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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE ARTES E LETRAS


DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS
CURSO DE ARTES VISUAIS

TEORIA DA ARTE E ESTÉTICA 3° Semestre de 2024


Professora Rosa Maria Blanca Cedillo
O(s) contexto(s) da arte e sua(s) estéticas(s)
Cássio Pereira Ribeiro

O ensaio de Marilena Chauí traça uma abordagem histórica dos paradigmas e


significados associados ao campo da arte, abrangendo desde os primórdios até concepções
contemporâneas. Se apresenta como uma espécie de compêndio, fornecendo definições e
interpretações de filósofos e outras figuras relevantes na área, contextualizando essas
noções dentro de um contexto histórico e filosófico. O texto ressalta como essas formas de
expressão artística evoluíram de técnicas de representação da realidade para interpretações
artísticas complexas. Além disso, discute a influência da mídia na percepção da realidade e
na atenção do público, destacando a relação entre a arte, a técnica e a indústria cultural. A
obra também explora a evolução da arte ao longo da história, desde suas funções religiosas
até sua autonomia como expressão criativa, e analisa as mudanças nas práticas artísticas e
na recepção das obras ao longo do tempo. Embora possa ser considerado superficial por
pesquisadores mais versados no tema, para mim, como iniciado na pesquisa de artes,
oferece uma valiosa exploração introdutória dos conceitos e questões relevantes
proporcionando uma base sólida para explorar temas mais complexos posteriormente.

Com base em autores como Sartre e Merleau-Ponty, bem como impressionistas e


até mesmo nas reflexões de Fernando Pessoa, Marilena Chauí discorre sobre o papel do
artista na seleção e transformação de elementos da natureza em uma nova realidade sob a
influência humana. Destaca-se a importância do olhar do artista ao extrair e curar esses
elementos naturais, brincando com o conceito de novo e familiar, a eterna novidade.
Conceituando esse fundamento, refletimos com os filósofos clássicos gregos sobre a
finalidade, caso exista, da arte na sociedade. A partir da deliberação do conceito de belo e
da análise do modo como este "fator x" da arte, após a contribuição de Kant com a noção
de juízo, dá lugar a conceitos mais substanciais, como o da verdade. Neste contexto, é
interessante notar uma distinção entre diferentes níveis de funções atribuídas à arte. Um
exemplo é o design, que combina propósitos utilitários e estéticos, derivados da busca pelo
belo.
Uma outra característica importante da arte reside em sua atribuição inicial à
religião. Ao longo da história, o artista foi concebido ora como um xamã, ora como um
mago, e posteriormente como um indivíduo iluminado, cujas técnicas eram transmitidas
deliberadamente de forma secreta. A produção artística era considerada um dom concedido
pelos deuses e destinado a servi-los. Apesar da dissolução progressiva das prerrogativas da
religião, grande parte dessa herança ainda persiste na contemporaneidade, manifestando-se,
por exemplo, na valorização da erudição e no conceito de aura pensada por W. Benjamin.
A seguir, a autora revisita alguns conceitos, organizando-os em três áreas de
pesquisa dentro da estética. A primeira área se concentra nas relações entre a arte e
aspectos fundamentais da existência humana e do mundo natural, destacando a noção de
mímesis. A segunda área, intitulada Arte e Humano, explora as interações entre a criação
artística e a experiência humana, abordando questões relacionadas às identidades
individuais e coletivas, bem como às dimensões emocionais e cognitivas da arte, incluindo
a interação entre criador e receptor. Por fim, a terceira área, Finalidades-Funções da Arte,
examina os diversos propósitos e papéis desempenhados pela arte na sociedade, que vão
desde a expressão individual até sua função pedagógica.
Por fim, a autora investiga o papel da mídia na construção da percepção da
realidade e na orientação da atenção pública, destacando como a indústria cultural exerce
influência sobre as formas de interação das pessoas com a arte e o pensamento. São
analisados os efeitos da exposição contínua à mídia na capacidade de concentração e
habilidades de abstração individuais, bem como os resultados da infantilização decorrente
desse processo, que pode prejudicar a apreciação e compreensão das obras de arte.
Interessante perceber que a análise foi feita a partir dos meios de comunicação tradicionais,
como TV e rádio; entretanto, questiono-me como as reações sociais se transformaram com
a crescente popularização da internet, e se esta nova plataforma atenuou, exacerbou ou deu
origem a novos sintomas relacionados.

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