Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Departamento de Ciências Aeroespaciais


Edifício 2 das Engenharias - Calçada Fonte do Lameiro, 6200-358 Covilhã
 (275) 329732 * Telefax (275) 329768

Dinâmica e Controlo do Voo

Capítulo 2 – Forças e Momentos

Prof. K. Bousson

Outubro de 2022
2.1. Forças

As forças que atuam sobre uma aeronave (de asa fixa) são designadas por
X, Y e Z (figura 2.1) no referêncial da aeronave. Estas podem ser
visualizadas como componentes do vetor resultante de todas as forças que
atuam no centro de gravidade da aeronave (fig. 2.1).

Figura 2.1. Forças e momentos

Com estas forças, definem-se os seguintes coeficientes aerodinâmicos:


X
Cx  (coeficiente da força longitudinal X)
QS

Y
Cy  (coeficiente da força transversal ou lateral Y)
QS

Z
Cz  (coeficiente da força vertical Z)
QS

onde Q  V 2 2 é a pressão dinâmica, e S a superfície de referência da asa.

2
Figura 2.2. Forças e momentos na referência aerodinâmica

No referêncial aerodinâmico (fig. 2.2), obtêm-se as seguintes forças:


 L : a força de sustentação;
 D : a força de arrasto;
 T : a força de tração;
 W  mg : peso da aeronave ( m : massa da aeronave; g : aceleração
gravítica).

Têm-se as seguintes expressão para a força de sustentação e a de arrasto:


L  QSCL

D  QSCD

CL sendo o coeficiente de sustentação e CD o coeficiente de arrasto.

Na fase estacionária (da tração), a tração pode ser expressada por:


T   T .Tmax

onde T é a posição da manete, e Tmax a tração máxima disponível. De


facto, a tração máxima disponível Tmax depende da altitude h de voo e da
velocidade aerodinâmica V da aeronave. Portanto, pode escrever-se:

T   T .Tmax (h, V )

3
Na fase transitória (da tração), a variação da tração T em função da posição
 T   0,1 da manete é modelada por uma equação diferencial da primeira

ordem:
1
T  ( T Tmax ( h, V )  T )

onde  é a constante do tempo do motor (ou do sistema de propulsão).

A tração Tmax é calculada segundo a seguinte relação:


 
 tK  2
  ( h) 
Tmax (h,V )  T *
   
t 
 0 
max
 0, K 

Onde os parâmetros  e  caracterizam o tipo de motor, e Tmax


*
é a potência
total do motor, tK e t0,K são respetivamente as temperaturas absolutas
(graus Kelvin) na altitude de voo da aeronave e no nível do mar na
atmosfera padrão. A tabela 2.1, em baixo, dá valores indicativos dos
parâmetros do motor segundo o tipo de motor.

Tabela 2.1: Parâmetros da tração


Tipo de propulsor  
Reator subsónico 0 1
Reator supersónico 1 1
Turbopropulsor, -1 1
motor a pistão
Foguete 0 0
Reator duplo fluxo entre –1 e 0 1

Nota-se também que em geral os valores de Tmax podem ser obtidos


experimentalmente para vários valores de V e de h como na (tabela 2.2)
abaixo. Neste caso pode criar-se uma função que aproxime o valor da
tração para dados valores de V e de h que não estejam necessariamente na
tabela.

4
Tabela 2.2: Exemplo de tabela de tração em função da velocidade (V) e da altitude (h)
h (m)
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
0 83.4 78.7 74.1 69.7 65.4 61.3 57.4 53.6 50.0 46.5 43.2
5 75.1 70.8 66.6 63.3 59.5 55.7 52.7 49.2 46.4 43.2 40.5
10 69.7 65.7 62.2 58.8 55.2 52.0 48.9 45.9 43.1 40.3 37.6
15 64.4 61.0 57.6 54.2 51.0 48.0 45.1 42.4 39.7 37.1 34.7
20 59.9 56.6 53.3 50.3 47.5 44.6 41.9 39.3 36.8 34.4 32.1
V m/s) 25 56.1 53.0 50.1 47.2 44.5 41.9 39.3 36.9 34.6 32.3 30.2
30 53.3 50.4 47.5 44.8 42.2 39.8 37.4 35.1 32.8 30.7 28.6
35 50.9 48.1 45.4 42.8 40.3 38.0 35.7 33.4 31.3 29.3 27.3
40 48.7 46.0 43.4 40.9 38.6 36.3 34.1 31.9 29.9 27.9 26.1
45 46.4 43.9 41.4 39.0 36.8 34.6 32.4 30.4 28.5 26.6 24.8
50 44.1 41.7 39.3 37.1 34.9 32.8 30.7 28.8 26.9 25.2 23.4
55 41.7 39.4 37.2 34.9 32.9 30.9 29.0 27.2 25.4 23.7 22.0
60 39.3 37.2 34.9 32.9 31.0 29.1 27.3 25.6 23.8 22.3 20.7

2.2. Momentos

A aeronave está sujeita aos seguintes momentos (ver figura 2.1):

L (ou ) : momento de rolamento,

M : momento de arfagem,

N : momento de guinada,

Estes momentos permitem definir os seguintes coeficientes de momentos:


L (ou )
C  (coeficiente do momento de rolamento)
QSb

M
Cm  (coeficiente do momento de arfagem)
QSc

N
Cn  (coeficiente do momento de guinada)
QSb

onde c é a corda média e b a envergadura de referência.

5
2.3. Variáveis de Controlo Convencionais
(Aeronaves de Asa Fixa)

2.3.1. Superfícies de Controlo

As superfícies de controlo são: o leme horizontal ou profundor, o leme


vertical ou “rudder” e os ailerons. Estas produzem forças e momentos
aerodinâmicos cujas magnitudes dependem da deflexão destas mesmas
superfícies.

Figura 2.3. Superfícies de controlo convencionais

Leme horizontal ou profundor: este controla o movimento de


arfagem da aeronave. O profundor é apenas a parte traseira móvel da cauda
horizontal. Este é um dispositivo articulado preso a uma superfície fixa
chamada estabilizador horizontal. O profundor e o estabilizador horizontal
formam um aerofólio único, o profundor sendo a parte que altera a
curvatura (perfil) deste aerofólio.
Leme vertical ou “rudder”: o rudder controla o movimento de
guinada da aeronave. O rudder é apenas a parte traseira móvel da cauda
vertical. Este é um dispositivo articulado preso a uma superfície fixa
chamada estabilizador vertical. O rudder e o estabilizador vertical formam
um aerofólio único, o rudder sendo a parte que altera a curvatura (perfil)
deste aerofólio.

6
Ailerons: estes controlam o movimento de rolamento da aeronave.
Os dois ailerons mexem-se no sentido oposto um ao outro. O ângulo de
deflexão do conjunto (dos ailerons) é portanto a média algébrica dos
ângulos de deflexão em ambos os lados.

2.3.2. Variáveis de Controlo

As variáveis de controlo convencionais para uma aeronave de asa fixa são:


 e : deflexão do elevador,

 r : deflexão do leme vertical (rudder),

 a : deflexão dos ailerons,

T : posição (fração) da manete de potência.

2.4. Derivadas de Estabilidade e de Controlo

c
CL  C L0  CL   (CL   CLq q)  CL  e , coeficiente de sustentação
2V e

c
CD  CD0  CD   (CD   CDq q)  C D  e , coeficiente de arrasto
2V e

ou: CD  CD 0  KCD1 .CL  KCD2 .CL ,


2

C y  C y   C y  a  C y  r , coeficiente da força lateral


a r

b
Cl  Cl   (Cl p p  Clr r )  Cl  a  Cl  r , coeficiente do momento de rolamento
2V a r

c
Cm  Cm0  Cm   (Cm   Cmq q)  Cm  e , coeficiente do momento de arfagem
2V e

b
C n  C n   (Cn p p  Cnr r )  Cn  a  Cn  r , coeficiente do momento de guinada
2V a r

As derivadas de estabilidade são:

CL0 , C L , CL , CLq , CD0 , CD , CD , C Dq , C y , Cl , Cl p , Clr , Cm0 , Cm , Cm , Cmq , Cn , Cn p , Cnr .

As derivadas de controlo são:

C L , C D , C y , C y , Cl , Cl , Cm , Cn , Cn .


e e a r a r e a r

Você também pode gostar