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SUMÁRIO Depoimento Karoline Márcia 56

Depoimento Santoni Lobato 59


Apresentação 4
Depoimento Marcy Santos 60
Depoimento de Reynaldo Filho 6
Depoimento Silmara Lima 62
Um pouquinho de Minas... 8
A sede de um coração agradecido 64
Uma carta – Depoimento Brenda Alaís 20
Depoimento Maíra Baldaia 66
Depoimento Marco Lage 22
Depoimento Maurício Tizumba 68
Uma carta ao grupo – Eric Galm 24
Nós aos 21 72
Depoimento Ivy Mara 37
Agradecimentos 73
Minha História – Depoimento Bruno Messias 38
Ficha Técnica 74
Depoimento Juninho Ibituruna 42
Créditos Fotografia 76
O projeto Meninos de Minas tem alma!! 44

Depoimento Lucas Ciavatta 48

Além de Percussionista - Martiely Sena 52

Depoimento Paulo Sommer 55


Este “Nós aos 21” conta um pouco da história dos 21 anos do
Projeto Meninos de Minas em registros fotográficos, textos e
algumas histórias que fizeram e fazem parte da nossa existência.
O Início do sonho, as transformações, relatos, viagens nacionais
e internacionais, shows, oficinas e a alegria de poder levar nossas
raízes para os palcos. Um pouco da vivência e aprendizado de ser
parte de uma consciência cultural por meio da ancestralidade e da
sonoridade dos Tambores Meninos.

Quando sonhei com um projeto que pudesse ajudar alguns jovens a


serem protagonistas de sua própria história, eu não imaginava tanto.
Nem que um grupo pudesse conquistar tudo que foi possível em 21
anos de atividades, no Brasil e no Exterior. Com a chegada de um novo
CD “êh Minas...” e do e-book “Nós aos 21 – ebook 1”, o Meninos de Minas
ecoará um pouco da maturidade adquirida, dos sonhos realizados e
da esperança nas sementes que estão germinando. Tenho comigo que
tudo que é realizado com paixão merece ser celebrado. O lançamento
é uma celebração à vida e às utopias que movem os homens e os
moinhos, ao brilho no olhar de cada integrante, mestre, produtor,
gestor. É a oportunidade estampada na cara da alegria, mostrando
‘um pouquinho de Minas e um tantão do coração da gente’...

CLÉBER CAMARGO RODRIGUES (Coordenação Geral)

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MENINOS DE MINAS
A Cemig atua na preservação, restauração, promoção e salvaguarda
da memória cultural do Estado de Minas Gerais, por meio de inúmeras
iniciativas, das quais se destacam a implantação do Centro de Arte
Popular - Cemig, que integra o Circuito Liberdade, e exposições na

Primeira turma do Projeto Meninos de Minas, em Pedro Leopoldo - MG


Galeria de Arte, localizada em sua sede.

Desde 2020, o projeto Meninos de Minas, na medida em que suas ofi-


cinas permitem a formação de novas gerações, se insere no resgate
da dimensão imaterial das tradições seculares, no âmbito da política
cultural da Cemig. Em 21 anos de sua existência, o Meninos de Minas
já formou mais de 3.500 alunos nas suas oficinas. Em sua grande
maioria, jovens entre 7 e 17 anos que vivem no interior do estado.
Dessa forma, eles têm a oportunidade de se tornarem protagonistas
de sua própria cultura, que se transforma em veículo de consciência
social e desenvolvimento das comunidades.

A Cemig se orgulha de incorporar as políticas públicas de incentivo


empresarial ao patrimônio material e imaterial do nosso país,
garantindo a continuidade de projetos como o Meninos de Minas e
preservando as inestimáveis expressões da cultura popular de Minas
Gerais, de imensa variedade e representatividade.

Sem o apoio da Cemig e de artistas que se uniram para prestar


solidariedade à iniciativa, o projeto teria encontrado dificuldade para
se manter devido à interrupção das atividades coletivas em função da
pandemia que atingiu o mundo. Assim, durante todo esse período, o
Meninos de Minas se manteve ativo por meio de lives, que reuniram,
em participações virtuais, personalidades do mundo da música e das
artes, viabilizando a atuação contínua e ininterrupta durante seus
21 anos de excepcional presença na cultura do estado, que, agora,
pode ser amplamente conhecida e admirada nas fotos e textos que
compõem este livro.

REYNALDO PASSANEZI FILHO (Presidente da Cemig)

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O grupo Meninos de Minas já realizou workshops e oficinas para mais
UM POUQUINHO DE MINAS, de 3.500 alunos no Brasil, Portugal, Espanha, Alemanha e Estados

UM TANTÃO DO CORAÇÃO DA Unidos, tendo como participantes:

GENTE! • Alunos de escolas particulares e públicas;


• Grupo de jovens refugiados de 10 países;
• Jovens em situação de risco social;
Em 26 de outubro de 2020, o grupo MENINOS DE MINAS comple-
tou 21 anos de criação e atividades, com formação de mais de 3.500 • Portadores de necessidades especiais;
alunos no Brasil e no exterior. Idealizado durante a THE WORLD MU- • Gestores de órgãos públicos federais, municipais e de empresas
multinacionais;
SIC EXPO – WOMEX 1999, realizada em Berlim (Alemanha), o grupo
começou desenvolvendo Oficinas de Musicalização Afro-mineira e • Grupos de jovens de programas de primeiro emprego;
Oficinas de Construção de instrumentos musicais com material reci- • Crianças, jovens e adultos com idades entre 07 e 70 anos.

clado, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.

O Meninos de Minas mantém suas bases em Itabira, mas desenvolve


NÓS AOS 21
atividades no Brasil e no exterior, em Shows, Concertos, Palestras,
Festivais, Projetos Especiais, Intercâmbios, Oficinas, Workshops No dia 26 de fevereiro de 2021, data de lançamento deste livro,
e Cortejos Afro-mineiros com Cantores, Instrumentistas, Atores completamos quatro meses de atividades celebrativas pelo
e Dançarinos de Portugal, Alemanha, Espanha, Estados Unidos, aniversário de 21 anos do Meninos de Minas. Lançamos também o
Argentina, Afeganistão, Irã, Iraque, Senegal, Síria, Paquistão, Turquia, clipe “A voz” (composição de Vander Lee) e o disco “êh Minas…”, como
Azerbaijão, Líbano, México, entre outros países. mais uma ação da campanha #NósAos21, pensada para comemorar
De 2009 a 2019, o Meninos de Minas realizou 11 viagens internacionais as nossas 21 primaveras! A campanha brindou o público com uma
para: Estados Unidos (2), Alemanha (2), Espanha (1) e Portugal (6), programação cultural intensa e gratuita, entre lives, oficinas, ciclo de
além de ter recebido convites para atividades na África do Sul, Cuba, debates e lançamentos.
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Argentina e França.
Gravado em Berlim-Alemanha, Itabira-Brasil e Serpa-Portugal, “êh
Minas…” é o terceiro álbum do Meninos de Minas e mostra algumas
marcas registradas do grupo: honra os mestres e canta as tradições de
Minas Gerais; valoriza os compositores mineiros, as músicas e os ritmos
oriundos do Congado; expressa a força dos tambores, patangomes,
gungas, cordas e vozes que difundem, divulgam e ampliam horizontes
do alto das montanhas gerais ao mirar os corações do mundo. O álbum
apresenta arranjos sob a ótica do coletivo, trazendo composições de
domínio público (“Canto de Moçambique 2” e “No tempo do cativeiro”)
e também de mestres como Vander Lee (a supracitada “A voz”), Newton
Baiandeira (“O trem que leva Minas”), Maurício Tizumba (“Devagar
com o andor”, “Pedra que brilha” e “A criação”), Sérgio Pererê (“Velhos
de coroa”) e de representantes da nova cena mineira: as jovens Maíra
Baldaia (que compôs “Negra rima” com Elisa de Sena e “Palavra muda”
com Verônica Zanella) e Brenda Alaís (“Saudade de Minas”). A direção
musical é de Bruno Messias, que começou ainda criança como aluno no
Nestes 21 anos, o projeto formou alunos dos 7 aos 70 anos. projeto, se formou em música e hoje é educador musical. E quem assina
Atualmente, o Grupo de Apresentações é formado por Alexandre a coordenação geral é Cléber Camargo Rodrigues.
Gomes, Beb Any, Bruno Messias, Caíque de Souza, Daniel Santos,
As ações do projeto Meninos de Minas 2020/2021 estão sendo viabilizadas
Fabrício Gomes, Florency Barbosa, Isabelly Vaz, Iany Maia, Ivy Mara,
pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da CEMIG,
João Pedro Monteiro, Karlos Eduardo, Karoline Márcia, Paolla Pity,
Secretaria de Cultura e Turismo, Governo de Minas Gerais, com realização
Suellen Rodrigues, Tainara Mariano, Tiely Sena.
da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.
“Quando sonhei com um projeto que pudesse ajudar alguns jovens a
serem protagonistas de sua própria história, eu não imaginava tanto.
Nem que pudéssemos conquistar tudo que foi possível em 21 anos de O MENINOS DE MINAS TEM 03 CDS LANÇADOS:
atividades. Com a chegada de um novo CD e do e-book, o Meninos de • TAMBORES MENINOS (gravado no Brasil, Portugal e Alemanha)
Minas ecoará um pouco da maturidade adquirida, dos sonhos realizados
• QUINTAL (Trilha sonora criada para o Espetáculo Quintal, da
e da esperança nas sementes que estão germinando. Esses lançamentos Corpo Escola de Dança, de Belo Horizonte, Minas Gerais, em
são uma celebração à vida e às utopias que movem os homens e os parceria com o Mestre André Taques)
moinhos, ao brilho no olhar de cada integrante, mestre, produtor, • êh Minas... (gravado no Brasil, Portugal e Alemanha)
gestor. É a oportunidade estampada na cara da alegria, mostrando ‘um
pouquinho de Minas e um tantão do coração da gente’…”. O Meninos de Minas participou da gravação do DVD MAIS, da can-
Desde o início das festividades da campanha #NósAos21, oferecemos tautora mineira Maíra Baldaia, lançado em 2018.
ao público 320 vagas em oficinas on-line e gratuitas, 12 lives, Tambor No livrão “25 ANOS DO PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA”, o grupo
de Prosa (ciclo de entrevistas), CD e videoclipes. Em breve, lançaremos Meninos de Minas e o mestre Maurício Tizumba foram lembrados com
também um documentário que está em fase de finalização. uma foto pela participação na edição de 2012, realizada no Teatro
Municipal do Rio de Janeiro.
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O Meninos de Minas tem conquistado reconhecimentos de ícones da A base das atividades principais do Meninos de Minas é na cidade
música nacional e internacional: Jaime Além (Maestro e Arranjador – Rio de Itabira, interior do estado de Minas Gerais. Em Itabira, todas
de Janeiro - RJ), Eric Galm (Etnomusicólogo, Diretor do Departamento as vagas abertas são preenchidas para oficinas de musicalização
de Música da Trinity College, Estados Unidos), Fundação Grammy e construção de instrumentos musicais, voltadas para crianças e
Latino (Estados Unidos), Anabella Porta (NoChilla Percussion, jovens, a partir de 07 anos. Em todas as oficinas são registradas listas
Argentina), Paulo Sommer (Músico, Professor, Berlim - Alemanha), de espera e a expectativa de continuidade para os participantes
Mônica Salmaso (Cantora – São Paulo - SP), Rogério Flausino, Maurício selecionados.
Tizumba, Maíra Baldaia (cantores, compositores – Belo Horizonte –
Os critérios de participação no Projeto são mantidos e reforçados:
Minas Gerais), Ângelo Rafael (Maestro, Salvador), João Rocha, Maria
bom desempenho escolar, bom comportamento social e em família.
Isabel Stevens, Tomé Pires (Musibéria, Câmara, Serpa - Portugal),
Não se exige conhecimento prévio de música, mas exigem-se
Enrede - Rede Internacional de Municípios pela Cultura etc.
disciplina e vontade de aprender e divulgar a cultura afro-mineira por
meio das músicas com ritmos oriundos do congado e das marujadas.
ALÉM DA EDUCAÇÃO, O MENINOS DE MINAS O Projeto Meninos de Minas é uma perspectiva positiva para que
ABRANGE 3 VERTENTES: crianças e jovens tenham opções e oportunidades para construir um
• Social, na inclusão de jovens; caminho melhor em suas vidas.
• Cultural, resgatando a cultura mineira e Nós, do Projeto Meninos de Minas, acreditamos que pra cada tambor
• Ambiental, construindo instrumentos com material reciclado. tocado no lado esquerdo do peito, uma nova semente é plantada no
seio da terra: uma semente de alegria, de união e de paz entre os
Das oficinas, formamos um Grupo que realiza apresentações e já povos de todo canto e lugar.
participou de eventos culturais em diversas cidades do Brasil, além
12 de eventos em Portugal, Espanha, Alemanha e Estados Unidos. 13
O Projeto Meninos de Minas trabalha continuamente com a inclusão O PROJETO MENINOS DE MINAS TRAZ
social e cultural. Vários alunos que já participaram do Projeto possuíam ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES:
necessidades especiais. Já fizemos parceria com a APAE, abrindo vagas
• Valorização, difusão e perenização dos saberes ancestrais
para os alunos dessa instituição, promovendo total socialização. Já
dos Mestres de congado e marujadas, na linguagem alegre e
tivemos participante deficiente visual incluído em 100% das atividades. contagiante dos jovens participantes;

As oficinas do Projeto Meninos de Minas foram criadas como forma • Contribui para o livre acesso à cultura afro-mineira e o pleno
exercício dos direitos culturais;
de perenizar o conhecimento dos mestres congadeiros, trabalhan-
do conceitos de valorização da cultura afro-mineira, de divulgação • Promove e estimula a regionalização da produção cultural e
artística brasileira, com valorização de recursos humanos e
e preservação do conhecimento ancestral nascido das Minas Gerais. conteúdos locais;

A Oficina de Musicalização, realizada com instrumentos construídos • Apoia, valoriza e difunde o conjunto das manifestações culturais
regionais (congado e marujada) e seus respectivos criadores
pelos participantes, tem como base: Informar sobre os ritmos de (mestres, marujeiros e congadeiros);
origem afro-mineira, as guardas de marujos e congado; Ensinar a
• Protege as expressões culturais de grupos formadores da
executar os ritmos utilizando os instrumentos construídos; Funda- cultura afro-mineira, corresponsáveis pelo pluralismo da cultura
mentar os ritmos destacando sua origem nas guardas de congado nacional;
ou marujadas; Realizar exercícios de fixação dos ritmos, destacando • Salvaguarda a sobrevivência e o florescimento dos modos de
momentos de audição, repetição, demonstração individual, trabalhos criar, fazer e viver do povo brasileiro;
em dupla e demonstração em pequenos grupos; Realizar exercícios • Preserva os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural
e histórico brasileiro;
rítmicos, de prontidão e de atenção.
• Estimula a produção e difusão de bens culturais de valor
Nas atividades do projeto, não há distinção por classe social. Por ser universal, formadores e informadores de conhecimento, cultura
inclusivo, qualquer jovem pode participar e tem tratamento igualitário. e memória;

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• Prioriza o produto cultural originário da nossa Itabira, de Minas Pagodinho, Ivete Sangalo, Mônica Salmaso, Renato Braz | Rio
Gerais e do Brasil; de Janeiro-RJ;
• Incentiva a formação artística e cultural, mediante concessão • 49º Festival Villa-Lobos | Jardim Botânico | com Naná
de acesso gratuito a oficinas culturais, no Brasil e no Exterior, Vasconcelos e Maurício Tizumba | Rio de Janeiro-RJ;
e mantem cursos de caráter cultural ou artístico, destinados
à formação, especialização e aperfeiçoamento de pessoal da • Abertura da Bienal de Música da FUNARTE | SESC Venda
área da cultura; Nova | Belo Horizonte-MG;

• Fomenta a produção cultural e artística realizando exposições, • Abertura do Encontro Empresarial da CPLP - Comunidade
festivais, mostras, publicações, espetáculos, intercâmbios etc; dos Países de Língua Portuguesa | Beja | Portugal;

• Preserva e difunde o patrimônio artístico, cultural e histórico, • Aniversário da Funarbe - Fundação Cultural de Betim | Casa
estimulando o conhecimento dos bens e valores culturais da Cultura | Betim-MG;
tradicionais de Minas Gerais; • Bienal do Livro | Ubá-MG;
• Realização de Mostras, Festivais e eventos diversos com • Carnaval | Bloco e show com Maurício Tizumba e Grupo
acesso gratuito ou levando jovens que nunca haviam saído de Ingoma | Juiz de Fora-MG;
Minas Gerais para realizar intercâmbios, espetáculos e oficinas
em 11 viagens internacionais para Estados Unidos, Portugal, • CineIpoema – Mostras de Cinema de Ipoema | Itabira-MG;
Alemanha e Espanha.
• Concerto 50 Anos da Universidade de Brasília | Flaac – Festival
Latino-Americano de Arte e Cultura | com Orquestra Brasiliana,
Coro Sinfônico e Orquestra da UNB, Maestros Ângelo Rafael
Fonseca e David Junker, Mônica Salmaso, Mariene de Castro,
ALGUNS SHOWS HISTÓRICOS: Clube do Choro de Brasília, Mário Ulloa, Maurício Tizumba |
Teatro Nacional de Brasília-DF;
• 23º Prêmio da Música Brasileira 2012 - Homenagem a João
Bosco | Teatro Municipal do Rio de Janeiro | com Maurício • Concertos da Enrede – Rede Internacional de Municípios pela
Tizumba, Ney Matogrosso, João Bosco, Milton Nascimento, Cultura | com artistas de Cabo Verde, Argentina, Portugal,
Criolo, Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Toninho Horta, Arlindo Cruz, Brasil e Espanha | Serpa e Caminha (Portugal) | Itabira e São
Alcione, Leila Pinheiro, Zeca Baleiro, Gaby Amarantos, Zeca Gonçalo do Rio Abaixo (Brasil);
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• HackTown 2018 | Santa Rita do Sapucaí-MG;
• Homenagem a Carlos Drummond de Andrade | Praça da
Liberdade | Belo Horizonte-MG;
• Inauguração da Unifei – Universidade Federal de Itajubá |
Campus Itabira-MG;
• Inauguração do Relógio “1.000 dias para a copa de 2014” |
Palácio da Liberdade | Belo Horizonte-MG;
• Inauguração e Abertura do Parque Estadual Mata do Limoeiro
| Ipoema | Itabira-MG;
• Memorial Minas Gerais | Praça da Liberdade | Belo Horizonte-MG;
• Mostras de Cinema de São Gonçalo do Rio Abaixo | São
Gonçalo do Rio Abaixo-MG;
• Natal da Xuxa | Maracanãzinho | Rio de Janeiro-RJ;
• Pedra Que Brilha – Mostras de Cinema de Itabira | Itabira-MG;
• Praça de Cortegana | Cortegana, Espanha;

• Congresso Internacional de Arteterapia | Ouro Preto-MG; • Revezamento da Tocha Olímpica / Olímpiadas 2016 | Avenida
Mauro Ribeiro | Itabira-MG;
• Eleições do CNPC - Conselho Nacional de Política Cultural |
Centro Convenções Ulysses Guimarães | Ministério da Cultura • Rodas de Viola | Museu do Tropeiro | Ipoema | Itabira-MG;
| Brasília-DF; • Roteiro das Artes e Salão do Livro | Centro Cultural | São
• Encontros de Culturas de Serpa | Praça da República, Teatros, Gonçalo do Rio Abaixo-MG;
Praças, Freguesias | Serpa, Portugal; • Show para Milton Nascimento, alunos e professores | Escola
• FAO - Organização das Nações Unidas para alimentação e Integral de São Gonçalo do Rio Abaixo-MG;
agricultura | 8ª sessão do subcomitê de pesca e agricultura | • TEDxUnifei | Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade
show clube das Nações | Brasília-DF; | Itabira-MG;
• Feira Nacional de Artesanato | Expominas | Belo Horizonte-MG; • WIN - Workshop Itabirano de Negócios | Ativa | Itabira-MG.
• Fest Afro de Santa Maria – Quilombo do Barro Preto | Santa
Maria de Itabira-MG;
CLÉBER CAMARGO RODRIGUES (Coordenação Geral)
• Festejos do Tambor Mineiro | Belo Horizonte-MG;
• Festivais de Inverno de Itabira | Praça do Areão e Concha
Acústica | Itabira-MG;
• Festival Beja na Rua | Praça da República | Beja | Portugal;
• Festival de Cultura | São Gonçalo do Rio das Pedras-MG;
• Festival Imune Experience | Belo Horizonte-MG;
• Festival SambaSyndrom | Berlim | Alemanha;
• Festival Sambafest | Hartford | Connecticut | Estados Unidos;
• Fliminas – Festa Literária de Minas Gerais | Rio Novo-MG;
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Eu sei que você já gosta de arte, já tem sonho de ser artista, já faz
teatro e adora música... Bom você vai conhecer músicas e artistas
que nunca ouviu antes e isso vai te modificar, você vai a lugares,
eventos, festivais e países que nunca sonhou conhecer. Você vai
encontrar pessoas que mudarão sua vida pra sempre e vai encontrar
nesse projeto “Meninos de Minas” amizades que se tornarão família.

Você, como boa curiosa, vai fazer de tudo pra descobrir ao máximo
sobre as novas coisas que vai aprender. E quando você notar, sua
vida já vai estar tomada pela arte.

Você vai mudar..., mas não se desespere. Mudar é um processo natural


e o seu vai ser de dentro pra fora. Você vai acessar referências que
nunca teve, e isso vai te fazer enxergar as coisas lindas que você já
tem, mas, por algum motivo, ainda não desabrocharam. Vai mudar de
cabelo, e sim... seu cabelo é lindo. Vai mudar as roupas, as playlists,
as ideias. Vai crescer junto com essa nova família. Até seus sonhos

UMA CARTA vão se tornar maiores.

Você vai se sentar à mesa com figuras importantes e artistas


incríveis, e dividir o palco e até suas ideias com eles. Vai tocar pra
(Pra falar sobre o Meninos de Minas e minha passagem por ele é
pessoas que não sabem a sua língua e você vai se comunicar em
preciso fazer uma jornada interna, me revisitar e entender minha
línguas que ainda não conhece.
história com esse projeto. Por isso decidi escrever uma carta pra
Brenda de 13 anos, que iria começar essa jornada junto com os Vai se construir e reconstruir diversas vezes durante esse tempo, vai
meninos e meninas de minas.) formular a mulher e artista que sou hoje, a que você se tornou.

E, no fim, você vai olhar pra esse trajeto com um carinho e um orgulho
sem fim e sentir uma gratidão enorme por fazer parte dessa história.
Belo Horizonte, 02 de dezembro de 2020.
Um abraço,
Oi Brenda, aqui é você, só que em 2020 e com 25 anos.
Da Brenda de 2020, que se tornou quem é com a contribuição do
Antes que você comece com um milhão de perguntas, que eu sei
Projeto Meninos de Minas.
que você faria, eu não vou te contar nada sobre 2020, até porque
provavelmente você não acreditaria. BRENDA ALAÍS (Atriz, cantora, compositora e produtora cultural)

Eu vim só pra dizer que, em breve, você vai conhecer um projeto, de


maneira inusitada. Você vai conhecer os professores por uma coin-
cidência e no final da conversa a sua famosa curiosidade vai te levar
a perguntar: “mas que projeto é esse? como eu faço pra entrar?”.
Você vai precisar da assinatura da sua mãe, mas nem você e nem ela
20 fazem ideia de onde esse projeto vai te levar. 21
A cultura é o grande elo humano da herança que a gente recebe de
geração em geração, através de suas mais diversas manifestações.
Ninguém pode viver sem cultura. A Cultura é um pilar, é um suporte
pra vida.

Quando, há 21 anos, eu soube da ideia inicial do Projeto Meninos de


Minas e hoje vejo o que o grupo conseguiu realizar, eu fico emocionado.
Tenho ainda mais convicção de que o grupo se transformou em um
legado pra nossa Itabira e pra Minas Gerais. É um percurso muito
interessante impactado pelos tambores que remetem às nossas raízes,
resgatadas por jovens e difundidas mundo afora.

Todas as vezes que reencontro os participantes do Meninos de


Minas, eu reforço minha crença na força da oportunidade para nos-
sa juventude.

Eu desejo que mais vidas sejam transformadas com a alegria e a


força dos tambores de Minas Gerais. Continuem sempre à frente.
Amplifiquem, ampliem seus horizontes e levem nossa cultura pelo
mundo. Eu tenho certeza que a valorização da história do Meninos
de Minas é a valorização de uma de nossas mais genuínas e impor-
tantes manifestações culturais.

MARCO ANTÔNIO LAGE (Jornalista, prefeito de Itabira)


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mas também perseveraram nas transformações das procissões
UMA CARTA AO GRUPO do Rei do Congo — cerimônias de coroação para quem iria cuidar

MENINOS DE MINAS da comunidade no ano seguinte — e, finalmente, nos corações do


público de hoje que sente e responde às pulsações de suas vibrações
musicais, derramando uma lágrima pelas sensações de esperança
que emergem espontaneamente de sua alma enquanto sorriem,
Feliz Aniversário, Meninos de Minas! Nossa, como você cresceu! cantam e dançam sua música.
Através de sua música, você trouxe alegria e esperança a todos que Meninos de Minas, há tanta história e cultura envolvida nesta expressão
ouviram e sentiram a vibração de seus ritmos musicais. Esses ritmos musical, que agora você se torna portador honorário da tradição
transcenderam o teste do tempo, baseados em tradições musicais para o próximo século. Claro que não estás diretamente associado à
que se estendem por mais de um século. Estou emocionado por Associação das Congadas de Itabira, mas certamente estás a lançar
poder compartilhar um quarto de sua história, a partir do qual pude uma luz sobre esta tradição e és responsável por continuar a chamar
observar sua transformação de um jovem adolescente para um jovem a atenção para esta importante manifestação em todos os ensaios,
adulto. Por meio de nossa parceria, compartilhamos seu trabalho workshops, oficinas e espetáculos. Você carrega as memórias dos
com crianças e famílias aqui nos Estados Unidos e você trouxe uma ancestrais, que se lembram do processo de garimpar ouro nas minas,
visão e compreensão das complexidades da tradição do Congado toda vez que você sacode um patangome, e se lembra dos ferros em
Mineiro. O nosso trabalho conjunto convocou os espíritos do tempo suas pernas, quando você se amarra e dança passos com as agitadoras
e, no estado de Connecticut, conseguimos entrelaçar essências da gungas. Você está literalmente tocando, cantando e dançando suas
Diáspora Africana e da Diáspora Portuguesa. Estreamos uma missa memórias. Você incorporara isso ao seu DNA, já que é Meninos de
conga que realçou a afro-mineiridade, dançando com os espíritos Minas. O congado corre nas suas veias rítmicas. É muito importante
dos ancestrais que não só sobreviveram à travessia transatlântica, que você aprenda sobre as nuances dessa tradição, porque assim
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que um mestre se vai essa informação também desaparece. Certa o palco e viam jovens que se pareciam com eles e deu-lhes um
vez, ouvi um ditado que diz que “quando um ancião sábio morre, o modelo a seguir. Este é um dos maiores presentes que você pode
conhecimento perdido é equivalente a queimar sete bibliotecas.” oferecer aos jovens do meu bairro e país: fazer com que saibam que
é possível perseguir seus sonhos, motivando-os a buscar mais em
Quando você entrou na minha vida, em 2015, eu estava montando
suas próprias vidas.
meu “lineup” para o nosso Samba Fest anual, e meu amigo Adriano
George sugeriu que eu apresentasse esse importante projeto mu- Meninos de Minas, você me motivou a querer aprender mais. Quando
sical que estava dando oportunidades para os jovens da cidade de capturei seus sonhos e aspirações em um pequeno documentário
Itabira. Quando você chegou e eu senti seus ritmos, fui movido além em vídeo, em 2015, quis congelar aquele momento no tempo. Não
das palavras—não apenas dentro da nossa música—mas também porque eu não quisesse seguir em frente, mas para me agarrar a
durante o tempo que passamos juntos. Algumas das minhas ex- esse momento e não o deixar ir. Eu queria saber o que cada um de
periências de aprendizagens interculturais favoritas incluem assistir vocês imaginava para o seu futuro. O que aprendi é que cada um de
a 10 meninos e meninas levando meu cachorro Buddy para passear vocês está olhando para o futuro. Vocês sabiam que havia uma vida
no bairro; sentir a abertura das ruas aparentemente grandes (uma no além, uma vida depois dos Meninos de Minas, mas estavam “no
vez que a grama e uma passarela levavam à porta da frente, em momento”, estavam amando e também não queriam deixar isso pas-
oposição às paredes altas que se estendiam até a borda da pro- sar. Com o passar dos anos, fui aprendendo que os Meninos de Minas
priedade); assar marshmallows em fogo aberto; jogando futebol no têm muito a oferecer a você para o seu futuro, mas em troca, vocês
parque e aprendendo que nem todo menino no Brasil joga futebol oferecem muito a esse grupo também.
regularmente… Você encantou o público do ensino fundamental,
Em minha busca por saber mais especificamente sobre a presença
médio e universitário, cantando e dançando “Tá Caindo Fulô”, e o
do congado em Itabira, escrevi e recebi uma bolsa da Fundação
que me chamou a atenção foi que você fez uma ligação direta com
Grammy Latino (uma das três no mundo), para pesquisar as conexões
os jovens, principalmente jovens negros e latinos, que olhavam para
entre os Meninos de Minas e a Associação das Congadas de Itabira,
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que é composta por 11 guardas e mais de 300 participantes. Eu passo a passo para realizar algo que nunca havia sido feito antes
fui logo para Itabira para me encontrar com valiosos guardiões nos Estados Unidos: uma celebração da missa conga. Nosso maior
da tradição, para aprender mais e assistir algumas celebrações da obstáculo era o visto para os Estados Unidos. Os Meninos de Minas
missa conga. É muito importante conhecer o trabalho fundamental faziam viagens internacionais, mas precisavam do visto. Os membros
que a historiadora e jornalista Stael Azevedo tem feito para captar da Associação das Congadas eram outra história. Para as pessoas
as vozes e memórias dos praticantes do Congado em Itabira. Ela que não possuíam passaporte, obter documentos e permissões para
conseguiu me conectar com pessoas como Seu Francisco e Antônio viajar era uma tarefa monumental. Para ser honesto, não sei como
Beato. Meu momento favorito com o Sr. Beato é que, quando fui tivemos sucesso, mas com perseverança e convencendo as pessoas
conhecê-lo, ele não pensou muito bem de mim. Sua preocupação de que isso era algo importante e que realmente iria acontecer,
era que pessoas com grandes ideias iam e vinham, e ele não estava alcançamos nosso objetivo. Tivemos apoio da Trinity College,
muito interessado em ouvir sobre ideias quase impossíveis: viajar Prefeitura de Itabira, Nozinho Barcelos, Diário de Itabira e muitos
para os Estados Unidos para algum evento musical com o Congado. outros que compartilharam de nossa visão e sonhos.
Consegui finalmente ganhar a confiança dele, porque ao longo dos
SUCESSO!!! Passaportes, vistos, Meninos e Congadeiros no ônibus
anos voltei novamente à Itabira e a revê-lo várias vezes.
Itabira-Rio, no avião para Boston e outro ônibus para Hartford. Com
Trabalhando com Cléber Camargo Rodrigues e Tu Advir, começamos todos em Hartford, em segurança, eu me encontro novamente com
a sonhar com possibilidades maiores que a vida e, sabendo que era o padre para confirmar a missa conga, apenas para ouvir: “Não
uma loucura total, fizemos um plano para trazer o Congado Itabirano sei se estarei lá.” Às 23h da noite anterior à missa programada,
para Connecticut. Como faríamos isso? Não tínhamos dinheiro, não encontro o padre em sua casa com letras, um vídeo em DVD da
tínhamos uma organização formal, mas tínhamos uns aos outros. Com missa conga em Itabira, e mais para falar sobre como a presença
nossas experiências combinadas de olhar para a impossibilidade, dos tambores dentro da igreja não seria problema. Devo referir que
ignorá-la e fazer itens de ação concretos, traçamos um plano o sacerdote era angolano, pelo que inicialmente se interessou muito
28 29
forte em mim, porque sou africano—de Angola, e daí nasceram mui-
tas nuances culturais do Congado. A África, mãe dos espíritos do
Congo, queria dançar dentro de mim, ao som do tambor.

Quando a procissão chegou à porta da Capela para pedir permissão


para entrar, pareceu-me que não traziam uma manifestação estra-
nha; eles vieram para devolver algo meu que se perdera na floresta
da história. Enquanto dançavam e cantavam, no meu silêncio, eu di-
alogava com o meu próprio passado: “por onde andaram os espíri-
tos da minha herança?” Eles caminharam nas dobras pisoteadas da
minha essência cultural, que hoje encontro: Por que só hoje é que
encontro o Congado? Mas, como dizem, nunca é tarde!”1

Muitos de vocês sabem o resto da história. Quando o Meninos de


Minas e os Congadeiros voltaram para Itabira, alguns participantes re-
ceberam homenagens. Depois, eu entreguei um resumo do nosso tra-
balho conjunto na Câmara Municipal de Itabira, e todos as 11 Guardas
por esta oportunidade e, a seguir ao nosso encontro, concordou
da Associação das Congadas de Itabira junto com os Meninos fizeram
em continuar com a missa. Aprendi que esta era uma grande
um grande desfile pelas ruas. 300 praticantes do congado receberam
oportunidade e que a equidade e a inclusão não se enquadram
novos uniformes. Meu maior momento pessoal de orgulho foi quando
apenas na esfera da educação, mas nas estruturas institucionais, e
fui premiado com o título de Cidadão Honorário de Itabira, ação que
que barreiras coloniais são construídas para permitir que algumas
validou nosso trabalho conjunto e reconheceu sua importância.
pessoas entrem e outras fiquem fora das portas fechadas, na rua. É
aqui que percebo minha posição, como um professor universitário Grupo Meninos de Minas, você abriu portas para o futuro, permitindo
branco norte-americano, com a capacidade de advogar em nome que seus participantes ingressem na faculdade, formem-se e sigam
de pessoas que não necessariamente têm voz nessas discussões. com a vida além de e em Itabira. Seu trabalho é validado na medida
em que ajuda a compensar a dominância do vestibular. Em outras
Agora volto para vocês, os Meninos de Minas, e a Associação das
palavras, o domínio das restrições de inspiração colonial está sendo
Congadas de Itabira. Sua música toca corações e muda mentes. Isso
substituído por seus tambores e ritmos. Seus ritmos e tambores res-
ocorreu em um momento de intervenção divina, quando a procissão
soam muito mais do que as pessoas podem estar cientes. Pense nas
do Congado chegou à porta da igreja para pedir permissão para en-
palavras de Helen Keller, uma mulher norte-americana que não podia
trar. Aqui está a própria experiência do padre António Jorge Tchingui
ver ou ouvir, escreveu uma carta para a New York Symphony em 1924,
naquele momento:
quando “ouviu” uma apresentação da Nona Sinfonia de Beethoven
“A Missa do Congado foi para mim uma experiência intensa. Apesar no rádio pela primeira vez. Algumas de suas observações poderiam
de não saber quase nada sobre o Congado, aceitei a oportunidade facilmente ser usadas para descrever alguém quando experimenta
e o desafio de me abrir para o novo. Foi então que algo quase inex- pela primeira vez uma apresentação dos Meninos de Minas.
plicável aconteceu. Eu me senti como se estivesse envolvido em um
“déjà-vu”. E eu diria que parecia—como se tivesse encontrado um
passado antigo que já vivi. Tudo isso deixou um sentimento muito 1
Father Antônio Jorge Tchingui, May 2018.
30 31
“As vibrações entrelaçadas e misturadas de diferentes instrumentos em algo, você alcançará seu objetivo, porque você viu o impossível
me encantaram. Quando as vozes humanas saltaram emocionantes tornar-se possível. Você mostrou aos seus pares e aos mais velhos
com a onda de harmonia, eu as reconheci instantaneamente como que compartilha da alegria, da exuberância e da determinação da
vozes mais estáticas, subindo rapidamente e como chamas, até cultura mineira! Salve! Mal posso esperar para comemorar seus
que meu coração quase parou. As vozes das mulheres pareciam próximos aniversários, pois posso dizer com segurança, que me sinto
uma personificação de todas as vozes angelicais correndo em uma honrado de ainda ser jovem de coração, e compartilhar o espírito de
inundação harmoniosa de som bonito e inspirador. juventude, como Menino de Minas honorário!

Claro, isso não era “ouvir”, mas eu sei que os tons e harmonias Obrigado, parabéns, muito amor e axé!
transmitiam para mim estados de espírito de grande beleza e
ERIC GALM (Professor of Music and Ethnomusicology, Chair, Department
majestade. Também sinto, ou pensei ter sentido, os sons ternos da of Music, and Co-Director, Center for Caribbean Studies, Trinity College,
natureza que cantam em minhas palhetas e ventos que balançam e Hartford, Connecticut)
no murmúrio dos riachos. Nunca fiquei tão extasiada antes com uma
infinidade de vibrações de tons.

Enquanto ouvia, com escuridão e melodia, sombra e som enchendo


toda a sala, não pude deixar de lembrar que o grande compositor
que derramou tanta doçura no mundo era surdo como eu. Fiquei
maravilhado com o poder de seu espírito insaciável, pelo qual, com
sua dor, ele produziu tanta alegria para os outros — e ali me sentei,
sentindo com a mão a magnífica sinfonia que quebrou como um mar
nas praias silenciosas de sua alma.”2

Meninos, seus ritmos tocam as almas de maneiras que as pessoas nun-


ca experimentaram e, como resultado, todos querem mais! Sua visão
de trabalhar com materiais reciclados e reciclar ritmos da tradição
musical prevê uma abordagem sustentável para preservar os ritmos
do congado mineiro para o futuro. Durante uma das minhas viagens
a Itabira, eu estava apresentando nosso trabalho a alunos do ensino
médio, e um aluno perguntou: “temos mesmo essas manifestações
do congado aqui em Itabira?” Ficava bem ao lado da rua que dava
para a Igreja Nossa Senhora do Rosário. Cabe a você informar, nutrir
e sustentar essas conexões históricas com sua história e patrimônio,
independentemente de você participar ou não dessas tradições.

Meninos, Meninas e Meninxs, estou muito orgulhoso de vocês! Ainda


mal posso esperar para saber onde você está, para onde está indo
e o que fará! Você já fez tanto, você sabe que se colocar sua mente

2
The Auricle, Vol. II, No. 6, March 1924. American Foundation for the Blind, Helen Keller Archives.
32 33
34 35
O Meninos de Minas é muito importante na minha vida como um
todo, no meu processo de crescimento e de amadurecimento em
todos os aspectos, né?!

Quando entrei, eu era bem novinha, eu não tinha a consciência cul-


tural, a consciência de identidade, não tinha consciência de como
utilizar a minha voz, de como alcançar as pessoas com minha voz.
Isso tudo, o projeto me trouxe. Foram momentos muito importantes
na minha vida.

Hoje, os meus sonhos são traçados graças a forma como o Meninos


de Minas mudou a minha mente pro mundo, mesmo.

Eu persisti muito pra estar dentro do grupo. E virou um sonho, um


dos meus hobbies preferidos.

Eu faço com muito amor o que eu faço, e eu coloco o Meninos de


Minas em tudo o que eu faço, em tudo que eu me proponho a fazer
porque realmente mudou a minha forma de ver a vida, a minha forma
de viver.

IVY MARA (cantora e percussionista)

36 37
Em dez meses que já fazia parte do projeto, fizemos apresentações
MINHA HISTÓRIA em empresas, a abertura do show do artista Marcos Viana em Itabira,
aniversário da Casa de Cultura de Betim, inauguração do programa
Como cartas rascunhadas nasce este texto, porque a maioria das Escola Aberta em Betim e viajamos para Portugal para o Encontro
experiências que vivi com o projeto Meninos de Minas são difíceis de de Culturas de Serpa. Nunca nem tivemos a oportunidade de sonhar
expressar em palavras. com isso e estava acontecendo.

Ingressei em 2 de julho de 2008 e a partir daí uma mudança gigantesca Todas essas experiências me transformavam um pouquinho mais.
estava para acontecer. Era um momento da minha vida em que eu Seja ficar hospedado em um hotel, ou ir a um teatro para prestigiar
estava muito inseguro e com medos que não me deixavam nem sair de um show do Mestre Tizumba. Seja viajar de avião (é uma das coisas
casa. O início da oficina de musicalização e construção de instrumentos que eu mais amo fazer), ou tocar numa escola para uma multidão de
foi muito importante para a construção da minha autoconfiança, crianças. Seja ouvir as orientações dos professores e mestres ou ter
autoestima e da minha reaproximação do convívio coletivo. a oportunidade de ensinar o que eu aprendia.

Vi-me crescendo novamente. Estava feliz com o que fazia e aprendia Lembro-me de cada apresentação e de cada viagem. Dos puxões
ali dentro. Reconstruí conceitos, revi pré-conceitos e me alimentei de orelha e do acolhimento quando não chegávamos bem nas aulas.
de uma arte e conhecimentos que nunca me foram oferecidos antes. Lembro-me de todos os Mestres e de cada conselho que me deram
Comecei a conhecer minhas histórias e me reconhecer através delas. ao longo dessa trajetória. Isso tudo só me instigava a querer apren-
der mais. E com um olhar atento, ouvido apurado e curioso, eu fui
Tive ao longo de todos os anos vários Mestres que me impulsionaram agarrando cada oportunidade que aparecia.
e me mostraram que existiam outras possibilidades além das que
estavam ‘pré-determinadas’ para mim, por ser um jovem preto e De um aluno observador, hoje assumi a direção musical do grupo de
morador de uma comunidade periférica que sempre foi vista de uma apresentações e a função de educador musical do projeto Meninos de
38 forma muita negativa pelo alto índice de violência. 39
Minas. Tenho muito orgulho da minha trajetória, mas o que mais tenho
é GRATIDÃO. Os idealizadores do projeto, Cléber Camargo e Selma
Duarte, enxergaram um potencial em mim que muitas vezes eu não
enxergava. Acolheram-me como filho, mas sempre me permitiram
dar meus próprios passos e alçar meus voos. E assim, com eles, os
Mestres, os alunos e os familiares fui ajudando a construir essa linda
história que completou seus 21 anos.

Não é uma retórica, somos realmente uma família que se abraça, que
se cuida, que se aconselha e que estende a mão. Cada pessoa que
passou pelo projeto ajudou na minha formação e tudo que aprendi
hoje tenho a maior alegria em dividir.

E para finalizar, eu não poderia deixar de falar o nome mais importante


da minha história: Maria Aparecida de Jesus, minha mãe, que nunca
me deixou desistir e que sempre me apoiou em todos os meus sonhos.

BRUNO MESSIAS (Educador Musical, percussionista, cantor. Diretor Musical


do Projeto Meninos de Minas)

40 41
Eu fui professor do projeto Meninos de Minas. Eu tive essa alegria e a
sorte de participar desse projeto incrível. Falar um pouco do projeto
é falar um pouco da minha história como artista, como músico, como
professor. A minha história e a do projeto, em certo âmbito, se fundem
bastante.

Eu tenho uma alegria imensa de ter participado em Belo Horizonte,


em Betim e em Itabira. E a gente rodou um pouco alguns lugares fora
e dentro do Brasil também.

Lembro muito da formação, do começo assim, estes, hoje adultos,


quando eram crianças, quando chegaram no projeto. Ver a
transformação e a evolução não só artisticamente, mas em termos
de formação pessoal, social, emocional etc.

É muito importante um projeto como esse existir e ter longevidade.


O valor do resgate popular que isto traz, vindo de jovens, com aquela
energia vinda da pré-adolescência, adolescência, transmite pra muita
gente e cativa todo mundo. Eu acho importantíssimo o resgate da
cultura popular através da juventude.

E... é isso...tenho só que agradecer mesmo por tudo que eu passei aí


e espero ainda continuar fazendo algumas coisas e colaborando com
o projeto, mesmo a distância. Tudo de bom pra vocês aí! Vida longa
ao projeto Meninos de Minas.

Tchau, tchau! Valeu!

Lisboa, 26 de janeiro de 2021.

JUNINHO IBITURUNA (Baterista, percussionista, programador de áudio,


diretor e produtor musical, membro do Coletivo Altamente e educador
musical)
42
Meninos de Minas tem alma, mas uma alma que reflete muitas outras,
ele é maior que cada integrante e maior que todos ao mesmo tempo.

Por muitos anos eu trabalhei na parte administrativa e financeira, é a


área que mais contrasta com a beleza dos palcos iluminados, onde a
diversão prevalece, apoiada no talento e no trabalho. A administração
de um projeto cultural é a administração de um negócio como
outro qualquer, com um aspecto que demanda enorme atenção:
usamos recursos de parceiros, recursos públicos, que trazem uma
reponsabilidade ainda maior. É necessário ter controles, cumprir
protocolos, normas, fazer certo, parecer certo e comprovar que o uso
dos recursos é feito com total lisura. Quando o Projeto Meninos de
Minas realizou a primeira oficina, em 2001, o trabalho de elaboração
e captação já estava sendo realizado há dois anos. O trabalho
administrativo começa antes das atividades para o público, e só para
bem depois que a última lâmpada é desligada, para recomeçar de
imediato, para as próximas atividades. Lembro-me que uma vez,
O PROJETO MENINOS DE MINAS no meu aniversário, os meninos me ligaram dizendo que havia uma

TEM ALMA!! fiscalização do Conselho Tutelar no projeto e que exigiam minha


presença imediata. A mensagem foi dita em tom amedrontado e me
deixou apreensiva, pois isso nunca havia acontecido. Em 15 minutos
O Projeto Meninos de Minas chegou na minha vida como uma ideia eu estava no local, submersa em pastas e pastas. Certificado de
trazida de longe, que fez muito sentido para mim, me lembrava Registro no Conselho, Certificado de Utilidade Pública Municipal,
trabalhos voluntários que eu já realizava, mas que, da forma como relatórios e registros de presença dos alunos, autorização expressa
chegou à proposta, eu nunca havia vivenciado. A ideia foi tomando dos pais e responsáveis para a permanência dos alunos, declaração
forma, foi se concretizando, sendo construída e hoje vejo uma exitosa das escolas, e mais e mais... ufa!! Foi então que eu percebi a quantidade
história de 21 anos. Como passou rápido! Muitas pessoas passaram de registros e controles para que tudo estivesse legalizado, e estava!!
pelo projeto, muitos ficaram, muitos se foram para depois voltar, foram Felizmente! O final da história é que era uma peça que os meninos
muitos encontros e muitos reencontros. As experiências mais difíceis nos pregaram, somente para dar um susto e depois cantar parabéns,
não ficaram na minha memória, ficou e fica o que é de mais bonito. cheios de abraços, carinhos e mimos. Coisa de criança, mas é aquela
É uma história escrita por muitas vidas impactadas positivamente, alma sobre a qual eu estava falando...
por sorrisos , abraços, descobertas e muita verdade. Muito trabalho,
desafios vencidos e que trazem vontade de comemorar. Ao mesmo tempo em que era preciso a seriedade da burocracia, era
também necessária a leveza para lidar com jovens, adolescentes, seus
O Projeto Meninos de Minas me permite conviver com o que eu mais humores e seus amores. Mas também precisavam de cuidados, de zelo,
gosto: gente! O tempo todo temos que nos relacionar com pessoas, carinho e atenção, eram Meninos e Meninas! Um pouco de muito...
de todas as tribos, todas as idades, muitas nacionalidades, é uma
diversidade sem tamanho, e isso é maravilhoso. Por isso digo que o A beleza, a verdade e a alma do Meninos de Minas nos levaram
para muitos lugares, por onde passamos sempre a admiração pela
44 45
arte e pela cultura, pelo comportamento dos jovens e pela energia
maravilhosa, que reflete nossas Minas Gerais, nossa ancestralidade,
nossa história. O som dos tambores, dos patangomes e gungas ecoa
nos corações e encanta, em todos os caminhos por onde passa. A
simplicidade e a força das guardas sustenta tudo o que vem depois,
sem muito explicar, mas com muito a sentir.

Ah, é preciso falar das famílias dos Meninos de Minas: aos pais, meu
muito obrigada pela confiança, pelo apoio, pela cumplicidade. Nós,
no projeto, tínhamos que ser muito rigorosos com o comportamento,
pois era uma condição para participar que o aluno tivesse bom com-
portamento em casa, na escola e na sociedade. E os pais gostavam
disso, e eu me sentia no dever de responder a eles com o cuidado e
o zelo que eu cuidava da minha própria filha, ou ainda mais!

Hoje, meus Meninos de Minas são homens e mulheres fortes, em-


poderados, profissionais e artistas. São eles que fazem a produção
do projeto, cantam, tocam, constroem, produzem, apresentam...que
orgulho! Sempre foi um sonho que o projeto se retroalimentasse e
que os novos, recém chegados, fossem recebidos e conduzidos por
aqueles que um dia chegaram sem saber ao certo o que encontrari-
am, mas que se transformariam na melhor versão deles mesmo. Esse
Meninos de Minas, com alma, alimenta a minha!

SELMA DUARTE CRUZ (Administradora)

46 47
Ter chegado em Itabira, ter encontrado jovens imersos naquela cultura,
E É ISTO! conhecendo aquilo, vivendo com alegria aquilo, foi um negócio
que me impressionou. Acho que isso tinha que estar espalhado, a
Minha experiência com o projeto Meninos de Minas foi muito legal. Eu gente precisa de grupos que estejam construindo essa história.
fui convidado e fui sem saber exatamente o que iria encontrar. Sabia Reescrevendo essa história e colocando o congado no lugar que ele
apenas que era um projeto sociocultural que trabalhava com jovens. deveria estar, de alcance, de reconhecimento no Brasil inteiro.

Fiquei surpreso e muito feliz de estar lá. Ir à Minas, pra mim, sempre Ter chegado lá em Itabira e visto aquela força toda, me impactou
foi muito bacana. Eu tinha ido uma vez a Juiz de Fora, conheci o muito. Eu fiquei com isso e eu tenho tentado aqui e ali trazer isso para
Grupo Ingoma, conheci um pouco a história do congado, mas não é minha realidade, incorporar aos exercícios do método “O Passo”. Toda
uma realidade que eu vivo. E acho sinceramente que é uma realidade essa referência cultural que ainda não está no método, mas vai estar.
que faz falta pra gente, pros brasileiros. Assim como o samba que Conheço pouco da história do projeto Meninos de Minas, mas o que
tem ajudado a construir as nossas diferenças rítmicas. Assim como o eu vi foi um grupo muito interessado, não só em me mostrar o que
maracatu tem ajudado. eles faziam, mas também no que eu tinha pra dizer, além de tentar
Sem querer historiar muito essa construção. Eu acho que o que é aprofundar o conhecimento sobre o que eles estavam fazendo. Acho
interessante é que, hoje em dia, um percussionista ou alguém que que isso tenha me impactado mais.
esteja começando a estudar percussão no Rio de Janeiro, por A força do grupo não era só da alegria com que eles faziam aquilo,
exemplo, onde eu estou, que não conhece o maracatu, ou conhece que já era por si só uma coisa bonita de ver. Eles queriam aprofundar
muito pouco, é quase inaceitável. o conhecimento que carregavam dos ancestrais. A oficina girou em
No entanto, o congado mineiro não é uma coisa que a gente conhece, torno de algumas coisas que eu estava levando e em torno de pensar
eu mesmo poderia dizer isso, inclusive ainda há o meu esforço de o que eles estavam fazendo.
48 continuar me aproximando. 49
Vi uma abertura, uma vontade de crescer que me deixou ainda mais
feliz. Alegria de aprofundar o conhecimento não é uma postura
que eu vejo muitas vezes. Como é que eles pensavam aquilo? Como
entendiam?

Só tenho a parabenizar as pessoas que constroem esse projeto e


dizer que vou estar sempre aberto e sempre querendo fortalecer o
que me for possível. E é isso!

Beijo para todos!

LUCAS CIAVATTA (Criador e diretor geral do método O Passo. Formado


em Música pela UniRio e mestre em Educação pela UFF. Diretor do Bloco
d’O Passo, professor da PUC-Rio e da Maracatu Brasil, é coordenador de
música do Colégio Sarah Dawsey. Realizou cursos e oficinas d’O Passo na
França, Estados Unidos, Alemanha, Áustria, Chile e Uruguai)

50 51
Além de percussionista, Martiely Sena é construtora de instrumentos
musicais no projeto Meninos de Minas. Em plena pandemia, ao par-
ticipar de um grupo musical com outros componentes do projeto,
Martiely precisava reformar o próprio tambor e criou uma ‘pele’ com
fitas adesivas, com excelente sonoridade, em substituição à pele de
origem animal. A partir daí, boa parte das peles dos tambores do
grupo Meninos de Minas são da técnica criada por Martiely.

52 53
Recebi o pedido de Iany para escrever um curto texto sobre os
“Meninos de Minas”, mas escrever um pequeno texto sobre um grupo
tão especial não é tarefa fácil!

Posso afirmar que, com certeza, nunca participei de um intercâmbio


tão intenso e produtivo, tão sincero e acima de tudo tão humano.

Todas as vezes que o grupo veio a Berlim, desenvolvemos um


trabalho de intercâmbio cultural e de oficinas, principalmente com
jovens imigrantes e jovens refugiados que aqui vivem. Para mim,
foi sempre como se, simbolicamente, começássemos a (re)ligar o
mundo através dos tambores.

Os ritmos e os cantos, a levada e a dança, testemunham que dentro


de cada um de nós existe toda uma história, um passado visível e
reconhecível.

O encontro entre pessoas tão diferentes facilita o reconhecimento


da própria bagagem, da própria biblioteca, tanto individual como
cultural e até mesmo ancestral.

A tradição do tambor mineiro, da forma que os Meninos de Minas


apresentam, tem corpo único. Nesses momentos não mais enxergávamos
vários jovens atuando no palco, mas éramos capazes de entendê-los
como um único organismo, um grupo unido, de forma integral!

Essa vivência foi o maior legado, na minha opinião, e a melhor das


sementes, que o grupo deixou por aqui. Realmente um bálsamo,
nesses tempos em que todos tendem a lutar contra todos, em um
mundo cada vez mais competitivo. Ao mesmo tempo, no dia a dia
em que passamos juntos, sem nem mesmo um idioma em comum,
foi incrível a profundeza das relações estabelecidas entre todos
esses jovens.

Aos nossos jovens que aqui vivem, fica o desejo de reencontrar o


grupo Meninos de Minas, seja em seu lugar de origem, em Minas
Gerais, ou em qualquer lugar do resto do mundo. Ficamos aqui tra-
balhando para que essa esperança e este desejo se realizem!

PAULO SOMMER (Percussionista, Arte-Educador e parceiro nas oficinas,


espetáculos e gravações que o Meninos de Minas realizou em Berlim,
Alemanha, no SambaSyndrom, em diversos espaços culturais e escolas de
música, com alunos de escolas públicas e com jovens refugiados de 10 países.)
55
A INFLUÊNCIA FUNDAMENTAL
Minha trajetória no Projeto Meninos de Minas começou no ano de
2012. Interessei-me pelo projeto depois que vi uma apresentação em
minha antiga escola. Nessa época não poderia participar por causa
da idade, mas, depois de um tempo, minha mãe encontrou um folder
onde anunciavam vagas abertas para novas turmas. Assim, iniciou-se
essa jornada na qual estou até hoje.

Participei duas vezes da turma regular, na qual eram ofertadas ofici-


nas de musicalização e construção de instrumentos. Conheci amigos
que trago comigo com carinho e grande admiração.

Pude participar de diversas viagens e intercâmbios culturais. Numa


dessas viagens, tive contato com pessoas que mudaram a minha vida
em vários aspectos. Aquela experiência me incentivou na escolha da
minha profissão.

Atualmente, sou graduada em Serviço Social. A viagem que fiz para


a Alemanha, em 2016, despertou em mim um olhar especial para o
social, para o lado humano e necessário da vida.

KAROLINE MÁRCIA (percussionista)


56 57
Olá, Olá, Olá!

Sou Santoni Lobato, do Tambolelê, educador e um tanto de outras


coisas.

Estou aqui, com muita alegria, pra falar de um projeto que eu participei
do embrião dele há muuuuuiiiitooooosss anos.

Era um tempo em que a gente ainda era feliz aqui no Brasil, sabe?!

Um projeto embrião, lá em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.

Era um projeto multidisciplinar. Tinha um artista plástico, aulas de


música, construção de instrumentos e tratávamos das questões das
culturas locais, das tradições de Minas, o que era muito massa!

E quando o projeto mudou para Itabira, eu fui junto, uai.

É muito doido: a gente que é educador, a gente tem os educandos


como filhos. Naquela época, éramos os pais e mães, os pães dessa
meninada. Hoje somos os avós, né?! Porque muitos já casaram, já tem
filhos. E alguns continuam até hoje no projeto. O que é muito legal.

Em Itabira, também fiquei um tempo e inclusive fazendo intervenções


de grafite na sede onde ensaiava o Meninos de Minas - um projeto
que começou no século passado. Olha que loucura!

Eu tive a felicidade de participar do projeto por alguns anos. Tomara


que a gente possa voltar a trabalhar junto com esta nova geração.

Parabéns, Meninos de Minas!

Um beijo grande e vida longa!

Salve, salve!

SANTONI LOBATO (Músico, educador, construtor de tambores e outros in-


strumentos musicais)

58 59
Mãe de um dos alunos das oficinas de musicalização, Marcy Santos
relatou, em uma reunião, o quanto o projeto fez bem para seu filho
Pedro. Um tempo antes de entrar no projeto, sua família sofreu um
acidente de carro incluindo Pedro. Depois disso, ele se fechou muito,
começou a ser acompanhado por psicólogo e musicoterapeuta.
Pedro, no início das oficinas, era uma criança de pouca conversa,
muito tímido e sempre com a cabeça baixa. A convivência com
outras crianças e a relação afetiva e descontraída, durante as aulas,
foi dando a Pedro uma nova postura e ajudando a construir outras
relações dentro do grupo. Depois da formatura de Pedro no projeto,
Marcy relatou que no dia da apresentação de seu filho ela ficou muito
emocionada ao ver um sorriso estampado no rosto dele. Depois que
entrou no projeto, Pedro foi liberado do acompanhamento com o
psicólogo.

60 61
Minha história no projeto “Meninos de Minas” teve início no ano de
2011. À época, eu era adolescente e minha mãe sempre se preocupou
que eu participasse de atividades produtivas, para evitar que me
desencaminhasse e trilhasse rumos diferentes daquilo que sonhava
para mim. Confesso que, embora nunca tivesse exatamente o
controle de minha coordenação motora (risos), fiquei extremamente
empolgada porque sempre fui amante da música e da história, então
vi a oportunidade perfeita de unir os dois amores.

Hoje, ao relembrar os anos gloriosos em que estive no projeto, não


tenho dúvidas de como o Menino de Minas contribuiu para a formação
do meu caráter e para me tornar uma pessoa melhor, com desejo
de retribuir ao universo todas as coisas maravilhosas que me foram
propiciadas. Muito mais que ritmos e percussão, aprendi a respeitar
o ser humano, as suas vivências e a entender que por trás de cada
rosto há uma história única, ímpar. Pude ampliar minha visão para
as inúmeras e encantadoras manifestações culturais, especialmente
relacionadas à cultura afro, observando quanta beleza e quanta força
carregavam, como ultrapassaram gerações e gerações sem perder
sua essência.

Sinto-me muito confortável para dizer que somente após a experiência


do projeto passei a me policiar para evitar pré-julgamentos, a raiz de
todo preconceito. Tive a honra de aprender com verdadeiros mestres,
e as oportunidades e ensinamentos foram tantos que não poderiam
ser sintetizados. O sentimento que me inunda é de gratidão e de
saudades, além do orgulho de ter levado a cultura mineira a todos os
lugares que fui.

SILMARA LIMA (Advogada, percussionista)

62
A SEDE DE UM CORAÇÃO
AGRADECIDO
onde há sol, sonhos
onde há fome, gente com vontade de plantar e colher
onde há sede, gente com desejo e água
pra louvar a calma
pra lavar a alma
pra saciar a palavra
pra pousar o olhar
pra ousar
pra viver
pra ser
pra vir a ser.

movidos por sonhos e sinas


uma gente itabirana
uma alegria
uma caminhada
um céu que há em tudo
e em mais nada...

CLÉBER CAMARGO RODRIGUES (Coordenação Geral)


64 65
Minas são infinitas, algumas invisíveis, outras escancaradas como
SEMENTES & SONHOS sóis iluminando nossas janelas e nossas caminhadas! O projeto deu
oportunidade e, ao mesmo tempo, ludicidade para mais 3500 alunos,
Sonhos movem moinhos e transformam pessoas! Eu poderia resumir
de 7 a 70 anos, isso é mágico!
o Meninos de Minas com essa frase, pois vejo o sonho como o
embrião mais forte do projeto, um sonho que começou com o Cléber Hoje, um braço muito importante no projeto, que é o Grupo de
e depois encontrou parceiros e se tornou sonho de tanta gente. Apresentação, se consolida como um grupo que toca a alma das
Tantas pessoas cresceram com esse projeto, assim como eu. Tantas pessoas por onde passa e faz música de verdade. Continuaremos
histórias nasceram aqui, tantos novos sonhos foram plantados e se trabalhando para essa história chegar cada vez mais longe, voar cada
transformaram em novos sonhos ao redor do mundo. vez mais alto, tocar em todas as casas desse mundão, passear por
todas as telas e plataformas, plantando esperança, alegria, emoção e
O poder do Meninos de Minas enquanto agente de transformação
tambor para aquecer os corações.
de indivíduos e ferramenta de arte, afeto e educação é gigante! Na
minha trajetória no projeto, vi olhares tímidos se transformarem em Um mundo de possibilidades na nota de cada canção e no brilho de
olhares empoderados, repletos de vida. Desde quando era monitora cada olhar! Gratidão, Meninos de Minas!!!
das oficinas de percussão, quando fazia produção ou hoje como
diretora de comunicação.
MAÍRA BALDAIA (Diretora de Comunicação e Planejamento Estratégico,
Cantora, Atriz, Compositora, Modelo)
A arte transforma e acolhe. Nossa ancestralidade afro-mineira
transforma e ampara. As sementes plantadas pelo Meninos de
66 67
todo dia.” Então, quero dizer... eram 18km e, nesse período em que
CADA UM PASSA PRA FRENTE eu fiquei dando aula lá, os meus meninos também ficaram ganhando
lanche, as minhas crianças da Lapinha, ganharam lanche. Então, é um
Eu vi realmente esse grupo Meninos de Minas nascer. A primeira vez trabalho que a gente faz também, pensando mais no social, até mais
que eu tive com ele foi em Pedro Leopoldo, lá nos anos 2000. Eu do que transformar os meninos em artistas. É um trabalho que a gente
estava lá para dar aula para aqueles meninos numa condição muito faz, para que a gente possa fazer uma transformação nas pessoas,
interessante que é a seguinte: eu dava aula também para uns outros buscando mesmo que elas possam tomar posições interessantes na
meninos na Lapinha, em Lagoa Santa, que ficava a uns 18km de vida delas, mas isso através da arte. Até mesmo porque a gente não
distância de onde tinha o projeto Meninos de Minas. Eu dava aula pode se iludir... Quando você pega aí um grupo de 50 meninos, não
pros meninos na Lapinha, mas na Lapinha a gente não tinha apoio, vai transformar todos em 50 artistas. Aí, é muita pretensão da gente
a gente não tinha nada. E aí, de repente, me chamaram pra dar aula pensar nisso. Então, quem, de repente, se identificar como artista, vai
pros meninos lá no bairro da Lua, em Pedro Leopoldo. se tornar artista. Ou vai pegar a arte e ser um amador, tocando para a
própria vida e vai ser feliz. Eu penso na arte assim. Porque tem uns que
Estava indo em Pedro Leopoldo e eu não tinha nada pra dar pra esses são escolhidos pra ser artista e outros não, mas a arte, seja ela qual for,
meninos da Lapinha, e em Pedro Leopoldo os meninos tinham lanche, de pintura, dança, arquitetura, escultura, desenho, seja ela qual for, se
os meninos tinha isso, aquilo outro e tal... Aí eu falei assim: ”Poxa, os ela entra na vida da pessoa, não necessariamente ela tem que ser um
meninos lá têm lanche e os meus meninos aqui não têm nada!” Aí eu falei profissional, mas tem que ser um amante da arte! E a arte entra na
com a produção em Pedro Leopoldo: “Tá bom! Eu dou aula procês, mas vida da gente e nos faz pessoas mais felizes, né?
68 fica combinado de trazer lanche aqui pros meus meninos da Lapinha, 69
de poder dar aula para os meninos novos e mostrar pra eles que
nesse trabalho, nessa música, nessa forma de tocar, nesse tambor,
nesse patangome, nessa gunga tinha alguma coisa interessante e
importante, que a gente tinha que vestir aquela roupa, a gente tinha
que cantar aquilo o tempo todo, a gente tinha que falar dessa história
o tempo todo, como uma história de valor. E que isso eu sempre fiz
o tempo todo, né?! Porque o tambor mineiro, essa coisa que vem do
congado, sempre teve muito valor.

Então, quando eu vejo os Meninos de Minas, por exemplo, que sempre


tocaram maravilhosamente bem, com uma pegada. Sempre me
encantou a forma de tocar. Isso me dá um orgulho. E de vez em quando
eu (re)encontro com um, com outro. E hoje, a gente tem o Bruno, que
veio da galera de Betim, que ficou com a gente. Hoje a gente tem
outros meninos que tão fazendo outras coisas. A Brenda, por exemplo,
que era da mesma turma de Betim, hoje ela trabalha com produção,
Então, em todo esse período em que eu trabalhei com o Meninos de formou em teatro, entrou na universidade para fazer teatro.
Minas em Pedro Leopoldo e quando eu começo a trabalhar com eles
Nasci artista, nasci candomblecista e nasci congadeiro, então
em Betim, a gente foi tomando outro rumo, a gente foi avançando umas
tudo isso tá comigo. Se eu rezo, eu rezo as coisas do congado e
etapas e a gente foi seguindo, foi aumentando, foi vencendo, né? Ali
do candomblé; se eu danço, eu danço as coisas do congado e do
com o Cleber Camargo e a Selma, capitaneando essa história, a gente
candomblé; e se eu como, eu também como essas coisas.... Essa é a
viu que a coisa, como começou em Pedro Leopoldo, acompanhei em
cultura na qual eu sempre estou colado, sempre próximo dos meus.
Betim e cheguei até Itabira, ela cresceu muito e se fortaleceu. Esse
trabalho social e de arte ao mesmo tempo. Um trabalho cultural que, Deixa eu passar as coisas que eu aprendi pra frente! Porque quanto
de repente ,você tinha que pegar meninos de 13, 14 anos e mostrar mais as coisas que eu passar pra frente andarem, mais vão falar de
pra eles uma cultura gutural. Quando eu falo gutural é pela forma de mim, de nós, e me ver assim como eu sou! É interessante a gente ver
cantar, pela forma de tocar, uma cultura popular e num período em que com esta arte a gente pode criar muita coisa, né?!
que a meninada estava muito ligada ao rádio, à televisão.
Eu fico sempre muito orgulhoso e honrado de estar falando dos
Então, a gente tinha que desmanchar algo e colocar uma outra coisa meninos, com os meninos, e contando a história dos Meninos de Minas.
para que eles pudessem curtir e entender o que era esta coisa do
tambor mineiro. Até mesmo porque o tambor mineiro em si, ele é
MAURÍCIO TIZUMBA (Instrumentista, cantor, compositor, ator e
uma coisa que está começando ainda na nossa cultura fora das festas empreendedor cultural brasileiro. Um dos mais populares artistas de Minas
de reinado, fora das festas de congado. O tambor mineiro ainda é Gerais, criador do Tambor Mineiro, grupo de percussão e escola rítmica,
com influência do congado mineiro. É um dos mestres do grupo Meninos
uma coisa muito nova, que o difere dos tambores de samba, dos de Minas).
tambores de maracatu. Porque esses aí já estão na cultura popular
brasileira, na música brasileira, há muito tempo. Então, o tambor
mineiro surge num tempo bem depois, assim... E com essa coisa
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AGRADECIMENTOS
Ana Laura e Maíra Baldaia | Família Camargo (Dona Marly, Seu Sebastião, Arthur,
Jobb, Nilson e Kátia) | João Rocha | Maurício Tizumba | Bruno Messias | Marco
Antônio Lage | Cemig, Cledorvino Belini, Reynaldo Passanezi, Roberto Bastianetto,
Christie Bomfim Meira Cunha, Elieser Francisco Correa, Tais Scaff Rocha, Carina
Bismarck, Carlos Henrique Mendes Santiago, Lurdenilde Almeida (Lu) | Rogério
Flausino | Raquell Guimarães | Renata do Carmo | Selma Duarte | Alexandre
Gomes | Beb Any | Caíque de Souza| Daniel Santos | Fabrício Gomes | Florency
Barbosa | Isabelly Vaz | Iany Maia | Ivy Mara | João Pedro Monteiro | Karlos
Eduardo | Karoline Márcia | Paolla Pity | Suellen Rodrigues | Tainara Mariano
| Tiely Sena | Mestres, alunos, familiares, amigos, parceiros, apoiadores e todos
a vida parece prece quando aparece sem pressa que participaram do Projeto e do Grupo Meninos de Minas em diversas cidades
premissas básicas, diria o visionário com o dicionário aberto na no Brasil e no exterior | Delson Vital | Afonso Borges | Mãe Aparecida de Iansã
décima oitava página em branco. e Alessandra Martins | Amorina | Octávio Cardozzo | Jardel Rodrim | Rafael e
a vidraça permanece amarrotada. Mônica (Belmira) | Cristina Oliveira | André Colombo | Annabella Porta | Ana
tudo que cisma, ainda arde, tem alma nua, quer chover. Castilla | Batista | Malu Aires | Brenda Alaís | Silvâna Sá | Rita Moreira | Danuza
sem avisos, sem pedir licenças, sem medir nada Menezes | Débora Tersália | Gringo Cardia | Marcos Alcântara | Marcos Senna
as asas não mais permanecem guardadas em alguma caixa de | Angélica | Adriano Jorge | Alexandra Almeida | Átila Lemos | Vander Lee, in
sapatos do passado. memoriam | Ângelo Oswaldo de Araújo Santos | Damon de Sena | Edilson Lopes
pros dias que se foram e pros dias que virão, as armas da alegria | Eric Galm e Família | Fabíola Gabriel | Fernando Baletas | Tomé Pires, Odete
são os tambores mineiros tocados do lado esquerdo do peito Borralho, Tó Jaime, Sara Romão, Palmira Guerreiro e demais amigos da Câmara
são os pantagomes no ar e nas mãos Municipal de Serpa | Tu Advir | Túlio Torres | Vilmar Fistarol | Sara Maria |
são as gungas nos pés demarcando o chão Carlinhos Ferreira | Juninho Ibituruna | André Taques | Cláudia Alcântara |
são as vozes e os ouvidos conectados em sentidos com as antenas Sérgio Pererê | Jaime Alem | Nair Cândia | Saldanha Rolim | Fernando Carneiro
de ir além, com as raízes de buscar o ontem e com a ancestralidade | Flávio Monteze | Gustavo Milânio | Hugo Baletas | Isabel Stevens | Joachim
que inspira, intui, protege, conduz Litty | João Izael | Joaquim Olímpio, Cristina de Fátima e componentes da Banda
são a sede de acolher e os sonhos de espalhar sementes. Euterpe Itabirana | Júlio Yamacita | Lídia Saragaço | Heitor Bragança | Juber
wnum balaio, dormem medos e parte das certezas sem sinais. Madeira | Roberto Meokaren | Lúcio Oliveira | Luiz Muller | Marquinhos Markus
azuis, permanecem o céu e as flores perfumadas não colhidas em Nichelmann | Eliana Antônio | Miriam Blonski | Newton Baiandeira, in memoriam
tempo de promessas. | Nozinho Barcelos | Santoni Lobato | Paulo Sommer | Roberta Matias | Rodrigo
a vista do alto das montanhas de Minas Gerais, avista o por vir, a Chaves | Rosângela e Antônio Beato | Silvino Fernandes, in memoriam | Yves
possibilidade de abraçar oportunidades. Quaglia | Fernando Sardo | Lucas Ciavatta | Ana Luiza Veloso | Mônica Juliana
a vida, a vida segue olhando na fresta do mundo pra ver como é | Stael Azevedo | Liliene Dante | Vini Brown | Guilherme Bergamini | Roneijober
mesmo essa coisa mineira de fazer a festa, o festejo, a festança, a Andrade | Teotônio Roque | Simão Kursseldorff | Tânia Couto | Maria Moreira |
celebração de mais um dia de tocar tambor pela vida afora... Vera Pereira | Miceli Productions | Paloma Nunes | Andy Hart.
CLÉBER CAMARGO RODRIGUES (Coordenação Geral)
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FICHA TÉCNICA E-BOOK FICHA TÉCNICA PROJETO MENINOS DE MINAS 2020/2021

Coordenação, Organização e Textos E-book – Cléber Camargo Rodrigues Grupo de Apresentações Meninos de Minas – Alexandre Gomes, Beb Any,
Assistentes de Pesquisa e Desenvolvimento E-Book – Iany Maia, Sara Bruno Messias, Caíque de Souza, Daniel Santos, Fabrício Gomes, Florency
Cabral, Suellen Rodrigues Barbosa, Isabelly Vaz, Iany Maia, Ivy Mara, João Pedro Monteiro, Karlos
Capa e Projeto gráfico – Octavio Cardozzo | Peleja Lab Eduardo, Karoline Márcia, Paolla Pity, Suellen Rodrigues, Tainara Mariano,
Tiely Sena.
Diagramação – Ana Claudia Dias Rufino

Coordenação Geral e Produção – Cléber Camargo Rodrigues


FOTOGRAFIAS
Produção – Delson Vital
Vini Brown Capa, 18, 19, 50a, 50b, 50c, 51, 61b, 64, 65, 66, 68, 70 Assistente de Produção – João Pedro Monteiro e Tainara Mariano
Simão Kursseldorff 10, 11, 12, 13, 14, 16, 22, 23, 24, 25, 28, 31, 41a, 41b, 42, Preparação de Grupo, Direção musical e Ensaios – Bruno Messias
44, 49, 52a, 52b, 58, 59, 60, 62, 65, 66, 67
Monitoria – Sara Cabral
Guilherme Bergamini 36, 37, 38, 39
Fonoaudióloga – Florency Barbosa
Roneijober Andrade 20, 21
Apresentação Tambor de Prosa – Paolla Pity
Teotônio Roque 45a, 45b, 46, 48
Assessoria Administrativa – Selma Duarte
Ângelo Abreu 15
Direção de Comunicação e Planejamento Estratégico – Maíra Baldaia
Andy Hart/Miceli Productions/Sambafest 26, 27, 35, 56a, 56b
Assistente de Comunicação e Mestre de Cerimônias – Vini Brown
Daniel Alves 45b
Social Media e Planejamento Estratégico de Redes Sociais – Amorina
Paloma Nunes 47
Marketing Digital – Jardel Rodrim
Stael Azevedo 37, 54, 55a, 55b, 63
Designer gráfico – Octávio Cardozzo | Peleja Lab
Maria Moreira 51, 61a
Assessoria de Imprensa – Belmira Comunicação

Desenvolvimento Site – Vini Brown e Maíra Baldaia


Elvira Matilde Criação e arte: página 6, 7

Sônia Oliveira Arte final: páginas 5, 8

Santoni Lobato Grafite: página 4

Eduardo Martins Logomarca Meninos de Minas

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LINKS MENINOS DE MINAS

SITE OFICIAL https://meninosdeminas.wordpress.com

INSTAGRAM @meninosdeminasoficial

FACEBOOK @meninosdeminasoficial

YOUTUBE youtube.com/meninosdeminas

TWITTER @meninosminas

WHATSAPP 00 55 31 98834-1453

E-MAIL: meninosminas@gmail.com | projetomeninosdeminas@gmail.com

NAS PLATAFORMAS DE STREAMING meninosdeminas

CONTATOS: Cléber Camargo Rodrigues | clebercr8@hotmail.com

Itabira | Minas Gerais | Brasil | 2021

O projeto Meninos de Minas é viabilizado por meio da Lei Federal de


Incentivo à Cultura, com patrocínio da CEMIG, Secretaria de Cultura e
Turismo, Governo de Minas Gerais, Secretaria Especial da Cultura, Ministério
do Turismo, Governo Federal.

© 2021

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