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Pernambuco
Secretaria Estadual de Saúde
2023
Governo do Estado de Pernambuco
Governadora | Raquel Teixeira Lyra Lucena
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
Secretária | Zilda do Rego Cavalcanti
Secretaria Executiva de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde
Secretária Executiva | Chrystiane Kelli de Araújo Barbosa
Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco
Diretora | Célia Maria Borges da Silva Santana
Gerente | Luciana Camêlo de Albuquerque
Coordenação de Educação Permanente em Saúde da Escola de Governo em Saúde Pública de
Pernambuco
Coordenadora | Emmanuelly Correia de Lemos
Coordenação de Ensino à Distância da Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco
Coordenadora | Thalia Ariadne Peña Aragão
Equipe Técnica da Coordenação de Educação Permanente em Saúde
Andréa Fernanda de Oliveira | Bárbara Paloma Marques de Luna | Natália Nunes de Lima |
Nathalia Ingrid dos Santos Silva Lucena | Tereza Adriana Miranda de Almeida
Equipe Técnica da Coordenação de Ensino à Distância
Adnan Gomes de Morais | Arnaldo César Alencar da Boaviagem | Maria Inez Nogueira Lima de Oliveira
Autoras
Natália Nunes de Lima | Glaucia Vivana Campos Xavier | Thalita Milena Araújo Xavier de Amorim |
Nathalia Ingrid dos Santos Silva Lucena | Bárbara Paloma Marques de Luna
Revisão
Emmanuelly Correia de Lemos | Luciana Camêlo de Albuquerque
Colaboradores que ministraram as aulas virtuais do curso
Garibaldi Dantas Gurgel Junior | Itamar Lages | João Carlos Batista Santos |
Priscilla Viégas Barreto de Oliveira | Eugênio Vilaça Mendes
Projeto Gráfico e Capa
Glaucia Vivana Campos Xavier | Bárbara Paloma Marques de Luna | Emmanuelly Correia de Lemos
SUMÁRIO
1. Objetivos de aprendizagem:
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
determina distribuição de competências e
responsabilidades para as esferas governamentais
(União, Estados e Municípios), tornando-as
autônomas no processo de gestão. Porém, para que
ocorra a regionalização, faz-se necessário a
articulação entre as três esferas de governo e
internamente entre cada uma delas. Dessa forma, a
regionalização e a hierarquização são consideradas
instrumentos importantes para o alcance dos
princípios fundamentais do SUS - universalidade,
integralidade e equidade (CONASEMS, 2019).
Diante do apresentado, o processo de
regionalização, através de seus atributos essenciais
(Figura 1), tem como principal desafio a
transformação do sistema de saúde para enfrentar a
situação epidemiológica e demográfica da sociedade
brasileira e suas necessidades de saúde.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Você sabe como ocorreu o processo de
Regionalização da Saúde no Brasil?
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
gestor estiver dos problemas de um território, mais
chances ele terá de acertar na resolução deles; e a
participação da comunidade, entendida como um
processo que garante o direito da sociedade de
participar no processo de formulação das políticas de
saúde e do controle de sua execução (BRASIL, 1988;
ORTIGA E CONILL, 2009; DOURADO E ELIAS, 2011).
A partir da definição da responsabilidade
municipal, tornou-se evidente a necessidade de
estabelecer normas e procedimentos que regulassem
o processo de descentralização das ações e serviços
de saúde. Portanto, partir de 1991, são editados
diversos instrumentos normativos que davam
continuidade ao processo de regulamentação da
organização do SUS, entre as quais, as Normas
Operacionais Básicas (NOBs), sendo elas a NOB 91,
que evidencia o processo de municipalização
(BRASIL, 1991); a NOB 93, que definiu
explicitamente o município como gestor específico
das ações e serviços de saúde (BRASIL, 1993); e a
NOB 96, que consolidou a política de
municipalização, estabelecendo o pleno exercício do
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Módulo 2 – A Organização do SUS
poder municipal, cuja função era gerir a atenção à
saúde no seu território (BRASIL, 1996).
Nos anos 2000, o processo de regionalização
avançou com mais clareza a partir da Norma
Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de 2001
e 2002, que organizou o território de forma a
contemplar espaços supramunicipais, onde se
articularam as redes de assistência à saúde (BRASIL,
2002; VIANA et al., 2008; MACHADO, 2009).
Seguindo nessa perspectiva, em 2006, surge o
Pacto pela Saúde que avança ao apontar a
regionalização como eixo estruturante para gestão
do SUS e estabelece novas diretrizes às esferas
gestoras para implementação das políticas de saúde.
Em 2011, o decreto 7.508 admite as regiões de
saúde como espaços privilegiados para garantia da
integralidade na atenção à saúde da população e
apresenta as Redes de Assistência à Saúde como
proposta para a regionalização da saúde.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 2- Linha do tempo: Regionalização da Saúde no Brasil. 1981 a 2109
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Além do que foi apontado acima, o Plano Diretor
de Regionalização é essencial para a elaboração da
Programação Pactuada Integrada (PPI), o
instrumento que estudaremos a seguir.
Programação Pactuada Integrada (PPI)
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Módulo 2 – A Organização do SUS
financeiros para todos os municípios do estado,
independente de sua condição de gestão.
Abaixo estão os principais objetivos da
Programação Pactuada e Integrada:
● Estimular o processo de planejamento e
programação integrada entre os gestores
municipais e o gestor estadual, por intermédio de
instâncias integradas de planejamento e de
acordos;
● Orientar a organização do sistema de saúde e das
redes de referência de caráter microrregional,
regional ou estadual, de acordo com as
necessidades identificadas;
● Explicitar os fluxos de referências
intermunicipais, acordados entre os gestores, de
forma a garantir o acesso de toda a população a
todos os níveis de atenção;
● Orientar a alocação de recursos financeiros pela
lógica das necessidades de saúde da população e
de acordo com as prioridades estabelecidas pelos
gestores, em detrimento da lógica de alocação
de recursos orientada pela oferta de serviços;
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Módulo 2 – A Organização do SUS
● Orientar a alocação de recursos financeiros entre
municípios, por meio da adoção de critérios
claros e adequados de definição de limites
financeiros, para custeio da assistência
ambulatorial e hospitalar, em todos os
municípios e da explicitação da parcela
correspondente às referências intermunicipais
pactuadas entre os gestores municipais.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Destaca-se que o PDI é parte fundamental do
Plano Diretor de Regionalização, orientando as
propostas orçamentárias e a elaboração dos planos
plurianuais.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Um dos produtos desse processo de
planejamento é o Plano Regional, e este será a base
para a construção do Plano Estadual de Saúde,
conforme disposto na Lei Complementar nº
141/2012, e deve expressar:
a. A identificação do espaço regional ampliado;
b. A identificação da situação de saúde no território,
das necessidades de saúde da população e da
capacidade instalada;
c. As prioridades sanitárias e respectivas diretrizes,
objetivos, metas, indicadores e prazos de execução;
d. As responsabilidades dos entes federados no
espaço regional;
e. A organização dos pontos de atenção da RAS para
garantir a integralidade da atenção à saúde para a
população do espaço regional;
f. A programação geral das ações e serviços de saúde;
g. A identificação dos vazios assistenciais e eventual
sobreposição de serviços orientando a alocação dos
recursos de investimento e custeio da União,
estados, municípios, bem como de emendas
parlamentares.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Depois de compreender o que é um
Planejamento Regional Integrado, vamos entender o
processo para estruturação deste instrumento,
apresentado na figura a seguir.
Figura 4- Passos para o desenvolvimento do Planejamento Regional
Integrado
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Módulo 2 – A Organização do SUS
É importante ressaltar que o PRI deve estar em
consonância com os instrumentos formais de
planejamento do SUS e com os instrumentos de
planejamento governamental, conformando um
ciclo, que visa a promover a equidade regional,
contribuindo assim para a concretização do
planejamento ascendente do SUS.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Desta forma, relaciona-se com as Diretrizes,
Objetivos, Metas e Indicadores do Plano de Saúde e
com as ações e recursos orçamentários e financeiros
da Programação Anual de Saúde, ambos são
instrumentos de planejamento do SUS que veremos
no módulo seguinte.
Abrange as ações de assistência à saúde
(atenção primária, urgência e emergência, atenção
psicossocial e atenção ambulatorial especializada e
hospitalar), de promoção, de vigilância (sanitária,
epidemiológica, da saúde do trabalhador e
ambiental) e de assistência farmacêutica, de
interesse regional, constantes na Relação Nacional
de Ações e Serviços de Saúde (Renases) e na Relação
Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), a
serem realizadas no território.
A PGASS enfatiza também o papel organizativo
da rede de atenção, uma vez que a metodologia
proposta incorpora ferramentas de apoio à
reorganização dos serviços de saúde, partindo de
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Módulo 2 – A Organização do SUS
estimativas de necessidades em saúde, que apontam
para investimentos, antes de promover a alocação
dos recursos de custeio, invertendo a lógica
hegemônica que privilegia meramente a distribuição
do dinheiro. Em outras palavras, o modelo do PGASS
assume, como princípio, a orientação para as
necessidades de saúde da população.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Neste mesmo ano foram priorizadas oito linhas
de cuidado (cardiologia, oncologia,
urgência/emergência com ênfase em traumas,
materno infantil, nefrologia, saúde mental, saúde
bucal e oftalmologia) a serem trabalhadas de acordo
com perfil epidemiológico do Estado e as
necessidades assistenciais com maior impacto na
saúde da população. Em 2011, a nova gestão incluiu
duas novas linhas de cuidado: a
neurologia/neurocirurgia e a vigilância em saúde.
A partir da publicação do Decreto nº 7.508 de 28
de junho de 2011, e considerando suas diretrizes para
a configuração de uma região de saúde, o desenho
proposto do PDR passou por readequação. Neste
processo de readequação para definição das 12
regiões de saúde do Estado de Pernambuco foram
levados em consideração alguns critérios conforme a
Figura 5, a seguir.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 5- 6 critérios para definição das regiões de saúde
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Fonte: https://dgmog.saude.pe.gov.br/mapas/mapa-pe/pernambuco
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 7- Distribuição das regiões de saúde. Pernambuco, 2011
Fonte: https://dgmog.saude.pe.gov.br/mapas/mapa-pe/pernambuco
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Módulo 2 – A Organização do SUS
recomposto com participação de gestores municipais
representando as quatro macrorregiões, assessoria e
representantes estaduais.
Seguindo nessa perspectiva, em 2020, inicia-se a
execução da primeira fase do projeto do PRI e no
ano seguinte, 2021, a segunda fase do processo de
regionalização, no qual ocorreu: a definição das
diretrizes, a atualização da metodologia e
cronograma do processo do Planejamento Regional
Integrado e a ratificação da conformação territorial
da saúde em quatro macrorregiões (Resolução CIB
Nº 5.613); o acolhimento dos novos gestores
municipais; a execução do curso de planejamento e
orçamento voltado para os gestores municipais,
regionais e estaduais com o objetivo de promover
um alinhamento conceitual e metodológico sobre o
PRI no estado; a revisão dos mapas regionais de
saúde, atualização da composição e atribuições do
grupo condutor central do PRI (Resolução CIB Nº
5.622); homologação dos grupos condutores
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Módulo 2 – A Organização do SUS
regionais e a definição das atividades a serem
desenvolvidas no PRI no Estado (Resolução CIB Nº
5.624); a composição e atribuição dos grupos
condutores macrorregionais (Resolução CIB Nº
5.638).
No ano de 2022, inicia-se um novo processo de
revisão do PDR; continuidade do processo de revisão
dos mapas de saúde regionais e construção dos
mapas macrorregionais, com a construção de
instrutivos; a execução do curso de Governança no
SUS, que teve um papel estratégico de fomentar a
continuidade do processo de alinhamento para
implantação e discussão das fases do PRI nas 12
regiões de saúde; e a primeira roda de conversa
virtual entre o grupo condutor central e os grupos
condutores macrorregionais. A Figura 8 apresenta
uma linha do tempo do processo de regionalização
em saúde.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 8- Linha do tempo: Regionalização da Saúde em Pernambuco -
2009 a 2022
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
A ideia de rede enquanto princípio organizativo
ou explicativo de fenômenos está presente em
muitas áreas do conhecimento moderno. O conceito
é considerado polissêmico, pois abarca múltiplas
definições, com importância e relativos efeitos de
verdade em vários campos da ciência.
Consultando o dicionário da língua portuguesa
(HOUAISS, 2001), o significado da palavra “rede” faz
referência a um “entrelaçado de fios (...), cordões,
arames etc., formando uma espécie de tecido de
malha aberto”, ou ainda a ideias como: “conjunto de
pontos que se comunicam entre si”; e “conjunto de
pessoas ou estabelecimentos que mantêm contato
entre si, geralmente organizadas e sob um único
comando”. Nessas acepções, ficam evidentes, então,
as noções de ligação, comunicação, articulação,
interdependência e conjunto. Amaral e Bosi (2016, p.
2) concluem que na semântica da palavra “rede” está
incutida a ideia de algo “criado por meio de
comunicação, contato, entrelaçamento ou outras
formas de relação entre elementos, estabelecendo
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Módulo 2 – A Organização do SUS
novas possibilidades com base na estrutura assim
produzida”.
Nas imagens acima vemos a expressão da ideia
aqui trabalhada. A rede de proteção, de pesca, e de
dormir, as redes sociais, de comunicação e de
internet ilustram estruturas compostas por pontos
que se comunicam entre si. É essa comunicação
fundamental que estrutura e dá função à rede: seja
para oferecer proteção, promover interação à
distância, garantir a pesca, ou até mesmo um sono
tranquilo.
Além do aspecto material e funcional, as redes
guardam consigo o grande potencial de comportar
uma quantidade quase ilimitada de conexões em
diferentes pontos. As redes são sistemas
estruturados, mas abertos, com possibilidade de
expansão ilimitada, desde que os novos pontos de
conexão compartilhem códigos numa linguagem
comum. Assim, as redes são passíveis de serem
construídas, desconstruídas e reinventadas, de
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Módulo 2 – A Organização do SUS
acordo com condições contextuais e não
necessariamente apriorísticas, respeitando os
códigos comuns como fundamento para a conexão
entre os nós.
No campo das Políticas Públicas, as redes têm
sido propostas para administrar políticas e projetos
quando os recursos são escassos e os problemas
complexos; onde há interação de agentes públicos e
privados, centrais e locais; onde se manifesta uma
crescente demanda por benefícios e por participação
cidadã (FLEURY; OUVERNEY, 2007, in MENDES,
2011). Para garantir uma eficácia da gestão de redes,
é necessário um trabalho rotineiro na produção de
consensos; a operação com situações em que todos
os atores envolvidos ganhem; a harmonia entre
decisores políticos e administrativos; a negociação
de soluções; além do monitoramento e avaliação
permanente dos processos.
As redes não são meros arranjos poliárquicos
entre diferentes atores que possuem certa
autonomia. O conceito se aproxima mais de um
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Módulo 2 – A Organização do SUS
sistema que busca, de maneira deliberada e no plano
institucional, aprofundar e estabelecer padrões
estáveis de inter-relações (MENDES, 2011).
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Isso quer dizer que a APS é a porta de entrada
prioritária do usuário no sistema de saúde, e será ela
também a responsável por ordenar o cuidado deste,
a partir da definição do itinerário terapêutico do
usuário nos diversos pontos de atenção da RAS, de
acordo com suas necessidades e possibilidades de
oferta local.
Fonte: https://repocursos.unasus.ufma.br/redes-atencao-saude-2018/modulo1/ebook/13.html
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Dentre os componentes operacionais expressos
na estrutura operacional das RASs, podemos citar os
principais: centro de comunicação (Atenção Primária
à Saúde); pontos de atenção (secundários e
terciários); sistemas de apoio (diagnóstico e
terapêutico, de assistência farmacêutica, de
teleassistência e de informação em saúde); sistemas
logísticos (registro eletrônico em saúde, prontuário
clínico, sistemas de acesso regulado à atenção e
sistemas de transporte em saúde); e sistema de
governança (da rede de atenção à saúde) (MENDES,
2011).
As RASs surgem na década de 1920, no Reino
Unido, com a produção do Relatório Dawson, que é
fruto de um grande debate político de mudanças no
sistema de proteção social daquela união política,
num contexto pós 1ª Guerra Mundial. No Relatório
constava a primeira proposta de organização de
sistemas regionalizados em saúde, cujos serviços
deveriam ser ofertados por meio de uma organização
ampliada, que visasse o atendimento às
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Módulo 2 – A Organização do SUS
necessidades da população, de maneira eficaz e
resolutiva. Esses serviços deveriam ser acessíveis a
todos e oferecer cuidados tanto preventivos, quanto
curativos à população, seja em domicílio, ou em
centros de saúde secundários, geralmente vinculados
a hospitais (UFMA/UNA-SUS, 2016).
Após a reunião de Alma-Ata (1978), houve uma
intensificação na discussão sobre a reestruturação
dos sistemas de saúde, de acordo com a lógica de
RAS. Na década de 1990, os Estados Unidos da
América retomaram a discussão com o objetivo de
superar a fragmentação do sistema de saúde vigente.
A partir de então, houve um investimento na oferta
contínua de serviços a uma população específica,
territorialmente delimitada, focada na APS, de
maneira interdisciplinar e com integração entre os
serviços de saúde e sistemas de informação.
Experiências parecidas foram registradas no Canadá,
alguns países da Europa e, de maneira mais
incipiente, em países da América Latina, como o
Chile.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
A literatura internacional aponta que os sistemas
de saúde organizados em RASs estruturadas numa
APS forte, resolutiva e coordenadora do cuidado,
apresentam melhores resultados do que aqueles que
têm uma APS fragilizada. Uma APS fortalecida pode
implicar num sistema de saúde mais efetivo, menos
custoso, mais satisfatório à população e mais
equânime, mesmo diante de desigualdades sociais
(UFMA/UNA-SUS, 2016).
No Brasil, foi somente em 2010 que houve uma
preocupação formal com a organização das Redes de
Atenção em Saúde no país, quando o Ministério da
Saúde estabeleceu as diretrizes para a organização
da RAS, por meio da Portaria nº 4.279/2010. Mendes
(2011) afirma que, para haver uma organização
efetiva, eficiente e com qualidade, as RASs têm de
estruturar-se com base nos seguintes fundamentos:
economia de escala, disponibilidade de recursos,
qualidade e acesso; integração horizontal e vertical;
processos de substituição; territórios sanitários; e
níveis de atenção.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Existem 5 Redes Temáticas de Atenção à Saúde
no SUS, as quais são: Rede de Atenção Materna e
Infantil (Rami); Rede de Cuidados à Pessoa com
Deficiência; Rede de Atenção Psicossocial; Rede de
Urgência e Emergência e Rede de Atenção às
Pessoas com Doenças Crônicas.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
programas focalizados em doenças, riscos e
populações específicas, os serviços de saúde
individuais e os coletivos;
● Atenção Primária em Saúde estruturada como
primeiro nível de atenção e porta de entrada do
sistema, constituída de equipe multidisciplinar
que cobre toda a população, integrando,
coordenando o cuidado, e atendendo às suas
necessidades de saúde;
● Prestação de serviços especializados em lugar
adequado;
● Existência de mecanismos de coordenação,
continuidade do cuidado e integração
assistencial por todo o contínuo da atenção;
● Atenção à saúde centrada no indivíduo, na
família e na comunidade, tendo em conta as
particularidades culturais, gênero, assim como a
diversidade da população;
● Sistema de governança único para toda a rede
com o propósito de criar uma missão, visão e
estratégias nas organizações que compõem a
região de saúde; definir objetivos e metas que
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Módulo 2 – A Organização do SUS
devam ser cumpridos no curto, médio e longo
prazo; articular as políticas institucionais; e
desenvolver a capacidade de gestão necessária
para planejar, monitorar e avaliar o desempenho
dos gerentes e das organizações;
● Participação social ampla;
● Gestão integrada dos sistemas de apoio
administrativo, clínico e logístico;
● Recursos humanos suficientes, competentes,
comprometidos e com incentivos pelo alcance
de metas da rede;
● Sistema de informação integrado que vincula
todos os membros da rede, com identificação de
dados por sexo, idade, lugar de residência,
origem étnica e outras variáveis pertinentes;
● Financiamento tripartite, garantido e suficiente,
alinhado com as metas da rede;
● Ação intersetorial e abordagem dos
determinantes da saúde e da equidade em
saúde;
● Gestão baseada em resultado.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Com base nesses atributos, o Ministério da
Saúde define as Redes de Atenção à Saúde como
“arranjos organizativos de ações e serviços de saúde,
de diferentes densidades tecnológicas, que integradas
por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de
gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado”.
(BRASIL, 2010, p. 1).
De acordo com esse mesmo documento, a RAS
tem o objetivo de promover a integração sistêmica,
de ações e serviços de saúde com garantia de
atenção contínua, integral, de qualidade, responsável
e humanizada, além de fortalecer o desempenho do
Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia
clínica e sanitária, e eficiência econômica.
Assim a RAS terá características como: as
relações horizontais entre os pontos de atenção com
o centro de comunicação na APS, a centralidade nas
necessidades de saúde de uma população, a
responsabilização por uma atenção contínua e
integral, o cuidado multiprofissional, e o
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Módulo 2 – A Organização do SUS
compartilhamento de objetivos e compromissos com
os resultados sanitários e econômicos (MENDES,
2011).
116
Módulo 2 – A Organização do SUS
Vale ressaltar que o que diferencia um nível de
atenção do outro são os diferentes graus de
densidade tecnológica necessários aos serviços de
saúde em cada nível. Nesse sentido, não existe uma
hierarquia entre os níveis, mas sim uma
complementaridade conformada numa rede
horizontal entre pontos de atenção à saúde de
distintas densidades tecnológicas e seus sistemas de
apoio, sem ordem e sem grau de maior importância
entre eles. Dessa forma, todos os pontos de atenção
à saúde são igualmente importantes para o
cumprimento dos objetivos da RAS e a garantia de
uma atenção integral ao usuário.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 10- Sistemas de organização de redes de saúde
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Vamos conhecer a Atenção Primária à Saúde?
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Módulo 2 – A Organização do SUS
saúde”. Nesses espaços é possível ter acesso a
exames e consultas com equipes multiprofissionais,
que trabalham para garantir atenção integral à saúde
no território.
Contudo, os profissionais da APS não restringem
sua atuação às USFs. Devido ao caráter
territorializado da APS, é fundamental que os
profissionais desse nível de atenção articulem-se
com outros equipamentos sociais e espaços públicos
do território, tais como equipamentos da Assistência
Social, templos religiosos, e organizações sociais,
para a realização de ações de saúde.
Mais do que prover assistência clínica, o objetivo
da APS é estar próximo às pessoas e promover a
saúde e a qualidade de vida da comunidade. Esse
trabalho preventivo e de orientação é importante,
inclusive, para a otimização dos recursos utilizados
em internações e tratamentos nos setores
secundário e terciário, pois garante cuidado e
prevenção a muitas doenças e agravos comuns,
como a hipertensão ou diabetes.
123
Módulo 2 – A Organização do SUS
Além das Equipes de Saúde da Família, a APS
conta com profissionais alocados em outras equipes
como: Saúde da Família Ribeirinhas, Prisionais,
Consultório na Rua, Saúde Bucal, dentre outras.
Observe a figura abaixo para compreender os
atributos e funções da APS.
Figura 11- Atributos e funções da Atenção Primária à Saúde
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Uma APS fortalecida, em consonância aos seus
atributos e funções, pode proporcionar benefícios
como: garantia da promoção da saúde e prevenção
de doenças e agravos; gestão precoce dos problemas
de saúde; facilitação do acesso aos serviços
necessários e melhoria na qualidade do cuidado;
contribuição à redução da atenção desnecessária ou
iatrogênica no setor secundário; fomento a ações de
saúde mais adequadas, organizadas a partir das
necessidades da população adscrita; promoção de
maior equidade e integralidade na atenção aos
usuários.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
E os níveis Secundário e Terciário?
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Módulo 2 – A Organização do SUS
O itinerário do usuário pelos pontos de
atenção da rede
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 12- Organização da Rede temática de Atenção Psicossocial
(RAPS)
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Em conformidade às conquistas oriundas da luta
antimanicomial, existem os chamados serviços
substitutivos, que são pontos de atenção orientados
por estratégias de desinstitucionalização. Esses
serviços surgiram em contraposição ao antigo
modelo que centralizava o cuidado em hospitais
psiquiátricos, apostando, desta vez, num cuidado
territorial, de base comunitária e em liberdade. Para
que esse novo paradigma de cuidado em saúde
mental e atenção psicossocial dê certo, é
imprescindível a comunicação efetiva entre os
diversos pontos de atenção da rede, para que sejam
construídas e articuladas conjuntamente
possibilidades de cuidado congruentes, de acordo
com as necessidades do usuário e potencialidades do
território.
130
Módulo 2 – A Organização do SUS
continuidade do cuidado em saúde em qualquer
ponto da rede. Essa integração se faz principalmente
através de sistemas logísticos potentes (cartão de
identificação das pessoas usuárias, prontuário clínico
eletrônico, sistema de acesso regulado à atenção e
sistema de transporte em saúde).
Os pontos de atenção secundária de uma rede,
por exemplo, operam com prontuários que devem
circular, concomitantemente, em todos os níveis do
sistema. Esses prontuários são familiares, o que
viabiliza a incorporação, nos cuidados, dos
instrumentos potentes da abordagem da medicina
familiar. Além disso, permitem registrar todos os
portadores de uma determinada condição crônica,
por riscos socioeconômicos e sanitários, enviar
alertas e dar feedbacks aos profissionais e às pessoas
usuárias. Por fim, viabilizam as comunicações,
registradas formalmente, entre as equipes da
atenção secundária e da APS, garantindo uma
comunicação adequada entre generalistas e
especialistas.
131
Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 13- Componentes do Sistema Logístico da RAS
132
Módulo 2 – A Organização do SUS
Seguem abaixo duas aulas virtuais para um
maior aprofundamento dos conteúdos abordados
no módulo 2:
Aula virtual: Regionalização em saúde
Professor João Batista - SES/PE
133
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de
1891. Brasília: Diário Oficial da União, 1891.
134
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 95, de 26 de janeiro de
2001. Aprova a norma operacional da assistência à saúde - NOAS
SUS 01/01. Brasília: Diário Oficial da União, 2001.
135
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Intergestores Tripartite
Resolução Nº 44, de 23 de Agosto de 2019. Define que o acordo
de colaboração entre os entes federados, disposto no inciso II do
art. 2º do Decreto nº 7.508/2011, é resultado do Planejamento
Regional Integrado.
136
REFERÊNCIAS
137
REFERÊNCIAS
FIGUEIREDO, N. M. V.; SILVA, P. F.; ROSA, L. C. S.; CUNHA, C. L.
F.; SANTOS, R. V. S. G. O processo histórico de construção do
Sistema Único de Saúde brasileiro e as novas perspectivas.
Revista Âmbito Jurídico, 2010.
138
REFERÊNCIAS
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo;
Coordenadoria de Planejamento de Saúde – CPS; Coordenadoria
de regiões de saúde - CRS. Instrumentos de planejamento de
saúde, 2017.
139
Módulo 2 – A Organização do SUS
Material Complementar
Para dar apoio aos seus estudos sobre a “A
organização do SUS”, disponibilizamos aqui, outros
materiais para complementar os estudos:
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