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CENTRO DE HUMANIDADES – CH
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
FORTALEZA – CE
2017.1
JAIR SOARES DE SOUSA
FORTALEZA – CE
2017.1
Ao meu mestre e minha grande e eterna
mestra com amor e carinho. Sra.
Francisca, Soares de Sousa (mãe) e o Sr.
Luiz Saraiva da Silva (pai).
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................10
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................51
REFERÊNCIAS......................................................................................................53
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1 INTRODUÇÃO
1
Ver prefácio: MARCUSE, Herbert. A dimensão Estética, (The Aesthetic Dimension), tradução: Maria
Elisabete Costa, edições 70- 2016.
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2
A respeito da importância dos materiais encontrados nos arquivos Herbert Marcuse ver KELLNER,
1994.
3
Em relação ao termo “sistema de Hegel” empregado no texto, este foi referendado também pelo
filósofo Henrique Cláudio de Lima Vaz na tradução do prefácio, introdução e capítulos I e II da obra
Fenomenologia do Espírito.
16
Mas para pensar esse movimento é preciso pensar a unidade dos diferentes
momentos, cada um dos quais é a negação do precedente, pensar a
unidade e a identidade da origem e do fim. Tal é o sentido e a função dessa
categoria espírito: o espírito não permanece em si, pura abstração
indeterminada; faz-se outro, num movimento de alienação pelo qual dá a si
o seu mundo, realizando o que é e, com isto, tomando plena consciência do
que é efetivamente, sabendo-se realmente em suas realizações. Produz a
partir de si mesmo o mundo em que é efetivo, em que é livre porque não se
relaciona senão consigo mesmo (BRÁS, 1981, p. 20).
Esta noção é tomada por Hegel num sentido absoluto, que ultrapassa,
portanto, os limites de uma consciência individual. Se ela encontra uma
expressão na representação religiosa do cristianismo, não se deixa reduzir
ao tema de um deus pessoal, que transcende o mundo. Ao contrário, o
espírito torna-se o que é ao se realizar efetivamente no mundo. Não é um
infinito separado do finito: nesse caso, seria um infinito limitado, o que é
absurdo. É, portanto, o infinito que engloba o finito, que se realiza no finito.
É o absoluto, e o absoluto é resultado, resultado de si próprio: é a unidade
do processo em cujo curso se torna efetivamente o que é em si. É, portanto,
liberdade, concebida não como exercício de um livre-arbítrio, mas como
realização do racional (BRAS, 1989, p.12).
consciência de si a partir do momento em que produz uma outra imagem, para além
da totalidade do estabelecido.
Esse processo pelo qual um ser sai de si, torna-se para si, é próprio do que
Hegel chama de sujeito e opõe a substância, categoria metafísica que
designa, ao contrário, a imutabilidade eterna (BRÁS, 1981, p. 20).
5
MARCUSE, Herbert. O homem Unidimensional: Estudos da Ideologia da Sociedade Industrial
Avançada, tradução de Robespierre de Oliveira, Deborah Christina Antunes e Rafael Cordeiro Silva.
São Paulo: EDIPRO, 2015.
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A reflexão que Marcuse expõe a partir da citação nos faz pensar sobre a
necessidade da arte em meio uma sociedade unidimensional que por uma situação
de condicionamento, defende os interesses opostos a possibilidade de libertação e
emancipação humana. Neste sentido, a arte segundo Marcuse ainda propicia uma
recusa do status quo. É por meio das linguagens da arte, e não somente, que ainda
é possível atingir a população que conserva condicionalmente os ditames de seus
amos.
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Conforme Marcuse (1977, p.32), “A arte não pode abolir a divisão social
do trabalho que conduz seu caráter esotérico, mas também não se pode popularizar
sem atenuar o seu impacto emancipatório”. Não obstante, “limitar a arte as questões
de base superestrutura” como conceituaram os estetas do marxismo ortodoxo, seria
um tanto perigoso, pois tal proposição, negligenciaria o próprio pensamento de Marx
e Engels, partindo do pressuposto que Marx não nega totalmente a “consciência”,
tão defendida no pensamento hegeliano, muito menos a dialética. Inverter o
movimento da dialética de Hegel não quer dizer despreza-la, negar por negar. Para
a dialética tal proposição seria um absurdo.
Há quase trinta anos, numa época em que ela ainda estava na moda,
critiquei o lado mistificador da dialética hegeliana. Quando eu elaborava o
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primeiro volume de O capital, epígonos aborrecidos, arrogantes e
medíocres que agora pontificam na Alemanha culta, se permitiam tratar
Hegel como o bravo Moses Mendelssonhn tratou Espinosa na época de
Lessing, ou seja, como um “cachorro morto”. Por isso, confessei-me
abertamente discípulo daquele grande pensador e, no capítulo sobre o
valor, até andei namorando aqui e acolá os seus modos peculiares de
expressão. A mistificação que a dialética sofre nas mãos de Hegel não
impede, de modo algum, que ele tenha sido o primeiro a expor as suas
formas gerais de movimento, de maneira ampla e consciente. (MARX, 1873,
p.21).
6
Dieter Wellershoff (1925-2016) – Nascido em 1925 em Nauss, escreve romances, contos e ensaios,
roteiros e peças de rádio. Prêmio Heinrich Boll 1988. As fontes de pesquisa para estas informações
encontram-se na obra: Das Gluck, der Tod und der “Augenblick: Realismus und Utopie im Werk
DieterWellershoffs/ Ulrich Tschierske, - Tubingen: Niemeyer, 1990. Books.google.com.br – acesso:
08/01/2017 ás 15:52.
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“Epígonos” refere-se aqueles que nasceram depois (discípulos), Marx lança sua crítica aos filósofos
burgueses alemães: Ludwig Buchner (1824-1899), Friedrich Albert Lange (1828-1875), Karl Eugen
Duhring (1833-1921), Gustav Theodor Fechner (1801-1887).
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Ver: HEGEL, G.W.F. A fenomenologia do espírito. Coleção pensadores, Tradução; Henrique
Cláudio de Lima Vaz, editora: abril S. A. cultural e industrial, São Paulo, 1974.
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Neste sentido, concordo com Marcuse quando ele afirma que: “O fato de
uma obra representar verdadeiramente os interesses ou a visão do proletariado ou
da burguesia não faz dela uma verdadeira obra de arte”. Conforme MARCUSE,
(1977, p.27-28) “Esta qualidade material pode facilitar o seu acolhimento, pode
torna-la concreta, mas de nenhum modo é constitutiva. ”
Isso pode soar romântico, e muitas vezes me censuro por ser talvez
demasiado romântico, em avaliar o poder radical, libertador da arte.
Recordo a observação usual, expressa há muito tempo, acerca da futilidade
e talvez mesmo da culpabilidade da arte: o Parthenon não valia o sangue e
as lágrimas de um só escravo grego. Igualmente leviana é a afirmação
contrária de que somente o Parthenon justificou a sociedade escravocrata.
Bem, qual das duas afirmações é a correta? Se observo a sociedade e a
cultura ocidentais de hoje, o massacre e a brutalidade totais em que ela se
empenha, parece-me que a primeira afirmação é, talvez mais correta que a
segunda. Entretanto, a sobrevivência da arte poder vir a ser o único elo
frágil que hoje conecta o presente com a esperança do futuro (MARCUSE,
1967, p. 1).
Mas essa afirmação tem a sua própria dialética. Não existe obra em que
não evoque, em sua própria estrutura, as palavras, as imagens, a música de
uma outra realidade, de uma outra ordem repelida pela ordem existente e,
entretanto, viva na memória e na antecipação, viva no que acontece aos
homens e mulheres, e na rebelião contra isso (MARCUSE, 1972, p. 93).
Obra que foi mal recepcionada na época devido Flaubert trazer em seu romance,
uma crítica aos princípios burgueses, os bons costumes e a moral vigente.
9
SHCHEGLOV. A, V. História da filosofia na Rússia, tradução: David Medeiros Filho, transcrição:
Fernando A. S. Araújo, editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1945.
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10
Ver também: ZHDANOV, Andrei. O Papel da Arte Progressista, Revista princípios, edição 8, Mai,
1984, pag. 46-52, transcrição: Fernando A. S. Araújo.
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União soviética Andrei Zhdanov (1896-1948), em seu texto O Papel Social da Arte
Progressista, escrito no período pós-guerra deixa explícito que:
Foi Lenin quem primeiro exprimiu com a maior nitidez o ponto de vista do
pensamento social progressista sobre a literatura e a arte. Quero lembrar-
vos o célebre artigo de Lenin: “A organização do partido e a literatura de
partido”, escrito em fins de 1905, onde ele mostrou, com vigor que lhe é
próprio, que a literatura não podia deixar de ter partido, que devia ser um
fator importante na luta do proletário. Nesse artigo ele apresentou todos os
princípios que constituem a base do desenvolvimento de nossa literatura
soviética. Lenin escreve que: “A literatura deve tornar-se a obra do partido.
Contra os costumes burgueses, a imprensa burguesa do comércio e da
empresa, contra o carreirismo e o individualismo literários burgueses, a
anarquia senhorial e a caça dos lucros, o proletariado socialista deve
apresentar o princípio de uma literatura de partido, desenvolver esse
princípio e lhe dar vida de maneira mais completa. (ZHDANOV, 1938, p.
45).
Por mais bela que seja a forma externa das obras dos escritores burgueses
atuais da Europa ocidental da américa, dos empresários cinematográficos
ou dramáticos, eles não saberão salvar ou reerguer sua cultura burguesa,
pois que esta está a serviço da propriedade privilegiada burguesa
(ZHDANOV, 1938, p. 49).
Por fim, não é possível limitar uma experiência onde a arte se faz
necessária, enclausurando-a dentro de um sistema político e enrijecido como foi o
momento histórico de acessão do stalinismo na Rússia. Marcuse deixa claro que as
possibilidades de transformação com a experiência da arte só serão possíveis se ela
enquanto tal, estiver em total confronto com a totalidade das relações políticas, a
verdadeira arte está em constante oposição.
De acordo com Marcuse (1977, p.63) “A revolução existe por amor à vida,
não a morte”.
... muitas vezes não consigo ouvir música. Age sobre os meus nervos. Uma
pessoa gostaria de dizer tolices, de acariciar as cabeças da gente, que vive
num inferno de sujidade e que, no entanto, pode criar tal beleza. Mas, hoje
em dia, não se pode acariciar a cabeça de ninguém - a nossa mão seria
mordida. Devemos bater nas cabeças, bater impiedosamente – embora
idealmente sejamos contra toda a violência. (LENIN, apud MARCUSE,
1977, p. 63-64).
A categoria ortodoxia vai estar presente em grande parte das obras de Marcuse, ver também a
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obra Contra- Revolução e Revolta (1972), p. 41. Ortodoxia também está relacionada as limitações em
relação a qualidade, verdade e autenticidade da obra de arte segundo Marcuse.
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BERTOLUCCI12, (2008, p. 95) em sua obra “A arte dos regimes totalitários do século
XX”:
Mais à frente percebemos outra passagem que expressa uma arte que se
enrijecia dentro de um modelo fechado, de características ortodoxas.
BERTOLUCCI, Vanessa Beatriz. A arte dos regimes totalitários do século XX: Rússia e Alemanha-
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A categoria reificação expressa o sentido de que "tudo está no valor de troca (não há
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A arte tem a sua própria linguagem e ilumina a realidade através desta outra
linguagem. Além disso, a arte tem a sua própria dimensão de afirmação e
negação, uma dimensão que não se pode coordenar com o processo social
de produção (MARCUSE, 1977, p. 33).
A experiência é intensificada até ao ponto de ruptura; o mundo aparece do mesmo modo que a Lear
e António, a Berenice, a Michael Kohlhaas, a Woyzeck e aos amantes de todos os tempos
(MARCUSE, 1977: 53).
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Para tanto é necessário perceber o que nos diz Marcuse sobre as teses
da estética marxista ortodoxa, partindo primeiramente da mera compreensão da arte
alicerçada na base material, vinculada a totalidade das relações de produção.
1. Existe uma relação definida entre arte e a base material, entre arte e
a totalidade das relações de produção. Com a modificação das relações de
produção, a própria arte transforma-se como parte da superestrutura,
embora, tal como outras ideologias, possa ficar para trás ou antecipar a
mudança social.
2. Há uma conexão definida entre arte e classe social. A única arte
autêntica, verdadeira e progressista, é a arte de uma classe em ascensão,
que exprime a tomada de consciência desta classe.
3. Consequentemente, o político e o estético, o conteúdo revolucionário
e a qualidade artística tendem a coincidir.
4. O escritor tem a obrigação de articular e exprimir os interesses e as
necessidades da classe em ascensão. (No capitalismo, esta seria o
proletariado).
5. A classe declinante ou os seus representantes só podem produzir
uma arte ‘decadente”.
6. O realismo (em vários sentidos) é considerado a forma de arte que
corresponde mais convenientemente ás relações sociais, constituindo assim
a forma de arte “correta”
Cada uma destas teses implica que as relações sociais de produção devem
estar representadas na obra literária – não impostas exteriormente à obra,
mas fazendo parte de sua lógica interna e da lógica do material
(MARCUSE, 1977, p. 16).
A categoria forma estética poderá ser encontrada também na obra Contra-revolução e revolta
15
(1972), 3º capítulo, §4, p. 83. Conceituada como: ...o total de qualidades (harmonia, ritmo, contraste)
que faz de uma obra de arte um todo em si, com uma estrutura e uma ordem próprias (estilo) (p.83).
Ver também: MARCUSE, Herbert, Contra-revolução e revolta, Zahar editores, 1973.
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As decisões políticas não são tomadas pelo artista nem pela arte. Neste
sentido, a “arte possui o seu papel enquanto arte”, isso não significa que ela se torna
inferior, nem muito menos um simples apêndice em relação ao processo de
construção política. Pelo contrário a arte é mais que necessária, tendo em vista seu
potencial de “cindir” com a realidade estabelecida. Segundo MARCUSE (1967, p1)
“Entretanto, a sobrevivência da arte pode vir a ser o único elo frágil que hoje conecta
o presente com a esperança do futuro”.
Lembramos aqui também o motivo pelo qual Hegel divide o seu sistema
de ciências, deixando claro a contribuição de cada ciência para a constituição do
que o filósofo chamou de espírito absoluto. Hegel define o papel de cada categoria,
temos a arte, a religião e a filosofia. De acordo com HEGEL (1974, p. 89)
“Pensamos nós que o conceito de belo e da arte é um pressuposto advindo do
sistema da filosofia”.
Como mundo fictício, como ilusão (Schein), contém mais verdade que a
realidade de todos os dias. Pois esta última é mistificada nas suas
instituições e relações, que fazem da necessidade uma escolha e da
alienação uma auto – realização (MARCUSE, 1977, p. 61).
Brecht desenvolveu uma teoria de técnica dramática conhecida como teatro épico. Ele pretendia
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evitar que o espectador confundisse arte com a vida real. Por isso, os atores frequentemente
lembravam que o que o público estava vendo era uma peça e não a vida real. Tendo essa
consciência, o público despertaria para a possibilidade de transformar a própria realidade.
"Precisamos de um teatro que não apenas liberte os sentimentos, pensamentos e impulsos possíveis
no âmbito de um determinado ambiente histórico no qual a ação se realiza, mas que utilize e encoraje
esses sentimentos e ideias que ajudam a transformar o próprio ambiente", explicava Brecht. Muitas
características das peças encenadas hoje em dia, como ausência de cenário, lâmpadas à mostra,
cenas curtas, interrupção do texto com comentários sobre a realidade fora do espetáculo, são
herança brechtiana.
Foi em 1936 que Brecht formulou pela primeira vez sua teoria do efeito de distanciamento ou
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Estranhamento.
“Distanciar” um fato ou caráter é, antes de tudo, simplesmente tirar desse fato ou desse caráter tudo
o que ele tem de natural, conhecido, evidente, e fazer nascer em seu lugar espanto e curiosidade.
Brecht assevera que distanciar é historicizar e, para isso, é preciso que os fatos e as personagens
sejam representados como históricos, na sua efemeridade. Ele desenvolveu a técnica do
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O Expressionismo surge no final do século XIX com características que ressaltam a subjetividade.
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Neste movimento, a intenção do artista é de recriar o mundo e não apenas a de absorvê-lo da mesma
forma que é visto. Aqui ele se opõe à objetividade da imagem, destacando, em contrapartida, o
subjetivismo da expressão. Seu marco ocorreu na Alemanha, onde atingiu vários pintores num
momento em que o país atravessava um período de guerra. As obras de arte expressionistas
mostram o estado psicológico e as denúncias sociais de uma sociedade que se considerava doente e
na carência de um mundo melhor. Pode-se dizer que o Expressionismo foi mais que uma forma de
expressão, ele foi uma atitude em prol dos valores humanos num momento em que politicamente isto
era o que menos interessava. O principal precursor deste movimento foi o pintor holandês Vincent
Van Gogh, que, com seu estilo único, já manifestava, através de sua arte, os primeiros sinais do
expressionismo. Ele serviu como fonte de inspiração para os pintores: Érico Heckel, Francisco Marc,
Paulo Klee, George Grosz, Max Beckmann, etc. Há ainda muitos outros pintores, entre eles, Pablo
Picasso, que também foram influenciados por esta manifestação artística. Outro importante pintor
expressionista foi o norueguês Edvard Munch, autor da conhecida obra O Grito.
Ver também: DIAS, Maria H. Martins, A Estética Expressionista, 1ª ed, SP, IBIS, 1999.
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Chamamos de vanguardas europeias o conjunto de tendências artísticas vindas de diferentes
países europeus cujo principal objetivo era levar para a arte o sentimento de liberdade criadora, a
subjetividade e até mesmo certo irracionalismo, sobretudo em um contexto em que as correntes
filosóficas de cunho positivista influenciavam toda produção artística da época. Os movimentos de
vanguarda emergiram nas duas primeiras décadas do século XX e provocaram uma ruptura com a
tradição cultural do século XIX, influenciando não apenas as artes plásticas, mas também outras
manifestações artísticas, entre elas a literatura.
Do francês avant-garde, a palavra vanguarda significa “o que marcha na frente”. As correntes de
vanguarda, embora apresentassem propostas específicas, pregavam um mesmo ideal: era preciso
derrubar a tradição por meio de práticas inovadoras, capazes de subverter o senso comum e captar
as tendências do futuro. Essas propostas, incompreendidas à época em virtude, principalmente, do
contexto conservador no qual estavam inseridas, adquiriram importância histórica e influenciaram o
trabalho de vários artistas no mundo. No Brasil, as vanguardas estiveram intrinsecamente
relacionadas com a primeira geração do Modernismo, uma vez que seus representantes (presentes
na literatura, na arquitetura, nas artes plásticas ou na música), contagiados pelo sentimento de
renovação, observaram a necessidade de alinhar o pensamento artístico brasileiro às vanguardas
que surgiram na França no início do século XX.
Ver também: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Europeia e modernismo brasileiro, 1ª ed, SP,
editora: José Olímpio, 2012.
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Conforme MARCUSE (1977, p. 45). “A tese básica de que a arte deve ser
um fator de transformação do mundo pode facilmente tornar–se no contrário, se a
tensão entre a arte e a práxis radical diminuir de modo a que a arte perca a sua
própria dimensão de transformação. ”
Por isso que a dimensão estética por meio de diversas formas estéticas
traz consigo este rompimento com a realidade, ou seja, a totalidade das relações
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
sujeito da consciência, o artista não é apenas aquele que produz a obra concreta, o
artista é dotado de consciência, de sensibilidade, criatividade e de politicidade.
Por fim, este estudo tem por finalidade iniciar um ponto de partida acerca
da descoberta de outros textos sobre o estatuto estético de Herbert Marcuse, como
Douglas Kellner frisou, existem diversos textos de Marcuse sobre o seu estatuto
estético, que não chegaram nas mãos dos estudiosos de teoria crítica social, de arte
e de estética.
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REFERÊNCIAS
BERTOLUCCI, V.; Beatriz. A arte dos regimes totalitários do século XX: Rússia e
Alemanha- São Paulo, Annablume, Fafesp, 2008. História e arqueologia em
Movimento.
MARCUSE, Herbert. The Aeshetic Dimension (Die Permanenz der Kunst), Carl
Hauser Verlag, Munique 1977, tradução: Maria Elisabete Costa, capa edições 70,
2016.