MIGRACIDADES

RELATÓRIO DE
DIAGNÓSTICO /2O21

RECIFE • PE

FUNDO DA
OIM PARA O
DESENVOLVIMENTO
 INFORMAÇÕES GERAIS
RECIFE • PE

Região: Nordeste

População: 1.661.017

Registro de migrantes internacionais (SISMIGRA, junho/2021): 13.819

Dados sobre o relatório

Pessoas de referência durante o MigraCidades 2021:

Geruza Bernadete de Moura Felizardo
Setor de Assistência Social da Secretaria de
Desenvolvimento Social e Direitos Humanos

Data de fornecimento das informações pelo governo local: 06/07/2021

Dados de Contato com o Governo Local

Setor de referência para atendimento aos migrantes:

Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude,
Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos

Telefone:
(81) 3355-8742

E-mail:
secretaria.sdsdhjpd@recife.pe.gov.br

Endereço:
Av. Cais do Apolo n. 925
Bairro do Recife • Recife • PE
RECIFE • PERNAMBUCO

MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 SUMÁRIO

A Plataforma MigraCidades 4

O Relatório de Diagnóstico 7

Diagnóstico geral do governo local 8

Boas práticas 10

Estrutura institucional de governança e estratégia local 11

Capacitação de servidores públicos e sensibilização

sobre direitos das pessoas migrantes 13

Participação social e cultural de migrantes 14

Transparência e acesso à informação para migrantes  15

Parcerias institucionais  16

Acesso à saúde  17

Acesso e integração à educação  19

Acesso à assistência e proteção social  21

Acesso ao mercado de trabalho  24

Acesso, acolhimento e serviços de proteção:

gênero, LGBTIQ+ e igualdade racial  26

Prioridades do governo local 27

RECIFE • PERNAMBUCO

MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 A PLATAFORMA
MIGRACIDADES

A Plataforma “MigraCidades – Apri- capacidade de governança local das migra-

morando a Governança Migratória
Local no Brasil” é uma parceria entre
a Organização Internacional para as
Migrações (OIM) e a Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul (UFRGS),
que conta com apoio da Escola Nacio-
nal de Administração Pública (ENAP) e
financiamento do Fundo da OIM para
o Desenvolvimento.
A plataforma visa a informar e fortalecer a
ções, a partir da verificação da presença
de 10 dimensões de governança migrató-
ria. As dimensões estão divididas em dois
grupos. O primeiro, dimensões de gover-
nança, se dedica a analisar o desenho ins-
titucional das políticas locais. O segundo,
dimensões de acesso a direitos, avalia o
acesso à saúde, à educação, ao mercado
de trabalho, dentre outros aspectos rela-
cionados à integração e ao bem-estar das
pessoas migrantes internacionais.

Estrutura Institucional
de Governança Acesso à
e Estratégia Local Saúde

Capacitação Acesso e
de Servidores Integração
Públicos à Educação

Participação Acesso à
Social Assistência e
e Cultural Proteção Social
de Migrantes

Transparência e
Acesso Acesso ao
à Informação Mercado
para Migrantes de Trabalho
RECIFE • PERNAMBUCO

Parcerias Acesso, Acolhimento e

Institucionais Serviços de Proteção: Gênero,
LGBTIQ+ e Igualdade Racial

4 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 A PLATAFORMA
MIGRACIDADES

A OIM define migrante como uma pessoa que se move do seu local
habitual de residência, seja dentro de um país ou através de fronteiras
internacionais, de forma temporária ou permanente, por uma varieda-
de de razões. Para os fins deste relatório, cujo enfoque são as migra-
ções internacionais, o termo migrante será doravante utilizado para se
referir a uma pessoa nacional de outro país ou apátrida que se estabe-
lece temporária ou definitivamente no Brasil (nos termos da definição
de imigrante da Lei de Migração nº 13.445/2017).

Esse relatório apresenta um consolidado do diagnóstico situacional das 10

dimensões de governança migratória, a partir de informações fornecidas
pelo próprio governo, de modo a auxiliar o poder público local no aferi-
mento, planejamento e monitoramento de suas políticas públicas para mi-
gração, destravando o potencial benéfico que as migrações podem trazer
para as pessoas migrantes e para as comunidades de acolhida.

A Plataforma MigraCidades faz parte dos esforços globais da OIM para

atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em conjun-
to com o sistema ONU e seus parceiros. São 17 Objetivos ambiciosos e
interconectados que abordam os principais desafios de desenvolvimento
enfrentados por pessoas no Brasil e no mundo. O MigraCidades contri-
bui principalmente para a concretização da meta 10.7 dos ODS.

Meta 10.7 – Facilitar a migração e a

mobilidade ordenada, segura, regular e
responsável das pessoas, inclusive por
RECIFE • PERNAMBUCO

meio da implementação de políticas de

migração planejadas e bem geridas.

5 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 A PLATAFORMA
MIGRACIDADES

Em uma tentativa de definir o

conceito de “políticas de migra-
ção planejadas e bem geridas” ODS
conforme a Meta 10.7, a OIM Meta 10.7
desenvolveu o Marco de Go-
vernança da Migração (Migra-
tion Governance Framework
– MiGOF), que estabelece os
elementos essenciais da boa
governança migratória. Com
base no MiGOF, a OIM tam-
bém desenvolveu os Indicado-
res da Governança Migratória
(Migration Governance Indica- MiGOF
tors – MGI), um conjunto de
90 indicadores que ajudam os
governos a apreciarem a abran-
gência de suas estruturas de
governança de migração.

O MigraCidades parte da ex-

periência da OIM com estas
iniciativas, adaptando-as para
criar um processo de certifica-
ção adequado para o contexto MGI
brasileiro que contribua para o
mesmo objetivo em comum:
facilitar a migração e a mobili-
dade ordenada, segura, regular
e responsável das pessoas.
RECIFE • PERNAMBUCO

MigraCidades

6 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 O RELATÓRIO
DE DIAGNÓSTICO

O processo de certificação MigraCidades envolve cinco etapas: a

inscrição, o diagnóstico, a priorização, a certificação e o monitora-
mento. Na etapa de inscrição, foi aberta uma chamada pública para
municípios e estados brasileiros se candidatarem, apontando uma
pessoa de referência local para acompanhamento do processo.

Após ser selecionado, o governo local foi convidado a preencher o For-

mulário de Diagnóstico, composto por uma série de perguntas sobre
cada uma das 10 dimensões de governança migratória. Após o preen-
chimento do Formulário, deu-se início à etapa de priorização, na qual
o governo local identifica quais as prioridades para o desenvolvimento
de políticas migratórias no próximo período. Nesses dois momentos, a
pessoa de referência local foi responsável por articular o diálogo com as
diferentes áreas do governo local que executam atividades relacionadas
à migração, com o objetivo de coletar respostas para o formulário e
insumos para a priorização.

Este relatório consolida as respostas do governo local nas etapas de

Diagnóstico e Priorização, incluindo revisões e recomendações realiza-
das pela equipe do MigraCidades. Exceto quando citada a fonte, todas
as informações contidas neste relatório foram fornecidas pelos próprios
governos locais, através de suas pessoas de referência apontadas no iní-
cio do processo. A realização do relatório é uma exigência para obten-
ção da certificação, e servirá de base para a etapa de monitoramento.
RECIFE • PERNAMBUCO

7 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 DIAGNÓSTICO
GERAL DO
GOVERNO LOCAL

O município de Recife está localizado no estado de Pernambuco, re-

gião nordeste do Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Ge-
ografia e Estatística (IBGE), a população estimada no município, em
2021, é de 1.661.017 pessoas. De janeiro de 2000 a junho de 2021,
13.819 migrantes obtiveram o Registro Nacional Migratório como ha-
bitantes do município, de acordo com dados do Sistema de Registro
Nacional Migratório (Sismigra) fornecidos pela Polícia Federal.

NÚMEROS DE MIGRANTES REGISTRADOS (jan/00 – jun/21)

Fonte: Dados fornecidos pela Polícia Federal em agosto de 2021

Principais nacionalidades
Migrantes
Registrados

13.819 1463 Estados Unidos

12%
Número de migrantes registrados

1203 1173
1062
1050
902
730 Filipinas
734
617
558 607 9%
388 390 446 546
328 294
264 253 371 240 Portugal
200 8%
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Ano
China
Total de registros por ano
6%

Total de registros por idade Itália

5%
0 a 14 2%

15 a 29 14%
% por sexo
RECIFE • PERNAMBUCO

30 a 44 47% Sexo
Sexo
Masculino Feminino
45 a 59 23%

60 ou mais 14%
73% 27%
10.081 pessoas 3.738 pessoas

8 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 DIAGNÓSTICO
GERAL DO
GOVERNO LOCAL

Entre abril de 2018 e agosto de 2021, o município de Recife recebeu

cerca de 339 pessoas venezuelanas por meio da estratégia de interio-
rização do Governo Federal. Para saber mais sobre como funciona a
estratégia e quais são seus objetivos, atores e diferentes modalidades,
acesse a cartilha de interiorização aqui.

NÚMEROS DA INTERIORIZAÇÃO (abr/18 – ago/21)

Fonte: Painel da Estratégia de Interiorização, acessado em set/21.

339
Pessoas
Modalidades da interiorização

Venezuelanas Institucional
Interiorizadas
47%
Pirâmide etária/sexo
Reunião
1% 60 ou mais 1%
Social
4% 45 a 59 3%
23%
15% 30 a 44 15%

14% 15 a 29 16% Reunificação

Familiar
16% 0 a 14 16%
Feminino Masculino
21%

Em relação às ações realizadas em 2020, o município de Recife in-

dicou realizar pelo menos uma ação nas seguintes dimensões de
Governança: Estrutura institucional de governança; Capacitação de
servidores públicos; Participação social e cultural de migrantes e Par-
cerias institucionais. E nas seguintes dimensões de Acesso a direitos:
Acesso à saúde; Acesso e integração à educação; Acesso à assistência
RECIFE • PERNAMBUCO

e proteção social; Acesso ao mercado de trabalho; e Acesso, acolhi-

mento e serviços de proteção: gênero, LGBTIQ+ e igualdade racial.

9 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 BOAS
PRÁTICAS

Destacam-se como práticas positivas do governo local:

Na Estrutura institucional de governança e estratégia local, a

participação no Comitê Interinstitucional de Apoio aos Migrantes do
Estado de Pernambuco.

Na dimensão do Acesso à saúde, a adoção de medidas para ca-

dastramento de pessoas migrantes para a aquisição do cartão SUS
e ações informativas sobre rede de saúde local, sobre a pandemia da
COVID-19 e sobre vacinação.

Na dimensão do Acesso à educação, a definição de uma equipe de

referência para o atendimento a pessoas migrantes no sistema educa-
cional.

Na dimensão do Acesso a assistência e proteção social, a distri-

buição de kits de higiene e limpeza e de máscaras no contexto da
COVID-19 para pessoas migrantes.

RECIFE • PERNAMBUCO

10 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 ESTRUTURA INSTITUCIONAL
DE GOVERNANÇA
E ESTRATÉGIA LOCAL
Esta dimensão busca compreender se
o governo possui estratégia local ou
setores ou referências locais dedicadas
à formulação, ao acompanhamento e à
implementação de políticas públicas e
serviços voltados à migração.
Na dimensão da estrutura institucional de
governança, o governo local indicou que
há um setor dedicado à formulação e ao
acompanhamento de políticas públicas so-
bre migração. Este setor é a Secretaria de
Desenvolvimento Social, que, desde 2018,
é responsável por essa tarefa. O município
também afirmou que há fluxos internos e
adoção de medidas para encaminhamento
e acesso de pessoas migrantes aos serviços
de referência, criados a partir da chegada
de nacionais da Venezuela ao município
por meio do programa de interiorização
da Operação Acolhida. De acordo com
o governo, os fluxos foram estabelecidos
a partir da Assistência Social e organizados
de acordo com a oferta de serviços em
cada território. O governo informou que as
pessoas migrantes chegam aos serviços da
assistência social por meio do encaminha-
mento de outros serviços ou por demanda
espontânea. A partir disso, cada caso é ana-
lisado para encaminhamento e acompanha-
mento junto à rede socioassistencial.
Segundo o governo, cada caso que chega
11
é acolhido pela equipe de referência e ar-
ticulado junto às redes de saúde e educa-
ção. Além disso, o governo afirmou que
pessoas migrantes que chegam ao serviço
também são encaminhadas para retirada
e atualização de documentação, quando
necessário, assim como para o acesso ao
Cadastro Único (CADÚnico). Também é
articulado com a Secretaria de Trabalho
e Qualificação o acesso a oportunidades
de trabalho e renda.
O governo relatou que, embora haja uma
estratégia local de acolhimento e integra-
ção de pessoas migrantes, ela ainda não
está descrita em política, plano ou outro
documento público. A formalização da
estratégia local de migração em políti-
ca, plano ou outro documento público é
uma ação com potencial de desenvolvi-
mento para aprimorar a estrutura insti-
tucional de governança migratória local.
Recomenda-se que essa estratégia seja
construída em articulação com diferentes
setores da gestão pública e com partici-
pação social, que abranja diversos seto-
res e esteja alinhada com o planejamento
plurianual do governo local. Também é
importante que esteja alinhada com a Lei
Nacional de Migração (Lei 13.445/2017)
e com as agendas globais de desenvolvi-
mento, como a Agenda 2030 das Nações
RECIFE • PERNAMBUCO
Unidas. A estratégia pode prever, ainda,
medidas para o acolhimento de pessoas
migrantes em situação de crise e para
monitoramento, planejamento e destina-
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO
 ESTRUTURA INSTITUCIONAL
DE GOVERNANÇA
E ESTRATÉGIA LOCAL

ção de aporte orçamentário voltado aos latou que, em 2019, passou a integrar o
custos relacionados à integração de pes- Comitê Interinstitucional de Apoio aos
soas migrantes. Migrantes do estado de Pernambuco.

O governo local relatou realizar esforços Caso deseje aprimorar essa dimensão,
para aprimorar a coordenação com outros poderá consultar experiências inspirado-
entes federativos em temas relacionados à ras neste documento e no banco de boas
migração. Nesse sentido, o município re- práticas da Plataforma MigraCidades.

RECIFE • PERNAMBUCO

12 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 CAPACITAÇÃO DE SERVIDORES
PÚBLICOS E SENSIBILIZAÇÃO
SOBRE DIREITOS
DAS PESSOAS MIGRANTES

ou de violação de direitos”; “Crianças e

Esta dimensão busca compreender
se o governo local oferta capacita-
ções regulares para servidores públi-
cos da gestão e dos serviços sobre a
temática migratória, incluindo ques-
tões de sensibilidade cultural, gênero
e direitos humanos.
Nesta dimensão, o governo local indicou
terem sido realizadas capacitações relacio-
nadas à temática migratória com cerca de
20 servidores da atenção/assistência dire-
ta no último ano. Segundo o governo, a
equipe da Assistência Social do município
participou das seguintes capacitações: “Mi-
graCidades: Aprimorando a Governança
migratória local”; “Uma Introdução às mi-
grações internacionais no Brasil Contem-
porâneo”; “Proteção Socioassistencial a
migrantes em situação de vulnerabilidade
adolescentes Migrantes”; “Direitos dos Mi-
grantes e orientações para o atendimento”;
“Proteção Social brasileira e o atendimento
à população migrante e refugiada”. Segun-
do o município, as capacitações abordaram
discussões sobre diversidade cultural, gêne-
ro, direitos humanos e combate à discrimi-
nação, ao racismo e à xenofobia.
Para aprimorar esta dimensão, o governo
pode incentivar que todos os servidores
da gestão que tiverem interesse na temáti-
ca migratória participem das capacitações.
Além disso, pode monitorar demandas de
capacitação junto aos servidores e buscar
ofertar uma agenda de capacitações de
acordo com as demandas monitoradas.
Caso deseje aprimorar essa dimensão,
poderá consultar experiências inspirado-
ras neste documento e no banco de boas
práticas da Plataforma MigraCidades.
RECIFE • PERNAMBUCO

13 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Esta dimensão busca compreender se
há incentivos para participação social e
cultural de migrantes junto à comuni-
dade de acolhida.
Nesta dimensão, em relação à participação
social de migrantes, o governo local indicou
ter adotado medidas para informar e em-
poderar as pessoas migrantes sobre seus
direitos de participação social, no último
ano. O município relatou que as ações nes-
ta dimensão começaram a ser estruturadas
no último ano, quando o governo percebeu
a necessidade de compreender melhor os
fluxos de migração locais e as demandas
das pessoas migrantes estabelecidas no
município, com o intuito de desenvolver e
qualificar a governança e a política migrató-
ria local. Embora relate não realizar, ainda,
um escopo amplo de ações em relação à
participação social de migrantes, o governo
afirma perceber ser necessário desenvolver
e aprimorar as ações nesta dimensão.
Neste sentido, ações que podem ser co-
14
E CULTURAL
DE MIGRANTES
locadas em prática pelo governo, dentro
das possibilidades locais, compreendem:
a realização de consultas públicas junto às
pessoas migrantes; o incentivo e apoio à
constituição de associações ou coletivos de
migrantes; a adoção de medidas para pro-
mover a participação de pessoas migrantes
em instâncias do governo, como conselhos
e órgãos participativos locais; e a criação
de vagas específicas ou adoção de medidas
para fomentar a igualdade de gênero nos
espaços de participação social de migrantes.
Além de promover a participação social,
também é importante fomentar espaços
de participação cultural para migrantes.
Para isso, o governo pode oferecer algum
tipo de apoio financeiro ou de infraestrutu-
ra para a realização de festas, feiras e outros
eventos culturais de migrantes. O governo
também pode contribuir para a divulgação
dos eventos realizados por grupos e asso-
ciações de migrantes.
Caso deseje aprimorar essa dimensão,
poderá consultar experiências inspirado-
ras neste documento e no banco de boas
práticas da Plataforma MigraCidades.
RECIFE • PERNAMBUCO
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

ACESSO À INFORMAÇÃO
Esta dimensão busca compreender se
o governo local disponibiliza, de forma
presencial ou virtual, informações com-
preensíveis e transparentes sobre direi-
tos e obrigações das pessoas migrantes
e sobre acesso a serviços públicos. Tam-
bém considera se isso é feito em outros
idiomas além do português.
O governo relatou ainda não ter ações
na dimensão da transparência e acesso à
informação para migrantes. Neste senti-
do, foram identificadas ações com poten-
cial de desenvolvimento: o poder público
pode, por exemplo, disponibilizar informa-
ções compreensíveis sobre direitos e de-
veres das pessoas migrantes e sobre aces-
so a serviços públicos por migrantes, em
locais de atendimento presencial, no site
do governo e em outros canais de comu-
nicação que dispuser. Essas informações
15
TRANSPARÊNCIA E
PARA MIGRANTES
devem ser fornecidas de forma gratuita e,
preferencialmente, nos principais idiomas
falados pelas pessoas migrantes estabele-
cidas no município. Também podem ser
disponibilizadas em formatos como vídeo
e áudio para facilitar a acessibilidade.
O governo local pode também disponi-
bilizar informações sobre direitos e de-
veres das pessoas migrantes. Além disso,
é possível disponibilizar na íntegra, com
os devidos créditos, materiais produzi-
dos por organismos internacionais e ou-
tras instituições. As publicações da OIM,
disponíveis neste link são exemplos de
materiais que podem ser divulgados pela
gestão como forma de ampliar o conhe-
cimento das pessoas migrantes e da co-
munidade de acolhida.
Caso deseje aprimorar essa dimensão,
poderá consultar experiências inspirado-
ras neste documento e no banco de boas
práticas da Plataforma MigraCidades.
RECIFE • PERNAMBUCO
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

Esta dimensão busca compreender se
o governo local possui parcerias com
instituições-chave para tratar da agen-
da de migrações e questões relaciona-
das (Ex.: grupos de trabalho ou convê-
nio para execução de serviços).
Nesta dimensão, a gestão local indicou
ter parcerias com organizações da socie-
dade civil (OSCs), como as Arquidioceses
de Olinda e Recife e a Cáritas Regional
Nordeste, e com universidades, como
a Universidade Católica de Pernambu-
co. Também indicou estar estabelecendo
parcerias com outros entes federativos,
16
PARCERIAS
INSTITUCIONAIS
como o Ministério da Cidadania.
O governo local ainda não conta com par-
cerias com o setor privado, com associa-
ções de migrantes, nem com organismos
internacionais. O estabelecimento desses
três tipos de parceria são ações com po-
tencial de desenvolvimento futuro, que
podem contribuir para que o governo
amplie o escopo das ações que já realiza,
qualifique as políticas migratórias locais e
promova novas políticas, de acordo com
as demandas e especificidades locais.
Caso deseje aprimorar essa dimensão,
poderá consultar experiências inspirado-
ras neste documento e no banco de boas
práticas da Plataforma MigraCidades.
RECIFE • PERNAMBUCO
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

Esta dimensão busca compreender se
o governo local adota medidas para fa-
cilitar o acesso de migrantes a serviços
públicos de saúde, em especial os de
atenção primária em saúde.
Nesta dimensão, o município indicou que
as pessoas migrantes têm acesso a servi-
ços de atenção primária em saúde e que
esses serviços estão regionalizados de for-
ma a terem equipes atuantes em todos os
locais onde residem migrantes. O governo
afirmou também que as pessoas migrantes
têm acesso a encaminhamento para servi-
ços de atenção ambulatorial e hospitalar e
que foram incluídas nas ações de enfren-
tamento à pandemia de COVID-19 e que,
além disso, foram criadas ações específicas
para esse público-alvo. Alguns exemplos
de ações destacadas pelo governo foram o
referenciamento ao território, o cadastro
para aquisição do cartão SUS, a orientação
sobre a rede de atendimento e o agenda-
mento para vacinação. O acesso a essas
medidas, segundo o governo, é feito de for-
ma desburocratizada. O município indicou,
ainda, contar com políticas para garantir a
segurança alimentar e nutricional da po-
pulação migrante, por meio da entrega de
alimentos e água mineral para famílias que
apresentam essa demanda no acolhimento.
No entanto, o governo indicou que ain-
17
ACESSO À
SAÚDE
da não conta com orientações, fluxos
ou protocolos estabelecidos na rede de
saúde para facilitação e qualificação do
acesso, acolhimento e atendimento para
migrantes, sendo este um aprimoramen-
to potencial.
Em relação à capacitação, o governo local
indicou que os servidores estão aptos a
acolher migrantes, considerando a dimen-
são da diversidade cultural, incluindo aque-
las relacionadas a questões de gênero e de
raça/etnia. Para seguir qualificando o ser-
viço, pode inserir, na sua agenda de capa-
citações, espaços de formação e discussão
sobre temas relacionados às migrações.
Recomenda-se que os servidores sejam ca-
pacitados para se comunicar com migran-
tes em diferentes idiomas; identificar casos
suspeitos de tráfico de pessoas; e identificar
casos de violência doméstica, de gênero ou
racial/étnica. Além de ofertar espaços de
capacitação, o governo também pode in-
centivar a participação em cursos e forma-
ções ofertados por outras instituições.
Em relação a campanhas e ações informa-
tivas, o governo relatou ter realizado ações
sobre prevenção da COVID-19 e orien-
tações sobre a pandemia. Para ampliar o
acesso à informação sobre saúde, o go-
RECIFE • PERNAMBUCO
verno pode expandir as campanhas que já
realiza para abordar temas como o direito
à saúde de pessoas migrantes e o funciona-
mento do SUS e serviços locais de saúde.
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

Essas ações devem ser realizadas, preferen-
cialmente, nos idiomas falados pelas pes-
soas migrantes estabelecidas no município.
Além disso, as capacitações, campanhas e
distribuição de materiais informativos de-
vem sempre buscar promover a diversida-
de, fortalecer a sensibilidade cultural e coi-
bir qualquer forma de discriminação.
Em relação à produção de dados, o go-
verno indicou que ainda não realiza ações.
Neste sentido, a coleta de dados sobre o
perfil de acesso aos serviços e a demandas
de saúde de migrantes é um aprimora-
mento potencial importante. Recomen-
da-se que os dados sejam coletados de
modo que seja possível a desagregação
por país de origem da pessoa migrante, gê-
nero, idade, raça/etnia. Ainda, no contexto
da pandemia da COVID-19, é importante
que os dados coletados incluam variáveis
que permitam identificar migrantes nos
números referentes a infecções, testagens
e óbitos. Os dados coletados podem ser
utilizados tanto para identificar demandas
18
ACESSO À
SAÚDE
reprimidas quanto para propor mudanças
nos fluxos, programas e políticas locais de
acesso à saúde por migrantes, sendo este
um aprimoramento possível.
O governo local indicou ainda não ter um
setor na gestão dedicado à promoção do
acesso à saúde por migrantes. É recomen-
dado que, uma vez estabelecido este setor,
ele possa trabalhar em conjunto com ou-
tros setores da gestão, alinhando deman-
das e ações entre secretarias e órgãos, e
em parceria com associações de migran-
tes. Este setor também pode ser capaci-
tado para acolher demandas das pessoas
migrantes e para encaminhar denúncias de
práticas de discriminação e xenofobia nos
serviços de saúde.
Caso deseje aprimorar essa dimensão,
poderá consultar experiências inspirado-
ras neste documento e no banco de boas
práticas da Plataforma MigraCidades.
RECIFE • PERNAMBUCO
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

Esta dimensão busca compreender se
o governo local adota medidas para
facilitar o acesso e a integração de mi-
grantes à educação.
Nesta dimensão, o governo local indicou
que as pessoas migrantes têm acesso a
vagas desde a educação infantil até o en-
sino superior, de forma desburocratiza-
da. Segundo o governo, não houve casos
de negativa de matrícula a migrantes no
ensino municipal no último ano. Além
disso, o governo relatou que ofertou em
2020, em parceria com a Universidade
Católica de Pernambuco, curso de por-
tuguês para migrantes.
O município indicou que foi definida uma
equipe de referência para o atendimento
aos migrantes no setor de educação e, com
isso, estão sendo estabelecidos os fluxos e
protocolos. Este, na validação do governo,
é um passo essencial para promover e am-
pliar a integração dos migrantes à educação.
Em relação à capacitação, o município in-
formou que os servidores da educação são
capacitados para: acolher migrantes nos
estabelecimentos de ensino, considerando
a dimensão da diversidade cultural; e com-
preender diferenças culturais que podem
estar relacionadas a questões de gênero e
raça/etnia. Além desses aspectos, é reco-
19
ACESSO E
INTEGRAÇÃO
À EDUCAÇÃO
mendado que sejam capacitados servidores
para realizar comunicação em diferentes
idiomas e para identificar casos suspeitos
de tráfico de pessoas e casos de violência
doméstica, de gênero ou racial/étnica.
Em 2020, o governo relatou não terem
sido ofertadas capacitações sobre acolhi-
mento e integração de migrantes junto a
profissionais da área da educação. A inser-
ção da temática migratória na agenda de
capacitações dos servidores do município é
um potencial aprimoramento. Outro apri-
moramento possível nesta dimensão é a
realização de campanhas e ações informa-
tivas acerca de temas como: o direito das
pessoas migrantes à educação; ofertas exis-
tentes de cursos para pessoas migrantes;
o funcionamento do sistema de educação
brasileiro e sobre realização de matrículas.
Recomenda-se que as informações estejam
disponíveis também nos principais idiomas
falados pelas pessoas migrantes estabele-
cidas no município. Além disso, tanto as
ações informativas como as capacitações
de servidores devem buscar celebrar a di-
versidade, fortalecer a sensibilidade cultural
e coibir qualquer forma de discriminação.
Em relação à produção de dados, o governo
indicou que ainda não são coletados dados
sobre o perfil de acesso e demandas de
RECIFE • PERNAMBUCO
educação de migrantes. Recomenda-se que,
sempre que possível, o governo colete esses
dados, tanto para identificar se há deman-
das reprimidas no acesso à educação quanto
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

para propor mudanças nos fluxos, progra-
mas e políticas de integração de pessoas
migrantes no sistema de educação local. É
recomendado que os dados, quando cole-
tados, sejam passíveis de desagregação por
país de origem da pessoa migrante, gênero,
idade e raça/etnia e que, quando publicados,
sempre respeitem o sigilo e anonimato da
pessoa migrante.
O governo indicou que ainda não há um se-
tor ou referência local na gestão dedicado
à promoção do acesso e integração à edu-
cação por migrantes, sendo essa uma ação
com potencial de desenvolvimento futuro.
20
ACESSO E
INTEGRAÇÃO
À EDUCAÇÃO
É recomendado que, uma vez estabelecido,
este setor busque trabalhar alinhando de-
mandas e ações entre secretarias e órgãos
e, sempre que possível, desenvolva parce-
rias com associações de migrantes. Este
setor pode ser capacitado também para
acolher as demandas das pessoas migrantes
e para registrar práticas de discriminação e
xenofobia em estabelecimentos de ensino.
Caso deseje aprimorar essa dimensão,
poderá consultar experiências inspirado-
ras neste documento e no banco de boas
práticas da Plataforma MigraCidades.
RECIFE • PERNAMBUCO
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

Esta dimensão busca compreender se
o governo local adota medidas para
facilitar o acesso de migrantes a servi-
ços públicos de assistência e proteção
social, tais como os Centros de Refe-
rência de Assistência Social (CRAS) e
os Centros de Referência Especializa-
do de Assistência Social (CREAS), bem
como seus programas e benefícios.
Nesta dimensão, o município indicou que
as pessoas migrantes têm acesso ao Siste-
ma Único de Assistência Social (SUAS), por
meio de serviços como o CRAS e o CRE-
AS, a cadastro para benefícios sociais e a
iniciativas de apoio à moradia. Além disso, o
governo relatou adotar medidas específicas
para a proteção social e garantia dos direi-
tos de crianças migrante e que as demandas
de atendimento especializado apresentadas
por migrantes são acompanhadas e asses-
soradas pela secretaria de assistência social.
Segundo o município, o acesso às medidas
de auxílio emergencial por migrantes no
contexto da COVID-19 foi facilitado por
meio de atendimento individual por grupo
familiar para esclarecimento e orientações
sobre o auxílio emergencial; e de disponi-
bilização de equipamento com acesso à in-
ternet e de profissional para realização do
cadastro no sistema bancário para avaliação
do Governo Federal. Além disso, o gover-
no indicou ter realizado orientação e escla-
21
ACESSO À
ASSISTÊNCIA E
PROTEÇÃO SOCIAL
recimentos sobre a pandemia e fornecido
kit de higiene e limpeza e máscaras.
De acordo com o governo local, o acesso
aos serviços de assistência e proteção so-
cial é feito de forma desburocratizada. Para
que isso seja possível, existem, desde 2019,
orientações, fluxos ou protocolos estabe-
lecidos na rede de assistência social para
facilitar e qualificar o acesso e acolhimento
a migrantes nos serviços. De acordo com
o governo, o fluxo de acolhimento inclui
a escuta qualificada, o encaminhamento à
rede socioassistencial e a garantia de be-
nefícios eventuais e inscrição no CadÚnico
de Programas Sociais. O governo de Recife
destacou que, quando necessário, é reali-
zado o encaminhamento para retirada de
documentação.
Segundo o governo local, são adotadas,
ainda, medidas para garantir a seguran-
ça alimentar e nutricional da população
migrante, embora relate que essas me-
didas não façam parte de uma estratégia
específica para essa população. A princi-
pal medida é a distribuição de alimentos
e água mineral para famílias que apresen-
tam essa demanda.
O município de Recife informou que, em
2018, através do Programa de Interioriza-
RECIFE • PERNAMBUCO
ção, por meio da Cáritas/PANA, recebeu
um grupo de cerca de 100 pessoas mi-
grantes venezuelanas, e que a partir desse
momento iniciou, de forma mais planejada,
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

sua intervenção junto à essa população.
Diante disso, a Secretaria de Desenvolvi-
mento Social, Juventude, Políticas sobre
Drogas e Direitos Humanos, por meio da
Secretaria Executiva de Assistência Social,
disponibilizou uma equipe específica para
realizar o atendimento a migrantes. Den-
tre as ações realizadas destaca: inscrição no
Cadastro Único (CadÚnico), realização de
matrícula de migrantes na rede municipal
de ensino municipal e atendimentos e ati-
vidades de qualificação profissional junto à
Secretaria de Trabalho. A partir de 2019, o
município passou a receber também indí-
genas migrantes e refugiados Warao, que
foram atendidos, inicialmente, pela Equipe
de Abordagem Social de Rua.
Em relação à capacitação, o governo local
indicou que os profissionais da assistência
social são capacitados para: acolher mi-
grantes, considerando a dimensão da di-
versidade cultural; compreender diferenças
culturais que podem estar relacionadas a
questões de gênero e raça/etnia; identifi-
car casos suspeitos de tráfico de pessoas;
e identificar casos suspeitos de violência
doméstica, de gênero ou racial/étnica. Para
capacitar os servidores em relação a esse
aspecto, o governo local relatou ter realiza-
do capacitações sobre acolhimento de mi-
grantes junto aos profissionais dos serviços
de assistência social no último ano. Segundo
o governo, foram realizadas capacitações
no formato de ensino à distância, como as
disponibilizadas pela OIM.
22
ACESSO À
ASSISTÊNCIA E
PROTEÇÃO SOCIAL
Em relação a campanhas e ações informa-
tivas, o governo local indicou ter realizado
ações para informar a população migrante
sobre: o direito à assistência e à proteção
social das pessoas migrantes; benefícios e
serviços ofertados no âmbito local; e fun-
cionamento do SUAS. De acordo com o
governo, foram realizadas rodas de con-
versas e atendimento individual e houve a
distribuição de material informativo. Essas
ações, no entanto, não foram realizadas
nos idiomas falados pelas comunidades
migrantes, segundo o governo, sendo essa
uma ação com potencial de ser adotada
em ações futuras. Também é importante
que essas ações busquem celebrar a diver-
sidade, fortalecer a sensibilidade cultural e
coibir qualquer forma de discriminação.
Em relação à produção de dados, o go-
verno indicou que são coletados dados,
a partir dos atendimentos realizados pela
equipe técnica, e registrados em prontu-
ário específico sobre o perfil de acesso
à assistência e à proteção social de mi-
grantes, sempre respeitando o sigilo e
anonimato da pessoa migrante. Os dados
coletados são passíveis de desagregação
por país de origem da pessoa migrante,
gênero, idade e raça/etnia. Segundo o go-
verno, esses dados permitem enxergar se
há demanda reprimida no acesso aos ser-
RECIFE • PERNAMBUCO
viços de assistência e são utilizados para
propor mudanças nos fluxos, programas
e políticas locais de acesso à assistência
social por migrantes.
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

O governo indicou que a Proteção So-
cial Básica é o setor na gestão dedicado
ao acesso à proteção social pelas pesso-
as migrantes, que trabalha em conjunto
com outros setores e coordena deman-
das e ações com outras secretarias. Este
setor está estabelecido na Secretaria de
Assistência Social, desde 2020, e dispõe
de equipe técnica específica, composta
por 2 assistentes sociais e uma psicólo-
ga, para o planejamento de políticas e
acompanhamento das famílias migrantes.
23
ACESSO À
ASSISTÊNCIA E
PROTEÇÃO SOCIAL
Um aprimoramento possível é o estabe-
lecimento de um setor capacitado para
acolher as demandas das pessoas migran-
tes e registrar práticas de discriminação
e xenofobia nos serviços de assistência e
proteção social.
Caso deseje aprimorar essa dimensão,
poderá consultar experiências inspirado-
ras neste documento e no banco de boas
práticas da Plataforma MigraCidades.
RECIFE • PERNAMBUCO
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

Esta dimensão busca compreender se
o governo local adota medidas para
facilitar o acesso de migrantes ao mer-
cado de trabalho (setor público, setor
privado ou empreendedorismo).
Nesta dimensão, o governo local indicou
que as pessoas migrantes têm acesso a
aconselhamento e orientação profissio-
nal e que foram realizadas, no último ano,
ações para capacitar migrantes para o
mercado de trabalho, junto à Secretaria
de Qualificação do Município. De acordo
com o governo, foi realizada a avaliação
dos perfis profissionais e adotadas medi-
das para inserção de pessoas migrantes
no mercado de trabalho, como a oferta
de cursos de qualificação.
Uma ação com potencial de desenvol-
vimento futuro é o estabelecimento de
orientações, fluxos ou protocolos e de
ações que apoiem a integração de mi-
grantes ao mercado de trabalho. Essas
orientações, fluxos ou protocolos podem
incluir medidas para promover o acesso
de migrantes a uma central de vagas de
emprego ou serviço semelhante e a vagas
de emprego no setor público e privado,
com destaque às mulheres migrantes.
Também podem prever medidas para
desburocratização, assistência legal e ad-
ministrativa para desenvolvimento do
24
ACESSO AO
MERCADO DE
TRABALHO
empreendedorismo por migrantes.
Em relação à capacitação, os profissionais da
área podem ser capacitados para se comu-
nicar com migrantes em diferentes idiomas
e para compreender diferenças culturais
que podem estar relacionadas ao acesso ao
mercado de trabalho por migrantes. Além
disso, é importante que sejam capacitados
para identificar casos suspeitos de trabalho
em condições degradantes ou análogas à
escravidão e identificar casos de discrimi-
nação por diferenças de gênero ou raça/
etnia no acesso ao mercado de trabalho.
Para isso, o governo pode tanto oferecer
capacitações periódicas sobre esses tópi-
cos, como parte da agenda de formação
continuada dos servidores, quanto incen-
tivar a participação em cursos e capacita-
ções oferecidos por instituições que atuam
na temática. As capacitações, campanhas
ou distribuição de materiais informativos
devem celebrar a diversidade, fortalecer a
sensibilidade cultural e coibir qualquer for-
ma de discriminação.
Em relação à produção de dados, é re-
comendado que, sempre que possível, o
município colete dados sobre o perfil de
acesso ao mercado de trabalho por mi-
grantes, preferencialmente de forma que
sejam passíveis de desagregação por país
RECIFE • PERNAMBUCO
de origem da pessoa migrante, gênero,
idade e raça/etnia. Uma vez coletados, os
dados podem ser utilizados para enxergar
se há demanda reprimida de acesso e para
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

propor mudanças nos fluxos, programas
e políticas locais de acesso ao mercado de
trabalho por migrantes.
O governo pode estabelecer também
um setor ou referência local na gestão
dedicado ao acesso das pessoas migran-
tes ao mercado de trabalho. É recomen-
dado que este setor trabalhe em con-
25
ACESSO AO
MERCADO DE
TRABALHO
junto com outros setores e coordene
demandas e ações com outras secreta-
rias e, se possível, em conjunto com as-
sociações ou grupos de migrantes.
Caso deseje aprimorar essa dimensão,
poderá consultar experiências inspirado-
ras neste documento e no banco de boas
práticas da Plataforma MigraCidades.
RECIFE • PERNAMBUCO
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO
 ACESSO, ACOLHIMENTO E
SERVIÇOS DE PROTEÇÃO:
GÊNERO, LGBTIQ+
E IGUALDADE RACIAL
Esta dimensão busca compreender se
o governo local adota medidas para
facilitar o acesso e acolhimento de mi-
grantes mulheres e LGBTIQ+ (lésbicas,
gays, bissexuais, transexuais, intersexu-
ais, queer) a serviços de proteção, tais
como casas de acolhimento, canais te-
lefônicos de apoio e delegacias especia-
lizadas, assim como se existem medidas
para prevenir e combater a discrimina-
ção racial contra migrantes.
Segundo o governo local, as mulheres e
LGBTIQ+ migrantes têm acesso a delega-
cias especializadas; a casas de acolhimento;
e a outros canais de proteção, como nú-
meros telefônicos de apoio ou iniciativas
locais que realizam essa acolhida. O mu-
nicípio indicou, ainda, que os serviços de
proteção seguem as mesmas orientações,
fluxos ou protocolos estabelecidos para to-
dos os munícipes. Em relação à capacitação,
o município indicou que os servidores da
área estão capacitados para identificar ca-
sos suspeitos de tráfico de pessoas e para
acolher mulheres e LGBTIQ+ migrantes
nos serviços de proteção, considerando a
dimensão de diversidade cultural.
Sobre a proteção das pessoas migrantes
em relação à violência e à discriminação
baseada em raça/etnia, o governo indicou
que as pessoas migrantes têm acesso a
26
delegacias especializadas em crimes ra-
ciais e de intolerância. Indicou também
que a Secretaria Executiva de Direitos
Humanos é o setor da gestão dedicado
ao combate ao racismo e à xenofobia, e à
promoção da igualdade racial. Este setor
também se dedica à proteção contra vio-
lência contra as migrantes mulheres e/ou
LGBTIQ+ e trabalha em conjunto com
outros setores, coordenando demandas
e ações com outras secretarias.
Um aprimoramento potencial nesta di-
mensão é a coleta e produção de dados.
O governo pode coletar dados sobre o
perfil de acesso e demandas que chegam
aos serviços de proteção, preferencial-
mente, de modo que seja possível desa-
gregá-los por país de origem da pessoa
migrante, idade e raça/etnia. Esses dados
podem ser utilizados para propor mu-
danças nos fluxos, programas e políticas
do governo local de proteção a pessoas
migrantes vítimas de violências.
Caso deseje aprimorar essa dimensão,
poderá consultar experiências inspirado-
ras neste documento e no banco de boas
práticas da Plataforma MigraCidades.
RECIFE • PERNAMBUCO
MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO
 PRIORIDADES
DO GOVERNO LOCAL

A partir dos resultados identificados através do Formulário de Diag-

nóstico, os governos locais foram convidados a indicar as prioridades
para elaboração, implementação e monitoramento de políticas públi-
cas relacionadas à migração durante 2022.

Esse exercício foi feito através do preenchimento de uma Matriz de

Priorização, que solicitava as seguintes informações para cada proposta
prioritária: 1) Dimensão do MigraCidades priorizada; 2) Detalhamento
das ações planejadas; 3) Tipo de beneficiários diretos; 4) Objetivo; 5)
Justificativa; 6) Efeitos esperados a partir da ação; 7) Meta que se busca
alcançar com a ação; 8) Indicadores que serão utilizados para verificar
os resultados alcançados; 9) Atores locais envolvidos; 10) Tipo de re-
cursos necessários para implementação.

Como requisito, o governo local deveria incluir no mínimo três e no

máximo 5 dimensões priorizadas, sendo necessariamente ao menos
uma dimensão de governança institucional e uma de acesso a direitos.

RECIFE • PERNAMBUCO

27 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 PRIORIDADES
DO GOVERNO LOCAL
DIMENSÃO
PRIORIZADA

Estrutura institucional Detalhamento das Ações

de governança e
estratégia local Elaboração do Plano Municipal para Atendimento ao Migrante.

Tipo de Beneficiários(as) Diretos(as):

( ) servidores públicos ( x ) migrantes ( ) outro

Objetivo da ação

Planejar as ações de forma integrada com as diversas políticas setoriais

visando o atendimento/acolhimento qualificado à população migrante.

Justificativa

Tendo em vista o cenário mundial, o atendimento ao público migrante

fará parte da realidade de todos os países, desta forma é necessário
a efetivação de políticas públicas para o enfrentamento das questões
presentes no atendimento ao referido público. Nessa perspectiva, o mu-
nicípio do Recife pretende construir um Plano Municipal, de forma parti-
cipativa, conhecendo a realidade, compreendendo as diversas dimensões
e dinâmicas de cada população para construção de ações efetivas na
perspectiva da garantia de direitos.

Efeitos esperados a partir da ação

Organizar, planejar e monitorar as ações para a população migrante.

Meta que se busca alcançar com a ação

RECIFE • PERNAMBUCO

Plano Municipal elaborado.

28 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 PRIORIDADES
DO GOVERNO LOCAL
DIMENSÃO
PRIORIZADA
(cont.)

Estrutura institucional Quais indicadores serão utilizados para verificar os resultados

de governança e alcançados?
estratégia local
Plano Municipal aprovado.

Atores locais envolvidos com a dimensão

Secretarias municipais, universidade local, migrantes e organização da

sociedade civil.

Tipo de recursos necessário:

( x ) Financeiros ( x ) Humanos ( ) Estruturais ( ) Outro(s). Qual(is)?

RECIFE • PERNAMBUCO

29 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 PRIORIDADES
DO GOVERNO LOCAL
DIMENSÃO
PRIORIZADA

Acesso e Detalhamento das Ações

Integração
à Educação Atendimento às demandas de matrícula, bem como fortalecimento de
ações que visem manter as pessoas migrantes no sistema de ensino.

Tipo de Beneficiários(as) Diretos(as):

( ) servidores públicos ( x ) migrantes ( ) outro

Objetivo da ação

Ampliar o acesso e a permanência de crianças, jovens e adultos

migrantes no sistema educacional público municipal.

Justificativa

Ao longo dos últimos anos foi evidenciado um aumento na procura por

vagas para migrantes nas escolas municipais, o que sinaliza a necessidade
de ampliação de vagas para toda a população. Também se faz necessário
um olhar minucioso em relação ao trabalho com os alunos migrantes, ten-
do em vista que as dificuldades de aprendizagem acabam por prejudicar a
permanência destes no sistema de ensino. Nesse sentido, para fortalecer
a permanência é importante considerar a heterogeneidade, respeitando as
questões culturais e a língua materna das pessoas migrantes.

Efeitos esperados a partir da ação

Acesso e permanência ao sistema de ensino municipal garantido.

Meta que se busca alcançar com a ação

RECIFE • PERNAMBUCO

a) Acesso contínuo das pessoas migrantes migrantes ao sistema de ensi-

no municipal, na educação básica e modalidades de ensino;
b) Consolidação de ações que considerem a língua materna das pessoas mi-

30 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 PRIORIDADES
DO GOVERNO LOCAL
DIMENSÃO
PRIORIZADA
(cont.)

Acesso e grantes migrantes e fortaleçam o multiculturalismo no cotidiano escolar.

Integração
à Educação
Quais indicadores serão utilizados para verificar os resultados
alcançados?

Número de matrículas de migrantes e dados do censo escolar.

Atores locais envolvidos com a dimensão

Secretaria Municipal de Educação.

Tipo de recursos necessário:

( x ) Financeiros ( x ) Humanos ( ) Estruturais ( ) Outro(s). Qual(is)?

RECIFE • PERNAMBUCO

31 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 PRIORIDADES
DO GOVERNO LOCAL
DIMENSÃO
PRIORIZADA

Acesso ao Detalhamento das Ações

mercado
de trabalho Promover o acesso de migrantes ao mercado formal de trabalho, seja no
setor público, no setor privado ou em empreendedorismo, por meio da
implementação de políticas que promovam e assegurem a igualdade de
tratamento e de oportunidades em relação aos demais trabalhadores.

Tipo de Beneficiários(as) Diretos(as):

( ) servidores públicos ( x ) migrantes ( ) outro

Objetivo da ação

Promover o direito ao trabalho decente a migrantes e refugiados que se

encontrem na cidade do Recife, independente da situação de regulari-
dade migratória, respeitando particularidades, sobretudo das migrantes
mulheres, migrantes indocumentados e egressos do sistema prisional,
por meio de ações que visem reduzir os obstáculos enfrentados pelas
pessoas migrantes no acesso ao mercado de trabalho, assim como apoio
ao empreendedorismo, com projetos oferecendo formação, assistência
administrativa na gestão e auxilio legal para formalização dos negócios.

Justificativa

Crescente demanda migratória de regularização e acesso ao mercado de

trabalho com a garantia de uma política local plural e inclusiva.

Efeitos esperados a partir da ação

Garantir o acesso das pessoas migrantes ao mercado de trabalho formal;

promover a inclusão da população migrante em agências públicas e pri-
RECIFE • PERNAMBUCO

vadas de intermediação de mão de obra; promoção de oportunidades

de emprego.

32 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

 PRIORIDADES
DO GOVERNO LOCAL
DIMENSÃO
PRIORIZADA
(cont.)

Acesso ao Meta que se busca alcançar com a ação

mercado
de trabalho a) Fomentar a capacitação e acesso da população migrante ao mercado
de trabalho;
b) Propiciar a integração cultural como forma de preservar sua identidade
cultural e promover trabalho e renda para as pessoas migrantes.

Quais indicadores serão utilizados para verificar os resultados

alcançados?

Criação de cadastro e monitoramento municipal de empresas e de traba-

lhadores migrantes.

Atores locais envolvidos com a dimensão

Secretaria do Trabalho e Qualificação Profissional do Recife.

Tipo de recursos necessário:

( ) Financeiros ( x ) Humanos ( ) Estruturais ( ) Outro(s). Qual(is)?

Comentários adicionais

Junto ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Artesanato do Re-

cife - PRODARTE – será incentivado o artesanato de migrantes, para isso,
serão fomentadas capacitações e o acesso da população migrante às feiras
de artesanato que ocorrem na cidade do Recife, através de política de re-
gularização do comércio de rua, incluindo serviço de orientação e auxílio
em processos de regularização do uso de espaços para venda.
RECIFE • PERNAMBUCO

33 MIGRACIDADES • RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

Como citar esse documento:

MIGRACIDADES. Perfil de Governança Migratória Local do Município de Recife. Porto Alegre: Organização
Internacional para as Migrações (OIM) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2021.

As opiniões expressas nas publicações da Organização Internacional para as Migrações (OIM) são dos autores
e não refletem necessariamente a opinião da OIM ou de qualquer outra organização à qual os participantes
possam estar profissionalmente vinculados. As denominações utilizadas no presente relatório e a maneira como
são apresentados os dados não implicam, por parte da OIM, qualquer opinião sobre a condição jurídica dos
países, territórios, cidades ou áreas, ou mesmo de suas autoridades, nem tampouco a respeito da delimitação
de suas fronteiras ou limites.

A OIM está comprometida com o princípio de que a migração segura, ordenada e digna beneficia os migrantes e
a sociedade. Por seu caráter de organização intergovernamental, a OIM atua com seus parceiros da comunidade
internacional para: ajudar a enfrentar os crescentes desafios da gestão da migração; fomentar a compreensão das
questões migratórias; alentar o desenvolvimento social e econômico através da migração; e garantir o respeito à
dignidade humana e ao bem‐estar dos migrantes.

Editorial

Organização Internacional iombrazil@iom.int

para as Migrações (OIM) – Brasil

SAS Quadra 05, Bloco N, Ed. OAB, 3º Andar CHEFE DE MISSÃO DA OIM NO BRASIL
Brasília-DF - 70070-913 Stéphane Rostiaux

Expediente técnico

COORDENAÇÃO ANÁLISE
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Esta publicação não foi editada oficialmente pela OIM.

Essa publicação foi emitida sem endosso da Unidade de Publicações da OIM (PUB).
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