Você está na página 1de 4

INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE

TECNOLOGIA, INFRAESTRUTURA E
TERRITÓRIO (ILATIT)
ARQUITETURA E URBANISMO

RESENHA
Vídeo: Projetos Brasil e Argentina: Parques Nacionais
Discente Cecília Angileli

LEANE TESSARO DE ARAUJO

Foz do Iguaçu

2023
O vídeo intitulado "Projetos Brasil e Argentina: Parques Nacionais",
conduzido pelo Professor Michael Alvino da Silva, tem como propósito destacar a
importância histórica e influência dos Parques Nacionais na América Latina, com
foco específico no Parque Nacional do Iguaçu no Brasil e no Parque Nacional
Iguazú na Argentina. Alvino destaca que a questão dos parques nacionais na
fronteira entre os dois países remonta ao século XIX, quando Brasil e Argentina
competiram pelo controle das cataratas do Iguaçu. Essa competição resultou na
criação dos parques, inaugurados na Argentina em 1934 e no Brasil em 1939, como
uma estratégia para atrair colonos de seus próprios países e promover o
desenvolvimento econômico e o controle fronteiriço.
Em ambos os países houve uma contradição acerca do desenvolvimento
econômico dos territórios e a busca da proteção da natureza. Na Argentina, existiam
polos de colonos argentinos natos, que foram atraídos para o local por propostas de
melhor qualidade de vida financiadas pelo marketing do desenvolvimento. Assim,
em 1946, foi criada pela Diretoria do Parque Nacional do Iguaçu na Argentina, a
cidade de Puerto Iguazú, como pólo único de colonização da fronteira. Já no Brasil,
ainda existia interesse de desenvolvimento econômico, porém os pólos de
colonização já existiam, devido as colônias militares de fronteira, que existiam em
todos os territórios fronteiriços brasileiros. Dessa forma, a verba foi canalizada, não
para a criação de pólos, mas sim para transformar a cidade de Foz do Iguaçu em
uma área desenvolvida, com infraestrutura, escolas, hotéis, aeroportos, etc.
Na década de 1960, ocorre uma mudança de paradigma que vai atingir em
cheio e contradizer completamente a ideia anterior de colonização, onde os colonos
poderiam viver dentro dos limites dos parques. Assim sendo, com ajuda dos
governos ditatoriais, os países que abrangem o PNI dão início a processos de
remoção forçada dos colonos que viviam no interior dos parques.
Na Argentina, o processo de remoção dos colonos foi bastante conturbado,
pois a Diretoria do Parque Nacional decidiu mudar a fronteira do parque de lugar de
modo que os limites da cidade de Puerto Iguazú não ocupassem mais o território do
parque. De igual forma, o processo de remoção na fronteira brasileira também foi
conturbado.
Em meados de 1940, houve uma onda de colonos que vieram para o Oeste
do Paraná através do programa “Marcha para oeste” desenvolvido pelo governo de
Getúlio Vargas. Nisso, houve muitos conflitos de terras (Revolta dos Colonos, 1957),
pois existia muita grilagem e incerteza sobre a posse das terras, dessa forma a
revolta nasceu para pressionar o Governo Federal a regularizar as terras.
Essa insatisfação popular acabou afetando o Parque Nacional do Iguaçu,
pois em 1944, o Serviço Florestal decide aumentar a área do parque, e para isso
são utilizadas terras públicas disputadas pelos governos federal e estadual, que
acabam entrando em conflito sobre o verdadeiro dono das terras utilizadas. Isso
gerou uma atmosfera de dúvidas e incertezas, onde de um lado haviam inúmeros
empreendedores vendendo terras dentro do PNI de forma ilegal, e de outro ocorriam
disputas entre os governos. Em consequência a isso, nos anos de 1960/1970, o
Parque Nacional do Iguaçu contava com mais de 2500 colonos vivendo em seus
limites.
À vista disso, ocorreram várias remoções e realocações de colonos durante
meados de 1970 na fronteira brasileira, feitas através de um acordo entre a INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o IBDF (Instituto Brasileiro
de Desenvolvimento Florestal) que criou o PIC-OCOI, um projeto de colonização do
OCOI, que recebeu muitos colonos que anteriormente viviam no parque. Outros
colonos foram para outras cidades próximas, e alguns foram para a região da
cidade de Foz.
Esses processos de colonização empregados aos Parques, tanto ao lado
brasileiro quanto ao lado argentino, causaram uma perda exorbitante de metros
quadrados de uma mata ciliar que anteriormente a isso, era completamente
fechada. Ao ocuparem o território de reserva, os colonos desmatavam grandes
áreas do PNI, isso acabou causando uma série de impactos ambientais nos
parques, como diminuição das populações de animais pela perca de seus habitats,
além da caça ilegal que ocorria de forma constante no território, diminuição de
espécies de plantas nativas, e um desequilíbrio gigante na fauna e flora da região.
Somente em meados de 2014 é que as áreas desmatadas foram completamente
recuperadas.
Em conclusão, o vídeo destaca os desafios enfrentados na gestão dos
Parques Nacionais do Iguaçu e Iguazú, evidenciando a complexa interação entre
desenvolvimento econômico, conservação ambiental e controle fronteiriço. As lições
aprendidas com esses desafios destacam a importância de abordagens integradas
e sustentáveis na gestão de áreas protegidas, visando proteger o meio ambiente
enquanto promove o desenvolvimento socioeconômico de forma equitativa e
sustentável.

Você também pode gostar