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(ENSAIOS)
Juliana Santini
Rejane C. Rocha
(Org.)
SÉRIE
ESTUDOS LITERÁRIOS
nº 15 – 2014
“QUE O REI RECEBA A FEIA”:
BELEZA E INTELIGÊNCIA
EM A MULHER QUE
ESCREVEU A BÍBLIA
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“Que o Rei receba a feia”: Beleza e inteligência
em A Mulher que escreveu a Bíblia
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Raquel Terezinha Rodrigues
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em A Mulher que escreveu a Bíblia
-se também as leituras que se fizeram dele, para que a narrativa possa
ser vista como algo mais complexo do que a mera reprodução do
romanesco (JAMESON, 1992). Dessa forma, foram destacados
alguns textos que fazem parte da fortuna crítica do autor e que
estão no livro O viajante Transcultural: Leituras da obra de Moacyr
Scliar, organizado por Regina Zilberman e Zilá Bernd. Esses textos
se debruçaram sobre a obra de Scliar, dando a ela várias linhas
interpretativas.
No prefácio, intitulado “Navegador de longo curso”, Regina
Zilberman e Zilá Bernd fazem uma pequena “biobibliografia” e
reforçam o mérito do escritor como um autor consagrado e de res-
peitável fortuna crítica, contudo salientam que faltava um livro que
estudasse sua obra em conjunto e que congregasse pesquisadores do
Brasil e do exterior, independentemente da orientação teórica. Nasce,
então, O viajante Transcultural: Leituras da obra de Moacyr Scliar.
No primeiro capítulo: “Histórias de um escritor”, Luiz
Antonio de Assis Brasil, no artigo intitulado “O Universo nas Ruas
do Mundo”, também apresenta uma pequena biografia em que relata
o vínculo entre autor e o bairro do Bom Fim, a sua carreira de
médico e escritor, os tempos da ditadura e a sua vertente judaica que
dá vida a sua carreira de escritor ao fornecer a matéria prima através
das histórias escutadas nas calçadas do bairro.
Para Assis Brasil (2004, p.23), “talvez seja a maior virtude
extra-literária de sua obra “judaica”: a de reconhecer que no
hibridismo e na transformação reside a mais perfeita vitalidade de
uma cultura.” Ressalta ainda a votação quase unânime que teve na
Academia Brasileira de Letras e encerra dizendo que sua obra não foi
fruto do acaso, foi resultado de um propósito e que, se no começo
ele retratou as ruas do bairro, veio com o futuro retratar as ruas do
mundo.
Cíntia Moscovich, em “Scliar, eleito pela ficção”, inicia seu
texto pela conclusão de Assis Brasil, ou seja, pela Academia de Letras
e por uma história que segundo ela, só um imortal merece prota-
gonizar. Cíntia se refere a um episódio ocorrido três meses antes de
Scliar se tornar membro da Academia. Ele recebeu um envelope que
continha um trabalho escolar e uma carta da Professora Maria de
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Lourdes Pereira que dizia ter guardado desde 1951 a redação desse
seu aluno, e que ela vem acompanhando a carreira dele desde então.
A felicidade da professora se deu quando pessoalmente Scliar foi
abraçá-la, um abraço que trouxe o passado de volta.
A partir daí a autora cita a infância do escritor, a formatura
como médico, seu casamento com Judith Oliven, o filho Roberto, o
Bom Fim e sua posição política de esquerda que o levou a ser fichado
no DOPS.
No segundo capítulo, intitulado “Leituras do Romance”,
o artigo de Berta Waldman abre com uma análise de A guerra no
Bom Fim. O artigo intitulado “A guerra no Bom Fim: uma forma
seminal?” também faz um percurso pela infância do autor no bairro
citado, relatando a saída dos judeus emigrados da Rússia. Reforça
que o livro faz uma espécie de crônica que tem como propósito
resgatar a memória desses imigrantes. Mostra também os conflitos e
as dificuldades que esses imigrantes tentam superar e a frustração do
projeto de fixá-los nas colônias agrícolas que culminou na formação
do bairro.
Ao abordar Cenas da vida minúscula, Waldman (2004, p.59)
diz que o escritor “[...] pratica a façanha de lidar com um amplo
universo romanesco, que vem da Antiguidade, mais especificamente,
do rei Salomão, aos nossos dias.” e encerra seu artigo dizendo que
Scliar se localiza dentro e fora de seu grupo de origem e que com
um estilo coloquial, uma visão crítica da realidade e a construção de
personagens, acaba se destacando como representante desse encontro
cultural.
No mesmo capítulo, temos o artigo de Regina Zilberman que
se intitula “Capitão Birobidjan – um idealista para o século XXI”.
O capitão de comportamento idealista, aos moldes de Quixote, diz
Zilberman que se depara com as agruras da incompreensão alheia,
mas que diferentemente de Quixote, não tem um fiel companheiro.
A leitura que Zilberman faz do livro O exército de um homem
só mostra que este “traz para o primeiro plano a questão paradoxal
proposta pelo romance anterior, A guerra do Bom Fim, corporificada
agora por um único ser ficcional, Mayer Guinzburg” cognominado
Capitão Birobidjan (ZILBERMAN; BERND, 2004, p. 69).
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