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CURSO DE LÍNGUA LATINA:

NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Editora da Universidade Estadual de Maringá

Reitor Prof. Dr. Décio Sperandio


Vice-Reitor Prof. Dr. Mário Luiz Neves de Azevedo
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Equipe Técnica

Projeto Gráfico e Design Marcos Kazuyoshi Sassaka


Fluxo Editorial Edneire Franciscon Jacob
Mônica Tanamati Hundzinski
Vania Cristina Scomparin
Edilson Damasio
Artes Gráficas Luciano Wilian da Silva
Marcos Roberto Andreussi
Marketing Marcos Cipriano da Silva
Comercialização Norberto Pereira da Silva
Paulo Bento da Silva
Solange Marly Oshima
Formação de Professores em letras - EAD

Aécio Flávio de Carvalho


(Autor)

CURSO DE LÍNGUA LATINA:


NOÇÕES FUNDAMENTAIS

9
Maringá
2010
Coleção Formação de Professores em Letras - EAD

Apoio técnico: Rosane Gomes Carpanese


Normalização e catalogação: Ivani Baptista CRB - 9/331
Revisão Gramatical: Manoel Messias Alves da Silva
Edição, Produção Editorial e Capa: Carlos Alexandre Venancio
Vânia Cristina Arruda
Júnior Bianchi
Eliane Arruda

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Carvalho, Aécio Flávio


C328c Curso de língua latina: noções fundamentais / Aécio Flávio de Carvalho -- Maringá:
Eduem, 2010.
118p.:il. 21cm. (Coleção formação de professores em Letras – EAD, n. 9)

ISBN 978-85-7628-290-7

1. Lingua latina - Estudo e ensino. 2. Língua latina – gramática.

CDD 21. ed. 475

Copyright © 2010 para o autor


Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo
mecânico, eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, do autor. Todos os direitos
reservados desta edição 2010 para Eduem.

Endereço para correspondência:

Eduem - Editora da Universidade Estadual de Maringá


Av. Colombo, 5790 - Bloco 40 - Campus Universitário
87020-900 - Maringá - Paraná
Fone: (0xx44) 3011-4103 / Fax: (0xx44) 3011-1392
http://www.eduem.uem.br / eduem@uem.br
S umário

Sobre o autor > 5


Apresentação da coleção > 7
Apresentação do livro > 9

Legendas > 11

CAPÍTULO 1
Preliminares > 13

CAPÍTULO 2
Temas – A / – O: > 21
funções sintáticas do nominativo e do acusativo

CAPÍTULO 3
Temas – A / – O:
funções sintáticas do acusativo e do ablativo
> 33

CAPÍTULO 4
Tema – O: o gênero neutro > 39

CAPÍTULO 5
Temas – A / – O: funções sintáticas do genitivo > 43

3
CURSO DE LÍNGUA LATINA: CAPÍTULO 6
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Temas – A / – O: morfossintaxe do dativo e do vocativo
> 47

CAPÍTULO 7
Tema – I e tema consonantal: terceira declinação
> 55

CAPÍTULO 8
> 63
O verbo: noções gerais. Paradigmas

CAPÍTULO 9
O adjetivo: classes, flexões, graus > 75

CAPÍTULO 10
> 81
Temas –U / E

CAPÍTULO 11
Morfossintaxe dos pronomes
> 85

CAPÍTULO 12
As palavras invariáveis em latim
> 91

CAPÍTULO 13
Morfossintaxe dos casos: registros especiais
> 95

Exercícios complementares > 98

Glossarium > 101

Referências > 118

4
S obre o autor

Aécio Flávio de Carvalho


Graduado em Letras Franco-portuguesas pela Faculdade Estadual de

Filosofia Ciências e Letras de Paranaguá-PR (1971), completou Filosofia

em Curso Seminarístico (1962- Ponta Grossa-PR), diplomando-se,

posteriormente, pela Universidade de Mogi das Cruzes (SP); em 1999,

doutorou-se em Letras Clássicas, pela Universidade de São Paulo. Exerceu

o magistério em nível de ensino fundamental e médio como professor

vinculado à SEED-PR, de 1966 a 1992; e, como docente nos Cursos de

Letras na UEM - Universidade Estadual de Maringá, desde 1985 até maio

p.p. Credencia-se pela experiência na graduação em Letras, com ênfase

na docência da Língua Latina e da Literatura Latina; na pesquisa, como

orientador de trabalhos de iniciação científica e no PDE- Programa

de Desenvolvimento Educaional da SEED-PR; e na pós-graduação, no

Programa de Mestrado do Departamento de Letras, da UEM, atuando

principalmente nas seguintes áreas: da cultura clássica, privilegiando

temas da literatura latina e, dentre estes, os relativos à épica e à evolução

do epos; da história da literatura, com ênfase ao estudo da evolução da

narrativa clássica até a modernidade. Tem dezenas de artigos publicados,

em revistas especializadas, anais de eventos e capítulos de livros. É

membro ativo do GEAMPAR/SC - Grupo de Estudos Antigos e Medievais

do Paraná e Santa Catarina e da SBEC - Sociedade Brasileira dos Estudos

Clássicos.

5
A presentação da Coleção
Os 54 títulos que compõem a coleção Formação de Professores em Letras fazem par-
te do material didático utilizado pelos alunos matriculados no Curso de Licenciatura em
Letras, habilitação dupla, Português-Inglês, na Modalidade a Distância, da Universidade
Estadual de Maringá (UEM). O curso está vinculado à Universidade Aberta do Brasil
(UAB) que, por seu turno, faz parte das ações da Diretoria de Educação a Distância
(DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes).
A UEM, na condição de Instituição de Ensino Superior (IES) proponente do curso,
assumiu a responsabilidade da produção dos 54 livros, dentre os quais 51 títulos fica-
ram a cargo do Departamento de Letras (DLE), 2 do Departamento de Teoria e Prática
da Educação (DTP) e 1 do Departamento de Fundamentos da Educação (DFE). O pro-
cesso de elaboração da coleção teve início no ano de 2009, e sua conclusão, seguindo
o cronograma de recursos e os trâmites gerais do Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE), está prevista até 2013. É importante ressaltar que, visando a
atender às necessidades e à demanda dos alunos ingressantes no Curso de Graduação
em Letras-Português/Inglês a Distância, da UEM, no âmbito da UAB, nos diferentes
polos, serão impressos 338 exemplares de cada livro.
A coleção, não obstante a necessária organicidade que aproxima e estabelece a
comunicação entre diferentes áreas, busca contemplar especificidades que tornam o
curso de Letras uma interessante frente de estudos e profissional. Deste modo, as
três principais instâncias que compõem o curso de Letras na modalidade a distância
(Língua Portuguesa, Teoria da Literatura e Literaturas de Língua Portuguesa e
Língua Inglesa e Literaturas Correspondentes) são contempladas com livros que
são organizados tendo em vista a construção do saber de cada área. Semelhante cons-
trução não apenas trabalha conteúdos necessários de modo rigoroso tal como seria
de esperar de um curso universitário, como também atua decisivamente no sentido de
proporcionar ao aluno da Educação a Distância a autonomia e a posse do discurso de
modo a realizar uma caminhada plenamente satisfatória tanto em sua jornada acadê-
mica quanto em sua vida profissional posterior. Isso só é possível graças à competência
e comprometimento dos organizadores e autores dos livros dessa coleção, em sua
maior parte ligados aos departamentos da Universidade Estadual de Maringá envol-
vidos neste curso, além de convidados que enriqueceram a produção dos livros com
sua contribuição. A excelência e a destacada contribuição científica e acadêmica desses
autores e organizadores são outros elementos que garantem a seriedade do material

7
CURSO DE LÍNGUA LATINA: e reforça a oportunidade que se abre ao aluno da Educação a Distância. Além disso, o
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
material produzido poderá ser utilizado por outras instituições ligadas à Universidade
Aberta do Brasil, abrindo uma perspectiva nacional para os livros do curso de Letras
a Distância.
Além do trabalho desses profissionais, essa coleção não seria possível sem a con-
tribuição da Reitoria da UEM e de suas Pró-Reitorias, do Centro de Ciências Humanas,
Letras e Artes da UEM e seus respectivos representantes e departamentos, da Diretoria
de Educação a Distância (DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do
Ensino Superior (Capes) e do Ministério da Educação (MEC). Todas essas esferas, de
acordo com suas atribuições, foram de suma importância em todas as etapas do traba-
lho. Diante disso, é imperativo expressar, aqui, nosso muito obrigada.
Por último, mas não menos importante, registramos nosso agradecimento especial
à equipe do NEAD-UEM: Pró-Reitoria de Ensino, Coordenação Pedagógica e equipe
técnica, pela dedicação e empenho, sem os quais essa empreitada teria sido muito
mais difícil, se não impossível.

Rosângela Aparecida Alves Basso,


Organizadora da coleção.

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A presentação do livro
Este Curso de Latim foi concebido como liber secundus do estudo da disciplina
“Lingua Latina” para o curso da Educação à Distância- EAD. Por isso mesmo, nasceu
condicionado à preocupação com a continuidade de uma primeira fase.
Destarte, dois procedimentos didáticos se impuseram a fortiori ao autor: primeiro,
retomar noções conhecidas, com vistas à rememoração de conteúdos eventualmente
esquecidos e, nesse sentido ainda, sistematizar conhecimentos e dados, visando a fixa-
ção; segundo, complementar as noções básicas relativas à morfossintaxe fundamental
dos casos latinos e à estrutura verbal mínima, consciente de que a natureza e a duração
do curso determinaram, desde a primeira fase, limitações de conteúdo e economia de
informações teóricas.
Entretanto, há de se considerar que, embora à distância, trata-se de um curso de
nível superior. Pressupõe a necessidade de um programa que propicie ao discente co-
nhecimento e instrumentação otimizada para subsidiar o seu aperfeiçoamento, even-
tualmente na língua e/ou literatura latina mesmo e, seguramente, na melhor compre-
ensão dos processos linguísticos até a formação do português e dos eventos culturais
que embasam o estudo da literatura em língua portuguesa. Afinal, a razão básica do
estudo do latim continua a ser, em toda a sua extensão, o ensinamento de Ismael Cou-
tinho: “o português é o próprio latim modificado”1.
As lições do presente estudo estão organizadas, em capítulos, assim:

1. Preliminares
2. Temas - A / - O: funções sintáticas do nominativo e do acusativo
3. Temas - A / - O: funções sintáticas do acusativo e do ablativo
4. Tema - O : o gênero neutro
5. Temas - A / - O: funções sintáticas do genitivo
6. Temas - A / - O: morfossintaxe do dativo e do vocativo
7. Tema - I e tema consonantal: terceira declinação

1. Coutinho, Ismaelde Lima. Pontos de Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico,
1976, p. 46.

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8. O verbo: noções gerais. Paradigmas:
a) O verbo sum.
b) Verbos regulares / voz ativa

9. O adjetivo: classes, flexões, graus


10. a) Temas – U / – E.
b) Morfossintaxe dos numerais

11. Morfossintaxe dos pronomes


12. As palavras invariáveis em latim
13. Morfossintaxe dos casos: registros especiais

Na progressão dos estudos, é oferecido um número variável de exercícios perti-


nentes à lição trabalhada. Exercícios complementares servem à fixação das noções
deste curso.
Ao final, um glossarium ad hoc relaciona as palavras latinas das lições e dos exer-
cícios deste livro.

Oportet studere!

Aécio Flávio de Carvalho


L egendas

Abreviaturas utilizadas:
Casos Latinos: N = nominativo
V = vocativo
G = genitivo
D = dativo
AB = ablativo
AC = acusativo

Funções
Sintáticas: sj. = sujeito
pr.sj. = predicativo do sujeito
od. = objeto direto
oi. = objeto indireto
adj. = adjunto
adn. = adnominal
adv. = adverbial

Outras: decl. = declinação


des. = desinência
prep. = preposição
conj. = conjunção
m. = masculino
f. = feminino
n. = neutro
s. = singular
pl. = plural
VS = verbo significativo (de ação)
VL = verbo de ligação

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1 Preliminares

Repetita iuvant!
Característica marcante da Língua Latina é sua capacidade de síntese: condensar
em poucas palavras pensamentos de grande valor significativo. Isto se evidencia, por
exemplo, em máximas ou sentenças latinas que continuam válidas até nossos tempos.
Uma dessas máximas famosas aparece acima: Repetita iuuvant. Numa tradução
livre, teremos: A repetição é útil. A frase tem uma variante que esclarece melhor a
ideia: Repetitio est mater studiorum; em tradução livre: A repetição é a mãe do
conhecimento.
Ao longo do nosso trabalho, muitas vezes apelaremos à repetição; porque repetita
iuvant.

Assim, comecemos esta segunda fase de nosso Curso de Língua Latina, retomando
conhecimentos da fase anterior; e adiantando ideias e informações, quando forem
importantes para a continuidade do nosso estudo. Comecemos por relembrar ideias
e noções preliminares.

QUE É O LATIM?
A maior parte das línguas da Europa e certas línguas da Ásia derivam de um tronco
comum que a linguística comparativa chama de indo-europeu. Dois grupos, então:
1.1 Línguas do grupo indo-irânico (sânscrito, antigo-persa, etc.);
1.2 Línguas do grupo europeu. Tais são:
a) o grego;
b) o grupo ítalo-celta, que compreende, ao lado das línguas da Itália (osco,
umbro, latim), os dialetos célticos (entre os quais o gaulês);
c) o grupo germânico (alemão, inglês, neerlandês ou flamengo, as línguas
escandinavas);
d) o grupo eslavo (russo, polonês, tcheco, búlgaro, servocroata) ao qual
importa juntar o grupo báltico (lituano).

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CURSO DE LÍNGUA LATINA: Bem se pode ver que, dos grupos pertencentes à família indo-europeia, interessa-
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
nos muito de perto o grupo ítalo-celta, mais particularmente o í t a l o. Aceita-se que
as tribos indo-europeias pertencentes a esse grupo teriam ocupado o norte da Itália
e invadido progressivamente todo o território da península itálica, assumindo a sua
linguagem formas dialetais diversas. Dentre todas, prevaleceu o latim.
O latim, falado primeiramente pela população de Roma e do Lácio, suplantou,
afinal, todos os outros idiomas então falados na Itália. E graças à expansão do Império
Romano, difundiu-se tornando-se uma das principais línguas de civilização no mundo
antigo.

POR QUE ESTUDAR, HOJE, UMA LÍNGUA TÃO ANTIGA?


Mesmo depois da queda do Império Romano, a língua latina manteve-se como
principal veículo da Cultura Ocidental, continuando a ser imprescindível para o co-
nhecimento, em primeira mão, dos credos, códigos, leis, literaturas, filosofias e ciência
no Ocidente, considerado em seu desenvolvimento histórico.
Hoje, quando grandes transformações sociais estão em andamento, mais do que
nunca é necessário que homens e mulheres tenham conhecimento claro do caminho
por onde andaram seus antepassados, para melhor e mais acertadamente construírem
seus caminhos no presente.
Além disso, base indispensável do estudo científico das línguas chamadas neolati-
nas, o conhecimento do latim é subsídio e auxílio insubstituível ao estudo subsequen-
te de quase todas as ciências e artes da atualidade.

PEQUENA HISTÓRIA DO LATIM


Apesar de falada desde os tempos pré-históricos, a língua latina começou a adquirir
forma literária apenas pelo início do III séc. a. C. Só nesta época surgiu uma língua es-
crita, que foi se modificando lentamente. Da mesma maneira que o português escrito
por Camões não é o português escrito pelos poetas da Inconfidência Mineira e menos
ainda o escrito por Vinícius de Moraes, assim também podemos distinguir diferenças
periódicas na história do latim. Os estudiosos distinguem:
3.1 Período arcaico, que vai do séc. III ao início do séc. I a.C.. Os principais escri-
tores deste período foram: Plauto e Terêncio, na comédia; e Ênio, na épica.
3.2 Período clássico, que vai do início do séc. I a.C. ao início da decadência do
Império, por voltados anos 20 d.C. Destacaram-se grandes prosadores: Cícero,
César, Salústio, Lucrécio, Tito Lívio; e grandes poetas: Catulo, Virgílio, Ho-
rácio, Ovídio.
3.3 Período pós-clássico, de 81. a.C. até o séc. III p. C. É um período ilustrado

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por nomes como os de Fedro, Sêneca, Petrônio, Lucano, os Plínios, Quintiliano, Preliminares

Juvenal, Tácito.
3.4 Período cristão, do séc. III ao séc. V de nossa era. Tertuliano, Santo Agostinho
e São Jerônimo são os grandes nomes deste período.

Ao lado da língua escrita ou literária existia, é lógico, uma língua falada, bem mais
livre e espontânea, da qual temos conhecimento sobretudo pelos textos não literários
e por inscrições. Essa língua se transformava mais rapidamente do que a outra, até por-
que estava mais sujeita a influências regionais e ao intercâmbio comercial. Foi ela que
deu origem às línguas românicas, como foram chamadas as línguas que nasceram ao
longo dessa evolução do latim. São o português, o espanhol, o catalão, o proven-
çal, o francês, o rético, o italiano e o romeno. Estas línguas também são chamadas
de neolatinas, isto é, um novo latim.
Fazemos o nosso estudo do latim a partir da língua escrita pelos autores chama-
dos clássicos, como César, Cícero, Virgílio, Horácio, Sêneca e outros. Só quem busca
um aprofundamento de conhecimentos é que pesquisa e estuda documentos da lín-
gua falada.

O ALFABETO LATINO: A PRONÚNCIA


Na época de Cícero, o alfabeto latino se compunha de 21 letras:
ABCDEFGHIKLMNOPQRSTVX
Duas letras gregas incorporaram-se a este alfabeto: o Y e Z; mas apenas para palavras gre-
gas transcritas em latim.
Os latinos não conheciam nem o j nem o u.
A letra I/i tanto serve à indicação de uma consoante - Jesus, jacio - quanto à indi-
cação de uma vogal - ita, Italia. Os latinos não conheciam o som ‘j ‘ como em já; as
palavras acima deverão, pois, ser pronunciadas “Iesus” e “iacio”.
Da mesma forma a letra V/v tanto indica o som consonantal - vos (vós), Venus (Vê-
nus) - como o som vocálico - urbanus, Vrbs. Em qualquer caso pronunciaremos “u”:
uos - Uenus.
Nota 1: Costuma-se representar o i consoante por j ou J ( jacio / Jesus); e o u
consoante por v ou V : vos / Venus). Isto não nos deve confundir: em qualquer caso a
pronúncia será sempre “ i ” ou “ u”.
Nota 2: A pronúncia do latim variou ao longo da sua história. Fala-se numa pronún-
cia eclesiástica (da igreja católica) e numa pronúncia tradicional; em nosso trabalho
adotamos a pronúncia que se costumou chamar de reconstituída, pronúncia que,
possivelmente, era a usada por Cícero, César e Virgílio, no período clássico.

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CURSO DE LÍNGUA LATINA: Além do que já se disse sobre a pronúncia do i/I (ou j/J) e do v/V, que sempre
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
pronunciaremos como I ou U, importa acrescentar:
Os ditongos : - AE - e - OE - sempre devemos pronunciar AI e OI.
As consoantes: - C - sempre soa ‘K’, i. é, oclusiva velar surda: caput, caelum, Cicero
(= kaput, kailum, Kikero).
- G - sempre soa ‘GUE’, i. é, oclusiva velar sonora:
gema, regina (= guema, reguina).
- S - sempre soa ‘SS’, i. é, linguodental sibilante surda: rosa
(= rossa).
- H - indica aspiração
- M e N, finais de sílaba, não nasalam a vogal precedente, mas articulam-se
distintamente: rosam = rossame
- X - soa sempre ‘ks’: dux = duks
- Z - soa sempre dz

Quanto à acentuação latina, simplificadamente, a nós importa sabermos que:


a) como em português – com exceção de umas poucas palavras átonas – em toda
palavra latina há uma sílaba em que a voz demora mais tempo na enunciação;
b) a observação comprova que tal demora coincide com o que em português cha-
mamos de acento tônico;
c) a última sílaba nunca é acentuada;
d) a maioria das palavras latinas são paroxítonas; as palavras dissílabas são, todas,
paroxítonas.
e) as palavras de três ou mais sílabas serão proparoxítonas quando a penúltima
sílaba for breve.

Nota: Quando falamos em sílaba breve, estamos supondo a existência


de sílaba longa. Realmente, os latinos classificavam as sílabas em função da
demora, da quantidade de tempo despendida na enunciação da sílaba que,
então, podia ser longa ou breve. Para marcar esta quantidade, que é a
duração na pronúncia, os dicionários trazem dois sinais:
= Braquia ( ˘ ), que se coloca sobre a sílaba breve;
= Macro ( ˉ ), que é colocado sobre a sílaba longa.

Neste trabalho não será feito uso do sinal latino.

16
O QUE É IGUAL EO QUE É DIFERENTE Preliminares

Tal como ocorre em português, as palavras latinas também são divididas em classes:
- Há palavras variáveis: substantivo, adjetivo, pronome, verbo, numeral;
- Há palavras invariáveis: advérbio, preposição, conjunção, interjeição.

Porém, anote a seguintes diferença: em latim não existem artigos;


* Como em português, as palavras variáveis se flexionam (isto é, modificam-se
na terminação) para indicar o gênero, o número, o grau e, no caso do verbo, a
pessoa. Mas em latim a palavra se modifica na terminação também para indicar
o caso, que, por sua vez, indicia a função sintática da palavra na oração.
* Como em português, o latim tem dois números: o singular e o plural.

Mas em latim existem três gêneros; além do masculino e do feminino, que conhe-
cemos, o latim tem o gênero neutro. Com o neutro o latim refere, em sua maioria, seres
inanimados (mas atenção: nem todos os seres inanimados são referidos por nome neutro).
* Como em português, os adjetivos e os pronomes adjetivos concordam em gê-
nero (m. / f. ou n.) e número (s. / pl.) com o(s) nome(s) a que se referem. Mas
note bem: Em latim, a concordância deve ser feita em gênero, número e caso
(que, revimos acima, indicia a função sintática da palavra na oração).
* Em português, a ordem de colocação das palavras na oração é, muitas vezes,
fundamental para a expressão do sentido.

Observe: Maria visita a amiga < > A amiga visita Maria


A menina chama a professora < > A professora chama a menina.

Você pode perceber que, nestas e em frases semelhantes, a mudança de posição das
palavras muda o sentido da oração. Noutras, o sentido não mudará por ser evidente e
lógico. Assim, se eu disser que o “cachorro mordeu o menino” ou “a menina diz a ver-
dade” ninguém pensará que, trocando a posição das palavras, teremos um sentido di-
ferente. Não é impossível, mas soaria estranho dizer “o menino mordeu o cachorro”...
Voltando aos exemplos acima, observe como ficariam as frases em latim:
a) Maria visita a amiga > MariA amicAM uisitat. Ou AmicAM MariA uisitat.
b) A amiga visita Maria > AmicA MariAM uisitat. Ou MariAM amicA uisitat.

Notou? Para cada frase em português, temos duas variáveis posições em latim, sem
qualquer alteração do sentido.

17
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Você já percebeu que o sentido da frase em latim não é determinado pela
ordem de colocação das palavras, mas pela mudança da forma terminal, ou
melhor, pelas terminações das palavras.

O mesmo acontecerá com o segundo exemplo:


a) A menina chama a professora > PuellA magistrAM vocat.
MagistrAM puellA vocat.

b) A professora chama a menina > MagistrA puellAM vocat.


PuellAM magistrA vocat.
Para compreender melhor o que ocorre, examinemos bem as frases em português;
vamos fazer a análise sintática dos nomes, nas orações dadas.

Maria visita a amiga. A amiga visita Maria.


sujeito objeto direto sujeito objeto direto

MariA amicAM AmicA MariAM

A menina chama a professora. A professora chama a menina.


sj. od. sj. od.

PuellA magistrAM MagistrA puellAM

Você deve ter notado que, nos exemplos dados,


• os sujeitos estão expressos em latim com a palavra em terminação A
• os objetos diretos estão expressos em latim com a palavra em terminação M.

Pode-se, então, concluir que, em latim, as funções sintáticas são expressas por
formas diferenciadas pela terminação das palavras.
Estas formas diferentes são os CASOS.
Nos exemplos dados,
 as formas terminadas em - A estão no caso NOMINATIVO
(lembrando: o Nominativo é o caso do sujeito)
 as formas terminadas em - aM estão no caso ACUSATIVO
(lembrando: o Acusativo é o caso do objeto direto)

18
Conclui-se: Preliminares

 existem diferentes casos para a indicação das diferentes funções


sintáticas.
 conclui-se também: conhecer e saber identificar numa oração as diferen-
tes funções sintáticas é essencial para uma boa aprendizagem do latim.

Anotações

19
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Anotações

20
2 Memento:
Repetita juvant!

Temas - A /- O: funções sintáticas do


nominativo e do acusativo

Revimos as noções preliminares sobre o que é c a s o.


Os casos latinos – você sabe – são seis: nominativo, vocativo, acusativo, geniti-
vo, dativo, ablativo.

Lembra? Chama-se c a s o
cada uma das diferentes terminações dos nomes latinos que – cada um - indica
diferentes funções sintáticas dentro da oração.

A variação ou flexão da terminação da palavra variável, ou c a s o, acontece neces-


sariamente em cima de uma base da palavra, a saber, a partir de um t e m a.
Podemos usar a palavra tema em dois sentidos:
a) - parte da palavra que está pronta para receber uma desinência, ou outro
elemento significante qualquer. Exemplos:
amica-M; puella-S;domino-RUM; ama-re ; debe-re; parti-re
b) grupo de palavras que têm determinadas identidades características.

É neste sentido que falamos de verbos de tema em -A (que em português consti-


tuem a 1ª. conjugação, aliás, exatamente como em latim). Por isso, também, falamos
em palavras de tema em -A; em -O; em -U; em -E; em -I (temas vocálicos). Também
existem, é claro, temas consonantais.
Vamos recordar, inicialmente, o que aprendemos sobre palavras de tema em -A e
-O, nos casos NOMINATIVO E ACUSATIVO, (tanto faz sejam substantivos, adjetivos
ou pronomes...).

21
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Lembrando
tema em -A:

singular plural
nominativo (N)  -a - ae
acusativo (AC)  -m - as

Exemplificando:
N s.  femina, ancilla, amica, domina, regina, discipula, puella,magistra, rosa
– bona, pulcra, laboriosa, magna, iusta, mea, tua, sua, nostra

N pl.  feminae, ancilae, amicae, dominae, reginae, discipulae, puellae,


magistrae, rosae
– bonae, pulchrae, laboriosae, iustae, meae, tuae, suae

AC s.  feminam, ancillam, amicam, dominam, reginam, discipulam,


puellam, magistram
– bonam, pulchram, laboriosam, iustam, meam, tuam,

AC pl.  feminas, ancillas, amicas, dominas, reginas, discipulas,


puellam, magistram
– bonas, pulchras, laboriosas, iustas, meas, tuas, suas

Nota: A maioria dos nomes de tema em -A são femininos, como nos exemplos acima.
São masculinos, p. ex., poeta, nauta, agricola (em geral, indicam profissões).

A seguir, lembremos o que aprendemos sobre palavras de tema de -O, nos mesmos
N e AC. Observe bem as terminações:

Singular Plural
N  - us, - er, - ir -i
AC  - um - os

Você lembrou?
> Há 3 tipos de terminações para o Ns.(-us, -er, -ir), mas o Npl. é sempre -i;
> A desinência do AC é a mesma que Você conhece, M singular, S no plural;
> O que mudou foi apenas a vogal temática (antes –A; agora –O).

22
Exemplificando: Memento:
Repetita juvant!
N s.  amicus, dominus, discipulus; magister, puer, uir
- bonus, laboriosus, magnus, iustus, pulcher, piger, niger;meus, tuus, suus

N pl.  amici, domini, discipuli; magistri, pueri, uiri


- boni, laboriosi, magni, iusti; pulchri, pigri, nigri; mei, tui, sui

AC S.  amicum, dominum, discipulum; magistrum, puerum, uirum


- bonum,laboriosum, magnum,iustum,pulchrum,pigrum,nigrum; meum...

AC pl.  amicos, dominos, discipulos; magistros, pueros, uiros


- bonos, laboriosos, magnos, iustos; pulcros, pigros, nigros; meos, tuos...

Note bem (lembrando que VOCÊ já teve essa informação):


• quando as palavras têm o N s. com terminação -US, ao passar para outro caso
é só trocar a terminação -US pela outra do caso desejado: amicus > amici; >
amicum; > amicos.
• Quando as palavras têm o N s. com terminação -ER, ao passar para outro caso,
podem acontecer duas situações:
Como em puer, e então basta acrescentar a desinência do caso desejado. Assim:
puer > pueri; puer > puerum, puer > pueros.
Assim também vir > viri; vir > virum; vir > viros
como em magister, e então o -E- desaparece, acrescentando-se ao radical assim
modificado a desinência desejada: magister > magistr > magistri, magistrum,
magistros.

Notas:
a) - Vir é a única palavra do tipo e é masculina
b) - A maioria dos substantivos em -US são masculinos; os femininos em -US,
ou são nomes de árvores (pinvs = pinheiro; malus = macieira; pirvs =
pereira), ou de lugares (Aegyptvs = Egito; Corintvs = Corinto).
c) - Os nomes em -ER e -IR são todos masculinos.
d) - Com tema em -O, há também nomes quem têm terminação -UM, no
N.s. - e são do gênero neutro; vamos estudá-los mais adiante.

23
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Já relembramos informações importantes; entretanto, é preciso repetir – re-
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
petita juvant! – um dado fundamental: cada c a s o corresponde a uma f u n ç ã o
sintática dentro da oração:
• O N corresponde à função do sujeito (sj..) ou predicativo do sujeito (pr.sj..);
• O AC corresponde à função do objeto direto (od.).

Você já fez aplicações práticas (exercícios) desse conhecimento.


Para retomar exercícios semelhantes é bom rever também nosso estudo sobre uma
palavra-chave na frase: o verbo. Por que o verbo é palavra-chave? VOCÊ sabe: as ora-
ções (a maioria delas) se estruturam em função de um VERBO.
O verbo - você também sabe - é uma palavra variável que pode aparecer na frase
com uma de duas funções:
• com significação própria (VS), e então tem função principal, indicando ação,
movimento real ou lógico; estes, também chamados verbos de ação, constituem o nú-
cleo do predicado, isto é, daquilo que se afirma do sujeito. São verbos como os que
aparecem nas frases a seguir: Maria estuda latim. / João toca um samba. / O sabiá canta.
/ O vento assobia na janela. / O cão latiu. / Relampejava. Etc.....
• sem significação própria, e então tem função auxiliar; verbos deste tipo, ou
se juntam a um verbo principal ou apenas ligam (VL) um sujeito a um predicativo. No
primeiro caso aparecem assim, p. ex.: Hei de aprender; serei levado; terá lido; estarei
vendo...
No segundo caso, aparecem assim: Maria é bela. / João estava doente...
Lembremos: os verbos auxiliares mais frequentes, são:
ser, estar, ter, haver.

Dos verbos com significação ( VS), no momento, interessa saber que aparece-
rão em nossos exercícios na forma do presente indicativo,
- na 3ª pessoa do singular identificável pela desinência T:
amat - cantat - laborat; monet; delet; audit, legit
- na 3ª pessoa do plural, sempre identificável pela desinência NT:
amant - cantant - laborant – monent – delent – audiunt – legunt

Dos verbos de ligação ( VL), interessa decorar as formas do verbo ESSE (que
significa ser, estar ):
- o presente indicativo: sum, es, est, sumus, estis, sunt
- o pretérito imperfeito indicativo: eram, eras, erat, eramus, eratis, erant.

24
Você lembra como traduzir uma frase latina? Memento:
Repetita juvant!
Vamos recordar o que aprendeu, tomando por base uma sentença famosa, encon-
trada nos escritos de um latino chamado Publílio Siro:

Vitam regit fortuna, non sapientia.


• Primeiro, é sempre bom ler e reler a sentença (para exercitar a pronúncia que
você aprendeu; e para se familiarizar com a estrutura frasal).
• Na sequência, analise o verbo: regit (desinência “t”, característica da 3ª.pessoa
singular); então, raciocine: verbo no singular, sujeito no singular;
• o caso do sj.. (lembra?) é o N; no período, duas palavras aparecem com des.
–A, característica do N s., tema em A: fortuna e sapientia. Haveria, então, dois
sujeitos? Mas como, se o verbo está no singular? Reveja a sentença; note que
apresenta duas partes, separadas por vírgula. Então, vamos por partes...

Na primeira parte, a palavra fortuna (terminação –a) está no N (caso do sujeito); e


aparece a palavra vitam, que se apresenta com a desinência –m, característica do od
(objeto direto). Ora, o od é um complemento do verbo, neste exemplo do verbo regit
– que significa rege, regula. Então, na ordem habitual da frase em português (suj. +
predicado + complemento) temos:

N = sj. > fortuna regit AC= od > vitam


(o verbo, palavra-chave do sentido)
ou (traduzidas as palavras)

sorte rege vida

Enfim, colocando-se o artigo nas palavras, conforme a índole da língua portuguesa,


teremos: A sorte rege a vida
Mas a sentença não está completa, resta a segunda parte; e... onde o verbo? Você,
certamente, já percebeu que o verbo continua sendo regit, cujo valor significativo con-
tinua atuando (ainda que implícito), bem como seu complemento; então, a segunda
parte fica assim: (vitam) non (regit) sapientia. Ora, já analisamos vitam e regit. Resta
pensar os termos non e sapientia.
non – você encontrará no dicionário como advérbio. Advérbio, bem sabe, é palavra
invariável e as palavras invariáveis não admitem flexão na sua terminação, ou seja,
não apresentam caso. Sintaticamente, os advérbios são sempre adjuntos adverbiais
(adj. adv.). É só traduzir com a melhor opção que o dicionário indicar, e que melhor
servir ao sentido da frase;

25
CURSO DE LÍNGUA LATINA: sapientia (terminação –A) está no N (caso do sujeito). Juntando “as peças”, temos
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

N= sj. > sapientia adj.asj.dv.> non


ou (traduzidas as palavras)
sabedoria não

• Colocando-se o artigo nas palavras, conforme a índole da língua portuguesa,


teremos: a sabedoria não;
• Somando-se as duas frases do período, encontramos:
A sorte rege a vida, não a sabedoria.

Se sairmos da tradução literal, em busca de um sentido mais claro, podemos expri-


mir o pensamento assim: A vida não é regida pelo conhecimento, mas pelo destino.

Você deve ter notado que só vimos trabalhando com palavras de tema em –A.
Se passarmos a trabalhar com palavras de tema em -O, devemos proceder de ma-
neira igual. Analisemos, p. ex., esta outra sentença:
Lupus pilum mutat, non animum.
• O verbo mutat (des. “t” = 3ª p. s.) indica: o sujeito deve aparecer no N s.;
• no N s. (des. –Us ) vemos o termo lupus; (ou seja, achamos o sujeito);
• os outros dois termos variáveis são pilum e animum – ambos com a mesma
terminação (des. –M), que – bem sabe – corresponde ao caso AC (= od.);
• Reveja a sentença; note que está estruturada em duas partes, separadas por
vírgula;
• na primeira parte aparecem expressos todos os termos: Lupus (sj.) + pilum
(od.) + mutat (V.S. /pred.); ou seja: sj. + predicado + complemento;
assim:

N= sj. > lupus mutat AC= od > pilum


(o verbo, palavra-chave do sentido)
ou (traduzidas as palavras)
lobo muda pelo

• Colocando-se o artigo nas palavras, conforme a índole da língua portuguesa,


teremos: O/um lobo muda o pelo;

• na segunda parte, aparece expresso o termo animum, no od. (portanto é

26
complemento de verbo), que é precedido de um advérbio: non. Mas onde está o verbo Memento:
Repetita juvant!
de que animum é complemento? Com certeza, você já compreendeu que está na 1ª
parte do período, assim como o sujeito; se esses termos fossem expressos também
aqui, a 2ª parte ficaria assim: Lupus animum non mutat. O que se vê, porém, é que os
termos lupus e mutat estão subentendidos. Tendo isso em conta, e estruturando a
frase conforme nossa língua, resulta

adj.adv.> non mutat


N= sj. > lupus (subentendido) AC= od. > animum
(subentendido)
ou (traduzidas as palavras)

lobo não muda ânimo/índole natural

Somando-se as duas frases do período, atendendo ao sentido lógico que a estru-


turação sintática indicia, tem-se (já com o artigo conveniente): Um lobo muda o pelo,
não o ânimo.

Os exemplos dados sugerem um padrão de procedimento.


As frases podem variar, aprenderemos outros casos, outras terminações e outras
funções sintáticas. O procedimento indicado e exercitado deverá ser repetido até a
mecanização: então o latim deixará de ser um mistério.

Na continuidade da recordação do uso dos casos NOMINATIVO E ACUSATIVO,


relembremos uma outra estrutura frasal, incluindo situações com verbos de liga-
ção. Atenção aos exemplos abaixo:

a) Maria visita a menina. b) Maria é professora.


Sj. VS od. Sj. VL prd. sj.
N AC N N
MariA uisitat puellAM MariA est magistrA

c) As meninas estudam a fábula d) As meninas são estudiosas


Sj. = N. VS od = AC. Sj. = N V.L. pr. Sj. = N
PuellAE studant fabulAM PuellAE sunt studiosAE
ou Puellae fabulAM studant PuellAE studiosAE sunt
ou FabulAM puellAE studant StudiosAE puellAE sunt

27
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Você observou bem?

• Com verbo de significação (VS), temos, nos exemplos dados, a função de


objeto direto que se expressa com o caso acusativo (= desinência -M),
como já aprendeu.

• com verbo de ligação (VL), temos a função do predicativo do sujeito que


se expressa com o mesmo caso do sujeito, isto é, nominativo.

Isto você já tinha estudado. Relembrou, também, que em latim a ordem das pa-
lavras não altera sentido?
Ainda bem que repetita juvant!
Agora, é praticar o que relembramos. Siga sempre os seguintes passos:

1° - Leia as frases com atenção, mais de uma vez, para se familiarizar com as
palavras e com a pronúncia;
2° - localize o verbo: anote se é VS (verbo com significação) ou VL (verbo de
ligação);
3° - repare bem na terminação das palavras, procurando distinguir o caso certo
de cada palavra; não resolva “na cabeça”; anote;
4° - traduza o verbo; e traduza as palavras invariáveis que localizar na frase;
5° - traduza as demais palavras;
6° - arranje as palavras na ordem normal do sentido, em português, respeitan-
do a função que descobriu ao identificar o(s) caso(s).

Agora, analise e traduza as sentenças ou máximas abaixo. Note que as últimas tra-
zem os verbos em negrito. É para chamar sua atenção: trata-se de verbos de ligação
(VL). Ao analisar as frases tenha em mente que com VL sempre aparecem os predica-
tivos do sujeito (pr.sj.)

1) Aquila non captat muscas._ ____________________________________________


2) Asinus asinum fricat._ ________________________________________________
3) Amicus amicum juvat._ _______________________________________________
4) Barba non facit philosophum.___________________________________________
5) Abyssus abyssum invocat.______________________________________________
6) Vita et fama coambulant semper. _ _______________________________________

28
7) Aquilae non gerunt columbas.___________________________________________ Memento:
Repetita juvant!
8)Vita est aliena magistra._ ______________________________________________
9) Falsa est fiducia formae._______________________________________________
10) Vitae laboriosae vitae beate sunt.________________________________________

Notinha:
Estas máximas são famosas; não custa refletir sobre a lição profunda que
encerram.

VOCABULÁRIO:

Antes de conhecer o significado das palavras acima, NOTEM BEM: as pala-


vras aparecerão aqui – o quanto possível nesse estágio de estudo - como no
dicionário latino. Assim, p. ex.,

- se for nome: aquila, ae. f. águia


- se for verbo: capto, as, are, avi, atum. v. pegar, prender, capturar.

O que importa, agora, é o significado; e usar as noções que você já têm.

Abyssus, i s.m. abismo fama,ae s.f. fama, renome


aquila, ae s.f. águia fiducia, ae s.f. confiança
aliena, ae adj. alheia forma,ae s.f. forma, aparência
amicus, i s.m. amigo frico,as, avi,atum, are v.t.
asinus, i s.m. asno; burro esfregar, coçar

barba, ae s.f. barba gero,as,avi,atum, are v.t.


gerar, produzir
capto,as, avi, are v.t. pegar, capturar
invoco,as, at um, are v.t.
coambulo,as, avi,atum, are v.int.
chamar, invocar
andar junto
juvo,as,avi,atum,are v.t. ajudar
columba, ae s.f. pomba
magistra,ae s.f. mestra; professora
et conj. e
natura,ae s.f. natureza
facio,is, facere, feci, factum v.t. fazer
philosophus, i s.m. filósofo
falsa, ae s.f. falsa, enganadora
semper adv sempre
vita, ae s.f. vida

29
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Observe as palavras a seguir:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

ahenea, ae = de bronze sedula,ae = aplicada, diligente

benefica,ae = benéfica splendida,ae = brilhante

fecunda,ae = fecunda studiosa, ae, = estudiosa

pigra, ae = preguiçosa tota,ae = toda, inteira

placida, ae = serena

Você deve ter notado que são - todas - adjetivos. Fazemos o destaque para lembrar
que são os adjetivos que, com frequência maior, ocupam a função sintática de predi-
cativo do sujeito. Mas também são muito frequentes frases construídas assim:

A bela menina trabalha; ou O poeta canta a menina bonita.

Nestes dois casos temos um adjetivo qualificando um substantivo diretamente,


sem verbo de ligação: “bela menina” e “menina bonita”; em qualquer caso, inde-
pendentemente da posição do adjetivo, ele está exercendo a função sintática de
adjunto adnominal; na primeira frase temos um adj. como adn. do sj.; na segunda,
um adj. como adn. do objeto. É uma construção muito freqüente; lembremos como
passá-la para o latim. Veja:

A bela | menina trabalha. O poeta louvam as meninas | bonitas


adj.adn. Sj. = N VS. Sj.= N. VS od..= AC adj.adn.
PulchrA puellA laborat PoetA laudat puellAS pulchrAS

L e m b r o u? em latim o adjunto nominal concorda com o nome a que se refere,


seja qual for o caso; no exemplo acima, tem-se duas situações:
1) referindo-se a um sujeito sing.  N = des. -A;
2) referindo-se a um objeto direto plural  AC = des. –AS.

Reforçando: a concordância deve ser em caso, e também em gênero e número.

30
Para fixação, é bom praticar (memento: Repetita juvant !), traduzindo as fra- Memento:
Repetita juvant!
ses abaixo:

1. Natura gratias magnas parat._ __________________________________________


2. Prudentia et patientia matronas dignificant _________________________________
3. Puellae laetae sunt et garrulae___________________________________________
4. Animam meam stellae et luna laetificant.___________________________________
5. Discipula bona magistram glorificat._ _____________________________________
6. Anima nostra gloriam diuinam cantat.____________________________________
7. Discipulae studiosae attentae sunt._ ______________________________________
8. Sapientia et doctrina magistram magnificant.________________________________
9. Pugna magna est uita super terram._______________________________________
10. Natura magnam gloriam divinam ennarrat_ _______________________________

VOCABULÁRIO: A partir de agora você deverá fazer uso do mini-dicionário


que colocamos ao seu alcance no final deste livro.

Anotações

31
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Anotações

32
3 Temas - A /- O:
funções sintáticas do
acusativo e do ablativo

Nas revisões anteriores, retomamos os casos NOMINATIVO (função sintática do


sujeito) e ACUSATIVO (função sintática do objeto direto):
Das palavras com tema em - A (substantivos e adjetivos)...

singular plural
nominativo  -A - AE
acusativo  - AM - AS

... das palavras de tema em - O ( substantivos e adjetivos):

singular plural
nominativo  - US, - ER, - IR -I
acusativo  - UM - OS

Você observou?
- Nos temas em –O, há 3 tipos de terminações para o N s. (-US, -ER, -IR);
mas o N pl. é sempre em –i;
- A desinência do AC é a mesma que já conhece, a saber M no singular, S no plu-
ral; o que mudou foi apenas a vogal temática.
Estamos dando atenção às funções sintáticas sujeito e objeto direto; mas é preci-
so não esquecer o que também já aprendemos sobre o adjunto adnominal, a saber:
se expresso por adjetivo, segue o nome do caso a que se refere. Exs.:

Caso Feminino Masculino

N s. PuellA pulchrA; magistrA bonA discipulUS studiosUS; magister doctUS

N pl. PuellAE pulchrAE; magistrAE bonAE discipulI studiosI; magistrI doctI

ACs. PuellAM pulchrAM; magistrAM pulchrAM discipulUM studios UM; magistrUM doctUM

ACpl. PuellAS pulchrAS; magistrAS bonAS discipulOS studiosOS; magistrOS doctO

33
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Sempre com a preocupação de fixar o que já foi estudado, passemos a uma outra
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
função sintática tão recorrente no uso dos latinos quanto o é em nossa fala: o adjunto
adverbial.
O adjunto adverbial é, frequentemente, expresso por advérbios, ou seja, por pala-
vras invariáveis, que não sofrem mudanças na terminação; nesse caso, tem tradução
própria, que o dicionário registra. O advérbio – sintaticamente adjunto adverbial –
pode acrescentar ideias circunstanciais ao verbo, relacionadas a tempo, lugar, modo,
afirmação, negação, quantidade... Mais à frente, voltaremos a particularizar isto.
Nesse momento interessa fixar que o caso acusativo pode, também, servir à expres-
são do adjunto adverbial mediante a anteposição de preposições. Veja no quadro
abaixo algumas das preposições latinas que “regem” (isto é, exigem) a “companhia” do
AC, com as possíveis traduções em português:

Ad a, para, até Juxta ao lado de


adversus em frente de, contra Ob por causa de
Ante diante de, antes de Per por, através de,
durante
Apud perto de Post atrás de, depois de
circa, circum em volta de Praeter exceto, além de
Cis aquém de Prope perto de
Contra em face de, contra Propter por causa de
Erga para com Secundum segundo, conforme
Extra fora de Supra acima de
Infra abaixo de Trans além de
Inter Entre Ultra além de
Intra dentro de In em, contra,a, para

Atenção: O AC é o caso específico da função sintática objeto direto que, por


sua vez, é um complemento exigido por um verbo. O AC aparece na composição
da função adj. adverbial só quando regido por uma preposição (como as exempli-
ficadas no quadro acima).
Exemplos de frases com AC preposicionado, para você traduzir:
1. Lupus et agnus ad rivum veniunt.
2. Lupus adversus agnum processit.
3. Ante coenam in scholam puer ambulat.
4. Apud rivum lupus agnum invenit.
5. Prope amicos, anima nostra laeta est.

34
6. Legimus doctrinam secundum Lucam. Temas - A /- O: funções
sintáticas do acusativo e
7. Vir bonus propter causam justam certat. do ablativo

8. Deus juxta nos est semper.


9. Juxta scholam magistra disciplos suos invenit.
10. Per viam asperam ad sapientiam properamus.

Observação: Você notou que – no último quadro acima - a preposição in (em, contra, a, para) aparece
em destaque?
É para chamar a atenção para a seguinte informação: in pode reger também outro
caso, o ablativo. Quando rege o AC sempre conota a idéia de movimento.
Ex.: Lupus in rivum venit. / O lobo vem ao riacho.
Per ludum, puer in puerum processit. / Durante o jogo, menino investe contra
menino.

Agora, traduza V. as frases que seguem:


1. Agni in campum vastum vagant.
2. Pueri et puellae in scholam properant.
3. Vulpecula famelica in uvas saltat.
4. Vir incantatus in feminam formosam procedit.
5. In scholam quotidie venimus.

Ficou claro: o AC serve ao adj. adverbial mediante preposição.

Já o ablativo (AB) é o caso próprio da função sintática adj. Adverbial, com ou


sem preposição. Vamos relembrar (repetita juvant!) o que foi estudado sobre este
caso:

singular plural
ablativo (tema A)  -A - IS
ablativo (tema O)  -O - IS

O que é digno de nota:


a) a desinência do ablativo (AB) se confunde com a desinência temática: A, dos
nomes de tema em - A; O dos nomes de tema em - O;
b) a desinência A do AB s. é igual à desinência A do N s. (tema A);
c) as desinências IS do AB pl. são iguais nas duas declinações (tema A ou tema O).
Como trabalhar com estas semelhanças, sem nos confundirmos? Isto já foi estudado:

35
CURSO DE LÍNGUA LATINA: não faremos confusão se analisarmos bem o contexto da frase em que os casos apare-
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
cem. Em português você não confunde o significado e a função diferente da palavra
“casa” em nosso ditado popular “quem casa, quer casa”. O som e a forma das palavras
são iguais; mas você sabe que, na primeira parte “casa” é verbo; na segunda parte, é
substantivo. Assim, na frase latina, é preciso atenção ao contexto para não confundir
terminações iguais com funções sintáticas (=casos) iguais.
Claro que tudo fica mais fácil se o AB é precedido de preposição. Assim como há
preposições que regem o AC, existem aquelas que regem o AB. Veja no quadro abaixo
algumas das preposições latinas que “regem” (isto é, exigem) a “companhia” do AB,
com as possíveis traduções em português:

A, ab (afastamento) de, por e, ex de, do interior de


Coram em presença de prae diante de, por causa de
Cum Com pro no lugar de, em favor de, por
De de, do alto de; sobre sine sem

Nota: Usa-se a ou e diante de consoante; ab ou ex, diante de vogal ou h

Exemplos com AB, preposicionado ou não, para você traduzir:


1. In Deo est fiducia mea.
2. Lupus, animo fero, contra agnum processit.
3. Gaudio magno bonas accipimus notitias tuas.
4. In schola sumus, de lingua latina scientiam studamus.
5. Pro vita, natura semper curam humana requiret.
6. Anima laetitia plena, matrona filios suos in schola visitat.
7. Antiqui poetae latini fabulas de viris romanis narraverunt.
8. Gratias agimus Domino Deo nostro ob indulgentiam suam.
9. In campis, agni praedae sunt luporum.
10. Coram discipulis, magistra doctrinam magnificam docet.

Quando falamos das preposições que regem o AC, soubemos da preposição in,
que ora rege o AC, ora rege o AB (isto é, têm dupla regência). Assim:
 IN + AC (já vimos) indica o lugar para onde se vai e pode ser traduzido por a,
para: Eo in scholam > Vou para a escola.
ou indica direção, favorecimento e pode ser traduzido por: em favor de, para
com: Rogo pro magistris > Peço em favor dos mestres.

36
 IN + AB indica o lugar em que está e pode ser traduzido por em, sobre: In Temas - A /- O: funções
sintáticas do acusativo e
libris sunt thesauri sapientiae > Nos livros existem tesouros de sabedoria do ablativo

Também as preposições SUB e SUPER podem reger ora o AC ora o AB, variando
de significado conforme o contexto:
 SUB + AC significa sob / SUPER + AB significa sobre.

Veja as frases, para exercício e tradução:


1. Agni in campos vastos current et in rivo bibent.
2. In scholam magister vadit cum discipulis suis.
3. Poeta in libris laudat feminas formosas.
4. Multis lacrimis femina ad Deum pro filio suo implorat.
5. Multi poetae narrant fabulas de historia romana.
6. Seneca librum de vita beata scripsit.

Anotações

37
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Anotações

38
4 Tema – O
O gênero neutro

De começo, uma pegada no capítulo anterior


É oportuno ressaltar que todas as noções referentes ao emprego das preposições
latinas, e as anteriores ou posteriores referentes ao adjunto adnominal, aplicam-se, ge-
neralizadamente, a palavras de todos os gêneros e de todos os temas (ou declinações),
já estudados e a estudar.
A propósito dos gêneros que acabamos de referir, é bom relembrar que em latim
são três: masculino, feminino e neutro. Você não deve ter preocupações maiores com
a definição do gênero; qualquer que seja, o dicionário sempre o indicará. Porém, vol-
temos ao que já sabemos a respeito:
1° - Não há nomes neutros de tema em –A (ou da primeira declinação): já sabe-
mos, a maioria deles pertence ao gênero feminino; poucos são os masculinos.
2º - Entre os substantivos e adjetivos de tema em –O são possíveis palavras mascu-
linas e femininas, cujo nominativo singular terá terminação em –US ou –ER. Vimos
isto há pouco.
Mas há, também, substantivos e adjetivos de tema em –O que pertencem ao gêne-
ro neutro; este tipo de palavras tem uma característica bem marcante. Observe:

singular plural
nominativo  - UM -A
acusativo  - UM -A

Certamente V. notou:
 Os nomes de tema em -O neutros têm o Ns. em –UM;
 Os nomes de tema em -O neutros têm o Npl. em -A

Veja os exemplos :
N.s.  templum, regnum, frumentum; pulchrum, fructiferum, bonum

39
CURSO DE LÍNGUA LATINA: ACs.  templum, regnum, frumentum; pulchrum, fructiferum, bonum
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

N.pl.  templa, regna, frumenta; pulchra, fructifera, bona


ACpl.  templa, regna, fructifera; pulchra, fructifera, bona

Conferindo: Os nomes neutros têm o AC s. igual ao N s. (term. - UM);


e o AC pl. igual ao N pl. (term. - A).

Assim, atenção:
1. Para qualificar substantivo feminino, você usa adjetivo na forma feminina, i. é, c/
tema -A.
Ex.: N s. = puella bona, pulchra, iusta
N pl. = puellae bonae, pulchrae, iustae
AC s. = puellam bonam, pulchram, iustam
ACpl. = puellas bonas, pulchras, iustas

2. Para qualificar substantivo masculino, você usa adjetivo na forma dos masculi-
nos, c/ tema -O.
Ex.: N s. = puer pulcher, bonus, iustus
N pl. = pueri pulchri, boni, iusti
ACs. = puerum pulchrum,bonum,iustum
AC pl. = pueros pulchros, bonos, iustos

3. Para qualificar substantivo neutro, você usa adjetivo na forma dos neutros, com
tema -O.
Ex.: N s. = templum pulchrum, regnum magnum;
Npl. = templa pulchra, regna magna;
AC s. = templum pulchrum, regnum magnum;
AC pl. = templa, pulchra, regna magna.

NOTA –> O AC s. neutro será SEMPRE IGUAL ao N s. neutro > EM TODOS OS


TEMAS OU DECLINAÇÕES;
–> O N pl. terá SEMPRE TERMINAÇÃO –A > EM TODOS OS TEMAS
OU DECLINAÇÕES.

Vamos praticar traduzindo o texto abaixo:


Libri verba scripta sunt; verba scripta manent. Libri thesauri infiniti sunt. Vir doctus

40
libros amat quia libri sapientiam detinent. Bibliotheca tesaurus litterarius semper est. Tema – O
O gênero neutro
Scholae libros multos habent quia discipuli doctrinam desiderant. Vir doctus sapien-
tiam capit. Verba docta pueros et puellas illuminant.

(Não esqueça: para traduzir corretamente Você deve seguir um ro-


teiro de procedimentos; trabalhemos juntos o primeiro período,
para recordar.)

Libri verba scripta sunt; verba scripta manent.

A leitura inteira do período nos mostra que temos dois verbos: sunt e manent. Isto
significa que temos um período composto, dividido por um “ ; ” o que nos facilita o
trabalho.
Compõem a primeira parte as palavras libri, com terminação “i”, correpondente ao
caso N pl.; verba, com terminação “A”, correspondente ao N s. tema A ou ao N pl. neu-
tro, tema O; como decidir entre um nominativo e outro? Observe o verbo (não esqueça
que o verbo é a palavra-chave da estrutura e do sentido): sunt, ou seja, desinência “NT”
correspondente à 3ª. p. pl.; verbo no plural indicia sj. pl.; além disso, trata-se de VL
(verbo de ligação) que sempre tem predicativo do sujeito, função que corresponde ao
caso N. Ora, temos duas palavras no N pl.: libri (=livros) e verba (palavras); pelo que
raciocinamos, uma palavra deve ser o sujeito, outra o predicativo do sujeito. O sentido
lógico se impõe na tradução: livros são palavras. Mas resta um outro termo a considerar:
scripta (=escritas). Você percebe que a terminação é –A, referindo-se e concordando
em gênero, número e caso (portanto é um adj. adnominal) com a palavra verba. Então,
a conclusão vem fácil: Os livros são palavras escritas.
Analisemos agora a outra parte: verba scripta manent. Note que mudou o verbo: ma-
nent. Mas a desinência verbal continua igual, indicando 3ª. p. pl., logo, sujeito plural; e
o verbo não é de ligação (ou seja, não se pode procurar aqui um predicativo do sujeito).
Conclui-se então que, agora, verba (N pl.) é o sujeito de manent (= permanecem). A
lógica das ideias impõe a tradução: palavras permanecem. E scripta também aqui con-
corda em gênero, número e caso com verba. Novamente a tradução vem fácil: palavras
escritas permanecem.
Unindo as duas partes do período teremos: Os livros são palavras escritas; as pa-
lavras escritas permanecem.
O primeiro período fizemos juntos; certamente você poderá continuar sozinho(a).
Libri verba scripta sunt; verba scripta manent. Libri tesauri infiniti sunt.Vir doctus
libros amat quia libri sapientiam detinent. Bibliotheca tesaurus litterarius semper est.

41
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Scholae libros multos habent quia discipuli doctrinam desiderant. Vir doctus sapien-
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
tiam capit. Verba docta pueros et puellas illuminant.

Anotações

42
5 Temas - A /- O: funções
sintáticas do genitive

 Neste momento de nosso trabalho, fixemos informações teóricas até aqui


revistas (e praticadas desde a 1ª. fase de nosso estudo do latim) sobre os
casos que conhecemos e as funções sintáticas específicas de cada um.

 Sabemos que:
 Nominativo é o caso do sujeito e do predicativo do sujeito
 Acusativo é o caso do objeto direto
 Ablativo é o caso do adjunto adverbial.

• A função sintática do sujeito e o caso correspondente aparece na frase


em função do verbo, constitui um termo essencial da oração;
• A função sintática do predicativo do sujeito aparece na frase em fun-
ção de algum verbo de ligação;
• A função sintática do objeto direto e o caso correspondente aparece na
frase em função do verbo, é um complemento do verbo e constitui-se
como termo integrante da oração;
• A função sintática do adjunto adverbial insere-se entre os termos aces-
sórios da oração e tem o ablativo como caso específico; entretanto, o adj.
adv. pode aparecer com o caso acusativo em certas situações contextuais,
por regência de determinadas preposições, como vimos; neste caso, figura
como termo acessório da oração.
• Também entre os termos acessórios da oração enquadra-se a função sintá-
tica do adjunto adnominal, que não tem caso específico quando expresso
por adjetivo simples ; então, sempre acompanha o caso do nome a que se
refere, como vimos.
 Para clareza de entendimento, é bom comentar sobre a diferença, às vezes
clara, às vezes sutil, sobre o que é complemento e o que é adjunto.

43
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Complemento é o termo que efetivamente completa o sentido da oração.
Completa como? Ou servindo à compreensão do sentido de um verbo, ou
servindo à compreensão do sentido de um nome.

Há, então, complemento verbal e complemento nominal.


Um e/ou outro são importantes à integração do sentido, são termos inte-
grantes da oração.

Adjunto é o termo da oração que acresce detalhes ao verbo ou ao nome,


servindo à informação de dados circunstanciais da ação verbal ou a um
nome da oração.
Há, então, o adjunto adverbial e o adjunto adnominal.
Um e outro podem dar realces interessantes ao sentido da oração; mas,
rigorosamente, são tidos como acessórios, expletivos.

Dos complementos, resta-nos tratar:


do complemento verbal denominado objeto indireto, função sintática que
em latim é expressa pelo caso DATIVO;
do complemento nominal, função sintática que, em latim, ora se expressa
pelo caso GENITIVO, ora pelo DATIVO

Dos adjuntos, resta-nos lembrar


• do adjunto adnominal expresso por locução adjetiva introduzida com a
preposição de (do[s], da[s]), função sintática que, em latim, é, sempre,
expressa pelo caso GENITIVO.

Resta, também, informar


sobre o predicativo do objeto função sintática cuja ocorrência é condicio-
nada à presença de certos verbos e que pede, em latim, colocação no acusa-
tivo; e sobre duas estruturas sintáticas especiais do latim, que merecerão lem-
brança oportuna, pela recorrência em textos latinos. São: o ablativo absoluto
e o acusativo com infinitivo.

44
Temas - A /- O: funções
sintáticas do genitive
As noções fundamentais dos casos restringem-se, rigorosamente, ao que fica
aqui sintetizado. Entretanto, podem os casos assumir funções sintáticas di-
ferentes, cujo estudo é compatível a um estágio posterior, de complentação
das presentes noções. Esta observação visa preparar para a sequência das infor-
mações deste livro, primeiro; e, depois, prevenir a expectativa possível de um
interesse maior no aperfeiçoamento dos estudos da língua latina.

Passemos, agora, à retomada do caso GENITIVO (G), que você também já


estudou. Então, deve lembrar que GENITIVO é o caso da função sintática adjunto
adnominal restritivo, entendido assim o adjunto adnominal introduzido pela pre-
posição de (do[s], da[s]).
Em português, adjuntos adnominais restritivos aparecem em frases similares aos
exemplos: águas do riacho, erva do campo, música da natureza, sabedoria das pro-
fessoras, alegria dos meninos, livro de ciência, histórias do lobo e do cordeiro,
esperteza da raposa. Em latim, as terminações correspondentes são as que aparecem
nos esquemas abaixo:
Das palavras com tema em A (substantivos e adjetivos femininos)...

singular plural
genitivo  - AE - ARUM

e... das palavras de tema em O ( substantivos e adjetivos masculinos):

singular plural
genitivo  -i - ORUM

Os exemplos acima, traduzidos para o latim, ficarão assim:


águas do riacho = aquae rivi
erva do campo = herba campi
música da natureza = musica naturae
alegria dos meninos = laetitia puerorum,
livro de ciência = liber scientiae
histórias do lobo e do cordeiro = historiae lupi et agni.
sabedoria das professoras = sapientia magistrarum
esperteza da raposa = sollertia vulpeculae

45
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Desde agora, você tem um repertório considerável de possibilidades de construção
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
de frases ou orações completas com muitos dos recursos lingüísticos, em português ou
em latim. A partir dos exemplos acima, vamos construir algumas orações completas,
primeiro em português e, em seguida, traduzidas para o latim; analise-as, compare-
as, conferindo a teoria na prática:

1) Em português:
1. As águas do riacho estão entre o lobo e o cordeiro.
2. Às vezes, ervas do campo são remédios.
3. O vento é a música da natureza.
4. A alegria dos meninos anima a escola.
5. Um livro de ciência instiga muitos estudos.
6. Os alunos, na escola, lêem a história do lobo e do cordeiro.
7. A sabedoria das professoras auxilia o conhecimento dos meninos e das meninas.
8. A fábula “A raposa e as uvas” não justifica a esperteza da raposa.

As mesmas orações, em latim:


1. Aquae rivi inter lupum et agnum sunt.
2. Aliquando, herbae campi remedia sunt.
3. Ventum musica naturae est.
4. Laetitia puerorum scholam inflammat.
5. Scientiae liber studia multa instigat.
6. Dispuli fabulam lupi et agni in schola legunt.
7. Sapientia magistrarum scientiam puerorum e puellarum auxiliat.
8. Fabula de vulpecula et uvis non sollertiam vulpeculae justificat.

2) A seguir, um pequeno texto; um texto nada mais é que uma sequência de frases que
se correlacionam; traduzir o texto é traduzir cada frase. Você já tem condições de
fazer isso sozinho(a).
Natura augustum templum est: caelum et terra narrant gloriam Dei. Luna, stellae
et cuncta astra sapientiam et potentiam diuinam magnificant. Mundus prodigium
mirificum est. Deus creauit caelum, et terras, viros et feminas: filii Dei sumus. Natu-
ra est sicut liber Dei: uerbum diuinum scriptum. Naturam amamus quia speculum
domini Dei est.

46
6 Temas - A /- O:
morfossintaxe do dativo
e do vocativo

Dos seis casos latinos – nominativo, acusativo, ablativo, genitivo, dativo, voca-
tivo – conhecemos quatro.
E sabemos que:
• nominativo > é o caso da função sintática sujeito, predicativo sujeito e adjun-
to adnominal do sujeito expresso por adjetivo ou equivalente;
• acusativo > é o caso da função sintática objeto direto, adjunto adnominal do
obj. direto expresso por adjetivo ou equivalente e do adjunto adverbial iniciado
por preposições;
• ablativo > é o caso específico da função sintática adjunto adverbial (pode
aparece com ou sem preposição).
• genitivo > é o caso da função sintática adj. adnominal introduzido pela prep.
“de” ou complemento nominal (em geral, também introduzido pela preposição
“de”, depois de um adjetivo cognato de um verbo transitivo).

É bom lembrar que estamos conhecendo estes casos com as terminações próprias
dos nomes de tema em “A” e de tema em “O”.
Resta-nos, então, relembrar o dativo e o vocativo.

O DATIVO (D) é o caso específico da função sintática objeto indireto (oi).


Nas palavras de tema em “A” e de tema em “O”, as desinências do dativo são:

Tema em - A (substantivos e adjetivos)...

singular plural
Dativo (D)  - AE - IS

47
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Tema em - O ( substantivos e adjetivos):
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

singular plural
Dativo (D)  -O - IS

Atenção: o objeto indireto (oi) aparece, em português, introduzido pela pre-


posição para ou a (neste caso combina-se com o artigo, podendo surgir a+a(s)=
à(s); a+o(s)=ao(s)). Confira, nos exemplos abaixo, as desinências dos casos e a
incidência das preposições:

a) Epistulam mittere magistrae Enviar carta à (ou para a) professora


b) Gratiam rogare Deo Pedir uma graça a Deus
c) Rogo exaudire Atender ao (a um) pedido
d) Solatium aegrotis praebere Levar consolo aos doentes
e) Auxilium pueris parare Proporcionar auxílio para os meninos
f ) Viam viro et feminae designare Indicar o caminho ao homem e à mulher

É interessante notar que:


a) a desinência do dativo singular (D s.) dos nomes em –A (1ª. decl.) se confunde
com a desinência do N.pl. e do G s.
b) a desinência -O do D s. dos nomes em –O (2ª. decl.) se confunde com a desi-
nência -O do AB s..
c) as desinências IS do D pl. são iguais nas duas declinações (tema A ou tema O) e
são iguais à do caso AB pl., que já estudamos

Como trabalhar com estas semelhanças, sem nos confundirmos? Vamos repetir
sempre: não faremos confusão se analisarmos bem o contexto da frase em que os
casos aparecem. Lembre: em português você não confunde o significado e a função
diferente da palavra “casa” em nosso ditado popular “quem casa, quer casa”. O som e
a forma das palavras são iguais; mas você. sabe que, na 1ª. parte “casa” é verbo; na 2ª.
parte, é substantivo. Assim, na frase latina é preciso atenção ao contexto para não
confundir terminações iguais com funções sintáticas (=casos) iguais. Pratique-
mos a teoria, resolvendo exercícios.
Antes, porém, reforcemos uma lição da sintaxe tradicional em português, para tor-
nar mais fácil nossa aprendizagem do latim.

48
Temas - A /- O:
morfossintaxe do dativo e
Quando falamos sobre verbos, lá atrás, falamos em verbos de ligação ( VL) do vocativo
e verbos significativos ( VS). Estes, os VS, nós os chamamos assim porque
sempre têm um sentido, mesmo sozinhos já significam alguma idéia; em geral
dão idéia de ação, por isso há quem prefira chamá-los verbos de ação.
O que interessa fixar é que quando exprime algum sentido, o verbo pode ter
sentido completo ou não.

• Com sentido completo, o verbo não precisa, necessariamente, de ne-


nhum complemento; então é chamado de verbo intransitivo. Exemplos
clássicos são rir, cair, ganir, latir, trovejar, chover.
• Com sentido incompleto, o verbo precisará, dependendo do contex-
to, e de conformidade com sua “regência”*, de palavra(s) que lhe com-
pletem o sentido; o verbo que recebe um complemento é chamado de
transitivo.

• Um verbo transitivo pode apresentar um ou mais complementos. Estes


complementos, por sua vez, terão com o verbo uma conexão de sentido
que pode se estabelecer com ou sem conectivos expressos (i. é, com ou
sem preposição).
 O complemento que se liga ao verbo sem preposição é o obj.
direto que corresponde, em latim, (você já sabe) ao acusativo
(od. = AC).
 O complemento que se liga ao verbo mediante preposição cor-
responde, em latim (acabamos de ver), ao dativo (oi. = D).

* Só para lembrar: regência é uma relação de dependência necessária entre dois termos da oração.

Feita a rememoração, agora, sim, pratiquemos a teoria.


Não esqueça, seu dicionário está no final do livro.

Veja a frase: Lingua Latina studiosis viris culturam romanorum parat.


O verbo é a chave, sempre. Aqui, parat: (des. “t”, 3ª p. s. = prepara, proporciona,
propicia); pede, portanto, sujeito singular; a palavra com des. sing. de N (caso do sj.)
é lingua (= a língua); logo, é o sujeito da frase. Temos até aqui: A língua propicia...
- Mas fica claro que a palavra “língua” precisa ser detalhada, qualificada; isto re-
quer um adj. adnominal, isto é, um adjetivo que (em latim ou em português)
concorda com o nome a que se refere; é esta a função ocupada pela palavra

49
CURSO DE LÍNGUA LATINA: latina, que por isso aparece também no N s. Associando as palavras, tem-se: A
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
língua latina propicia...
- E percebemos que o verbo não tem sentido completo, precisa de um comple-
mento. Ou seja, carece de um objeto direto; nossa atenção mostra que cultu-
ram apresenta a des. –M característica do AC s. (= od.); é, pois, o complemen-
to que procuramos. E agora temos: A língua latina propicia a cultura.
- Relendo a oração em latim certamente chama a atenção a palavra romanorum.
Essa terminação –RUM marca fortemente o G pl. (adj. adn. restritivo) dos no-
mes de tema em O [e A]; e o G sempre se traduz para o português com a prep.
“de”; ou seja, romanorum traduzido ficará “dos romanos”, um qualificativo
para a palavra “cultura”. Juntando “as peças”, temos agora um conjunto de sen-
tido coerente: A língua latina propicia a cultura dos romanos.
- Mas do original latino ainda restam duas palavras a traduzir: studiosis viris. A ter-
minação –IS, idêntica nas duas palavras, sugere o mesmo caso para ambas. Ora,
com a terminação –IS, há dois casos: o AB pl., que corresponde à função sintática
do adjunto adverbial e o D pl., que corresponde ao complemento objeto indireto.
- Então, raciocinemos: a chave é o verbo, lembra? E quem proporciona ou pro-
picia, proporciona ou propicia “algo” (na frase: “a cultura”) a “alguém”..., ou
seja, “aos homens estudiosos”, tradução de studiosis viris (D pl.) como objeto
indireto (viris, o oi. e studiosis, adj. adn.). A oração inteira, afinal, se revela: A
língua latina propicia a cultura dos romanos aos homens estudiosos.

Outros exercícios virão. Antes, vamos recordar outro emprego do dativo, analisan-
do a oração: Matrona filiis curam offert; cura matronae filiis suis magna est.

Na verdade, temos aí um período composto de duas orações.


Observe: na primeira oração temos o verbo offert (des. “t”, 3p. s.) - é um VS (sig-
nifica “oferece, proporciona”); na segunda oração temos um VL, já bem conhecido.

- A primeira oração V. vê que é fácil; tem-se claro o sj. com a palavra matrona
(des. –A, N 1ª. decl.); também é claro um AC (od) representado pela palavra
curam; e um D (oi) representado pela palavra filiis. Colocada em ordem di-
reta, a frase fica assim: Matrona offert curam filiis. A tradução flui fácil: A mãe
oferece (proporciona) cuidado aos filhos.
- Na segunda oração - cura filiis suis magna est - o VL est (des. “t”, 3p. s.) ajuda a
lembrarmos que deve haver na frase dois nominativos, um para o sj. (que deve
estar no singular) e outro para um pred. sj. De fato, analisando encontramos:

50
cura e magna, que, unidos pelo verbo ficam cura est magna (= o cuidado é Temas - A /- O:
morfossintaxe do dativo e
grande); resta, então, verificar a que termo da oração se refere filiis; refere-se do vocativo

ao verbo ou a um nome? O verbo é VL, facilmente se percebe que não cabe


um –AB relacionado ao verbo; mas, considerando que cura significa “cuidado,
atenção” é bem fácil concluir: cuidado com os filhos; ou seja, a palavra cura
(cuidado) está completada com a palavra filiis, que se apresenta com a termi-
nação –IS própria do D pl., acompanhado pelo adj. adn. suis (no mesmo caso,
gênero e número do nome a que se refere); ou seja, o caso dativo continua
servindo como um complemento, mas complemento de um nome (cura); esta
função sintática se chama complemento nominal (c.n.).
- A tradução da segunda parte do período fica assim: o cuidado com os filhos é
grande.

Completo, fica assim traduzido o período: A mãe oferece (dá, proporciona) cuida-
do aos seus filhos; o cuidado com os filhos é grande.

Concluindo:
a) O dativo (D) é o caso específico da função sintática objeto indireto (oi), i. é, pri-
mordialmente é complemento de um verbo; em português, aparece com as prepo-
sições a (à, ao, às,aos) e para;
b) O dativo (D) pode aparecer como complemento de um nome e, então, correspon-
derá à função sintática do complemento nominal (compl. nom.) [que em portu-
guês pode aparecer com as preposições a (à, ao, às, aos), com, de, (do(s), da(s),
para, por, pelo(a)]. Esta função vai acontecer, em geral, quando o nome “completa-
do” é cognato de um verbo. Ex.: De amar > amor, amoroso, amante, amado...; de
estudar > estudante, estudioso...; de lembrar > lembrança, lembrete; de eleger >
eleitor, eleitorado, eletivo...

Compare:
Exemplos: a) Dativo na função de oi:
- Magister discipulae scripsit litteram > O professor escreveu carta à aluna
- Magistrae discipulis scripserunt > As professoras escreveram aos alunos
- Terra fructos agricolae parat. > A terra propicia frutos ao agricultor
- Terrae fructos agricolis parant. > As terras dão frutos aos agricultores
- Gratias agimus Deo. > Damos graças a Deus
- Puer rosam puellae dat. > O menino oferece uma rosa à menina

51
CURSO DE LÍNGUA LATINA: b) Dativo na função de cn:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
- Discipulus sedulus studio. > aluno aplicado ao estudo
- Vir gratus Deo > cidadão agradecido a Deus
- Magister stimulus est discipulis > o mestre é um estímulo aos alunos
- Rex tyrannus tormentum est populis. > o rei tirano é um tormento para os
povos

Exercícios
1. Libri pueris laetitiam parant.
2. Deus caeli et terrae dominus est.
3. Vitia morbi animae sunt.
4. Superbia signum est stultiae.
5. Viri docti et probi ornamentaque scuta patriae sunt.
6. Amicitia beneficium et laetitiam amicis parat.
7. Amicitia bonorum uirorum maximum donum nobis dat.
8. Gratum est et utile animae nostrae seruare uerba et consilia docti viri.
9. Amici boni et verba bona viris et feminas delectant.

VOCATIVO ( V) > é o caso da função sintática do mesmo nome, vocativo.


Corresponde a uma expressão de chamamento. Em português, o vocativo ocorre
em frases assim: Deus, me ajuda! João, vem cá.
Em latim, o vocativo (V) tem forma com terminação própria ou assimilada ao no-
minativo (N).
Nos nomes de tema em A, tem desinência igual à do nominativo. Assim,
V s. = -A V pl. = -AE

Nos nomes de tema em O, tem – também – desinência igual à do nominativo, com


uma singularidade para os nominativos em –US, cujo vocativo singular é -E.
Assim: V s. = -E, Er, Ir, UM V pl. = -I, A

Para melhor visualização e entendimento:

Tema em “A” Tema em “O”


N. s. = A V.s. = A N.s. = US, ER, IR V.s. = E, ER, IR
N. pl. = AE V.pl. = AE N.pl. = I V.pl. = I

52
Exemplos: Temas - A /- O:
morfossintaxe do dativo e
do vocativo

Puella, quotidie labora! Puer, quotidie labora!


Discipula, atenta este semper! Pueri, consilia magistrae audite.
Discipulae, atentae estote semper !
Discipule, oportet studare semper.
Discipuli, oportet studare semper.

Note bem:
A função sintática do vocativo não depende dos outros termos da oração.
a) Isto significa que, embora seja identificável com o sujeito, o vocativo não é o
sujeito.
b) Presta atenção, nas frases acima, nas forma verbais labora, laborate,(trabalha,
trabalhai) este, estote (sê, sede). São forma do modo imperativo, que ainda é
preciso conhecer.

Neste momento de nosso estudo chegamos ao conhecimento de todos os casos


e das funções sintáticas mais usuais na Língua Latina; e conhecemos os casos e as
funções relacionando –os às correspondentes desinências casuais das palavras de
tema em “A” e de tema em “O”. Podemos, portanto, estabelecer a declinação de tais
palavras, num quadro geral. (Em tempo: declinar uma palavra e fazê-la mudar na
sua terminação, para indicar os vários casos possíveis.) Costuma-se classificar as
palavras de tema em ”A” como da primera declinação; as de tema em O”, são da
segunda declinação. Veja o quadro:

TEMA A = 1a.
TEMA O = 2a. decl.
decl.

FEM / MASC MASC / FEM NEUTRO


CASOS
S. Pl. S. Pl. S. Pl.

NOMINATIVO -A -AE US, ER, IR -I -UM -A

VOCATIVO -A -AE -E.ER.,IR -I -UM -A

GENITIVO -AE -ARUM -I -ORUM -I -ORUM

DATIVO -AE -IS -O -IS -O -IS

ABLATIVO -A -IS -O -IS -O -IS

ACUSATIVO -AM -AS -UM -OS -UM -A

53
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Além dos casos dados, existem resquícios do caso Locativo, com a desinência -ae
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
ou - i, no singular, indicando lugar em que se está. Ex. Romae, em Roma; Deli, em
Delos; Corinthi, em Corinto; domi, em casa; em ruri, no campo.

As situações morfosintáticas estudadas até este momento dos


nossos trabalhos são as mais comuns. No trato com textos latinos mais
elaborados surgirão outras situações, que devem ser estudadas uma a
uma.
Por outro lado, vimos conhecendo os substantivos e adjetivos latinos
– e as terminações respectivas – que se enquadram como tema em –A
ou tema em –O. Mas já sabemos que existem palavras de tema em –U e
de tema em –E. Adiantando uma lição sobre estas últimas, é bom saber
que – na evolução do latim para o português – a maioria das palavras
de tema em –U foi “confundida” com a 2a. declinação (-O); e o número
de palavras de tema em –U é pequeno, se comparado com as outras
declinações; muito menor, ainda, é o número de palavras de tema em
–E. Ora, ambos os temas são vocálicos; mas a referência que acabamos
de fazer nos leva a passar ao estudo do grupo de palavras latinas da 3a.
declinação.

Anotações

54
7 Tema - I e Tema
Consonantal

Terceira Declinação
Os dicionários latinos apresentam os substantivos sempre conforme os modelos:
domina, ae, f. / dominus, i, m.
Nesse modelo, a parte inicial inteira corresponde ao N s. da palavra; e a desinência
mostrada em separado é sempre do G s.; e, sempre, é feita a indicação do gênero da
palavra (sobre isso já alertamos você, lá atrás)
A partir dessa noção – que não é nova para você – lembre, também, que é possível
identificar o tema ou declinação de uma palavra pela simples consulta ao dicionário.
Isto porque, repetindo, os dicionários sempre apresentam as palavras no nominativo
singular e a terminação do genitivo singular (Ex.: poeta, ae; dominus, i; domus, us;
dies, ei).
As palavras da terceira declinação, que passamos a estudar, vão aparecer no dicioná-
rio, assim, p. ex.: consul,is, m; mare, is, n; lectio,onis, f; dux, ducis, m; animal, is, n.
Com certeza você notou que:
a) O N s (que é a forma apresentada inteira) é bem variável;
b) Todas as palavras que têm o G s. em –is são da 3ª. decl.;
c) mas o registro do G s. é levemente diferenciado em algumas palavras;
d) isto significa que o dicionário informa pelo registro do G s. qualquer alteração
que ocorra no radical da palavra ao passá-la;
e) é a partir desse registro que se faz a declinação dos casos.

Então
a) será sempre a partir do radical do G s. (alterado ou não) que juntaremos as
desinências próprias de cada um dos demais casos;
b) esse radical será, igualmente, o tema da palavra;
c) a forma prática de estabelecer o tema na 3a. decl. é retirar dos nomes a termina-
ção -is do genitivo singular.

55
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Assim:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
N.s G s. Tema
Consul cônsul is consul
Ciuitas ciuitat is ciuitat
Soror soror is soror
Sermo sermon is sermon
Princeps princip is princip
Corpus corpor is corpor
Origo origin is origin
Pes ped is ped
Leo leon is leon

Didaticamente, os nomes da 3ª decl. são divididos em dois grandes grupos:


1) nomes que apresentam a vogal temática –i, então o tema é sonântico;
2) nomes que não apresentam vogal temática, têm o tema consonântico.

Falemos dos nomes sonânticos.


Observe: Nubes,is, f; navis, is, f; mare, is, n; vulpes, pis, f; rupes, is, f; venter, tris,
m; imber, bris, f; classis, is, f.
Quando se pronuncia pausadamente cada um desses nomes, é possível perceber
que apresentam uma característica comum:
N> nu-bes / na-vis / im-ber
G> nu-bis / na-vis / im-bris
O que há de comum é que todos têm – no G – número igual de sílabas ao N.
Diz-se, então que são parissílabos (têm um número de sílabas par).
O quadro modelo da declinação desses nomes se configura assim:

CASOS MASCULINOS E FEMININOS NEUTROS

s. pl. s. pl.

N civ is (cidadão) civ ES mar e (mar) mar ia

V civ is civ ES mar e mar ia

G civ is civ ium mar is mar ium

D civ i civ ibus mar i mar ibus

AB civ e civ ibus mar i mar ibus

AC civ em civ ES mar e mar ia

56
NOTE BEM:
a) Os nome sonânticos da 3a. decl. abrangem os três gêneros latinos.
b) Nestes nomes, o G pl. é sempre –ium.
c) E você observou que – como foi explicado antes – no nome neutro o AC s é
igual o N s.? E que o AC pl. e N pl. são iguais, com a terminação em “a”?
d) Alguns nomes não se configuram tão visivelmente iguais, mas são também con-
siderados parissílabos. Assim o são, por exemplo, os nomes de Ns. em –al,
-ar (antigamente –ale, -are): animal, alis, n; tribunal, alis, n; calcar, aris, n;
exemplar,aris, n; etc.
e) Também assim são os nomes cujo radical termina por 2 consoantes, como urbs,
mens, frons, nox(cs), mors que perderam o “i” da forma antiga (urbis, mentis,
frontis, noctis, mortis), etc.

Como trabalhar a tradução de frases construídas com tais nomes?


Primeiro, é preciso considerar que o texto latino mescla ou mistura os nomes
de todas as declinações. Segundo, é preciso reafirmar: os procedimentos que
valiam para nomes de tema em –A e –O, valem para todos os nomes, de to-
dos os temas ou declinações. Apenas acrescentamos, agora, que é conveniente
buscar todas as palavras desconhecidas do texto, no dicionário, antes de começar
a tradução.

Veja a frase: Roma domina terrarum et marium erat.

Conhece todas as palavras? Roma, domina, terra – são palavras de tema em –A;
você já deve conhecê-las; erat – é imperf. ind. de sum; marium – está no paradigma,
acima; se não estivesse, o que fazer? Retira-se a terminação –ium; sobra o radical mar;
a partir deste, vai-se em busca da palavra, lembrando que o Gs. dela é is; e aí se encon-
tra: mare,is, n. = mar.

Assim, ao trabalho:
1º. O verbo, qual é? > erat (des. t = 3ª.p.s.) = era; verbo no singular pede sj. (N)
no singular; é VL, então supõe a presença de um pred. sj.(N);
2º. Roma (des. –A = Ns. – caso do sujeito ou pred. sj.);
3º. domina (des. –A = Ns. – caso do sujeito ou pred. sj.);
4º. terrarum (des. –ARUM = Gpl. – caso do adj. adn.restritivo);
5º. marium (des. –IUM = Gpl. – caso do adj. adn.restritivo).

57
CURSO DE LÍNGUA LATINA: De posse desses dados, somados à prática dos exercícios anteriores, o sentido da
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
frase se impõe: Roma era senhora das terras e dos mares.
A melhora da prática supõe poder contar com um repertório maior de palavras.
Então, passemos agora aos nomes de tema consonantal da 3a. declinação.

Os nomes de tema consonantal:


Podem ser masculinos, femininos ou neutros.
1) Os masculinos ou femininos podem ser sigmáticos ou assigmáticos.
Sigmáticos –> quando apresentam –s como desinência no nominativo
(e no vocativo) singular. Ex.: princeps - miles - pes - hiems -
ciuitas - flos
–> às vezes, a representação da desinência é levemente
alterada, de –s para –x (=cs). Ex.: dux - rex - lex - lux
Assigmáticos –> quando não apresentam a desinência –s no nominativo
(e no vocativo) singular. Ex.: consul - soror - sermo - origo - leo.

2) Os neutros consonantais podem ser agrupados assim:


 de tema em dental surda – t : caput. capitis > capit
 de tema em dental sonora – d : cor, cordis > cord
 de tema em nasal –n : nomen, nominis > nomin
 de tema em alveolar –r : corpus, corporis > corpor

Vejamos um modelo (ou paradigma) da declinação destes nomes:

CASOS MASCULINOS FEMININOS NEUTROS

s. pl. s. pl. s. pl.

N pes pé ped es lex leg es caput cap ita

V pés ped es lex leg es caput cap ita

G ped is ped um leg is leg um cap itis cap itum

D ped i ped ibus leg i leg ibus cap iti cap itibus

AB ped e ped ibus leg e leg ibus cap ite cap itibus

AC ped em ped ES leg em leg ES caput cap ita

58
Importante:
A terminação dos casos é construída a partir da forma do genitivo indicado pelo
dicionário e da indicação do gênero, também no dicionário. Assim, atenção:
• Pictor, oris m. > pictorem, pictores, pictorum, pictoribus
• Civitas, atis f. > civitatem, civitates, civitatum, civitatibus
• Opus, operis n. > opus, opera, operum, operibus

À terceira declinação pertence um número significativamente maior de palavras do


léxico latino. Tem-se agora um repertório muito grande de possibilidades a explorar; e
a exercitação continuada será indispensável à aprendizagem.

Proposta de Atividade

Exercício 1)
Identificar o que se pede na primeira linha em relação às palavras da primeira co-
luna, seguindo o modelo (quando a terminação sugere mais de uma opção, escolha
uma).

Palavra Forma de entrada no dicionário Declinação Caso s./ pl. Significação

Femina Femina, ae f. 1ª. N. s. Mulher; fêmea

Mulieris

Matres

Virum

Hominum

Patrem

Magistri

Magistras

Lucibus

Alimenta

Navium

Laetitiae

Studio

59
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Exercício 2)
Como o exercício anterior
Auribus

Ventris

Hostium

Latronem

Vocum

Rosarum

Pacis

Opera

Animis

Judicum

Imagine

Carmen

Exercício 3)
Vamos “treinar” um pouco, juntos, traduzindo:
Poeta latinus Virgilius opus magnum de gestis Romanorum scripsit; opus suum
“Aeneas” nominavit.

1º. Leu com atenção? Notou que tem 2 verbos, cada um nuclearizando um conjun-
to frasal?
2º. Conhece todas as palavras? Não? Então, ao dicionário:
Poeta, ae, m > poeta; latinus, i, adj.> latino; Virgilius, ii, m > Virgílio; opus,
eris, n > obra; magnum, i, adj. > grande; de, prep.> sobre, a respeito de; gestae,
orum (esta palavra, em latim,só tem plural)>feitos heróicos; Romani, orum >os
romanos;scripsit, verbo na 3a.p.s.> escreveu; suum, i pron.> seu; Aeneas (palavra
grega) > Eneida; nomino, as, are, avi, atum > nomear, intitular.
3º. Analisemos as palavras relacionadas ao primeiro verbo: scripsit > escreveu.
Verbo no singular, sujeito singular; que palavras da primeira parte estão no N (caso do
sj.)? Encontramos: poeta / latinus / Virgilius – todas no N s.; a primeira – poeta – é de
tema em –A, masculina, o que explica o adjetivo latinus (m) ao seu lado, concordando
em gênero, número e caso. Fica fácil chegar à tradução “O poeta latino Virgílio escre-
veu...”. E aí você percebe que o verbo não está completo, precisa de um complemento;
od ou oi? Na frase, você vê a palavra opus; o dicionário indicou que é do gênero neu-
tro; sendo neutra, a palavra tem o N e AC iguais (lembra?). Então, fica claro; aqui, opus
está no AC: “O poeta latino escreveu uma obra”. Faltou encaixar a palavra magnum,

60
que você percebe, de imediato, que concorda com opus; e então conclui: “O poeta
latino Virgílio escreveu uma grande obra”.
4º. Agora, detalhemos a segunda parte, relacionada ao verbo nominavit; é 3a. p. s.
do pret. perf. indicativo de nominare > intitular; portanto, em português,>intitulou.
Verbo no singular, sujeito singular – lembra? E o N suj. do verbo “intitulou”? a palavra
opus – acabamos de ver acima – é do gênero neutro; nessa forma, tanto pode ser N
quanto AC; mas não faz sentido pensar “a obra escreveu...”; o raciocínio vem rápido:
o poeta Virgílio escreveu... o sj. aqui está subentendido; e opus suum é, de novo, AC /
od., agora completando o sentido de nominavit. A tradução é clara: intitulou sua obra
“Eneida”.
5º. Unindo as duas partes do período, resulta o pensamento inteiro: “O poeta lati-
no Virgílio escreveu uma grande obra; intitulou sua obra “Eneida”.

Exercício 4)
Traduzir:
a) Homo est faber fortunae suae
b) Virgilius, Horatius et Ovidius principes poetarum latinorum sunt
c) Nomina poetarum et oratorum sicut stellae sunt in caelis patriae.
d) Maximma est gloria Ciceronis, principis oratorum Romanorum.
e) Damnum imbris super terram saepe magnum est.
f) Beneficia Dei hominibus aliquando ignota sunt
g) Dignus est operarius mercede sua.
h) Labor honestus hominem et mulierem dignificat.
i) Iucunda est omnibus praeteritorum memoria.
j) Initium sapientiae timor Dei est.

Anotações

61
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Anotações

62
8 O verbo:
noções gerais

Paradigmas: 1. O verbo sum. 2. Verbos regulares na voz ativa

Você já tem noções sobre a conjugação dos verbos latinos. Entretanto, interessa
repetir (repetita juvant!) para fixação, sistematizando e complementando informações
teóricas fundamentais:
• A flexão verbal, tal como a dos nomes (substantivos, adjetivos, pronomes) é
desinencial e ocorre na terminação das palavras – a partir de um radical.
(Radical: parte inicial do verbo, contém a sua significação geral – lembra?)
• O radical já pronto para receber a desinência verbal constitui o tema que é
característica diferencial de cada conjugação verbal.
• Em latim há 4 conjugações: três têm tema vocálico e uma tem tema
consonantal.
• Têm tema vocálico os verbos da primeira (tema –a), da segunda (tema -e) e
da quarta (-i) conjugação.
• Fazer a conjugação de um verbo ou conjugar um verbo é mudar sua terminação
nas diferentes desinências possíveis.
• As desinências verbais em latim são de duas espécies: há a desinência núme-
ro-pessoal e há a desinência modo-temporal.
• As desinências número-pessoais indicam as pessoas do verbo. São iguais em
todos os tempos verbais do infectum*; você já as conhece, na forma da voz
ativa do verbo:

Singular : 1ª. – o, – m Plural.. : 1ª. – mus


2ª. – s 2ª. – tis
3ª. – t 3ª. – nt

Nota: * Tempos do infectum são tempos de ação verbal incompleta

63
CURSO DE LÍNGUA LATINA: • Das desinências modo -temporais lembraremos mais à frente, mediante a exibição
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
dos paradigmas.
• Para o verbo latino, como em português, há voz ativa e voz passiva; e, na
forma passiva, há uma classe especial de verbos, de sentido ativo, chamados
depoentes. Nosso estudo, ficará restrito às formas verbais ativas.
• Como em português, há em latim três modos pessoais (também chamados fini-
tos) que são aqueles que, em geral, recebem as desinências número-pessoais;
são o Indicativo, o Subjuntivo e o Imperativo. E o infinitivo, um modo que,
em latim, não apresenta formas pessoais.
• Em latim há, ainda, 4 modos especiais: o particípio, o gerúndio e o supino, na voz
ativa; e o gerundivo, na voz passiva. São especiais por serem formas verbais que po-
dem comportar-se como nomes (adjetivo ou substativo), tanto que são declináveis.
• Os tempos verbais latinos são os mesmos que temos em português (e peculia-
ridades que serão observadas oportunamente). E, como em português, existem
tempos primitivos e tempos derivados.
• Os dicionários apresentam as formas primitivas de cada verbo (você já aprendeu
isso), a saber:

1ª. conj. 2ª. onj. 3ª. conj. 4ª. conj.


a) a 1ª.p.s /presente indicativo oro deleo lego audio
( forma plena)
b) a 2ª.p.s / presente indicativo as es is is
(terminação)
c) o infinitivo (terminação) are ere ere ire

d) a 1ª.p.s / pret. perf. avi evi i ivi


indicativo (terminação)
e) o supino (terminação) atum etum ctum * itum

Anote:
a) As vogais temáticas –a / –e / –i são características das 1ª., 2ª. e 4ª. conjugações,
respectivamente; na 3ª. conjugação, a terminação consonântica do radical é
muito variável.
b) A regularidade ou constância na adequação a este paradigma caracteriza o ver-
bo regular.
c) Qualquer diferença em relação a este modelo, os dicionários registram, tal
como acontece acima com verbo legere, em que a consoante sonora “G” (de
leg) passa para a surda “C”, como está assinaldo pelo *: lectum.

64
• Alterações mais acentuadas em relação aos modelos dados caracterizam verbos O verbo: noções gerais

irregulares. Alterações mais profundas, desde a raiz do verbo, caracterizam


verbos anômalos.

• Na sequência, V. encontrará os paradigmas dos verbos regulares na voz


ativa, em todos os tempos, na forma tradicional.1
Atenção: V. não precisa, necessariamente, “decorar” os modelos;
mas terá sempre à disposição um quadro para consulta imediata e,
nele, “encaixar sua dúvida”. Se o encaixe não for possível, tem-se
um verbo irregular; vários deles V. já conheceu; à medida de sua
incidência nos exercícios que virão, retornaremos a eles.

Primeiro, pela sua recorrência e importância, repete-se aqui, na forma tradicional,


o verbo anômalo ESSE (ser, estar, existir), que no dicionário V. encontrará como sum,
es, esse, fui.
O verbo sum é frequentíssimo no uso latino, só ou como auxiliar na formação
dos tempos compostos da voz passiva. Além disso, serve à formação de uma série
de outros verbos, com auxílio de prefixos. Tais são, por exemplo, adsum, absum,
desum, insum, praesum... verbos que se conjugam examente como sum. Entre todos
os compostos, avultam os verbos possum, potes, posse, pofui (que significa “poder”)
e prosum, prodes, prodesse, profui (que significa “ser útil”).

1 Para os paradigmas, adota-se aqui o formato constante da Gramática Latina de Carl, Gri-
mal, P; Lamaison, J. e Noiville, R. (v. referências).

65
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
O verbo esse (sum, es, esse, fui)

Indicativo Subjuntivo Infinitivo Particípio


Presente: sou, estou seja, esteja
sum sim
es sis
ser, estar
est sit
sumus simus
estis sitis esse
sunt sint
Imperfeito: era, fosse, estivesse
estava essem
eram esses
eras esset
erat essemus
eramus essetis
eratis essent
erant
Futuro: serei, estarei haver de ser, Havendo de ser,
ero haver de estar de estar
eris
futurus,a, um
erit futurum,am, um,
erimus ou
eritis
fore
erunt

Pret.perfeito:fui, tenha sido, tenha


estive estado ter sido,
fui fuerim
ter estado
fuisti fueris
fuit fuerit fuisse
fuimus fuerimus
fuistis fueristis
fuerunt / fuere fuerint
M. q.perf: fora, tivesse sido, estado
estivera fuissem
fueram fuisses
fueras fuisset
fuerat fuissemus
fueramus fuissetis
fueratis fuissent
fuerant
Fut. Perf.: terei sido,
terei IMPERATIVO:
estado Presente > es sê
este sede
fuero
fueris Futuro > > esto sê,seja
fuerit estote sede
fuerimus sunto sejam
fueritis
fuerint

Legenda: [ ] Formas do presente (infectum) [ ] Formas do perfeito (perfectum)

66
1ª. CONJUGAÇÃO
Tema – A: Verbo oro, as, are, avi, atum
Indicativo Subjuntivo Infinitivo Particípio
Presente: oro, rezo ore, reze
or o or e m que reza, que ora
or a s es
orar, rezar or a ns
or a t et
or a mus e mus or a re or a ntis
or a tis e tis
or a nt e nt

Imperfeito:orava, orasse, rezasse


rezava or a sse m
or a ba m a sse s
a ba s a sse t
a ba t a sse mus
a ba mus a sse tis
a ba tis a sse nt
a ba nt
Futuro: orarei, rezarei RADICA E SUPINO
or a bo L D Havendo de orar,
a bi s
haver de orar, rezar
a bi t
a bi mus de rezar oraturus,a, um
a bi tis or-a-turum,
a bu nt am, um
Pret.perfeito: orei, tenha orado, tenha SUPINO
rezei rezado ter orado, para orar, para rezar
or av i or a v eri m
ter rezado or a tum
a v isti a v eri s
a v it a v eri t or a vi sse de (se) destruir
a v imus a v eri mus or a tu
a v istis a v eri tis
a v it a v eri nt
Mais q.perf: orara, tivesse orado,
rezara rezado GERÚNDIO (é declinável):
or a ver am or a visse m
a ver as a visse s G = orandi - de orar
a ver at a visse t D = orando - para orar
a ver amus a visse mus AB = orando - orando
a ver atis a visse tis AC (ad) = orandum - (para) orar
a ver ant a visse nt
Fut. Perf.: terei orado,
.. IMPERATIVO:
or a ver o Presente > or a ora, reza
a ver is or a te orai, rezai
a ver it Futuro > orate ora, ore, reza, reze
a ver imus > oratote orai
a ver itis > oranto orem
a ver int

Legenda: [ ] Formas do presente (infectum) [ ] Formas do perfeito (perfectum)

67
CURSO DE LÍNGUA LATINA: 2ª. CONJUGAÇÃO
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Tema –E: Verbo deleo, es, ere, evi, etum

Indicativo Subjuntivo Infinitivo Particípio

Presente: destruo destrua


del eo del e a m que destroi
del e s eas
destruir
del e t eat
del emus e a mus del e ns
del etis e a tis del e re del e ntis
del ent e a nt
Imperfeito: destruía Destruísse
del e ba m del e rem
e ba s e re s
e ba t e re t
e ba mus e re mus
e ba tis e re tis
e ba nt e re nt
Futuro: destruirei RADICAL D E SUPINO
del e bo haver de destruir
e bi s
del e turum,am, um, Havendo de destruir
e bi t
e bi mus ou del e turus,a, um
e bi tis fore
e bu nt
Pret.perfeito: destruí tenha destruído SUPINO
del e v i del e v eri m ter destruído deletum
e v isti e v eri s
delevisse de (se) destruir
e v it e v eri t
e v imus e v eri mus deletu
e v istis e v eri tis
e v it e v eri nt
Mais q.perf: destruíra tivesse destruído
GERÚNDIO (é declinável):
del e ver am del e visse m
e ver as e visse s
G = delendi - de destruir
e ver at e visse t
D = delendo - para destruir
e ver amus e visse mus
AB = delendo – destruindo
e ver atis e visse tis
AC (ad) = delendum - (para) destruir
e ver ant e visse nt

Fut.Perf.: IMPERATIVO:
terei destruído
del e ver o Presente > del e destrua, destroi
e ver is del e te destruí
e ver it Futuro > del e to destroi
e ver imus > del e tote destrua
e ver itis > del e nto destruam
e ver int

Legenda: [ ] Formas do presente (infectum) [ ] Formas do perfeito (perfectum)

68
O verbo: noções gerais
3ª. CONJUGAÇÃO

Tema –E: Verbo lego, es, ere, evi, etum

Indicativo Subjuntivo Infinitivo Particípio

Presente: leio leia


leg o leg a m que lê
leg i s as
ler
leg i t at
leg imus a mus leg e ns
leg itis a tis leg e re leg e ntis
leg unt a nt
Imperfeito: lia lesse
leg e ba m leg e rem
e ba s e re s
e ba t e re t
e ba mus e re mus
e ba tis e re tis
e ba nt e re nt
Futuro: lerei RADICAL D E SUPINO
leg am haver de ler
es
lec turum, am , um, Havendo de ler
et
e mus ou lec turus, a, um
e tis fore
e nt
Pret.perfeito: li tenha lido SUPINO
leg i leg eri m ter lido Lec tum
isti eri s
leg isse de (se) ler
it eri t
imus eri mus lec tu
istis eri tis
erunt eri nt
Mais q.perf: lera tivesse lido
GERÚNDIO (é declinável):
leg er am leg isse m
er as isse s
G = legendi - de ler
er at isse t
D = legendo - para ler
er amus isse mus
AB = legendo – lendo
er atis isse tis
AC (ad) = legendum - (para) ler
er ant isse nt

Fut.Perf.:
terei lido IMPERATIVO:
leg er o
er is Presente > leg e lê, leia
er it leg e te lede
er imus Futuro > leg e to leia
er itis > leg e tote lede
> leg e nto leiam
er int

Legenda: [ ] Formas do presente (infectum) [ ] Formas do perfeito (perfectum)

69
CURSO DE LÍNGUA LATINA: 4ª. CONJUGAÇÃO
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Tema –E: Verbo audio, is, ire, ivi, itum

Indicativo Subjuntivo Infinitivo Particípio

Presente: ouço ouça


aud io aud i a m que ouve
aud i s ias
ouvir
aud i t iat
aud imus i a mus aud i e ns
aud itis i a tis aud i re aud i entis
aud iunt i a nt
Imperfeito: ouvia ouvisse
aud i e ba m aud i rem
i e ba s i re s
i e ba t i re t
i e ba mus i re mus
i e ba tis i re tis
i e ba nt i re nt
Futuro: ouvirei RADICAL D E SUPINO
aud i e bo haver de ouvir
i e bi s
audi turum,am, um, Havendo de ouvir
i e bi t
i e bi mus ou aud i turus,a, um
i e bi tis fore
i e bu nt
Pret.perfeito: ouvi tenha ouvido SUPINO
aud i v i aud i v eri m ter ouvido Aud i tum
i v isti i v eri s
aud i visse de (se) ouvir
i v it i v eri t
i v imus i v eri mus aud i tu
i v istis i v eri tis
i v it i v eri nt
Mais q.perf: ouvira tivesse ouvira
aud i ver am aud i visse m GERÚNDIO (é declinável):
i ver as i visse s
i ver at i visse t G = aud iendi - de ouvir
i ver amus i visse mus D = aud iendo - para ouvir
i ver atis i visse tis AB = aud iendo – ouvindo
i ver ant i visse nt AC (ad) = aud iendum - (para) ouvir

Fut.Perf.: IMPERATIVO:
terei ouvira
aud i ver o Presente > aud i ouve, ouça
i ver is aud i te ouvi
i ver it Futuro > aud i to ouça
i ver imus > aud i tote ouvi
i ver itis > aud i e nto ouçam
i ver int

Legenda: [ ] Formas do presente (infectum) [ ] Formas do perfeito (perfectum)

70
Memento: Repetita iuvant! O verbo: noções gerais

Você não precisa, necessariamente, “decorar” os modelos; mas terá, sempre, um


quadro para consulta imediata e, nele, “encaixar sua dúvida”; se o encaixe não for
possível, tem-se um verbo irregular; vários deles você já conheceu; à medidade de sua
possível incidência nos exercícios que virão, terão comentário pertinente.

Agora, fazendo uso da prática dos estudos anteriores, e com base nas informações
sistematizadas nos paradigmas das páginas precedentes quanto a todas as conjugações
verbais na voz ativa, pratiquemos um pouco.
Conjugar um verbo é mudar-lhe a terminação nas diferentes formas possíveis para
indicar modo, tempo e pessoa da ação; comparando com o modelo, verifique o que
indicam os verbos abaixo: siga o modelo da primeira resposta:
I - a) studamus – Indicativo, presente, 1ª. p.pl. - estudamos
b) amabas
c) rogavi
d) exultet
e) desiderabo
f ) complevistis
g ) defleamus
h) agnoscit
i) defenderant
j) impleres
k) munire

II – Escreva em latim:
a) Estudavam = studabant
b) Amemos
c) Rogarei
d) Exultastes
e) Desejasse
f ) Completem
g ) Chorar
h) Reconheço
i) Defendias
j) Reforcei
k) Enchiam

71
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Observação: Estamos trabalhando com verbos regulares, que se encaixam bem
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
nos modelos apresentados; isto significa que os tempos derivados seguem os tem-
pos primitivos (que são aqueles mostrados pelo dicionário, como você já sabe) sem
qualquer alteração. Quando ocorrem mudanças no radical do verbo, o dicionário as
mostra; e, assim, indicam como proceder nas formas derivadas. Por exemplo, o verbo
habere ( = ter, possuir; que conhece de estudos anteriores), o dicionário o apresenta
assim: habeo, es, ere, ui, itum. Compare com o paradigma; vê logo que 1ª. p.s. do pret.
perf. de habeo é diferente: habui (e não habevi); como se trata de uma forma primi-
tiva, todas formas derivadas vão ter a mesma diferença: habueram (m.q.perf. indic.),
habuero (fut. perf. Indic.), habuerim (per. subj.), habuissem (m.q,per. sj.).
Esta observação é muito importante e vale para todas conjugações.

Pela ocorrência e recorrência nos textos latinos, listam-se abaixo alguns verbos,
como exemplos de maior ou menor irregularidade (que aparece em realce).

Conjugação Formas Primitivas Significação

1ª. do, as, are, dedi, atum dar

1ª. sto, as, are, steti, atum estar de pé

2ª. moneo, es, ere, monui, itum avisar

2ª. doceo, es, ere, docui, doctum ensinar

2ª. video, es, ere, vidi, visum ver

2ª. jubeo, es, ere, jussi, jussum mandar

3ª. vivo, is, ere, vixi, victum viver

3ª. facio, is, ere, feci, factum fazer

3ª. pono, is, ere, posui, positum por

3ª. cognosco, is, ere, cognovi, cognotum conhecer

4ª. sentio, is, ire, sensi, sensum sentir

4ª. venio, is, ire, veni, ventum vir

4ª. aperio,is, ire, aperui, apertum abrir

Outro verbos são chamados “irregulares propriamente ditos”; é o caso de sum, que
já conhecemos, e dos seus compostos possum e prossum. E mais:
- fero, fers, tuli, latum, ferre > levar

72
- fio, fis, fieri, factum sum > tornar-se O verbo: noções gerais

- volo, vis, velle, volui > querer


- nolo, non vis, nolle, nolui > não querer
- malo, mavis, malle, malui > preferir
- eo, is, ire, ii > ir

Estas noções constituem uma sistematização necessária ao processo de instrumen-


tação dos fundamentos do latim. Mesmo prosseguindo com outras informações, a
assimilação destas informações passa a ser importante na resolução dos exercícios que
virão em decorrência das novas lições.

Anotações

73
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Anotações

74
9 O Adjetivo:
Classes,
Flexões,
Graus

Sem a preocupação da sitematização das informações, já vimos praticando o uso


dos adjetivos nos contextos frasais antes trabalhados, particularmente nos exercícios
relacionados a palavras de tema em –A e de tema em –O.
Vamos complementar e ordenar as informações que temos.
Os adjetivos, em latim, dividem-se em duas classes:

I) São chamados adjetivos de primeira classe aqueles que


- se declinam pela 1a. decl. (e, portanto, têm o G s. em –ae) para se referir
a um nome feminino; ex.: magna, ae; libera, ae.
- se declinam pela 2a. decl. (e, portanto, têm o G s. em –i) para se referir
a um nome masculino ou netro; ex.: magnus, i; niger, gri; ou magnum, i;
nigrum, i.

II) São chamados adjetivos de segunda classe aqueles que têm o G s em –is; as-
sim, declinam-se pelo 3a. decl.; ex.: prudens, tis; acer, acris, e.

Os adjetivos de primeira classe são apresentados pelo dicionário assim, p. ex.:


magnus, a, um. Ou seja: a forma, por extenso, do adjetivo no Ns masculino; e as desi-
nências dos Ns feminino e neutro.

75
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Paradigma completo da declinação dos adjetivos de 1ª. classe
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Casos Singular Plural


N magn us magn a magn um magn ae magn i magn a
V magn e magn a magn um magn ae magn i magn a
magn magn magn
G magn i magn ae magn i
arum orum orum
D magn o magn ae magn o magn is magn is magn is
AB magn o magn a magn o magn is magn is magn is
AC magn um magn am magn um magn os magn as magn a

Casos Singular Plural


N sacer sacr a sacr um sacr ae sacr i sacr a
V sacer sacr a sacr um sacr ae sacr i sacr a
G sacr i sacr ae sacr i sacr arum sacr orum sacr orum
D sacr o sacr ae sacr o sacr is sacr is sacr is
AB sacr o sacr a sacr o sacr is sacr is sacr is
AC sacr um sacr am sacr um sacr os sacr as sacr a

Casos Singular Plural


N asper asper a asper um asper ae asper i asper a
V asper asper a asper um asper ae asper i asper a
G asper i asper ae asper i asper arum asper orum asper orum
D asper o asper ae asper o asper is asper is asper is
AB asper o asper a asper o asper is asper is asper is
AC asper um asper am asper um asper os asper as asper a

Pelos modelos você poderá declinar também:

bonus, a, um = bom piger, gra, grum = preguiçoso


carus, a, um = querido niger,gra, grum = negro
dignus, a, um = digno ruber, bra, brum = vermelho
falsus, a, um = falso sinister, tra, trum = infeliz
gratus, a, um = agradecido
justus, a, um = justo miser, a, um = misero
malus, a, um = mau, ruim prosper, a, um = próspero
parvus, a, um = pequeno tener, a, um = tenro
verus, a, um = verdadeiro fructifer, a, um = frutífero

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Exercitar é preciso. Vamos traduzir: O ADJETIVO: CLASSES,
FLEXÕES, GRAUS
Magna est fama scriptorum Romae et Graeciae; opera multa et pulchra scripse-
runt; notiones validas semper hominibus legaverunt.
Antes de tudo, uma leitura atenta vai identificar no texto 3 verbos, cada um com-
pondo um conjunto frasal.
Em seguida, é preciso atentar ao vocabulário. Na primeira frase, pode ser desco-
nhecida a palavra scriptorum. Para buscar no dicionário, retira-se a terminação “um”;
sobra scriptor, que você acha no dicionário assim: scriptor, oris, m. > escritor. Na se-
gunda frase, as palavras já apareceram em nossos exercícios; vale lembrar scripserunt
(=escreveram). Da terceira frase, você acha no dicionário: notio, onis, f. > noção,
idéia; validus, a, um, adj. > válido, importante; semper, adv, > sempre; homo, minis,
m. homem; lego, as, are, avi, atum > legar, deixar.
No primeiro conjunto - Magna est fama scriptorum Romae et Graeciae – tem-se
est ( VL, 3ª. p. s.), que indicia a presença de um suj./N s. e de pred. suj,/N; de fato,
você pode ver magna e fama, as duas palavras com terminação de N s.,impondo-se
uma conclusão de sentido: “a fama é grande”. Analisando as outras palavras, vê-se que
scriptorum está no G pl. [use o paradigma da 3a. decl. para conferir] e então traduz-
se por “dos homens”; e que Romae / Graeciae, aqui, só podem ser G s., devendo ser
traduzidas assim: “de Roma e da Grécia”. Compondo, tem-se um sentido pleno assim:
“A fama dos escritores de Roma e da Grécia é grande”.
No segundo conjunto – opera multa et pulchra scripserunt – o verbo no plural
pede um sujeito plural. Examinando as palavras, vê-se que opera (no dicionário opus,
eris, n) sendo do gênero neutro, pode ser N ou AC pl.; mas ao tentar uma tradução,
percebe-se que não faz sentido pensar, traduzindo, “as obras escreveram...” Revendo o
texto, é fácil notar que o sujeito lógico está subentendido, mas é evidente: os escritores
escreveram; e aí a função de opera como complemento fica transparente: “escreveram
obras”; e, lembrando que multa (multus, a, um) e pulchra (pulcher, chra, chrum) são
adjetivos, que o adjetivo concorda com o nome a que se refere em gênero, número e
caso – a sequência da tradução se evidencia: “escreveram muitas e belas obras”.
Na análise do terceiro conjunto - notiones validas semper hominibus legaverunt
– já estamos prevenidos que o sujeito do verbo está subentendido e, portanto, “os es-
critores legaram...”. E, visto que o verbo não tem sentido completo, é transitivo, cabe
procurar seu complemento (od) ; notiones, com esta terminação está no AC pl, é o
od que procuramos, e isto fica mais claro pela presença do adjetivo validas [validus,
a, um] concordando em gênero, número e caso: notiones validas*>noções válidas;
a palavra semper, um advérbio, invariável, tem tradução própria > sempre; e homini-
bus (ver terminação no paradigma) pela terminação poderia ser D pl ou AB pl. Mas

77
CURSO DE LÍNGUA LATINA: a primeira opção fica necessária quando você pensa: noções válidas para quem? para
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
os homens; ou seja, tem-se um complemento nominal. Inteiro, o excerto pode ficar
assim: legaram noções sempre válidas para os homens.

Somando-se os três conjuntos frasais tem-se um pensamento bem coordenado: “É


grande a fama dos escritores de Roma e da Grécia; escreveram muitas e belas obras;
legaram idéias sempre válidas para os homens.”

Os adjetivos de 2ª. classe são apresentados pelo dicionário, genericamente, assim, p. ex.:
a) atrox, ocis
b) facilis, facile
c) acer, acris, acre

No primerio caso, o adjetivo é uniforme, isto é, tem uma única forma para os três
gêneros. Exs.: ferox, ocis; velox, ocis; audax, acis; efficax, acis; simplex, cis; prudens,
entis; sapiens, entis; inteligens, entis; indulgens, entis.
No segundo caso, o adjetivo é biforme, isto é, tem uma forma para o masculino e
feminino, e outro para o gênero neutro. Exs.: brevis, e; civilis, e;difficilis, e; fortis, e;
gravis, e; hostilis, e; omnis, e; mortalis, e; utilis, e.
No terceiro caso, o adjetivo é triforme, isto é, tem uma forma para cada um dos
gêneros. Exs.: celer, celeris, celere; celeber, celebris, celebre; saluber, salubris, salubre,
silvester, silvestris, silvestre.

Nota:
• A diferença entre bi ou triforme, na prática, só é visível no N s (que é o caso
que o dicionário apresenta); nos demais casos, as terminações são iguais ao paradigma
geral da 3ª. declinação;
• Os uniformes distinguem-se também porque sempre têm o AB s em i. e o Exs.:
feroci, simplici, etc.
• Entre os adjetivos uniformes inserem-se os particípios presentes, que é forma
nominal do verbo e, portanto, declinável.
• Os adjetivos de 2ª. classe têm o G pl em ium: ferocium; simplicium; acrium;
brevium; etc.

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Paradigma da declinação dos adjetivos de 2ª. classe O ADJETIVO: CLASSES,
FLEXÕES, GRAUS

UNIFORMES BIFORMES TRIFORMES

Casos masc./fem. neutro masc./fem. neutro masc. fem. neutro


N atrox atrox facil is facile acr is acr is acre
V atrox atrox facil is facil e acr is acr is acr is
G atroc is atroc is facil is facil is acr is acr is acr is
D atroc i atroc i facil i facil i acr i acr i acr i
AB atroc i atroc i facil i facil i acr i acr i acr i
AC atroc em atrox facil em facil e acr em acr em acr e

N atroc es atroc ia facil es facil es acr es acr es acr es


V atroc es atroc ia facil es facil es acr es acr es acr es
G atroc ium atroc ium facil ium facil ium acr ium acr ium acr ium
D atroc ibus atroc ibus facil ibus facil ibus acr ibus acr ibus acr ibus
AB atroc ibus atroc ibus facil ibus facil ibus acr ibus acr ibus acr ibus
AC atroc es atroc ia facil es facil es acr es acr es acr es

Como noutras línguas, os adjetivos latinos admitem graus:


O grau comparativo pode ser:
• de igualdade, e então se forma mediante o advérbio tam (tão) colocado antes
do adjetivo: tam fortis, non tam laboriosus;
• de inferioridade, e então se forma mediante o advérbio minus (menos) coloca-
dos antes do adjetivo: minus fortis, minus intelligens;
• de superioridade, e então constroi-se de maneira diferente, não por meio de
advérbio, mas pela junção, ao radical do adjetivo, de sufixos distintivos:
- o sufixo ior (para masc./fem.): fortis > fortior; acer > acrior;
- e ius (para neutro): fortis > fortius; acer > acrius.

O adjetivo, nessa forma do comparativo, é declinável conforme o paradigma dos


substantivos imparissílabos da 3a. declinação.
Numa oração, tanto os advérbios tam e minus como o adjetivo modificado pelo
sufixo se valem da conjunção quam para a correlação com a oração segundo termo da
comparação. Exs.:
- Rosa tam pulchra quam viola est (2º. termo da comparação no mesmo caso do 1º.)
- Rosa minus pulchra quam viola est. (2º. termo, no mesmo caso do 1º.)
- Rosa pulchrior quam viola est. (2º. termo, no mesmo caso do 1º.)
Atenção: Em relação ao comparativo de superioridade mais usual uma construção

79
CURSO DE LÍNGUA LATINA: assim: Rosa pulchrior viola est (Neste formato, o 2º. termo de comparação fica no
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
caso ablativo).
O grau superlativo forma-se, geralmente, por meio do sufixo –issimus, - a, -um.
Ex. : bonus, a, um > bonissimus, a, um; niger, a, um > nigerrimus, a, um.
Como se vê pelos exemplos, na forma do superlativo o adjetivo se declina pelo
paradigma dos nomes de tema em –A;
Com adjetivos de N s. em “lis”, o sufixo superlativo é –limus – como se vê em
facilis, difficilis, humilis, similis, dissimilis > facilimus, difficilimus, humilimus, si-
milimus, dissimilimus.
Abaixo, um quadro resumo/ilustrativo:
NS GS RADICAL COMPARATIVO SUPERLATIVO
Doctus docti doct Doctior doctissimus

Brevis brevis brev Brevior brevissimus

Prudens prudentis prudent Prudentior prudentissimuss

Asper asperi asper Asperior asperrimus

Acer acris Acr Acrior acerrimus

Integer integri integr Integrior integerrimus

Facilis facilis facil Facilior facilimus

Atenção às exceções:
COMPARATIVO SUPERLATIVO

bonus melior / melius optimus = ótimo; o melhor

malus peior / peius Pessimus = péssimo; o pior

magnus maior / maius Maximus = máximo; o maior

parvus minor / minus Minimus = mínimo; o menor

multus plus (s) plures (pl) Plurimus = muitíssimo

Exercícios:
1) Error malus, defensio mali peior, mendacium pessimum est et erit semper.
2) Homines mali cum paribus pessimis melior congregantur (= se unem) quam boni cum
optimis.
3) Somnus morti simillimus est.
4) Nemo benevolentior est hominibus quam creator, Deus.
5) Homeri carmina omnium grecorum pulcherrima sunt.
6) Sensus multarum bestiarum acriores sunt quam sensus hominum; in canibus olfactus
acerrimus est sensus; in avibus, visus.
7) Laus validissimus est est stimulus ingenii; contemptio homini aut mulieri actionem
meliorem obstat.
8) Exempla magis quam verba movent.
9) Deus meus, mea culpa, mea maxima culpa.
10) Plus ignorantia humiliat quam sapientia nobilitat.

80
10 I. Morfossintaxe dos nomes
de tema em – U / - E
II. Morfossintaxe dos
numerais

Os nomes de tema em –U, correspondentes à 4ª. declinação, bem como os no-


mes de tema em –E, correspondentes à 5ª. declinação – constituem um vocabulário
bastante reduzido.
• Na 4ª. declinação incluem-se substantivos masculinos femininos e neutros, com
G s. em –US. No dicionário são apresentados assim, p. ex. : manus, us f. > mão; ou
cornu, us n. > chifre. O quadro modelo dos casos é:

MASC. / PL NEUTRO
CASOS
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL

N man US = a mão man US cornU = o chifre corn U

V man US man US corn U corn U

G man US man UUM corn US corn UUm

D man UI man IBUS corn UI corn IBUS

AB man U man IBUS corn U corn IBUS

AC man Um man US corn U corn U

1. Observe, o que diferencia o N s neutro é que não apresenta o “s” dos masc./fem.;
2. No neutro, os casos N / V e AC têm desinência igual, no singular ou no plural.
Dos poucos substantivos desse tema, alguns têm dupla declinação; entre estes so-
bressai domus, us (casa) que pode aparecer como domus, i.
Da 5ª. declinação – o G s. é –ei; o destaque é para as palavras res, rei, f. (coisa)
e dies, diei (dia).

81
CURSO DE LÍNGUA LATINA: Observe- se o quadro:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

MASC. / PL NEUTRO
CASOS
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
N r ES = coisa r ES di ES = dia di ES
V r ES r ES di ES di ES
G r EI r ERUM di EI di ERUM
D r EI r EBUS di EI di EBUS
AB rE r EBUS di e di EBUS
AC r EM r Es di em di ES

Exercícios:
• Multa fidem promissa levant.
• In libris non speciem sed fidem quaerere debemus.
• Exitus actionum hominis saepe incertus erit.
• Vis spei magna est in animis hominum et mulierum.
• In cunctis rebus homo inteligens exitus actionis suae considerare debet.
• Spes longa, vita brevior – dixit proverbium.

Os numerais, em latim, dividem-se em quatro espécies:


• Numerais cardinais – exprimem a idéia de quatidade: unus, duo, tres...
• Numerais ordinais - exprimem a ideia de ordem ou ordenação da quantidade:
primus, secundus, tertius...
• Numerais distributivos – exprimem a idéia de parcelamento da(s) coisa(s)
quantificada (s): singuli, bini,terni...
• Numerais multiplicativos – exprimem a idéia – o nome indica – de multipli-
cação da coisa quantificada: semel, bis, ter...

a1. Os três primeiros cardinais - são declináveis;


b1. Os ordinais são todos declináveis (cf. nomes de tema em –A / -O);
c1. Os distributivos são todos declináveis (cf. nomes de tema em –A / -O.

Nota: Na tabela seguinte, uma amostragem dos numerais, particularmente dos car-
dinais e ordinais, que são mais usados; pelo modelo, V. pode continuar...

82
NÚMEROS CARDINAIS ORDINAIS DISTRIBUTIVOS MULTIPLICATIVOS
1 I unus,a,um primus,a,um Singuli semel
2 II duo,ae,o secundus,a,um Bini bis
3 III tres, tria tertius,a,um Terni ter
4 IV quattuor quartus,a,um quaterni quater
5 V quinque quintus,a,um Quini quinquies
6 VI sex Sextus a, um Seni sexies
7 VII septem septimus,a,um septeni septies
8 VIII octo octavus,a,um Octoni octies
9 IX novem nonus,a,um Noveni novies
10 X decem decimus,a,um Deni decies
11 XI undecim undecimus
12 XII duodecim duodecimus
13 XIII tredecim tertius decimus
14 XIV quattuordecim quartus “
15 XV quindecim quintus “
16 XVI sexdecim sextus “
17 XVII septemdecim septimus “
18 XVIII duodeviginti duodevicesimus
19 XIX undeviginti undevicesimus
20 XX viginti vicesimus
30 XXX triginta tricesimus
40 XL quadraginta quadragesimus
50 L quinquaginta quinquagesimus

Exercícios: (Não esqueça dos procedimentos...)

1) Memores simus praeceptorum magistrorum semper.


2) Exempla sapientium hominum omnibus viris utilia sunt.
3) Ne feceris malum alienum gaudium tuum.
4) Lex videt iratum; iratus legem non videt.
5) Omnis mora odiosa est, sed facit sapientiam.
6) Nemo esse judex in causa propria potest.
7) Sermo est imago animae; oratio talis est qualis vir.
8) Vicina saepe vitia sunt virtutibus.
9) Stultorum infinitus est numerus.
10) Otium longum taedium vitae generat.
11) Unus amicus mille servis potior est.

83
CURSO DE LÍNGUA LATINA: 12) Una lex omnibus civibus sit; una lex, sed lex.
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
13) Septem fuerunt reges romani: primus fuit Romulus, secundus Numa
Pompilius, tertius Tullus Hostilius, quartus Ancus Martius, quintus
Tarquinius Priscus, sextus Servius Tullius, septimus Tarquinius Superbus.
14) Christus natus est sub imperio imperatoris Augusti; anno septuagesimo post
Christum, Titus, filius imperatoris Vespasiani, Hierosolymam expuganvit.

Anotações

84
11 Morfossintaxe
dos Pronomes

Numa classificação geral, os pronomes podem ser divididos em:


• Pronomes substantivos – quando assumem o significado de um substantivo e
cumprem uma função pró nome;
• Pronomes adjetivos – quando distinguem, qualificam um nome, numa função
que é própria de um adjetivo.

Sob outra classificação, encontramos seis tipos de pronomes:


• pessoais;
• possessivos;
• demonstrativos;
• relativos;
• interrogativos;
• indefinidos.

1 Os pronomes pessoais – referem a pessoa que fala ou com quem se fala.


Na prática, em latim ou em português, são usado apenas para ênfase do discurso,
visto que as desinências pessoais nos verbos já indicam de que pessoa se trata. São
declináveis, conforme os quadros abaixo:

1a. p. s. 2a. p. s. 3a. pessoa


N ego > eu tu > tu
G mei > de mim tui > de ti
Não há, propriamente, 3a.pessoa.
D mihi > a/para mim tibi > a ti
Há o pronome reflexivo,
AB me > por mim te > por ti
nas formas abaixo,
AC me > me te > te
que servem tanto ao singular
1ª. p. pl. 2ª. p. pl.
quanto ao plural
N nos > nós vos > vós
N nos > nós vos > vós
G sui > de si
nostri > de nós vestri > de vós
G D sibi > a si
nostrum > dentre nós vestrum > dentre vós
D nobis > a/para nós vobis > a/para vós AB se > por si
AB nobis > por nós vobis > por vós AC se > se
AC nos > nós vos > vós

85
CURSO DE LÍNGUA LATINA: 2 Os pronomes possessivos – correlacionam-se com os pronomes pessoais.
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Assim:
meus, mea, meum > meus, minha, meus minhas correlacionam-se a ego
noster, nostra, nostrum > nosso, nossa, nossos, nossas correlacionam-se a nos
tuus, tua, tuum > teu, tua, teus, tuas correlacionam-se a tu
vester, vestra, vestrum > vosso, vossa, vossos, vossas correlacionam-se a vos

E declinam-se como os adjetivos de 1ª. classe, excetuado o caso vocativo masculino


singular de meus que é mi. Ex.: dilecte fili mi > meu filho dileto.

3 Os pronomes demonstrativos são:

a. hic, haec, hoc > este, esta, isto


b. iste, ista, istud > esse, essa, isso
c. ille, illa, illum > aquele, aquela, aquilo
d. is, ea, id > esse, essa, isso
e. idem, eadem, idem > mesmo / mesma
f ) ipse, ipsa, ipsum > o mesmo

Declinados, se apresentam assim:

SINGULAR PLURAL
M. F. N. M. F. N.
N hic haec hoc hi hae haec
G hujus horum
D huic his
AB hoc hac hoc his
AC hunc hanc hoc hos has haec

N iste ista istud isti istae ista


G istius istorum istarum istorum
D isti istis
AB isto ista isto istis
AC istum istam istud istos istas ista

N ille illa illud illi illae illa


G illius illorum illarum illorum
D illi Illis
AB illo illa illo illis
AC ullum illam illud illos illas illa

N is ea id ei (ii) eae ea
G ejus eorum earum eorum
D ei eis (iis)
AB eo ea eo eis (iis)
AC eum eam id eos eas ea

86
•Idem, eadem, idem - declina-se como i(s), ea, id acima, + o sufixo dem. Morfossintaxe
dos Pronomes
• Ipse, ipsa, ipsum – declina-se como ille, illa, illud acima (exceto o N e AC
neutro: ipsum).

4 Pronomes relativos são assim chamados porque estabelecem a relação entre


duas orações, a segunda das quais é dita subordinada (porque seu sentido depende
da primeira) adjetiva (porque caracteriza uma qualificação relativa a um termo da
oração principal).
O pronome relativo aparece, em geral, no início da oração subordinada;
flexiona-se:
• concordando em gênero, número com o nome antecedente, a que se refere;
• na terminação do caso da função que exerce na frase
Observe as frases, as traduções e a análise:

Aluno [ que estuda ] tem futuro Na oração intercalada o “que” representa a


palavra aluno, masc./ sing.; e é sujeito do verbo
Discipulus qui studet futurum habet “estuda”; então, Ns: qui.

Vejo uma aluna [que tem futuro] Na 2ª. oração, o “que” representa a palavra
aluna, fem./ sing.; e é sujeito do verbo “ tem”;
Video discipulam quae futurum habet então, Ns: quae.

Noutras situações similares, atentar às variáveis dos casos, conforme o quadro:

Singular

N Qui quae Quod que, quem, o(a) qual

G Cujus de que(m), cujo(a)

D Cui a que(m), a(o) qual

AB Quo qua Quo por que(m), pelo qual

AC Quem quam Quod que, quem, o(a) qual

Plural

N Qui quae Quae que(m), os quais

G Quorum quarum Quorum do(a)s quais, cujo(s)

D Quibus a que(m), a(os) quais

AB Quibus por que(m)

AC Quos quas Quos que(m), os quais

87
CURSO DE LÍNGUA LATINA: 5 Os Pronomes interrogativos comportam-se exatamente como os relativos:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
concordam com o substantivo em gênero e número; e na frase tem o caso próprio da
função que exercem. Sua declinação é, também, quase igual, exceção feita do N e Ac
neutros no singular e ... o ponto de interrogação.
Observe os quadros:

Singular
N qui? quae? quod? que, quem, o(a) qual
G cujus? de que(m), cujo(a)
D cui? a que(m), a(o) qual
AB quo? qua? quo? por que(m), pelo qual
AC quem? quam? quod? que, quem, o(a) qual

Plural

N qui? quae? quae? que(m), os quais

G quorum? quarum? quorum? do(a)s quais, cujo(s)

D quibus? a que(m), a(os) quais

AB quibus? por que(m)

AC quos? quas? quos? que(m), os quais

6 Os Pronomes indefinidos mais frequentes são quis, quae, quid, que se


declinam de forma igual aos interrogativos (quadro acima). De forma igual também se
declinam outros indefinidos derivados de quis: - aliquis, aliqua, aliquid > alguém,
alguma, alguma coisa
- quisque, quaeque, quidque > cada um
- quispiam,quaepiam, quidpiam > alguém, algum
Bastante usado é quidam, quaedam, quoddam(quiddam) – que se assimila ao
relativo qui, quae, quod (acima).

Proposta de Atividade

1) Amicitia vera nobis laetitias multas et magnas portat.


2) Tempora futura incertissima mihi et tibi et omnibus hominibus erunt
semper.
3) Melior pars nostri animus firmus erit; animus fortior habemus si Deo
nostro quotidie veneramus.

88
4) Huic puero nihil jucundius est quam ludus; illi juveni nihil jucundius Morfossintaxe
dos Pronomes
quam studia.
5) Bonus cives actiones quas lex prohibet fugit.
6) Non is bonus est qui se ipse laudat, sed is quem optimi homines laudant.
7) Quid est amicus? Unus animus in duobus corporis.
8) Improbi hominess, qui legibus et praeceptis Dei non parent, nobis placer
non debent, non placuerunt, non placebunt.
9) Moneo vos, dilectissimi discipuli: litteras latinas cum diligentia maiore
studete.
10) Etiam tacendo errare possumus; saepe turpior est tacere veritatem quam
denuntiare vitia.

Anotações

89
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Anotações

90
12 As Palavras
Invariáveis
em latim

Até aqui vimos estudando as palavras variáveis.


Das palavras invariáveis, fizemos referência e particularizamos o estudo da preposi-
ção (ver cap. III). Resta tratarmos dos advérbios, das conjunções e das interjeições.

I) Advérbios são palavras que acrescentam ao verbo – e às vezes ao nome – esclare-


cimentos de natureza circunstancial: de lugar, de tempo, de modo, de intensidade, de
quantidade, de negação.
Sintaticamente, os advérbios classificam-se como adjuntos adverbiais.
1) Os advérbios de lugar correspondem a perguntas básicas...

. . . com as partículas interrogativas: que podem ter respostas por advérbios como

prope, procul > perto, longe


Ubi? > onde? supra, infra > acima, abaixo
Unde? > donde? intus, foris > dentro, fora
Quo? > para onde? porro, retro > adiante, atrás
Qua? > por onde? uspiam, nusquam > em alguma parte
em parte alguma

2) Os advérbios de tempo correspondem às perguntas . . .

. . . com as partículas interrogativas:


Considerando respostas possíveis apenas à
pergunta quando? anotem:
Hodie, heri > hoje, ontem
Nocte, interdiu > de noite, de dia
Primum, postea > antes, depois
Jam, nunc, mox, statim > já, agora, logo, logo
quando? > quando?
Brevi, mod, cras > breve, há pouco, amanhã
quamdiu? > por quanto tempo?
Quotidie, saepe, semper > todos os dias,
quousque? > até quando?
muitas vezes, sempre
quoties? > quantas vezes

91
CURSO DE LÍNGUA LATINA: 3) Os advérbios de modo derivam, quase sempre, adjetivos.
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
• De adjetivos de 1a. classe, assim:
doct us >> doct e; liber >> liber e; piger >>pigr e; malus>>mal e.
Exceção: bonus >>bene
• De adjetivos de 2a. classe, assim:
Prudens >> pruden ter; felix >> felici ter; par >> pari ter
Nota: facilis>> facile; difficilis >> difficile

4) Os advérbios de intensidade/quantidade respondem a pergunta: quanto?


Exs.: multum, quantum, paulum, parum,plus, plurimum, minus, satis...

5) Advérbios de negação: non, ne (não); ne... quidem (nem mesmo), nec, ne-
que (e não), nondum (ainda não); nunquam (nunca) . . .

II) As conjunções estabelecem conexão entre palavras ou orações. Dividem-se em:

a) coordenativas:

e, -que, atque, ac e
aut, vel, -ve ou
neque, nec, -neve nem
sed, verum, at, tamen mas, contudo, porém
nam, enim, etenim pois
ergo, igitur, itaque, ideo logo, portanto, por isso

b) subordinativas:

ut, uti afim de que, para que


finais
ne para que não
causais quod, quia porque
concessivas etsi, cum, licet, quamvis embora, ainda que
embora, ainda que
condicionais si, nisi; dum, modo
contanto que, desde que
consecutivas ut, ita ut de tal forma que
temporais ut, cum, quando, dum quando, enquanto
comparativas quam, ut,velut, sicut como, assim como

III) Interjeições. Em latim, as interjeições são:

Ah! O! – equivalentes ao nosso Ah! e Ó!


Age! Agite! > vamos
Heu, eheu! > ai!

92
Eia! Euge! > coragem As palavras invariáveis
em latim
Proh! > oh!
Vae! > Praga!(indica ameaça)
Vale! Valete! > adeus

Proposta de Atividade

• Proh! dolor! Filius meus praecepta mea despernit!


• O Pater noster, qui misericordiosissimus es, libera nos a malo quotidie, hodie
et semper!
• Este bono animo, amici; cras fortasse melius erit.
• Natura large et abundanter paravit cibum pretiosum omnibus vivis,
hominibus et animalibus.
• Nisi in laborem firmiter te incumbas, exitus certe non venit.

Anotações

93
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Anotações

94
13 Registros especiais
da morfossintaxe dos
casos

Interessa aqui fixar e complementar informações sobre dois casos latinos: sobre
o ablativo (AB) e sobre o acusativo (AC), em situações especiais muito usadas na
fraseologia latina:
I) O ablativo absoluto – construção assim chamada pela razão, óbvia, do uso do
AB. Trata-se, porém, do uso do AB com a forma nominal do particípio; isto nos leva
a uma revisão esquemática dessa forma do verbo que, na frase, pode assumir a função
de adjetivo, concordando com o nome em gênero, número e caso (Lembra? Repetita
juvant!):

Particípio presente -nt/ (-ns) Flexiona-se com a 3ª. decl.

Particípio passado - to (-tus) Flexionam-se como a 1ª. /


Particípio futuro -urus,-ura,-urum 2ª. decl

A construção do ablativo absoluto supõe uma oração principal e uma oração subor-
dinada; esta, a subordinada, é que se estrutura em forma de AB. Assim, por exemplo:
- Bello finito, miles in patriam volverunt. /
Terminada a guerra, os soldados regressaram à pátria.
- Imperatore Augusto regnante, Christus natus est. /
Sendo Augusto o imperador, Cristo nasceu.

Nota:
a) Observe–se que, no primeiro exemplo, o verbo ‘finire’ aparece no particípio
passado e declinado no AB; no segundo exemplo, o verbo “regnare” aparece no par-
ticípio presente e declinado no AB.
b) O ablativo absoluto pode aparecer também com substantivo ou adjetivo, como
nos exemplos:

95
CURSO DE LÍNGUA LATINA: - Magistro severo, discipuli discipuli tacent. /
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Sendo severo o professor, os alunos calam.
- Deo propitio, prosperamus. /
Deus sendo propício, prosperamos.

c) A tradução da construção ablativo absoluto para o português acontece introdu-


zida por expressões como “quando...”, “logo que...”, “depois que...”; ou com o verbo
da oração suordnada no gerúndio: Tendo assim falado... Sendo assim...

II) O acusativo com infinitivo – é uma construção muito freqüente, em latim.


Supõem um período composto no qual o sujeito da oração subordinada é um nome
no acusativo seguido de verbo no infinitivo, assim como nos exemplos:
- Credo Deum esse / Creio que Deus existe.
- Certus es amicam tuam te vere dilligere? /
Estás certo que a tua namorada te ama?
- Nihil certius hominibus mortem venire. /
Nada (é) mais certo para os homens de que a morte virá.

Nota:
No momento, o que interessa é saber identificar este tipo de construção. Mas regis-
tre-se que a oração subordinada infinitiva pode assumir o papel: ou de sujeito ou de
predicativo do sujeito ou de objeto da oração principal.

Exercícios:
1. Nemini licet leges civitatis violare.
2. Moneo vos omnes, discipuli, litteram latinam acurate studere, nam plurimam
utilitatem praebet vobis.
3. In rebus adversis semper amicos veros melior cognoscimus.
4. Vitium esse morbus animi saepe dicebant veteri sapientes.
5. Finita dissertatione studantis litterae, magister optimus eam judicavit.
6. Tempestate finita, dies splendidus incipit super campos et silvis.
7. Studium est conditio sine qua non sapientiae.
8. Sententia judicum cognita, cives decisionibus oboedire debent.

III) Registro especial merece também a estrutura sintática do predicativo do ob-


jeto. É assim chamado o predicativo que se refere ao objeto em construções que, em
português, apresentam-se assim, p. ex.: O juiz considerou o réu culpado. / O reitor
nomeou o Prof. Marcos como interventor. / O prefeito fez secretário um sobrinho.
96
Nos exemplos, as palavras sublinhadas identificam uma qualificação do od que não
é acessória, pelo contrário modifica o sentido da frase; na verdade, fica subentendo
um desdobramento da frase; assim, p. ex.: o juiz considerou o réu / o réu é culpado.
O predicativo do objeto concorda com o nome a que se refere em gênero, núme-
ro e caso. Geralmente é introduzido pelos verbos listados a seguir:

nominare > nomear;


dicere > dizer
existimare > considerar
credere > crer Atenção:
habere > ter (como) Para haver od
facere > fazer supõe-se verbo na forma ativa
reddere > tornar
creare > criar, nomear
e outros similares

Exemplos: Deus creavit hominem et feminam felices /


Deus criou o homem e a mulher felizes.

Exercícios:
• Pecunia homines beatos non reddit.
• Credimus studia semper necessaria vitae.
• Magister discipulos sedulos existimat.
• Fides faciles facit difficiles res.
• Studium doctos redit hominess ignorantes

97
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Exercícios Complementares, com textos

Atenção:
a) Lembrar: um texto nada mais é que um conjunto de orações que se correlacionam.
b) Nos textos abaixo, estruturas morfossintáticas não contempladas em nossos estudos
serão traduzidas em nota de fim de página.

I Vulpis ad personam tragicam 1(Fedro, I, 7) *


Personam tragicam forte uulpes uiderat: * Fedro nasceu na Trácia,
mas foi educado em Roma,
“O quanta species”, inquit “cerebrum non habet!” como escravo do imperador
Hoc illis dictum est quibus honorem et gloriam Augusto (aprox. 78 a.C).
Fortuna tribuit, sensum communem abstulit. Traduziu para o latim as
fábulas do grego Esopo
- que a tradição dá como o
II Vacca, capella, ovis, et leo (Fedro, 1, 5) criador do gênero –
Nunquam est fidelis cum potenti societas; e criou fábulas novas,
ligadas ao contexto de seu
Testatur2 haec fabella propositum meum. tempo.
Vacca et capella et patiens ovis iniuriae
Socii fuere3 cum leone in saltibus.
Hi cum cepissent 4 cervum vast corporis,
Sic est locutus 5 partibus factis leo:
“Ego primam tollo; nominor 6 quia rex mea est:
Secundam, quia sum socius, tribuetis mihi;
Tum, quia plus valeo, me sequetur7 tertia;
Malo afficietur siquis quartam tetigerit 8.”

1 - personam tragicam = máscara


2 - testatur = comprova
3 - fuere = fuerunt
4 - cepissent = tendo caçado
5 - est locutus = falou
6 - nominor = sou chamado, sou considerado
7 - sequetur = seguirá
8 - tetigerit = 3a. p.s. fut. perf. de tango = terá pertencido = caberá

98
Sic totam praedam sola improbitas abstulit9.

III – Liber Genesis, 1,1-6.


In principio creavit Deus caelum et terram. O Gênesis é o primeiro
Terra autem erat inanis et vacua, et tenebrae livro da Biblia, do
Antigo Testamento.
super faciem abyssi, et spiritus Dei ferebatur10 O texto é transcrição
super aquas. Dixitque Deus: “Fiat11 lux”. ipsis litteris Bibliorum
Sacrorum Editio –
Et facta est lux. Et vidit Deus lucem quod esset bona
Libreria Editrice ,
et divisit Deus lucem ac tenebras. Vaticana, 1979.
Appelavitque12 Deus lucem diem et tenebras noctem.
Factumque est vespere et mane, dies unus.

IV - Breviarum Historiae Romanae (Eutrópio,1, 3)


Postea Numa Pompilius rex creatus est13: qui bellum
O Breviarium
quidem gessit14, sed non minus civitati quam historiae Romanae
Romulus profuit15: nam et leges Romani moresque é um compêndio da
história de Roma desde
constituit, qui consuetudine praeliorum jam latrones
a fundação da cidade
ac semibarbari putabantur16. Annum descripsit17 até à subida ao trono
in duodecim menses, prius sine aliqua do imperador Valente.
É estruturado em dez
computatione confusum (. . .) Morbo decessit18 livros. Eutropio viveu
quadragesimo et tertio imperii ano. no séc. IV d. C.

9 - abstulit = roubou; apossou-se


10 - ferebatur = 3a. p. s. imperf. ind. de fero = pairava
11 - fiat = faça-se
12 - appelavitque = et appelavit – Rever as informações sobre as conjunções coordenativas.
13 - creatus est = foi feito
14 - 3a. p. s. perf. ind. de gero = fez, moveu
15 - profuit - perf.de prosum
16 - putabantur = eram tidos como
17 - descripsit = perf. de describo = dividiu
18 - decesit – per de decedo = morreu

99
CURSO DE LÍNGUA LATINA: V - Carmina 5, 1-6 Catulus)
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Vivamus, mea Lesbia, atque amemus,
Catulo (84-54 a. C):
rumoresque19 senum severiorum
um dos líricos latinos
omnes unius aestimmus assis! mais ardentes, capaz de
Soles occidere et redire possunt: versos amorosos que
repercutem até hoje.
nobis, cum semel occidit brevis lux,
nox est perpetua una dormienda20

19 - rumoresque = et rumores
20 - est …. dormienda = para ser dormida

100
Glossarium

Abreviaturas utizadas neste glossário

AB = ablativo
AC = acusativo
adj. = adjetivo
adv. = advérbio
comp. = comparativo
conj. = conjunção
dep. = depoente
f. = feminino
imperf. = imperfeito
indic. = indicativo
interj. = interjeição
perf. = perfeito
pl. = plural
pron. = pronome
s. = singular
subj = subjuntivo
v. = verbo

N o t a:
Visto não ser possível utilizar aqui os sinais do acento latino, para não confundir
os verbos da segunda conjugação, com infinitivo em ere (longo) com os verbos da
terceira conjugação também com infinitivo em ere (breve) usaremos a abreviatura 3 c.
para caracterizar verbos da 3ª. conjugação; assim, por ex.: lego, is, ere,legi, lectum 3 c.

101
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
A

a, ab, prep. abl. de, do(s), da(s)


abstuli pret. perf. de aufero, -fers, -ferre, abstulli, ablatum Levar; tirar
abundanter adv. deriv. de abundans abundante > abundantemente
abyssus, i m. abismo
ac conj. e
accipio, is ere, cepi, ceptum 3c receber, aceitar
acer,acris,e adj. azedo, acre
actio,onis f. ação, obra, operação
accurate adv. deriv. de accuratus bem feito,bem cuidado > cuidadosamente,
com cuidado
adversus, a, um adj. contrário, oposto
adversus prep. contra , de frente a, para com
aegrotus,a,um adj doente
Aeneas, ae m. Eneias
aestimo, as, are, avui, atum avaliar, estimar
afficietur verbo afficio na voz passiva, 3 p.s. > será castigado, atingido
agamus, de ago,is ere, egi, actum 3c fazer, agir, trbalhar
age! ago no imperativo
agite! ago no imperativo
agnosco, si, ere, agnovi, agnitum conhece, reconhecer, confessar
agnus, i m. cordeiro
agricola,a m. agricultor, lavrador
aheneus, a, um adj de bronze
alienus,a,um adj. alheia
aliquis, a, quod/quid algum, alguém, alguma coisa
aliquando adv. algumas vezes
amo, as, are, avi, atum amar, estimar
ambulo, as, are, avi, atum andar, passear
amicitia, ae f. amizade
amicus, i m. o amigo
amicus, a, um adj, amigo, amiga
ancilla, ae f. serva, criada, escrava
Ancus Martius m. Anco Márcio (4º. Rei de Roma)
anima, ae f. alma, espírito, vida
animal, is, n. animal
animus, i m. o ânimo, espírito
annus, i m. o ano
ante prep. diante, antes, prrimeiro
antequam adv. antes que
antiquus, qua,quum n. antigo
aperio,is, ire, aperui, apertum abrir
appelo,as,are,avi,atum chamaar, nomear
apud prep. junto de
aqua, ae f. água
aquila, ae f. águia
asinus, i .m. asno; burro
aspera, a, um adj áspero; rude
as, assis, m. m.oeda (= tostão)
astrum, i n. astro
at conj. mas, porém
atque conj. e, assim como
Augustus, i Augusto (imperador de Roma)

102
aut conj. ou GLOSSARIUM
autem conj. mas, porém
auxilio ,as, are, avi, atum auxiliar, ajudar
auxilium, ii n. uxilio, ajuda
avis, is f. ave

barba, ae f. barba
beatus, a um adj. feliz; beato
bellum, i n. guerra
beneficus, a, um adj benéfico
beneficium, ii n. benefício, favor
benevolentior compar. super. de benvolens > m.ais benevolente
bestia, ae f. besta, animal
bibo, is, ere,bibi, bibitum 3c beber
bibliotheca, ae f. biblioteca
bonus, a, um adj. bom
breviarius, ii n. compêndio, sumário
brevis, e adj. breve, curto

caelum, i n. céu
calcar aris n. espora
campus, i m. campo
canis, is m. cão, cachorro
capellaa, ae f. cabra
capio, is,ere, cepi captum 3c tomar, pegar
capto,as, are, avi, atum pegar, capturar
carmen, minis n. poema, canção
carus, a, um adj. caro, querido
causa, ae f. causa, m.otivo
cerebrum , i n. cérebro
certo, as, are, vi, atum brigar, disputar
certe adv. certamente
certius adv. “certe” no compar. super. n.
certus, a, um adj certo, claro, m.anifesto
cervum , i n. cervo, viado
Christus, i m. cristo
cibum, i n. alimento, comida
Cicero, nis m. Cícero (orador romano)
ciuitas, tis f. cidade
civis, is m. cidadão
classis is f. classe
coambulo,as, avi,atum, are andar junto
coena, ae f. refeição, ceia
cognosco, is, ere, cognovi, cognitum 3c.conhecer
columba, ae f. pomba
communis, e adj. comum, usual
compleo, es, ere, evi, etum acabar, completar, encher
computatio, onis f. cômputo, conta
conditio, onis f. condição
confusus, a, um adj. confuso, desordenado
congregantur forma passiva de congrego,as,are,avi, atum > congregar

103
CURSO DE LÍNGUA LATINA: considero, as, are, avi, atum considerar
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
consilium, ii n. concílio; conselho, reunião
constituo, is, ere, constitui, utum 3 c.constituir, pôr, colocar
consuetudo, nis f. costume, uso
consul,is, m. cônsul (magistrado em Roma)
contemptio, onis f. desprezo, desdém
contra prep. contra, em frente de
cornu, us n. chifre
corpus, corpor is n. corpo
cras adv, amanhã
creator, oris m. criador
creo, as, are, avi, atum criar
credo, si, ere,credidi, creditum 3c crer
culpa, ae f culpa; pecado
cum conj., com
cunctus, a, um adj. todo inteiro ou todo junto
cura, ae f. cuidado, aplicação
curro, is, ere, cucurri, cursum correr

damnum, i n. dano, prejuízo


do, das, dare, dedi, datum dar
de prep. de, do(s), da(s), a respeito de, sobre
debeo, es, ere,debui, debitum dever
decedo, is, ere, essi, esum 3c separar-se, ausentar-se
decisio, onis f. decisão
defendo, is, ere, defendi, ensum 3 c.defender
defensio, onis f. defesa, patrocínio
defleo, es, ere, evi,etum chorar, deplorar
denuntio, as,are, avi, atum denunciar
describo, bis, ere, ipsi, iptum 3 c. descrever, copiar, distribuir
desidero, as, are, avi, atum desejar
designo, as, are, avi, atum designar; destinar
desperno, is, ere, previ, pretum desprezar, m.enosprezar
detineo, es, ere,ui, entum deter, demorar, retardar
Deus, Dei m. Deus
dico, is, ere, dixi, dictum 3 c. dizer, declarar
dictum, i n. o dito, palavra
dies, diei m./ f. dia
difficilis, e adj difícil
dignus, a, um adj. digno
dilectus, a um adj. dileto, predileto, amado
diligentia, ae f. diligência, cuidado, aplicação
diligo, is, ere, dilexi, dilectum 3 c. amar, estimar; preferir
discipula, ae f. discípula, aluno
discipulus, i f. discípulo, aluno
dissertatio, onis f. dissertação
diuinus, a, um adj. divino
divido, is, ere, divisi,divisum 3 c. dividir
doceo, es, ere, docui, doctum ensinar
doctus, a, um adj. douto, sábio
doctrina, ae f. doutrina, ensinamento
dolor, oris f. dor
domina, ae f. senhora

104
dominus, i m. senhor; dono; proprientário GLOSSARIUM
domus, us f. casa
donec adv. até que, enquanto
donum, i n. dom, presente, oferenda
dormienda - gerúndio de dormio > para dormir
dum adv. enquanto, até que
duobus – D/Ab de duo
dux, ducis, m. chefe, comandante

ego, mei, mihi, me, me - pron. pessoal m. / f. eu


enim conj. na verdade, de fato, seguramente, realmente
eo, is, ire, ii, itum v. intr. ir
epistula, ae f. epístola, carta
ergo conj. portanto, por conseguinte.
erro as, are, avi ,atum errar
error, oris m. erro
este imperativo de sum
et conj. e
etenim conj. porque, certamente
etiam conj. também, ainda, além disto
etsi conj. ainda que, posto que
euge! interj. expressão de aplauso, de incentivo
exaudo, is, ire, ivi, itum ouvir, compreender
exemplum , i n. exemplo, modelo
exitus, us m. êxito, sucesso
expugno, as, are, avi, atum conquistar, vencer
exulto, as, are, avi, atum exultar, alegrar-se

fabella, ae f. pequena fábula, historinha


faber, bri m. fabricante, construtor, operário
fabula, ae f. fábula, história
facies, ei f. face, rosto, semblante
facilis, le adj. fácil; favorável
facio,is, facere, feci, factum 3 c. fazer
factum, i n. feito, façanha, ação importante
falsus, a, um adj. falsa, enganadora
fama,ae s.f. fama, renome
famelicus, a, um adj. faminto, famélico,
fecundus, a, um adj. fecunda
felix, cis adj. feliz, afortunado, venturoso
femina, ae f. fêmea; m.ulher
ferebatur – 3ª. p. s. imperf. Ind. de f.ero, fers, tuli, latum, ferre levar > levava
fiat – 3ª. p. s. indic. de fio
fidelis, le adj. fiel, leal
fides, f.idei f. fé, fidelidade, confiança
fiducia, ae s.f. confiança
filius, ii m. filho
finitus, a, um adj. findo, terminado, acabado
fio, fis, fieri, factum sum tornar-se
firmiter adv deriv de f.irmus > firmemente

105
CURSO DE LÍNGUA LATINA: firmus, a, um adj. firme, estável
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
foris adv. fora, de fora
forma,ae s.f. forma, aparência
formosus, a, um adj. formoso
fortasse adv. talvez
fortior – comparativo de fortis
fortis, e adj. forte, firme, valente
fortuna , ae f. fortuna, riqueza, sorte
frico,as, avi, atum, are esfregar, coçar
frons, tis f. frente, dianteira
fructifer, a, um adj. frutífero
fructuose – adv deriv de fructuosus
fructuoosus, a, um adj. frutuoso, frutífero
fuere = fuerunt, de sum
fugio, is, ere, fugi, fugitum 3 c. fugir, evitar correr
futurus,a,um adj. futuro

gaudium, ii n. alegria, prazer


genero, as, are, avi, atum gerar, produzir
genesis, is f. nascimento
gero,is, ere, gessi, gestum 3c gerar, produzir
gesta, orum n. os feitos, os empreendimentos, as ações m.emoráveis
gestus, us m. gesto
gloria, ae f. gloria, fama
Graecia, ae f. a Grécia
Graeci, Graecorum m. os gregos
gratia,ae f. graça, benefício, favor
gratus, a, um adj. agradecido, grato; agradável
gravis, e adj. grave, sério, pesado

habeo, es, ere. habui, habitum ter, haver


herba, ae f. erva, vegetação rasteira
heu eheu! interj. expressão de dor, de lamento
hic, haec, hoc pron. este, esta
Hierosolyma, ae f. Jerusalém
historia, ae f. história
hodie adv. hoje
Homerus, i m. Homero
homo, minis m. homem
honestus, a, um adj. honesto; íntegro
honor, is f. honra
Horatius, ii m. Horácio
hortum, i n. horto, jardim; horta
hostilis, e adj. hostil, inimigo
humanus, a, um adj. humano
humilio, as, are, avui, atum humilhar; envergonhar

ideo conj. por isso, portanto

106
igitur conj. assim que, portanto, logo GLOSSARIUM
ignotus, a, um adj. ignoto, ignorado, desconhecido
ille, illa, illud pron. aquele, aquela, aquilo
illumino, as, are, avi, atum iluminar, clarear
imago, ginis f. imagem
imber, bris f. . chuva
imperator oris m. imperador
imperium, ii n. império, ordem
impleo, es, ere, evi, etum encher
imploro, as, are, avi, atum implorar, pedir insistentemente
improbitas, atis f. improbidade, desonestidade
improbus, a, um adj. ímprobo, desonesto
in prep. ac / ab em, no(s), na(s)
inanis, ne adj. vazio
incantatus, a, um adj. encantado, enamorado
incertissima – superlativo de incertus, no feminino
incertus, a, um adj. incerto
incipio, is, ere, cepi, ceptum 3 c começar, iniciar, principiar
incumbo, is, ere, ubui, ubitum 3 c incumbir-se; suster-se
indulgentia, ae f. indulgência, compaixão, clemência
infinitus, a, um adj. infinito, infindo, sem fim
inflammo, as, are, avi, atum inflamar, estimular, excitar
infra prep. em baixo de, sob
ingenius, nii m. engenho, gênio, inteligência
iniuria, ae f. injúria
inquit - inquo verbo defectivo ( não tem todas as formas) > diz, fala
instigo, as, are, avi atum instigar, incitar, estimular
inteligens, entis adj. inteligente, experiente
inter prep. entre, no m.eio
intus adv. dentro
invenio, is, ire,eni, entum achar, conseguir, inventar
invoco, as, are, avi, atum invocar, chamar
ipse, a, um pron. o m.esmo, a mesma
iratus, a, um adj. irado
is, ea, id pron. este, esta, isto
itaque conj. assim que, portanto

jam adv. já, logo, agora


jubeo, es, ere, jussi, jussum mandar, imperar
jucundus, a, um adj. alegre, agradável, aprazível
judex, cis m. juiz
judico, as, are, avi, atum julgar
justifico, as, are, avi, atum justificar
justus, a, um adj. justo
juvenis, is m. jovem, m.oço
juvo,as, avi,atum,are ajudar
juxta prep. junto de, perto de

labor, oris m. trabalho


laboriosus, a, um adj. laborioso, trabalhador

107
CURSO DE LÍNGUA LATINA: lacrima, ae f. lágrima
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
laetitia ae f. alegria
laetus, a ,um adj. alegre
large – adv deriv de largus > largamente
latinus, a, um adv latino
latro, onis m. ladrão
laudo, as, are, avi, atum louvar
laus, laudis f. louvor, elogio
lectio,onis f. lição
lego, as, are, avi, atum legar, transmitir
lego, is, ere, legi, lectum ler
leo, nis m. leão
Lesbia, ae f. nome próprio > Lésbia
lesbius, a, um adj natural de Lesbos
levo, as, are, avi, atum levantar, elevar, ajudar
lex, legis f. lei
liber, a, um adj. livre
liber, bri m. o livro
licet – verbo defectivo, usado só nas 3as. ps.: licet, licebat. licuit > é, era, foi
lícito
língua, ae f. língua, linguagem idioma
littera, ae f. letra; carta. no plural, as letras, literatura
litterarius, a, um adj. literário
locutus, a, um adj. falado
longus, a, um adj. longo, extenso
Lucas m. Lucas – o dicionário latino não registra a palavra; aqui, damos o nome
como indeclinável e na versão tradicional não dicionarizada.
ludus, i m. jogo
luna, ae f. lua
lupus, i m. lobo
lux, cis f. luz

magis adv. mais


magister, tri m. mestre, professor
magistra,ae f. mestra; professora
magnífico, as, are, avi, atum magnificar, engrandecer, louvar
magnus, a, um adj. grande
maior compar super de magnus
malo, m.avis, malle, malui preferir
malum , i n o mal, a desgraça
malus, a, um adj. mau, ruim, malvado
mane adv. de (pela) m.anhã
manus, us f. mão
mare, is n. mar
matrona, ae f. matrona, mãe, dona de casa
maximus, a, um adj. o maior, máximo, muito grande
melior compar. super de bonus
melius compar. super de bonus neutro
memor, is m. lembrado de
mendacium ii n. mentira
mens, tis f. mente; entendimento; memória
mensis, is m. mês
meus mea m.eum pron. meu, minha

108
mihi D s. de ego GLOSSARIUM
miles, militis m. soldado, militar
mille num. mil
minor, minus compar. de parvus
mirificus, a, um adj. admirável
miser, a, um adj. misero
misericordiosus, a, um adj. m.isericordioso
mitto, is, ere, missi, missum 3 c. enviar
moneo, es, ere, monui, itum avisar, advertir
mora, ae f. demora
morbus, i m. doença
mors, tis f. morte
mortalis, e adj. mortal
mos, moris m. costume, uso, hábito
mulier, is f. mulher
multus, a, um adj. muito
mundus,i m. mundo
munio, is, ire, ivi, itum munir, municiar
musca, ae f. mosca
musica, ae f. música
muto, as, are, avi, atum mudar

nam conj. pois, porque, por quanto


narro, as, are, avi, atum narrar
natura,ae f. natureza
natus, a, um adj. nascido
navis, is f. nave
ne adv. não, para que não
nec conj. nem, não, nem ainda
nemo, nimis m. ninguém
neque conj. nem, não
neve conj. nem, ou não
niger,gra, grum adj. negro
nihil adv. nada
nisi conj. a não ser que, se não, exceto
nobis D/ab de nós
nolo, non vis, nolle, nolui não querer
nomen, inis n. nome
nomino, as, are, avi, atum nomear, denominar
nominor 1ª. p.s. pres. indic. de nomino
non adv. não
nondum adv. ainda não
nos, nostrum ou nostri pron. nós
noster, nostra, nostrum pron. nosso, nossa
notio, nis f. noção
notitia, ae f. notícia
nox, noctis f. noite
nubes, is f. nuvem
Numa Pompilius m. Numa Pompílio (2º. rei de Roma)
numerus, i m. número
nunquam adv. nunca, em tempo algum
nusquam adv. em lugar nenhum

109
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
O

o! interj. ó!
ob prep. por, por causa de
obsto, as, are, avi atum obstar, impedir
occido, is ere, idi, ocasum 3 c. m.orrer, cair m.orto
occido, is ere, idi, ocisum 3 c. m.atar
odiosus, a, um adj. odioso, aborrecível, desagradável
olfactus, i m. olfato
omnis, e adj. todo
opera, ae f. obra, trabalho, ocupação
optimus superl. de bonus
opus, operis n. obra; obra de arte
oratio, onis f. oração, discurso
orator, oris m. orador
origo,inis f. origem
ornamentum, i n. ornato, ornamento, enfeite
otium, ii n. ócio, repouso
Ovidius, ii m. Ovídio
ovis, is f. ovelha

par, paris adj. igual


paro, as, are, avi, atum preparar, aparelhar, dispor, ordenar
pars, partis f. parte, quinhão, porção
parvus, a, um adj. pequeno, pouco
pater, tris m. pai
patria, ae f. pátria
paulum adv. pouco
pecunia, ae f. dinheiro, pecúnia
peior compar. de malus > mau > pior
per prep. por, pelo, por causa de, por m.eio, entre
perpetuus, a, um adj. perpétuo, perene
persona, ae f. m.áscara; pessoa
pes, pedis m. pé
pessimus, a, um superl. de malus,a,um > mau > péssimo
philosophus, i m. filósofo
piger, gra, grum adj. preguiçoso
pillus, i m. pelo
placeo, es, ere, placui, placitum agradar, parecer bem
placidus, a, um adj. sereno
plenus, a, um adj. pleno, cheio
plurimum adv. muito mais
plurimus, a, um adj. superl. de m.ultus > m.uito grande
plus adv. mais
poeta, ae m. poeta
pono, is, ere, posui, positum pôr
porto, as , are, avi, atum levar, carregar, portar
porro adv. longe, ao longe, para longe
possum, potes, posse, potui poder
post adv. depois
postea adv. depois, m.ais tarde
postquam adv. depois que

110
potentia, ae f. potência GLOSSARIUM
potior compar. de potis, e > poderoso > m.ais poderoso
praebeo,es, ere, bui, bitum mostrar, exibir, proporcionar
praeceptum , i n. preceito, lei, ordem
praeda, ae f. presa
praelium, ii n. prélio, luta
praesens, entis adj. presente
pretiosus, a, um adj. precioso
primus, a, um adj. primeiro
princeps, pis m. o primeiro; príncipe
principium, ii n. princípio, início
prius adv. primeiro, antes
pro prep. em lugar, por causa de, a favor de
probus, a, um adj. probo, honesto, virtuoso
procedo, is, ere, essi, essum 3 c. ir adiante, andar, caminhar
procul adv. longe
prodigium, ii n. prodígio
profuit - de prosum, es, prodesse, profui > ajudar > ajudou
proh! interj. exprime espanto, admiração
prohibeo, is,ere, itum proibir
promissus, a, um adj. prometido
prope prep. perto
propero, as, are, avi, atum apressar-se
propitius, a, um adj. propício, favorável
propositum, i n. propósito, resolução
proprius, a, um adj. próprio, apropriado, específico
propter prep. por causa de
prosper, a, um adj. próspero
prospero, as, are, atum prosperar, ter sucesso
prudens, entis adj. prudente, cauteloso
puella, ae f. m.enina, m.oça
puer, i m. m.enino, jovem
pulcher, chra, chrum adj. belo, bonito, formoso
putabantur – voz passiva, 3ª. p. pl. imperf. ind. de puto,as are, avi, atum >
julgar >
eram julgados

qua adv. por onde


quadragesimus, a, um adj, quadragésimo, um de quarenta
quaero, is, ere, quaesivi, 3 c. buscar, procurar, inquirir
qualis, le qual (?)
quamvis conj., ainda que, posto que
quandiu adv. por quanto tempo
quando adv, quando, em que tempo
quantum adv. tanto quanto
quantus, a, um adj. quanto
quartus, a, um adj. quarto
-que – partícula enclítica > et > e
qui, quae, quod / quid pron. que / que coisa
quia conj. porque
quidem adv. na verdade, certamente
quintus, a, um adj. quinto
quo adv. para onde, para que lugar

111
CURSO DE LÍNGUA LATINA: quod conj. porque
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
quotidie adv, todos os dias, quotidianamente
quoties adv. quantas vezes
quousque adv. até quando

redeo, is, ire, ii ou ivi, itum tornar, voltar


regina, ae f. rainha
regno, as, are, avi, atum reinar, governar
rego, is ere, rexi, rectum 3 c. reger
remedium, ii n. remédio
repetitus, a, um adj. repetido, renovado, refeito
requiro, is, ere, requisivi, requisitum requerer
res, rei f. coisa
retro adv. atrás de
rex, gis m. rei
rivus, i m. riacho, pequeno rio
rogo, as, are, avi, atum rogar, suplicar, orar
Roma, ae f. roma. romae pode significar “em roma” (antigo caso locativo)
romanus, a, um adj. romano, de roma
Romulus, i m. Rômulo (1º. rei de Roma)
rosa, ae f. rosa
ruber, bra, brum adj. vermelho, rubro
rumor, oris m. rumor, barulho
rupes is f. rocha, rochedo

sacer, sacra, um adj. sacro, sagrado


saepe adv. m.uitas vezes
salto, as, are, avi, atum saltar, pular
saltus,us m. salto, pulo
sapiens, tis adj. sábio
sapientia, ae f. sabedoria
satis adv. bastante
schola, ae f. escola
scientia, ae f. ciência, conhecimento
scribo, is, ere, scripsi, scriptum escrever
scriptor, oris m. escritor
scriptus, a, um escrito
scutum, i n. escudo
se AC de sui se
secundus, a, um adj. segundo
sed conj. mas
sedulus, a, um adj. aplicado, cuidadoso
semel adv. uma só vez
semibarbarus, a, um adj. semibárbaro
semper adv sempre
senex, nis m. velho, ancião
sensus, us m. sentido, sentimento
sentio, is, ire, sensi, sensum sentir
septem num. sete
septimus, a, um adj. sétimo

112
septuagesimus, a, um adj. septuagésimo, um de setenta GLOSSARIUM
sequetur 3ª. p. s. pres. ind. de sequor, eris, sequi, secutus sum (v. dep.) >
seguir> segue
sermo, nis m. fala, discurso, conversa
Servius Tullius m. Sérvio Túlio (6º. rei de Roma)
servo, as, are, avi, atum salvar, conservar, preservar
servus, i m. servo, criado, empregado; escravo
severiorus, a, um adj. no comparativo > mais severo
sextus, a, um adj. sexto
si conj. se, ainda que, posto que
sic adv. assim, deste m.odo
sicut adv. assim como
signum, i n. signo, sinal
silva, ae f. selva, m.ata,, floresta
simillimus, a, um superl. de similis > semelhante > semelhantíssimo
sine prep. sem
sinister, tra, trum adj. esquerdo; adverso, contrário
siquis, siqua, siquod adj. se alguém
societas, atis f. sociedade, companhia
socius, a, um adj. sócio, companheiro
sol, is m. sol
solatium,ii n.. consolação, alívio
sollertia, ae f. esperteza, astúcia
solus, a, um adj. só, sozinho
somnus, i m. sono
soror, is f. irmã
species, ei f. imagem, forma, figura
speculum, i n. espelho
spes, spei f. esperança
spiritus,us m. espírito, hálito, respiração
splendidus,a,um adj. brilhante, luzente, esplêndido
stella, ae f. estrela
stimulus, i m. estímulo
sto, as, are, steti, atum estar de pé
studens, tis adj. estudante
studeo, es, ere,studui aplicar-se a, estudar
studiosus, a, um adj. estudioso
studium, ii n. estudo, aplicação
stultitia, ae f. estultice, ignorância
stultus, a, um adj. estulto, ignorante
sub prep. sob, embaixo de
sum, es, esse, fui ser, estar, haver, existir
super prep. sobre, em cima
superbia, ae f. soberba
supra prep. sobre, além de
suus,sua, suum pron. seu, sua

T
taceo, es, ere, tacui, tacitum calar
taedium, ii n. tédio, enfado
talis, le adj. tal, igual, semelhante
tam adv. tão, tanto, assim
tamen conj. todavia, contudo
Tarquinius Priscus m. Tarquínio Prisco (5º. rei de Roma)
tempestas, atis f. tempestade

113
CURSO DE LÍNGUA LATINA: templum, i n. templo, lugar sacro
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
tempus, oris n. tempo
tenebra ae f. treva, escuridão
tener, a, um adj. tenro
terra,ae f. terra
tertius, a, um adj terceiro
tesaurus, i m. tesouro
testatur 3ª. p. s. pres. ind. de testor, aris, ari, atus sum (v. dep.) >
tetigerit 3ª. p. s. perf. subj. de tan.go , is, ere, tetigi, tactum 3c > tocar, pegar
> tenha pego
Titus, i m. Tito (nome próprio)
tollo, is, ere, sustuli, sublatum 3 c. levantar, elevar; receber
tormen.tum, i n. tormenta, tempestade
totus, a, um adj. todo, inteiro
tragicus, a, um adj. trágico
tribunal, alis n. tribun.al
tribuo, is, ere, tribui, tributum 3 c dar, entregar, atribuir
tu, tui, tibi, te, te pron. tu
Tullus Hostilius m. Túlio Hostílio (3º. rei de Roma)
tum conj. en.tão
turpior compar. de turpis, is > torpe, vergonhoso > m.ais torpe, m.ais vergonhoso
tuus, a, tuum pron. teu, tua
tyrannus, i m. tirano

ubi adv. onde


unde adv de onde
unus, a, um adj. um, único
urbs, is f. cidade, urbe
uspiam adv. em algum lugar
ut con.j. adv. como, assim como, de m.odos que, logo que
utilis,utile adj. útil, proveitoso
utilitas , atis f. utilidade, aproveitamento
uva, ae f. uva

V
vacca, ae f. vaca
vacuus, a, um adj. vazio, vago
vado, is, ere 3 c. (v. defectivo) ir, caminhar
vae! interj. de lamento > ai!
vago,as, are, avi, atum andar errante, vaguear
vale! valete! 2ª. p.s./pl. de valeo > tem saúde, tende saúde; fica bem, ficai bem
valeo, es, ere, valui, valitum valer, ser firme, estar bem
validus, a, um adj. válido, forte, saudável
vastus, a, um adj. vasto, largo
vel con.j. ou
velut(i) con.j. como, tal como
venero, as, are, avi, atum venerar
venio, is, ire, veni, ventum vir
venter, tris m. ventre
ventus, i m. vento
verbum, i n. palavra
vere adv. deriv. de verus
veritas, atis f. verdade

114
verus, a, um adj. verdadeiro GLOSSARIUM
Vespasianus, i m. Vespasiano (nome próprio)
vesper, a, um adj. relativo à tarde
vespere adv. à tarde, ao entardecer
veteres, rum m. pl. antepassados (neste sentido, a palavra só se usa no plural)
via, ae f. via, caminho
vicinus, a, um adj. vizinho
video, es, ere, vidi, visum ver
viola, ae f. violeta (a flor)
violo, as, are, avi, atum agredir, violar, estragar
vir, i m. varão, macho; cidadão
Virgilius, ii m. Virgílio (poeta latino)
virtus, tis f. virtude; força moral septuagesimo
vis, vis f. (pl. vires) força física, vigor
visito, as, are, atum visitar
visus, a, um adj. visto
vita, ae s.f. vida
vitium, ii n.. vício
vivo, is, ere, vixi, victum 3 c. viver
vobis D/Ab pl. do pronome tu = a vós ou por vós
volo, vis, velle, volui querer
voluntas, atis f. vontade
vos, vestri, vobis vós
vulpecula, ae f. raposinha
vulpes, pis f. raposa

115
CURSO DE LÍNGUA LATINA:
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

Anotações

116
R eferências

CARDOSO, Zelia de Almeida Cardoso. Iniciação ao Latim. São Paulo: Ática, 1989.

CARL, A.; GRIMAL, P.; LAMAISON, J.; NOIVILLE, R. Gramática latina. Tradução de
Maria Evangelina Villa Nova Soeiro. São Paulo: T. A. Queiroz; Edusp, 1986.

FARIA, Ernesto. Gramática superior da Língua Latina. Rio de Janeiro: Livraria


Acadêmica, 1958.

FERREIRA, Antonio Gomes. Dicionário Português-Latim. Porto: Porto Editora,


1976.

FURLAN, O.; BUSSARELLO, R. Gramática básica do Latim. Florianópolis: Ed. UFSC,


1993.

GONÇALVES, Maximiano Augusto. Fábulas de Fedro. Rio de Janeiro: Livraria


Antunes Editora, 1957.

PIMENTEl, Cristina; PENA, Abel N. Latim: textos (Iniciação). Lisboa: Colibri, 1994.

REZENDE, Antonio Martinez de. Latina essentia: preparação ao Latim. Belo


Horizonte: Ed. UFMG, 1996.

SARAIVA, F. R. dos Santos. Novíssimo Dicionário Latino-Português. Rio de Janeiro:


Garnier, 2000.

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