição de significado a um novo conhecimento a partir da relação dele com os
conhecimentos prévios do estudante.

Quais os tipos de aprendizagem


significativa?
Existem diferentes formas de como a aprendizagem significativa pode ocorrer. Entre
elas, estão:

Aprendizagem representacional
É vista como um dos tipos mais básicos de aprendizagem significativa, e mais
semelhante à aprendizagem automática e mecânica. E está relacionada com
o significado de palavras e de símbolos individuais.
Nesse processo, o aluno vai relacionar o objeto aos símbolos que o representam, sendo
os símbolos convencionais. Essa convencionalidade permite que o indivíduo conheça e
organize seus conhecimentos, nomeando, classificando e definindo funções.

Aprendizagem conceitual
Esse tipo de aprendizagem também se baseia em símbolos individuais e se deriva da
aprendizagem representacional. Desse modo, esses dois tipos de aprendizagem são
interdependentes.

A aprendizagem conceitual é considerada um tipo complexo de aprendizagem


representacional, em que o ensino vai além de um caráter nominalista ou
representacional, sendo substantivo e não arbitrário.

Aprendizagem proposicional
Esse tipo de aprendizagem se dá a partir dos significados expressos por grupos
de palavras combinadas em frases ou proposições.

Mais uma vez, ela é interdependente das relações representacionais e conceituais, sendo
o tipo mais complexo entre eles.

Aprendizagem subordinada
Nesse tipo de aprendizagem, ocorre uma hierarquização e organização dos conteúdos.
Esse processo é feito pela estrutura cognitiva por meio da associação do novo material
aos conhecimentos prévios.

A aprendizagem subordinada pode se manifestar de duas maneiras:

 Aprendizagem subordinada derivativa: quando o novo conceito é advindo de um que


já existe na estrutura cognitiva.
 Aprendizagem subordinada correlativa: quando o novo conceito é parecido com um
que já existe na estrutura cognitiva. Ele é então compreendido como uma elaboração,
modificação, extensão ou quantificação do conceito já conhecido.

Aprendizagem superordenada
No caso da aprendizagem superordenada, o conceito aprendido é mais abrangente do
que o pré-existente. Nesse contexto, o novo conceito, mais completo, substituiu o
anterior.

Aprendizagem combinatória
Esse tipo de aprendizagem significativa engloba os conceitos novos que não são
classificados como subordinados ou superordenados. Eles correspondem
às generalizações que esclarecem e incluem algo aos conhecimentos já existentes.
Como acontece a aprendizagem
significativa?
De forma resumida, podemos considerar que esse tipo de aprendizagem
acontece quando uma nova ideia é relacionada aos conhecimentos prévios em um
momento ou situação de relevância para o estudante.

Por meio desse processo, o aluno é capaz de ampliar e atualizar suas informações
anteriores, além de atribuir novos significados aos seus conhecimentos prévios.

Leia também: Saiba como desenvolver o ensino por competências na educação


profissional

Conheça 7 características de uma


aprendizagem significativa
Você já sabe o que e quais são os tipos de aprendizagem significativa, que tal saber
mais sobre suas características? A partir disso, você poderá olhar para os processos
significativos que deseja implementar, na sua IES ou sala de aula, e compreender se
estão aderentes ao que preconiza essa técnica.

Com isso, você poderá identificar em qual medida já implementa esses atributos e


quais são os pontos de melhoria, ou seja, aqueles em que ainda há dificuldade de aderir
em sua prática profissional ou em sua IES. 

Separamos 7 características que são centrais para conhecer um pouco mais sobre esse
método de ensino-aprendizagem. Confira:

1. As relações são o foco


Neste caso, a palavra relações não está conectada apenas às vivências coletivas, aos
relacionamentos, mas à forma como o sujeito conecta situações já vividas àquelas que
vê pela primeira vez. 

É como estudar os critérios para montarmos um quebra cabeças. A escolha das peças
pela sua cor ou formato está ligada ao conhecimento prévio de que as peças possuem
encaixes únicos e/ou que já existe um conjunto de peças com aquele esquema de cores. 

Dessa forma, acabamos completando informações com o que já sabemos, ou


conhecemos. Uma maneira de contribuir para a organização do caos, que é o
desconhecido. Com isso, os marcos conceituais tornam-se nossa referência para seguir
numa trilha de aprendizado. 
2. Modos tradicionais de ensino não se adaptam
A aprendizagem significativa é uma daquelas formas de olhar para a educação que
pedem que o educador revisite seus modos de atuar e até mesmo de pensar. E isso pode
fazer com que muitos deles tenham que abandonar algumas práticas. 

Não é uma metodologia que pode ser aplicada parcialmente, já que os sistemas
tradicionais de memorização, que nos fizeram saber até hoje fórmulas matemáticas
complexas, que não necessariamente sabemos quando utilizar, não estão dentro dos
principais pilares desse tipo de aprendizagem. 

Até os tipos de avaliação vão precisar ser repensados para que contemplem a


complexidade da criação de uma rede de relações na aprendizagem significativa. 

3. Beber de fontes culturais é essencial


Que a educação e a cultura são complementares, todos sabemos. Mas na aprendizagem
significativa é preciso ir além das camadas superficiais da cultura como conhecemos.
Além de ser ligada às atrações culturais, ela tem uma dimensão de vivência social.

Uma imersão do docente nesse contexto é um caminho sem volta para um processo de


ensino-aprendizagem significativo e de qualidade. É o professor que irá transpor esse
olhar para suas aulas. 

É preciso demonstrar aos alunos as construções sociais que formam o mundo como


ele é hoje, para que sejam capazes de entender porque há diferentes manifestações
culturais, e como é possível ensinar e aprender a partir delas. 

4. Atividades devem engajar


 Se as atividades não engajam numa proposta significativa algo está errado! O interesse
do aluno diante dessa forma de aprender e ensinar deve ser diferente daquelas tarefas
tradicionais. Isso porque a autonomia do aluno faz com que ele queira crescer e
melhorar seus marcos conceituais. 

Para isso, é preciso compreender se há algum tipo de quebra de confiança entre


professor e aluno, se há espaço para troca de ideias e feedbacks dos discentes, se o
professor está apto para guiar o processo com aqueles alunos e se a ancoragem com os
eventos da realidade, para criação de exemplos, está firme o suficiente para promover o
aprendizado.

5. O planejamento precisa ser adequado


Neste caso, a palavra adequação está ligada a uma adaptação contextual aos alunos.
O planejamento educacional do conteúdo deve ser feito considerando que as múltiplas
dimensões culturais do processo de aprendizagem significativa são parte da essência
dessa forma de ensinar. 
O modo de traçar as ações em sala de aula deve considerar os objetivos daquela
disciplina ou curso. Ou seja, a finalidade deve vir antes mesmo de decidir o método.
Dessa forma, eles serão mais adequados e aderentes às metas da disciplina e da IES.

Esteja preparado para revisitar esse planejamento com frequência. Mesmo com um


objetivo único, as demandas acadêmicas podem precisar ser revistas de acordo com a
necessidade dos estudantes. 

6. O material não pode ser escolhido


arbitrariamente
Se queremos promover ancoragens culturais e construção de marcos conceituais que
possam sempre ser atualizados, a escolha dos recursos utilizados em sala de aula
também deve estar ligada a uma dimensão significativa, que promova conexões com
os exemplos a serem empregados. 

Isso pode tirar o professor da zona de conforto. Quantas vezes replicamos as mesmas


aulas para turmas diferentes, em alguns casos por décadas! Isso pode parecer muito
drástico, mas é o que acontece com muitos educadores que são referência em suas
áreas. 

É preciso buscar materiais adequados para os alunos que ali estão. Eles trazem consigo
muitas dúvidas e conhecimentos particulares, que não devem ser ignorados em prol
de um modo de operação padrão.

7. A aprendizagem significativa é uma via de mão


dupla
Os esforços dos educadores podem ser os mais completos e complexos, abarcando toda
a conjuntura cultural do momento e de seus alunos, mas se não há reciprocidade nesse
processo, é impossível continuar. 

Muitas vezes os professores conseguem uma abertura inicial que auxilia na promoção


de diagnósticos e na confecção de bons planejamentos, alinhados aos propósitos da
aprendizagem significativa. 

Mas a manutenção dessa situação pode ser difícil, diante do desestímulo e consequente
baixa participação do estudante. Diante disso, não é possível seguir com as informações
iniciais, como se elas fossem uma pintura do cenário atual. É preciso retomar as
relações e reconquistar esse espaço de trocas.
Como aliar tecnologia e aprendizagem
significativa?
Uma das dúvidas que pode ficar após compreendermos um pouco melhor sobre a
aprendizagem significativa é: como aliar as tecnologias a um contexto que parece
carecer de contato, de uma grande carga de trocas e de uma imersão cultural?

É inegável a inserção social em uma dimensão mediatizada. Mas as mediações não são,
necessariamente, perdas para o processo educativo. É preciso saber ensinar dentro deste
contexto, que é o mesmo de quase todos os alunos, logados diariamente em sites, redes
sociais, jogos e aplicativos. 

A educação à distância é um dos exemplos disso. Alguns alunos podem passar o curso
inteiro sem conhecer os professores e colegas pessoalmente mas, ainda assim,
desenvolver vínculos e conhecer um pouco mais da realidade dos outros discentes e
docentes. 

A tecnologia na educação pode ser benéfica porque insere a IES em um contexto de


inovação. Em um momento que há quebra de modos certos ou errados de ensinar, e
mudança de métodos pela inserção dessas tecnologias, pode ficar mais fácil conduzir a
jornada de ensino-aprendizado em uma dimensão significativa. 

A conexão com a internet e as novas tecnologias nos dão uma dimensão ainda maior
dos diferentes perfis que compõem as turmas das IES, fazendo com que possamos
pensar um ensino mais personalizado, com trocas valiosas. 

Um ponto de atenção é a habilidade dos professores em acompanhar essas mudanças. É


preciso capacitá-los para que façam uso adequado da tecnologia, promovendo
melhorias no processo de ensino-aprendizagem. 

A abertura para que o aluno proponha e ensine também pode ser um ponto extra para a
educação alinhada à tecnologia. A curiosidade e motivação dos estudantes são
atributos essenciais da aprendizagem significativa.  

A construção do conhecimento dos alunos precisa passar pelo uso de tecnologias. Isso
os prepara para os desafios profissionais que irão enfrentar em suas jornadas, tornando-
os mais capacitados para o mercado de trabalho. 

Qual a importância da aprendizagem


significativa?
Como vimos, esse tipo de aprendizagem só ocorre se o aluno vê relevância na situação e
relaciona os novos conhecimentos às suas concepções prévias. E nessas condições, ele é
capaz de absorver e interiorizar as novas informações com maior facilidade e
profundidade.

Além disso, a aprendizagem significativa possibilita que os alunos aprendam de


diferentes formas, apliquem distintos tipos de inteligência, e se expressem de
variados modos. Isso oferece maior liberdade, independência e autonomia para que os
alunos realmente aprendam da melhor forma para cada um.

Para saber como aplicar a aprendizagem significativa na sua instituição de educação


superior (IES) e como estimular essa autonomia dos alunos, continue a leitura!

Como aplicar a aprendizagem


significativa na IES?
Já introduzimos que a aprendizagem significativa é muito procurada para ser aplicada
na educação básica, especialmente em instituições de educação construtivistas.

Entretanto, essa teoria da educação pode ser aplicada também no ensino superior! E isso
independentemente das aulas ocorrerem nos formatos EaD, semipresencial ou
presencial.

Abaixo você encontra diferentes dinâmicas, ferramentas e metodologias que podem


auxiliar a aplicação da aprendizagem significativa na sua IES. Confira!

Mapas conceituais
Conhecidos também como mapas mentais, os mapas conceituais são uma excelente
ferramenta para aplicação da aprendizagem significativa. Essa técnica foi desenvolvida
por Joseph D. Novak e outros pesquisadores e professores da Universidade de Cornell,
nos Estados Unidos, na década de setenta.

Eles podem ser considerados um tipo de diagrama que tem como objetivo estimular a
memorização e o aprendizado a partir da gestão de informações e de conhecimento. Isso
porque, com esses mapas, é possível traçar uma representação visual das relações
entre conceitos ou informações.

Dessa forma, os estudantes podem relacionar novos conhecimentos com aqueles pré-
existentes, adicionando e estabelecendo um contexto para concretizar novos
significados.

Além de permitir uma maior absorção de informações e entendimento dos estudantes,


ao propor aos alunos a produção de mapas mentais, os professores também estão
estimulando o protagonismo dos estudantes em seus próprios processos de
aprendizagem.

V epistemológico
O V de Gowin, Diagrama V, ou V epistemológico, é um instrumento que foi idealizado
pelo educador americano D. Bob Gowin nos anos 1980. 

Esse instrumento heurístico tem o formato de um “V” e é projetado para examinar a


estrutura do processo de produção de conhecimento.

Uma vez que se trata de uma ferramenta de metaconhecimento, o diagrama V também


pode ser considerado um instrumento para facilitar a aprendizagem significativa.

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