Nislaine Mafé

Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico.

Saneamento Ambiental - UENP

Atividade avaliativa 2
O que aludida medida provisória representou para o marco legal do
Saneamento Básico?

A medida provisória 844/2018 visa atualizar o marco legal do saneamento básico

e altera a Lei n°9.984/2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas (ANA),
competência para editar normas de referência nacional sobre o serviço de saneamento, a
Lei n°10.768/03, para alterar as atribuições do cargo de especialista em Recursos
Hídricos, e a Lei n°11.445/2007, para aprimorar as condições estruturais do saneamento
básico no país. A MP foi aprovada na comissão mista encarregada de analisar o texto,
mas faltava a análise pelos Plenários da Câmara dos Deputados e Senado, o que levou a
perda da vigência. A medida é uma proposição do governo federal na tentativa de criar
condições para atrair investimento de capitais privados em conjunto com o setor
público, a fim de, viabilizar a universalização do saneamento até 2033.
Uma das propostas contidas na MP é a elevação da competência da ANA para
editar normas a nível federal para regulação da prestação dos serviços públicos de
saneamento em detrimento da autonomia das agências reguladoras, a partir dessa
decisão, a ANA poderá formular diretrizes que deverão ser adoradas pelos estados e
municípios. Essa medida apresenta um conflito com a constituição federal, que prevê
que a responsabilidade pelo saneamento é dos municípios, e não da união. Assim, se
aprovada pelo congresso nacional, a medida pode ser contestada como uma Ação Direta
de Inconstitucionalidade (ADI) pelos estados, municípios, e outras instâncias que se
considerarem prejudicados. De acordo com MP, a ANA operará como agência setorial
sendo responsável por autorizar o repasse dos recursos da união destinados ao
saneamento.
Também traz a possibilidade de subdelegação nas situações em que a prestação
dos serviços ocorrer por meio de contrato de programa, o contratado poderá subdelegar,
total ou parcialmente o objeto do contrato, medida que exclui a democracia participativa
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Saneamento Ambiental - UENP

representada pelas Câmaras de Vereadores, dando poder absoluto ao chefe do executivo

para decidir a subdelegação dos serviços de saneamento básico.
A consulta pública obrigatória por parte dos municípios por ocasião da
renovação dos contratos com as companhias estaduais de saneamento é outra medida
polêmica, pois determina que o município, titular da concessão, abra licitação para
selecionar a quem conceder o serviço à companhia estadual de saneamento ou a
companhia privada.
Os contratos atuais entre município e empresa pública são, muitas vezes,
renovados automaticamente sem que haja revisão de metas. A diferença do novo modelo
é que a MP disponibiliza meios para que os concorrentes (público e privado) partam
para a concorrência em igualdade de condições. Na contramão aos investimentos, vem o
interesse social, este último tende a ser esquecido pela iniciativa privada, pois a
tendência de privilegiar apenas os municípios mais prósperos deixando para as estatais
os menores e menos rentáveis quebrando a lógica do subsídio cruzado.
As alterações por meio da MP fere a democracia, qualquer modificação da
legislação somente deve ser promovida por meio de projeto de lei, previamente
antecedido pro debates públicos com ampla participação da sociedade e de todos os
interessados no tema.
O saneamento básico é uma atividade indispensável para saúde da população e
acarreta a coesão social, sendo que a lógica privada nem sempre se encaixa
perfeitamente nesse contexto.

Fontes pesquisadas

Disponível em:<https://www12.senado.leg.br/noticias/materiais/2018/11/21/mp-do-
saneamento-basico-perde-vigencia> Acesso em: 10/02/2019.
Disponível em:<https://jornal.usp.br/atualidades/mudancas-na-lei-de-saneamento-
precisam-ser-discutidas/> Acesso em:12/02/2019.
Os impactos da alteração da lei 11.445/2007 que regula a água e o saneamento no país.
Dossiê sobre a MP n°844/2018 Disponível em:<www.fnucut.org.br/uploads/2018/08>
Acesso em>12/02/2019.