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FACULDADE DOM BOSCO

Credenciada através da Portaria nº 2.387, D.O.U. em 12/08/2004


Cornélio Procópio/Paraná

CAROLINE DE SOUZA BONFIM

A TRANSFERÊNCIA PARA FREUD E SUA DINÂMICA


CLÍNICA
Cornélio Procópio - PR

2021

CAROLINE DE SOUZA BONFIM

A TRANSFERÊNCIA PARA FREUD E SUA


DINÂNIMA CLÍNICA

Trabalho apresentado ao Curso de


Graduação em Psicologia, da Faculdade de
Ensino Superior Dom Bosco de Cornélio
Procópio –PR, como requisito parcial para a
aprovação na Disciplina de Teoria e
Técnicas Psicoterápicas I.

Professor(a): Nathália Spagiari


Cornélio Procópio-PR

2021
Para que seja possível definir o fenômeno de transferência para Freud,
primeiramente, é necessário descorrer sobre o processo de construção do mesmo.
É importante salientar que este foi fundamental para que houvessem outros
desdobramentos e indagações dentro da Psicanálise, sendo de extrema importância
dentro da clínica. É claro que, desde o primeiro discurso de Freud sobre
transferência, houveram reestruturações para que ocorresse, de fato, a
compreensão de toda a extensão e complexidade deste conceito, porém, o alicerce,
ou seja, sua base conceitual permaneceu em suas obras.
É correto afirmar que, no início, para Sigmund, uma das finalidades da
transferência seria o deslocamento das representações de desejos da infância para
representantes substitutos do inconsciente, e isto ocorreu devido aos conceitos
apresentados por Freud em sua obra “A interpretação dos sonhos”, na qual trouxe
pensamentos sobre os processos inconscientes, assim como a estruturação do
desejo, a memória e as resistências. Esses preceitos influnciaram diretamente na
elaboração da transferência no interior do tratamento analítico, que vincula a relação
do analisando com o analista. Nesta obra, Freud relata que no processo de análise,
o desejo se vê forçado a ressurgir de maneira disfarçada, sob a forma de
transferência, para a pessoa do analista, que parece exercer então a mesma função
que no sonho desempenham os detritos diurnos.
Freud irá definir a transferência como uma condição mínima e necessária
para que o trabalho de análise exista, expondo que não há análise fora do laço
transferencial, já que este laço é considerado o que sustenta este trabalho, porém, é
no texto “A dinâmica da transferência” que o mesmo chega na conclusão de que a
veemência e a persistência da transferência são consequências e manifestação da
resistência, e que é através dela que o desejo é obrigado a se transferir para uma
representação atual, ou seja, para o analista. É importante salientar que a
transferência é um fenômeno presente desde o início do tratamento com um
paciente.
O processo analítico freudiano procura fazer com que o paciente recupere
sua saúde psíquica através do encorajamento, fazendo-o superar o conflito entre os
impulsos libidinais, porém, não é somente isso, há uma questão importante que
auxilia na facilitação deste processo, que é a transferência positiva. Este fenômeno
faz com que as resistências se diminuam e também com que o paciente alcance, de
maneira plena, a associação livre durante a análise; isto ocorre devido ao
sentimento de respeito e empatia que o paciente passa a possuir por seu analista,
tornando-o mais passível de vivenciar sentimentos positivos.
Assim como há a transferência positiva, Freud elaborou também o conceito
de transferência negativa, que também pode ser chamada de hostil. Esta
transferência é responsável pelo aparecimento da severa resistência durante o
processo analítico, e é essencial que o analista se atente e se preocupe com ela, já
que se trata do deslocamento de impulsos agressivos. Outra transferência elaborada
por esse mesmo psicalista, é a transferência erótica, onde o vínculo com o analista
tem um caráter sexual, ou seja, ocorre uma “inclinação amorosa” intensa, porém, um
manejo há de ser realizado nessas situações libidinais. Dentre toda a complexidade
existente no conceito de transferência, Sigmund foca-se principalmente no
fenômeno da transferência positiva sublimada, isto é, o laço transferencial vinculado
na simpatia e também na confiança.
Dificuldades durante o tratamento de um paciente é imprescindível, o mesmo
pode comparecer mas estar, de certa forma “distante”, “fora” do tratamento, o que
pode dificultar todo o processo de análise, por isso, é importante que haja um
esclarecimento das partes para que ocorra uma comunicação de pensamentos de
maneira com que o processo associativo não seja interrompido. Uma das razões
que causam essas complicações, é quando o paciente transfere para seu analista
sentimentos de afeto, colocando junto a figura do analista suas disposições internas.
Conforme as obras freudianas foram sendo elaboradas, é possível identificar
que a transferência apresenta-se sob três tópicos: a resistência, a sugestão e a
repetição, sendo estes visualizados sobre um viés, onde servem como obstáculo em
determinadas situações, mas também como uma motivação. Estes aspectos estão
interligados à transferência, e se apresentam simultaneamente no tratamento.
O movimento transferencial e o processo analítico também é relatado por
Freud, onde o mesmo argumenta que é fundamental que o analista não ceda às
exigências do paciente, e consiga superar esta dificuldade de se vincular através da
interpretação, instrumentando-a. Através de técnicas como a interpretação, o
manejo da transferência é a arma que o analista dispõe para reprimir a compulsão à
repetição, fazendo com que este consiga observar de uma maneira mais clara os
fenômenos psíquicos que não são identificados sem sua utilização.

REFERÊNCIAS

SANTOS, M. A. A transferência na clínica psicanalística: a abordagem freudiana.


Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 2, n. 2, p. 13-27, ago. 1994. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
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FREUD, S. (1900 [1980]). Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas


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Janeiro: Imago, 1996. Disponível em:
<https://conexoesclinicas.com.br/wp-content/uploads/2015/01/freud-sigmund-obras-
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FREUD, S. (1911-1913 [1980]). Edição Standard Brasileira das Obras


Psicológicas Completas de Sigmund, Vol. XII: Artigos sobre a Técnica. Rio de
Janeiro: Imago, 1996. Disponível em:
<http://conexoesclinicas.com.br/wp-content/uploads/2015/01/freud-sigmund-obras-
completas-imago-vol-12-1911-1913.pdf> Acesso em: 26. mar. 2021.

BARATTO, G. Genealogia do conceito de transferência na obra de Freud. Estilos


clin., São Paulo, v. 15, n. 1, p. 228-247, 2010. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
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