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USP – Universidade de São Paulo

IAU – Instituto de Arquitetura e Urbanismo

Inteligência Artificial: um levantamento do estado da arte


e possíveis aplicações na Arquitetura e Urbanismo
João Gabriel Osti Rosa

Resumo: ​O seguinte resumo expõe brevemente alguns levantamentos


questionados durante a pesquisa acerca do entendimento da
Inteligência Artificial e de sua construção e aplicabilidade.
Palavras-chave: ​Arquitetura, Projeto​, Artificial Intelligence, Machine
Learning.

Para que primeiramente fosse possível compreender a temática da pesquisa, foi


de essencial relevância a leitura de textos explicativos da Inteligência Artificial e do
Machine Learning ​como campos independentes, assim, após o entendimento destes,
haveria a capacidade de ligar-los a aplicação específica na arquitetura e no processo
de projeto como um todo. Os textos usados para essa base foram três em especial, “O
que é Inteligência Artificial” de João de F. Teixeira, datado de 1989 e os capítulos
iniciais de “Fundamentos da Inteligência Artificial” de João Luís Garcia Rosa, datado de
2011 e “Inteligência Artificial” por Peter Norvig, publicado em 2004.

“É esta a grande novidade da IA, que a distingue de ciências afins como a


cibernética e a computação, englobando-as num projeto muito mais ambicioso: a
produção de comportamento inteligente. Tarefas para as quais se requer alguma
inteligência já são executadas por algumas máquinas de que dispomos e que
utilizamos para telefonar ou mesmo para lavar roupa. Contudo, este tipo de
máquinas não tem interesse para a IA de que falaremos aqui, cuja preocupação é
não só aliviar o trabalho humano, mas também desvendar alguma coisa acerca da
natureza da nossa mente” (TEIXEIRA, 1989).
Em sua obra, Teixeira esclarece logo a princípio as características necessárias

para definir uma verdadeira I.A., a capacidade da máquina em não só realizar

operações lógicas, e sim em ser capaz de mimetizar o processo de atividade mental

humana ao realizar tais operações. Por este motivo, a Inteligência Artificial trouxe

tantos impactos, não apenas para a computação, mas para a psicologia, a linguística e

a filosofia, rasgando diversos véus da ciência tradicional, como a grande certeza de

que apenas o ser humano poderia ser empiricamente dotado de razão e raciocínio.

Outra importante parte de seu trabalho é traçar na história ocidental os primeiros

registros do que viria a se entender por I.A., começando com as primeiras mitologias

acerca do tema no século XVI e que transcorreram toda a Idade Moderna, passando

inclusive pelas inflexões de Descartes (1596-1650) e La Mettrie (1709-1751), que se

opunha ao princípio cartesiano de que o pensamento somente poderia se originar de

uma alma imortal, portanto humana.

Os impactos culturais da I.A. foram notáveis para a produção de clássicos do


cinema e da literatura como “Frankenstein” escrito por Mary Shelley em 1818, citado
por Teixeira por ser um dos únicos exemplos de exposição do tema durante o século
XIX, mas pessoalmente também é possível citar adaptações consideravelmente
recentes do cinema, com Blade Runner (1982) e A.I.- Inteligência Artificial (2001). A
relevância de tomarmos em conta o espectro cultural e artístico é explicada pela fala de
Neri Oxman, em um episódio documental ( Abstract: The Art of Design, Bioarquitetura -
Neri Oxman) dedicado à pesquisadora e professora do M.I.T.:“Ciência converte
informação em conhecimento, a engenharia converte conhecimento em utilidade,
design converte utilidade em comportamento cultural e contexto, e a arte pega esse
comportamento cultural e questiona a nossa percepção do mundo”.

Essa mudança de percepção é o que permite muitas vezes a expansão do


horizonte criativo do pesquisador, visto que a descoberta de novos conhecimentos
pode ser traduzida diretamente como a formação de novas conexões neurais nos
campos rasos (pensamentos reativos, lógica imediata) e profundos (raciocínio
introspectivo, DMN ou Rede de Modo Padrão) da mente. O método usado na pesquisa,
de compreensão da Inteligência Artificial em um panorama mais expandido,
relacionado a um contexto histórico e cultural e de seu funcionamento técnico, com a
ajuda de documentários curtos sobre programação e de outros artigos mais técnicos,
permitiu-se a melhor compreensão do caminho reverso de como essa tecnologia pode
se aplicar na arquitetura, uma ciência social aplicada.

Essa segunda etapa, foi possibilitada principalmente pela tese de Stanislas


Chaillou, o ​arquiteto e cientista de dados têm sido capaz de reunir em seu trabalho uma
linguagem clara e objetiva onde apresenta didaticamente as relações possíveis da IA
com a arquitetura. Na sua tese, com o método de demonstração prática da teoria
apresentada, foi possível visualizar como efetivamente se pode concluir uma planta
com o auxílio da GAN aplicada para gerar diversos exemplos de desenho a serem
filtrados pelo arquiteto de acordo com seus parâmetros e definições, sendo capaz até
mesmo de interpretar estilos arquitetônicos no uso e forma dos espaços.

Referências

JU, W; MARTELARO, N. ​Cybernetics and the design of the user experience of AI systems​.
Magazine Interactions, VOLUME XXV, inssue 6, november-december 2018. P.38-41. New York: ACM,
2018
OXMAN, R.; GU, N. ​Theories and Models of Parametric Design Thinking​. Anais. XXXIII eCAADe 33.
P. 477-482. Viena: TU Wien, 2015.
CHAILLOU, Stanislas. ​AI + Architecture​: Towards a New Approach. [​S. l.​]: Harvard GSD, 2019, 188
p.Disponível em: https://harvard.academia.edu/StanislasChaillou. Acesso em: 28 jan. 2020.
TEIXEIRA, João de Fernandes. ​O que é Inteligência Artificial​. 1. ed. Rua da Consolação, 2697, 01416,
São Paulo, SP: Brasiliense, 1990. 76 p. ISBN 85-11-01230-3.
NEGROPONTE, Nicholas. ​A vida digital​. Tradução da 1 ed. Rua Tupi, 522, 01233-000, São Paulo, SP:
Companhia das letras, 1995. 210 p. ISBN 85-7164-455-1.
ROSA, João Luís Garcia. Introdução: Métodos de Busca. ​In​: ROSA, João Luís Garcia. ​Fundamentos da
Inteligência Artificial​. 1. ed. Travessa do Ouvidor, 11, Rio de Janeiro, RJ: LTC/ Gen, 2011. cap. 1-2, p.
02-23. ISBN 978-85-216-0593-5.

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