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Palavras-chave
https://orcid.org/0000-0002-7042-9780
Alinhadores. Estagiamento. Alinhamento.
1. Mestre e Doutor em Ortodontia, Universidade Estadual Paulista, Faculdade Como citar: Martins RP. Rotations with aligners: Strategies from fixed mechanics.
de Odontologia de Araraquara (Araraquara/SP, Brasil).
Clin Orthod. 2022 Oct-Nov;21(5):60-5.
2. Pós-doutor em Ortodontia, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Odontologia de Araraquara (Araraquara/SP, Brasil).
Enviado em: 05/09/2022 - Revisado e aceito: 20/10/2022
3. Doutorado Sanduíche, Texas A&M University, Baylor College of Dentistry
(Dallas, EUA). DOI: https://doi.org/10.14436/2675-486X.21.5.060-065.bio
Quando corrigimos rotações com aparelhos lução do tratamento, em arcos mais rígidos.
fixos, um arco ortodôntico resiliente (como os Independentemente de quando ou de como
em liga de níquel-titânio) normalmente cria esses espaços são fechados, ocorre um movi-
os espaços (Fig. 1) necessários para a correção mento de “vai-e-vem” com os dentes, também
das rotações1,2. O travamento elástico do fio, conhecido como round-tripping — que é uma
causado pelo atrito com os braquetes, empur- intercorrência corriqueira na Ortodontia, que
ra os dentes rotacionados, modificando espa- acontece por mais que se tente evitá-la.
cialmente os centros de rotação do movimen-
to. A mecânica de fio contínuo, utilizada pela Quando não há travamento do arco ortodônti-
maioria esmagadora dos ortodontistas para o co e não há expansão junto com a correção das
alinhamento, produz mudanças dinâmicas no rotações, a eficácia do aparelho fixo fica preju-
sistema de forças, em função das alterações na dicada no alinhamento. Assim, normalmente,
geometria, em conjunto com os travamentos utilizamos algum tipo de mecânica adicional,
elásticos, que abrem espaços entre os dentes1,3. como binários ou momentos de força, para
Essas mudanças, na grande maioria das vezes, conseguir realizar as correções. Isso ocorre
são alheias à vontade do ortodontista e passam quando não se consegue gerar deflexões sufi-
despercebidas. Como atendemos os pacientes cientes nos fios, devido à posição dos dentes, ao
a cada 30 dias ou mais, esses espaços podem tipo dos braquetes ou quando se executa a tro-
se fechar espontaneamente. Mas, caso isso não ca dos arcos por outros mais rígidos antes do
ocorra, eles podem ser fechados com a evo- momento adequado (Fig. 2).
A. B.
Figura 1: A) Arco de alinhamento instalado para alinhar os dentes que necessitam de rotações. B) Dentes alinhados.
Deve-se notar a vestibularização e o ganho de perímetro da arcada, necessários para o alinhamento.
Podemos, então, imaginar como essas situações Tal qual ocorre quando usamos aparelhos fixos
se comparam com o alinhamento com alinha- no alinhamento, podemos causar um round-trip-
dores. Já sabemos, por experiência clínica, que ping no alinhamento desses dentes rotaciona-
rotações stand-alone são menos previsíveis do dos, através de uma modificação no estagiamen-
que rotações sinérgicas4 (Fig. 3 e 4). Isso se deve to dos alinhadores na movimentação. Isso não só
ao fato de que o plástico do alinhador se deflete pode gerar o espaço necessário para a correção,
muito para ser encaixado nos dentes fora de po- mas também tem o poder de mudar o centro de
sição e porque, na maioria das situações em que rotação espacialmente da proximidade do centro
precisamos corrigir rotações, é necessário um au- de resistência. Por exemplo, ao vestibularizar um
mento no perímetro da arcada. Em um setup para incisivo durante parte da correção de sua rota-
alinhadores, quando movimentamos um dente ção, permitindo que ele retorne para lingual,
no sentido vestibulolingual (e, em alguns casos, terminando sua correção de rotação, tornamos o
no sentido mesiodistal) junto com a rotação, para movimento mais previsível do que se a correção
colocá-lo na posição desejada, automaticamente se desse ao redor do seu centro de resistência
produziremos uma rotação sinérgica. O uso de (Fig. 5). É claro, que, para isso, precisamos obser-
alinhadores produzidos a partir desse movimen- var se não ocorrerão colisões — tanto intra-arca-
to composto, sem estagiamento, tenderá a causar das quanto interarcadas —, bem como analisar
uma movimentação na qual o centro de rotação criteriosamente se esse movimento de vai-e-vem
não estará coincidente com o centro de resistên- pode ocorrer. A falha em transformar movimen-
cia. Sabemos que, nesses casos, os dentes costu- tos de rotação stand-alone em sinérgicos pode
mam responder melhor à correção da rotação. fazer com que sejam necessárias mecânicas adi-
cionais para a correção, como, por exemplo, com
Nas situações em que a correção da rotação que botões e elásticos. Muitas vezes, essa pode ser a
desejamos com alinhadores é ao redor do seu causa da falta de eficácia em correções de rota-
centro de resistência, isto é, stand-alone, pode- ções que levam a refinamentos excessivos ou em
mos transformar esse movimento em sinérgico. número demasiado de alinhadores.
A. B.
Figura 3: A) Ao centro, dente no qual uma rotação stand-alone está planejada. O círculo amarelo determina a estimativa
do centro de resistência. B) Movimento estimado de rotação stand-alone. O sistema de forças estimado para executar tal
movimento é um momento (não demonstrado na imagem) advindo de um binário estimado (setas azuis). Observa-se que
o centro de resistência (amarelo) coincide com o centro de rotação.
A. B.
Figura 4: A) Ao centro, dente no qual uma rotação sinérgica está planejada. O círculo em amarelo determina a estimativa
do centro de resistência. B) Movimento de rotação sinérgica estimada. O sistema de forças estimado para executar tal
movimento é um momento (não demonstrado na imagem) advindo de uma força estimada resultante de todas as forças
agindo no sistema (seta azul). Observa-se que, nesse exemplo, o centro de rotação fica deslocado para mesial.
A. B. C.
Figura 5: A) Setup inicial de um paciente. B) Estágio no qual parte das rotações foram corrigidas, também com vestibulari-
zação dos dentes. C) Término da correção, com os dentes lingualizados e as rotações totalmente corrigidas.
REFERÊNCIAS
1. Martins RP. Quando que o atrito é bom na Ortodontia? Rev Clin Ortod
Dental Press 2014;13:38-43.
2. Martins R. Precisamos de “stops” durante o alinhamento? Rev Clín Ortod
Dental Press. 2019;18:40-47.
3. Martins RP. Por que espaços se abrem durante o alinhamento e
nivelamento inicial? Rev Clín Ortod Dental Press 2018;17:30-31.
4. Martins RP, Silva Junior RS. Classes de movimentos durante
o estagiamento de alinhadores. Rev Clín Ortod Dental Press
2019;18:38-44.