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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA UNIVERSIDADE
REGIONAL DO CARIRI - URCA
CENTRO DE HUMANIDADES DO
CAMPUS PIMENTA – CH
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA - DH
COORDENAÇÃO DO CURSO DE
HISTÓRIA
Disciplina: Psicologia do
Desenvolvimento.
3° Semestre de História
Docente: Carlos Almeida de Sá
Discente: Maria Denise Rodrigues da
Silva
Avaliação 2:
Com base na abordagem sócio-histórica de Lev Vygotsky, até que ponto
os fatores culturais influenciam ou influenciaram na concepção da parte
do corpo que você deseja mudar?
Ao falar de Vygotsky, pensamos também em sua teoria e como ela contribuiu
para os estudo sobre o desenvolvimento humano, desde a infância,
adolescência até a vida adulta de uma pessoa, como a partir da sua
abordagem o mundo a nossa volta consegue ser entendido, desmistificado,
explicado e até mesmo criticado, através do pensamento crítico.
Quando falamos de vida em sociedade e a experiência atual que temos
vivenciado no século XXI, não podemos deixar de pensar em como o meio nos
influência, após a ascensão das redes socias então, essa influência se
amplificou de forma colossal.
Sabemos que Vygotsky, defende que nossos comportamentos como
indivíduos, não são puramente individuais, mas que está diretamente ligado à
nossa cultura, sociedade e as visões de mundo predominantes em nosso meio.
As redes sociais estabelecem atualmente um padrão de beleza altíssimo, e
nem somente de beleza, mas também de bem-estar, de como se cuidar, de
como se portar, de como falar, como e com o quê, se vestir, a aparência do
rosto ideal, as características de uma pele ideal, “lisinha”, “bundinha de
neném”. Sem poros dilatados, sem manchas solares, sem marcas de acne,
sem linhas de expressões, sem olheiras.
E sem falar do padrão estabelecido para está no mundo, para ser considerado
produtivo, significativo, relevante, até para se ter “um propósito de vida”. Eu
particularmente, escolhi meus seios como algo que eu desejo muito mudar, e
não é de hoje que esse desejo é intrínseco a mim, mas eu sei que à vários
motivos pelos quais eu desejo levantar os seios, colocar silicone neles,
remodela-los.
Os que foram citados na atividade feita em sala de aula são somente “a ponta
do iceberg”, talvez para não admitir minhas dores, a forma como eu odeio me
sentir afetada e diminuída por ter os seios que tenho, talvez para não mostrar
minha vulnerabilidade, eu tenha dito: é porque meus seios fazem minha coluna
doer, é porque eles são muito pesados, e outras tantas coisas que envolvem
minha saúde física.
É por isso também, claro! Mas é principalmente por ver “às meninas da minha
idade”, com seios pequenos, firmes, bonitos. É por toda foto de alguém de
biquini, em uma rede social me fazer me sentir feia, é por entrar em lojas e sair
frustrada do provador, porque a blusa não passou dos ombros, é por ter uma
dificuldade imensa de achar algo que sirva em mim, é pelo nó na garganta que
dá, e o choro iminente ao ver que algo serviu, mas não é meu estilo, não é a
blusinha da moda que todo mundo está usando.
Eu poderia dizer que é só pela minha autoestima, mas até mesmo minha
autoestima está conceituada em um meio que me cerca, um padrão de beleza
preestabelecido, uma blusa que todas as garotas da minha idade estão usando
e eu queria usar, na tentativa subconsciente de me sentir incluída, pertencente,
aceita.
Então, sim! O meio social que Vygotsky, diz nos influenciar. Também influencia
no quanto eu gosto ou desgosto do meu próprio corpo, a máquina de vender
chamada capitalismo é como uma trituradora emocional, que cada dia vai nos
deixando mais ansiosos, deprimidos e descontentes, pois naturalmente, se o
meio nos influencia, e sabemos que ele influencia.
Se naturalmente somos assim, e se o sistema trabalha para que nos
comparemos aos outros, ou melhor dizendo ao padrão de beleza da mídia,
manipulado a dedo para ser inalcançável, (se assim não fosse, como
venderíamos mais um produto de “beleza”, para solucionar aquele “problema”
no nosso corpo, que acaba com nossa autoestima?).
Se não nos importa fortalecer o ideal da diversidade, das múltiplas belezas, das
essências de cada pessoa, tão única, tão bela a sua maneira. Se não nos
interessa estabelecer para nós e para os outros, que a beleza do outro não
desvalida a nossa, não diminuí, e nem tão pouco é a única que será
considerada, então estamos fadados a viver em angustia, até que a luz do
conhecimento sensibilize nossos corações duros, e nos faça voltar os olhos
para o que realmente importa, a diversidade.

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