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APOSTILA

SALVAMENTO EM
ALTURA I
CFO
CBMMT

2023

1
Sumário
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4
2. TERMINOLOGIAS ............................................................................................. 5
3. PRINCÍPIOS DO RESGATE VERTICAL ........................................................... 6
3.1 SEGURANÇA ........................................................................................... 6
3.2 REDUNDÂNCIA ........................................................................................... 7
3.3 REVISÃO .................................................................................................. 7
3.4 SIMPLICIDADE ......................................................................................... 7
3.5 AGILIDADE ............................................................................................... 7
3.6 ESTAR PREPARADO PARA O AUTO-RESGATE ....................................... 7
3.7 TRABALHO EM EQUIPE.............................................................................. 8
4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL................................................. 8
4.1 KIT BÁSICO DE EPI PARA TRABALHO EM ALTURA ............................. 8
5 – ELEMENTOS TÊXTEIS ................................................................................ 10
5.1 – CORDAS OU CABOS .......................................................................... 10
5.1.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AS FIBRAS ............................................. 11
5.1.2 QUANTO À CONSTRUÇÃO ................................................................ 11
5.1.3 – QUANTO À ELASTICIDADE ............................................................. 12
5.1.2 - CUIDADOS COM A CORDA ............................................................. 13
5.2 - CORDELETES ...................................................................................... 14
5.3 – FITAS TUBULARES............................................................................. 14
6 – ELEMENTOS RÍGIDOS ................................................................................ 14
6.1 – CONETORES .......................................................................................... 14
6.2 – DESCENSORES ..................................................................................... 19
6.3 BLOCANTES MECÂNICOS ........................................................................... 20
6.4 – POLIAS .................................................................................................... 20
6.5 PLACA DE ANCORAGEM.......................................................................... 20
6.6 – TRIÂNGULO DE RESGATE .................................................................... 21
6.7 - MACAS .................................................................................................... 21
7- CERTIFICAÇÕES ............................................................................................ 22
7.1 – FLUXOGRAMA DA CERTIFICAÇÃO................................................... 22
7.2 – RECONHECENDO A CERTIFICAÇÃO NOS EQUIPAMENTOS ......... 23
8 – CONCEITOS IMPORTANTES PARA A SEGURANÇA ................................ 24
8.1 - FORÇA DE CHOQUE .............................................................................. 24
8.2 - FATOR DE QUEDA .................................................................................. 26
8.3 – ABSORVEDOR DE ENERGIA ............................................................. 29
8.4 - SÍNDROME DA SUSPENSÃO INERTE ............................................... 30
8.5 - TÉCNICAS DE PROGRESSÃO ........................................................... 30

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8.5.1 – PROGRESSÃO DE VIA HORIZONTAL (LINHA DE VIDA) ............... 30
8.5.2 - PROGRESSÃO VERTICAL ............................................................... 31
8.6 - FAZENDO A SEGURANÇA DE UMA PESSOA ................................... 32
8.7 - REGRA DOS QUATRO OLHOS .............................................................. 33
9 - NÓS E AMARRAÇÕES ................................................................................. 33
10 - ANCORAGENS ............................................................................................. 34
10.1 - Ancoragem à prova de bomba .............................................................. 35
10.2 - Equalização ............................................................................................ 35
10.3 – BACK-UP ............................................................................................... 36
10.4 – IMPROVISAÇÕES ................................................................................. 36
11 - SISTEMAS DE VANTAGEM MECÂNICA ..................................................... 38
11.1 – SISTEMA EXTENDIDO .................................................................... 40
11.2 – SISTEMA REDUZIDO....................................................................... 40
11.3 SISTEMA INDEPENDENTE ................................................................ 41
11.4 – SISTEMA COMBINADO ................................................................... 41
11.5 – SISTEMA DE CAPTURA DE PROGRESSO ......................................... 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 46

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1. INTRODUÇÃO

A atividade de salvamento em altura é uma das principais responsabilidades


dos Corpos de Bombeiros ao redor do mundo. A capacidade de resgatar indivíduos
em situações de risco em grandes alturas exige treinamento especializado e
equipamentos adequados. Neste ensaio, discutiremos a importância do
salvamento em altura para os Corpos de Bombeiros, analisando as principais
técnicas e desafios envolvidos nessa atividade.
Os Corpos de Bombeiros são instituições vitais em qualquer sociedade,
atuando na prevenção e combate a incêndios, resgates e atendimento pré-
hospitalar. Dentro dessas áreas de atuação, o salvamento em altura desempenha
um papel fundamental na preservação da vida humana. Esse tipo de resgate é
especializado e requer conhecimentos técnicos específicos, demandando
profissionais treinados e equipamentos adequados.
Uma das principais técnicas utilizadas no salvamento em altura é a descida
técnica, que consiste em utilizar cordas e equipamentos específicos para acessar
e resgatar pessoas que estejam penduradas em locais elevados. O treinamento
nessa técnica é essencial, garantindo que os bombeiros sejam capazes de
executar resgates com segurança e eficiência.
Além da descida técnica, outros métodos de salvamento em altura incluem
o uso de plataformas aéreas, escadas magirus e técnicas de salvamento por
helicóptero. Cada técnica possui suas próprias peculiaridades e requer treinamento
especializado para sua execução adequada.
No entanto, o salvamento em altura não se resume apenas a técnicas de
resgate. Os bombeiros também devem estar preparados para enfrentar diversos
desafios durante a realização desse tipo de operação. As condições climáticas
adversas, como fortes ventos ou chuva, podem complicar o resgate e exigir uma
abordagem cautelosa. Além disso, a improvisação e adaptação são
frequentemente necessárias em situações inesperadas, tornando o treinamento
contínuo uma necessidade para os bombeiros.
Outro desafio presente no salvamento em altura é o tempo de resposta.
Quando lidamos com vidas em perigo, cada minuto é crucial. É necessário que os
bombeiros sejam acionados rapidamente e cheguem ao local do resgate em tempo
hábil. Para isso, a coordenação entre os diferentes departamentos de emergência

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e a disposição de uma estrutura adequada são essenciais para um salvamento
bem-sucedido.
Além disso, a segurança dos bombeiros também deve ser levada em
consideração durante o salvamento em altura. O uso adequado de equipamentos
de proteção individual, como capacetes, luvas e arreios, é crucial para garantir a
integridade física dos profissionais envolvidos no resgate.
Em resumo, o salvamento em altura é uma atividade essencial executada
pelos Corpos de Bombeiros, com o objetivo de resgatar pessoas em situações de
risco em locais elevados.
O treinamento especializado, o uso de técnicas apropriadas e a
coordenação eficiente são elementos fundamentais nessa área de atuação dos
bombeiros. A garantia da segurança dos profissionais envolvidos e o rápido tempo
de resposta são fatores determinantes para o sucesso dessas operações.
Conclui-se, portanto, que o salvamento em altura nos Corpos de Bombeiros
desempenha um papel crucial na preservação da vida humana e na promoção da
segurança pública.

2. TERMINOLOGIAS1

Visando facilitar a comunicação em um ambiente vertical de risco, é necessária


a padronização de nomenclaturas úteis à segurança da atividade.
 Chicote - extremidade livre da corda.
 Vivo – parte da corda sob tensão (trecho de trabalho).
 Seio ou anel – parte compreendida entre os chicotes ou volta em que
as seções cruzam entre si.
 Alça – volta em forma de “U”.
 Falcaça – acabamento do chicote para evitar que as fibras
destrancem.
 Permear – dobrar ao meio.
 Morder – pressionar ou manter a corda sob pressão.
 Safar – liberar a corda.

1Esta apostila foi desenvolvida com fins estritamente didáticos, para uso na disciplina de salvamento
em altura do 1º ano do Curso de formação de oficiais do CBMMT, através de um compilado dos livros,
artigos e manuais citados nas referências bibliográficas.

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 Cocas – torções indesejáveis da corda.
 Dar o leve – aliviar levemente a tensão da corda.
 Capa – parte externa da corda.
 Alma – parte interna da corda, responsável pela maior parte da sua
resistência.
 Cote – volta de um cabo sobre si mesmo, arremate.
 Acochar – apertar.
 Ancoragem – Ponto de fixação.
 Ascenção – subida.
 Autoblocante – que bloqueia por si só.
 Back up – termo em inglês que significa voltar atrás. Nas técnicas
verticais o termo é usado para remeter à redundância, ou seja uma
segunda opção caso a primeira venha a falhar.
 Carga de trabalho – É a carga máxima teórica que o equipamento
pode suportar, dentro de uma margem de segurança. É o resultado
de uma equação na qual dividimos a carga de ruptura pelo fator de
segurança.
 Carga de ruptura – é a carga máxima “real” que um equipamento
pode suportar, segundo testes de laboratório.
 Clipar – ato de instalar o mosquetão a algo.
 Desclipar – ato de retirar o mosquetão de algo.
 Equalização- arranjo feito com anéis de fitas ou cabos da vida onde
o peso da carga é dividido entre os pontos de ancoragem.
 Puído – danos no cabo provocado pelo atrito.
 Tracionamento – esticar/tensionar o cabo.
 Encordamento – ato de colocar a corda em um equipamento.

3. PRINCÍPIOS DO RESGATE VERTICAL

Para o desenvolvimento do resgate existem alguns princípios básicos que


devem ser seguidos, são eles:

3.1 SEGURANÇA

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É o princípio mais importante no resgate vertical, a segurança deve ser
sempre ser tomada na seguinte ordem: Segurança do resgatista, segurança da
equipe e segurança da vítima. A segurança é o princípio soberano do resgate
vertical.

3.2 REDUNDÂNCIA
Consiste na existência de dois sistemas, um principal e um outro de
segurança (Back up), com capacidade de resistir caso ocorra uma falha no
primeiro.

3.3 REVISÃO
A revisão de todo o sistema antes da operação é obrigatória. Utilizando a
técnica dos “quatro olhos” duas pessoas farão a verificação dos sistemas
certificando o uso correto das técnicas e equipamentos para início da operação.

3.4 SIMPLICIDADE
Sistemas menos complexos envolvem menos equipamentos, normalmente
são mais praticados pela equipe, reduzindo a possibilidade de erro. Sempre utilizar
o “MISS” (Mantenha isso simples e seguro).

3.5 AGILIDADE
Quanto mais cedo o acesso e a retirada da vítima da situação de risco, mais
cedo será iniciado o tratamento. Para realizar um trabalho ágil e seguro é
necessário treinamento constante.

3.6 ESTAR PREPARADO PARA O AUTO-RESGATE


É necessário estar preparado para o auto-resgate, pois o resgate pode não
sair como previsto e o bombeiro precisa conhecer técnicas, estar municiado de
equipamentos e estar preparado fisicamente para sair de situações de
emergência ou adversas por conta própria sem intervenções externas.

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3.7 TRABALHO EM EQUIPE
Só o trabalho coordenado de todos os integrantes leva a um resgate bem
sucedido. Se um bombeiro falha, a equipe falha.

4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Os EPI são todos dispositivos ou produtos, de uso individual utilizados pelos


bombeiros, destinados à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e
a saúde durante o trabalho.
O EPI pode ser de restrição de movimentação, de retenção de queda, de
posicionamento no trabalho ou de acesso por cordas.
Os equipamentos de proteção individual devem ser certificados, adequados
para utilização pretendida, utilizados considerando os limites de uso, ajustados ao
peso e à altura do bombeiro.

4.1 KIT BÁSICO DE EPI PARA TRABALHO EM ALTURA


Para atendimentos de ocorrências de salvamento vertical, consideram-se
EPI os seguintes materiais:
 Cinto de segurança;
 Capacete de segurança;
 Óculos de proteção;
 Par de luvas de trabalho com cordas;
 Lanterna de cabeça;
 Autossegurança de Resgate (Cowstail).

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Figura 1 - Kit de EPI básico para trabalho em altura

O Cinto tipo paraquedista, utilizados nas operações de resgate em altura


possui, pelo menos, 5 pontos de conexão, sendo 2 pontos anti-queda (A), 2 pontos
de posicionamento (P) e 1 ponto de supensão (S).

Figura 2 - Olhais existentes em um cinto tipo paraquedista

A escolha do olhal a ser utilizado deve estar associada ao tipo de trabalho, tipo
de dispositivo que será conectado e a proteção esperada para cada caso.
Vejamos detalhadamente as características de cada elemento de engate
dos cintos paraquedista 5 e 7 pontos.

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Figura 3 - Elementos de engate de um cinto tipo paraquedista

5 – ELEMENTOS TÊXTEIS
Nas operações de salvamento em altura utilizamos elementos têxteis que
podem ser cordas, cordeletes e fitas.

5.1 – CORDAS OU CABOS


Corda é definida como um conjunto de fibras torcidas ou trançadas, dentro
ou não de uma capa, confeccionadas de um material sintético ou natural, que forma
um feixe longitudinal e flexível para formar uma peça resistente.
Podemos assegurar que, dentro da vertente de segurança, a corda é o
elemento mais importante para o bombeiro nas atividades de salvamento em
alturas, o que lhe garante uma maior atenção, além de cuidados de manutenção e
acondicionamento redobrados.
A vida útil de uma corda não pode ser definida pelo tempo de uso. Ela
depende de vários fatores como grau de cuidado e manutenção, frequência do uso,
tipo de equipamentos que foram utilizados em conjunto, velocidade de descida em
rapel, tipo e intensidade da carga, abrasão física, degradação química, exposição
a raios ultravioleta, tipo de clima entre outros.
Independentemente do tempo de uso uma corda deve ser posta de lado
quando verificada uma ação considerável de abrasão, sofrer dano localizado na
capa, submetida a um severo choque, suspeita de contaminação química ou de
qualquer outra natureza.

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5.1.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AS FIBRAS
As cordas são feitas de fibras naturais ou sintéticas. Devido as
características das fibras naturais, como a baixa resistência mecânica,
sensibilidade a fungos, mofo, pouca uniformidade de qualidade e a relação
desfavorável entre peso, volume e resistência, apenas cordas de fibras sintéticas
devem ser utilizadas em serviços de salvamento.
Dentre as fibras sintéticas mais utilizadas, destacamos: polipropileno, o
poliéster e a poliamida.
 Polipropileno - não se deterioram com a umidade e são resistentes
a diversos produtos químicos, entretanto, sua capacidade de suportar
carga é baixa e se desgastam mais facilmente quando expostas ao
calor e raios solares.
 Poliéster - são bem resistentes à abrasão, produtos químicos e calor,
e possuem uma carga de ruptura elevada. Contudo, são pouco
elásticas e amortecem menos que as de poliamida.
 Poliamida - possuem grande elasticidade, resistência à abrasão,
raios solares, produtos químicos e boa absorção de umidade. Porém,
quando molhadas, podem perder de 10 a 20% de sua resistência.
Existem, ainda, as cordas fabricadas em ARAMIDA, um novo tipo de fibra
sintética, que pode ser comparada a fibras de aço em razão de sua grande
resistência à ruptura.

5.1.2 QUANTO À CONSTRUÇÃO


As cordas destinadas a serviços de salvamento possuem capa e alma
(Kernmantle). A alma da corda é confeccionada por milhares de fibras e é
responsável por cerca de 80% da resistência da corda. A capa recobre a alma,
protegendo-a contra a abrasão e outros agentes agressivos, respondendo pelos
20% restantes da resistência da corda.

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Figura 4 - Estrutura de uma corda de salvamento (Kernmantle – capa e alma)

5.1.3 – QUANTO À ELASTICIDADE

Podem ser divididas em cordas semi-estática e dinâmica.


As cordas semi-estáticas possuem a elasticidade entre 2% e 5%.
Atualmente são as mais utilizadas em operações de resgate e algumas literaturas
entendem que a porcentagem da elasticidade um pouco maior ainda será
considerada como semi-estática. Reduzem o “efeito ioiô” e permitem a armação de
cabos de sustentação. Os cordões da alma são paralelos entre si, ao contrário das
dinâmicas, em que são torcidos.

Figura 5 - Alma de uma corda semi-estática

As cordas dinâmicas são aquelas com elasticidade superior a 5%. São


cabos que se alongam quando sob tensão, com o objetivo de absorver choque em
caso de quedas, dissipando a tensão por toda corda. Por esse motivo é
principalmente usada para a prática de escalada. Sua alma é composta por um
conjunto de fios e cordões torcidos em espiral, fechados por uma capa.

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Figura 6 - Alma de uma corda dinâmica

5.1.2 - CUIDADOS COM A CORDA

As cordas são construídas para suportarem grandes cargas de tração,


entretanto, são sensíveis a corpos e superfícies abrasivas ou cortantes, a produtos
químicos e aos raios solares.
A avaliação das condições de uma corda depende da observação visual e
tátil de sua integridade. Cheque a corda em todo seu comprimento e observe:
 Qualquer irregularidade, caroço, encurtamento ou inconsistência;
 Sinais de corte e abrasão, queimadura, traços de produtos químicos ou em
que os fios da capa estejam desfiados (felpudos);
 O ângulo formado pela corda realizando um semi-círculo com as mãos,
devendo haver uma certa resistência e um raio constante em toda sua
extensão; e
 Se há falcaça, se a capa se encontra acumulada em algum dos chicotes ou
se a alma saiu da capa.

Figura 7 - Problemas encontrados ao realizar a inspeção de uma corda

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5.2 - CORDELETES
Acessório para atividades diversas, geralmente de bitola entre 6mm a 8mm.
São utilizados para a confecção de nós blocantes, sistemas móveis de ancoragens,
sistemas de vantagem mecânica e amarrações de equipamentos.
5.3 – FITAS TUBULARES
As fitas tubulares podem ser fechadas por nó ou costuradas. De forma geral,
destinam-se a facilitar ancoragens, de modo bastante prático e funcional,
preservando a corda.

Figura 8 - Fitas tubulares e suas variações de resistência dependendo da forma de uso

6 – ELEMENTOS RÍGIDOS
Equipamentos de estrutura rígida, geralmente confeccionado com metais,
possuem uma grande variedade e com diversas funções.

6.1 – CONETORES
Usados para ligar entre si os diversos equipamentos de resgate vertical.
Dependendo de sua utilização, eles se dividem em três categorias:
• Malhas rápidas - Diferentemente de outros conectores, as malhas rápidas
são projetadas para permanecerem instaladas nos locais de ancoragem,
proporcionando maior rapidez nos engates de segurança do usuário. Seu material
pode ser de aço, aço inox ou alumínio. Podem ser de formato oval, delta e meia
lua.

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Figura 9 - Formatos de malha rápida

• Ganchos - Os ganchos são elementos de conexão de aberturas variáveis,


para conexão direta em estruturas. Eles são fabricados em aço carbono ou
alumínio. Devido à menor resistência do alumínio, os conectores de alumínio
possuem uma configuração maior para alcançar uma carga de ruptura compatível
com seu uso. A trava dupla evita que o gancho abra inadvertidamente, pois para
sua abertura é preciso a execução de um movimento duplo.

Figura 10 - Tipos de ganchos

• Mosquetões – Conectores mais utilizados nas operações de salvamento


em altura. Eles podem variar quanto ao material (aço, alumínio ou aço inox) e
quanto ao formato (oval, “D”, “D” assimétrico e HMS).

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Figura 11 - Partes de um mosquetão

Todos os mosquetões para uso profissional devem ter algum tipo de trava
que evite a abertura acidental do gatilho. Quanto às travas podemos encontrar três
tipos: rosca manual, dupla trava automático e tripla trava automático.

Figura 12 - Tipos de travas de mosquetões

Existem três tipos de encaixe entre o gatilho e o nariz do mosquetão: Garra


ou “Claw”, Fechadura ou “key lock” e Pino.

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Figura 13 - Tipos de nariz dos mosquetões

 MOSQUETÕES OVAIS - para uso em bloco de polias, freios, talabartes e


acessórios em geral, utilize o mosquetão Oval pois todos estes dispositivos vão
ficar mais “simétricos”. As forças que agem em um mosquetão oval são distribuídas
de forma igual entre a haste e o gatilho, o que configura uma vulnerabilidade, pois
o gatilho sempre é a parte mais fraca do elo.

Figura 14 - Mosquetões ovais

 MOSQUETÃO TIPO “D” – Modelo que melhor aproveita a resistência


extra da haste, pois direciona toda a carga para a haste. são a primeira opção em
sistemas de ancoragem, tirolesas e resgate, situações em que se trabalha com
altas cargas. Em comparação com o mosquetão oval, se ambos forem submetidos
a carga até romperem, os modelos D vão suportar mais tempo até que a base e o
topo sofram deformação e abram; nos modelos ovais essa deformação bilateral
ocorre quase que de imediato.

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Figura 15 - Mosquetão tipo "D"

 MOSQUETÃO TIPO “D” ASSIMÉTRICO - O mosquetão tipo D ou


assimétrico possui um dos lados mais largo que o outro, possuindo assim uma
abertura (boca) maior. É a evolução do D normal, pois direciona a carga para a
haste, resultando em maior resistência e proporciona maior abertura do gatilho.

Figura 16 - Mosquetão tipo "D" assimétrico

 MOSQUETÃO HMS E PERA - A sigla HMS significa Half Mastwurf


Sicherung (em alemão: “segurança com nó dinâmico”). Possui abertura maior em
comparação com os “D” e a espinha “achatada”. Os modelos HMS e Pera são os
recomendados quando se requer maior espaço para conectar equipamentos ou
quando for utilizado um nó dinâmico tipo UIAA, para improvisar um freio.

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Figura 17 - Mosquetões HMS

6.2 – DESCENSORES

Descensores são equipamentos fundamentais para trabalhos em altura que


envolvem a descida controlada e segura de pessoas em estruturas elevadas.
6.2.1 – FREIO 8 - em formato de “8” onde o cabo é passado com o

objetivo de criar uma força de atrito com a peça, reduzindo e permitindo


controlar assim, a velocidade de descida do resgatista.

Figura 18 - Freio 8 tipo morcego

6.2.2 – DESCENSOR AUTO BLOCANTE - Equipamento utilizados para


grandes descidas. Param automaticamente com a liberação da alavanca que
controla a descida. São equipamentos extremamente seguros, como por exemplo:
stop, D4, D5, grigri e ID.

Figura 19 - Alguns exemplos de descensores auto blocantes

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6.3 BLOCANTES MECÂNICOS
Equipamentos rígidos confeccionados para substituir cordeletes como
blocantes, tem a função de bloquear a corda, através de pressão exercida na corda
contra o corpo do aparelho. Existem bloqueadores dentados (uso individual) e
serrilhados (1 ou 2 pessoas).

Figura 20 - Blocantes mecânicos

6.4 – POLIAS
São aparelhos utilizados para reduzir o atrito nos cabos em diversas
manobras para transposição de obstáculos e planos inclinados. Porém, sua
utilização principal é na elevação ou descida de cargas através de sistemas de
redução de força.
As polias podem ser simples fixas (para uso somente com um cabo pela
extremidade), simples móveis (para uso somente com um cabo pelo seio), duplas
fixas (dois cabos pela extremidade) e duplas móveis (dois cabos pelo seio).

Figura 21 - Alguns exemplos de polias existentes

6.5 PLACA DE ANCORAGEM

Placa metálica que facilita a distribuição de várias linhas de ancoragem,


distribuindo os esforços e facilitando a visualização, organização e manipulação
dos equipamentos empregados.

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Figura 22 - Alguns modelos de placas de ancoragem existentes

6.6 – TRIÂNGULO DE RESGATE

Equipamento confeccionado em lona resistente ou PVC, com estrutura de


fita tubular resistente e olhais para ancoragem ajustáveis à altura da vítima.
Caracteriza-se pela rapidez, simplicidade, conforto e confiabilidade no seu uso e
podem substituir a cadeira de resgate da vítima.

Figura 23 - Triângulo de resgate

6.7 - MACAS
Tem como objetivo a retirada de vítimas estabilizadas, de locais de difícil
acesso, seja por içamento, tirolesa, arrastamento ou mesmo por meio de
aeronaves. Possuem os mais variados modelos e aplicações. São modelos: maca
cesto e maca envelope, utilizadas para resgate em altura.

Figura 24 - Maca cesto

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Figura 25 - Maca envelope

7- CERTIFICAÇÕES
No trabalho vertical deve haver preocupação de sempre utilizar materiais
homologados, para se ter garantia de que não haverá falhas. Por isso é preciso
conhecer as referências normativas para equipamentos empregados em
salvamento em altura e os processos de certificação de equipamentos.
As normas técnicas estabelecem as expectativas em relação a um produto,
processo, serviço ou sistema de gestão, quanto a requisitos de qualidade, de
desempenho, de segurança, ambientais, de procedimentos, de formas, de
dimensões, de classificações e de terminologias, cuja observância não é
obrigatória.
Todos os equipamentos utilizados nas operações de resgate apresentam
algum tipo de homologação reconhecida baseada em um sistema acreditado para
certificação de produtos, BASEADO EM NORMAS TÉCNICAS.
No Brasil seguimos as normativas técnicas (NBR) da ABNT-Associação
brasileira de normas técnicas;
Na Europa seguimos as normativas técnicas (EN) do CEN-Comitê Europeu
Normatizador;
Na América do Norte seguimos as normativas técnicas para equipamentos
de resgate da NFPA-National Fire Protection Association;
As normas estabelecem padrões mínimos de perfomance dos equipamentos e são
destinadas para fabricantes e laboratórios de certificação. Para que o processo seja
isento, as certificações dos equipamentos ocorrem pela chamada 3ª Parte (órgão
certificador).
7.1 – FLUXOGRAMA DA CERTIFICAÇÃO

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NORMALIZAÇÃO
Criação da norma com as especificações mínimas (ABNT, EN, NFPA)

FABRICAÇÃO
O fabricante produz o equipamento com atenção às especificações estabelecidas na norma

PROCESSO ISO
Fabricante para por auditagem da produção

3ª PARTE
Equipamento passa por testes laboratoriais acreditados pelo INMETRO

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO - CA/CE/UL

7.2 – RECONHECENDO A CERTIFICAÇÃO NOS EQUIPAMENTOS

Figura 26 - Inscrições encontradas em um mosquetão

Figura 27 - Inscrições encontradas em um descensor autoblocante da marca Petzl

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8 – CONCEITOS IMPORTANTES PARA A SEGURANÇA

Para a realização das operações de resgate de vítimas utilizando técnicas


de Salvamento em Altura, faz-se necessário observar a todo instante alguns
princípios básicos de segurança. Tais princípios, de tão básicos, muitas vezes são
ignorados pelos resgatistas, fazendo com que aqueles que tinham a missão de
salvar vidas passem a precisar também serem resgatadas.
Para minimizar estes riscos, foram estabelecidos alguns princípios e
procedimentos de segurança, estes devem ser seguidos por todas as equipes de
salvamento, tanto nas operações onde este tipo de ocorrência estiver envolvido,
como também nos treinamentos, já que a segurança deve ser o principal ponto a
ser observado em todas as operações de salvamento em altura.
Os sistemas de segurança em serviços de salvamento em altura focam,
basicamente, a proteção contra quedas. Para melhor compreensão, faz-se
necessária a apresentação de dois conceitos básicos: a força de choque e o fator
de queda.

8.1 - FORÇA DE CHOQUE

É a força transmitida ao bombeiro durante a retenção de sua queda. Ao cair,


o bombeiro acumula energia cinética que aumentará quanto maior for a altura de
sua queda.
Partindo deste conceito, qual é a energia produzida na queda de uma
pessoa?
Vamos ver três exemplos com a velocidade variada, mas considerando que
os três exemplos são da mesma pessoa, que possui uma massa de 100 kg. A
resistência do ar foi desprezada nos cálculos.
Observe como a energia quase quadruplica entre o primeiro e o segundo
momento de queda por causa da aceleração da gravidade e o aumento da
velocidade.

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Figura 28 - Variação da energia cinética em uma queda com a mesma massa

Na retenção da queda de um trabalhador precisamos absorver e dissipar a


energia, para evitar que ele seja submetido às forças que possam machucá-lo ou
matá-lo.
A corda, as ancoragens, o sistema de freio e o segurança absorverão parte
dessa força, porém, a força absorvida pelo bombeiro que sofreu a queda não pode
chegar a 12KN, limite máximo que o corpo humano suporta.
As normas de trabalho em altura estipulam valores menores e mais seguros
do que isto, entre 6KN (Europa) e 8KN (EUA). Para reduzir a força de choque, em

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uma queda assegurada, devemos adotar medidas visando diminuir o fator de
queda.

8.2 - FATOR DE QUEDA

Fator de queda é o valor numérico resultante da relação entre a distância de


queda pelo comprimento do cabo utilizado. O fator de queda máximo possível será
o fator 2, pois a altura da queda não pode ser superior a duas vezes o comprimento
da corda (exceto “via ferrata”).

Ensaios em laboratórios confirmam a teoria de que em uma queda fator 2,


seja ela de quatro ou de vinte metros, a força de choque registrada é a mesma,
aproximadamente de 9KN (corda dinâmica) e de 13 a 18KN (corda estática).
Levando em conta que o corpo humano resiste a uma força de choque de no
máximo 12KN, verificamos o perigo de escalar utilizando cordas estáticas.

Figura 29 - Ancoragem acima da linha da cabeça (redução do fator de queda)

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Figura 30 - Exemplo de posicionamento da ancoragem e suas respectivas implicações

Demonstremos alguns exemplos para melhor absorção do conceito:

Figura 31 - Queda controlada (fator de queda dentro da margem de segurança)

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Figura 32 - Fator de queda no limite máximo (risco à saúde do resgatista)

Figura 33 - Fator de queda em linha de vida

Em progressões do tipo “Via ferrata” sempre utilizar absorvedores de queda


ou trava quedas.

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Figura 34 - Uso obrigatório de trava quedas e absorvedores de energia em progressões do tipo via ferrata

8.3 – ABSORVEDOR DE ENERGIA


Consiste em um sistema individual de retenção de queda que atuará na
dissipação da energia produzida pela queda. É muito usado como elo entre o
cinturão de segurança e o talabarte (as vezes sendo parte integrante dele) ou como
elo entre o cinturão e o trava-quedas.
O absorvedor de choque se constitui de uma fita de poliamida ou poliéster
dobrada e costurada. A partir de uma determinada força (em torno de uns 300kgf)
as costuras vão cedendo e a fita se alongando conforme é desdobrada.
Durante esse processo a queda do trabalhador vai sendo desacelerada
gradativamente, resultando no usuário uma força de frenagem máxima de 6KN.

29
Figura 35 - Dissipação de energia em uma queda com utilização de um absorvedor de energia

8.4 - SÍNDROME DA SUSPENSÃO INERTE


Consiste no efeito que ocorre quando a pessoa fica por certo tempo
(variável) presa a um cinto de segurança com pouca possibilidade de se
movimentar.
A imobilidade dos músculos da perna leva a uma concentração de sangue
no local e um baixo retorno do sangue venoso. Isto acarreta em uma baixa
oxigenação do sangue, tornando-o tóxico podendo resultar em um desmaio ou à
morte.
Caso exista suspeita de síndrome da suspensão inerte é necessária a
remoção imediata da pessoa suspensa.

8.5 - TÉCNICAS DE PROGRESSÃO


Abordaremos a seguir técnicas para progressão em vias horizontais e
verticais.

8.5.1 – PROGRESSÃO DE VIA HORIZONTAL (LINHA DE VIDA)

30
As linhas de vida são semelhantes a corrimãos. Asseguramo-nos a elas por
meio dos auto-seguros (parte integrante do EPI para trabalhos em altura) sempre
que estivermos próximos a um desnível, vão ou beiral.
São montadas com uma corda na horizontal, ancorada, em alguns casos,
em pontos intermediários, em função de sua extensão.

Figura 36 - Progressão horizontal em linha de vida

8.5.2 - PROGRESSÃO VERTICAL

Para a segurança de uma progressão vertical, pode-se utilizar basicamente


duas técnicas: a progressão auto-assegurada e a progressão assegurada por outro
bombeiro.
A progressão auto-assegurada é aquela por meio da qual o próprio bombeiro
efetua sua segurança, utilizando os auto-seguros de sua cadeira.

Figura 37 - Progressão auto assegurada

Já a segunda técnica depende de outro bombeiro que, utilizando um freio


conectado a sua cadeira, dá segurança, preferencialmente com uma corda
dinâmica, ao bombeiro que efetua a escalada progredindo de modo a ir fixando
pontos de ancoragem intermediários, utilizando mosquetões, por onde a corda
passará.

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Figura 38 - Segurança assistida

8.6 - FAZENDO A SEGURANÇA DE UMA PESSOA

Sempre que houver o risco de queda a segurança deve ser provida, em


especial no rapel com freio 8. Uma forma simples de fazer a segurança para rapel
consiste em exercer uma tensão sobre a corda que acaba travando o aparelho de
frenagem.

Figura 39 - Realização de segurança do rapeleiro de baixo.

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8.7 - REGRA DOS QUATRO OLHOS

Nenhuma operação realizada em ambiente elevado deve ser individual.


Mesmo em operações (sejam elas simuladas ou reais), as ações não podem ser
realizadas isoladamente.
Desta maneira, toda operação em ambiente elevado deve ser realizada por
um membro da equipe de salvamento e observada por outro membro que estará
“CONFERINDO” se todos os passos (nós, ancoragens, cadeiras, etc.) foram
metodicamente seguidos, o que possibilitará uma segurança maior da Operação.

9 - NÓS E AMARRAÇÕES

Nas operações de salvamento com cordas os nós são um mal necessário,


visto que elas danificam consideravelmente a corda e reduzem a sua resistência.
Existem uma quantidade infinita de nós, sendo a maioria utilizada para fins
auxiliares ou decorativos; os que podem ser empregados operacionalmente,
inclusive no salvamento em altura devem possuir as seguintes características:
• padronização (a aparência final deve ser a mesma, independente da forma
como foi confeccionado);
• simetria (as voltas devem possuir aparência padrão, sem “encavalarem”);
• o percentual de eficiência deve ser conhecido – Todo nó causa perda de
resistência, uns mais, outros menos, portanto é importante conhecermos
essa porcentagem de eficiência, optando, logicamente, pelos que possuírem
menos perda (nós que podem ser utilizados em sistemas de segurança
foram testados em laboratórios e seu comportamento quando submetido a
cargas elevadas foi estudado e analisado por especialistas);
• ser de fácil confecção e ajuste (deve ser fácil confeccioná-lo, ajustá-lo e
quando necessário, desfazê-lo);
• todo nó deve ter sobra de chicote mínima de 15cm (equivalente a 4 dedos),
pois todo nó quando submetido a cargas elevadas se ajusta, e, caso a sobra
de chicote esteja muito pequena, esta poderá retornar resultando na falha
do nó.
Geralmente nós com menos voltas (ex: Azelha) tendem a causar uma perda
de resistência maior do que nós que possuem mais voltas (ex: Oito Duplo) – prefira
sempre nós mais volumosos;
A seguir exemplificaremos alguns nós dispostos por função:

33
 Nós de união
1. Pescador duplo
2. Nó direito
3. Nó de fita

 Nós de ancoragem
1. Volta do fiel
2. Voltas sem tensão/trapa

 Nós de Alça
1. Lais de guia
2. Azelha em 8
3. Oito dupla alça/Coelho/Mickey
4. Sete
5. Azelha simples
6. Borboleta

 Cadeiras de salvamento rápido


1. Cadeirinha japonesa
2. Cadeirinha rápida com anel de fita

 Nós blocantes
1. Prussik
2. Marchard

 Acondicionamento de cordas
1. Corrente simples
2. Corrente dupla
3. Corrente tripla
4. Corrente quádrupla
5. Vai e vem
6. Coroa

10 - ANCORAGENS

Para optarmos pela técnica e tipo de ancoragem a ser empregada em uma


ocorrência, devemos levar em conta os seguintes aspectos:
• Resistência dos pontos de ancoragem; e
• Localização dos pontos de ancoragem entre si.
Com base nesta avaliação, será adotado um dos seguintes conceitos:
• Ponto-bomba;
• Back-up; ou
• Equalização.

34
10.1 - Ancoragem à prova de bomba
O ponto “a prova de bomba” (PAB) é aquele escolhido para a realização de
uma ancoragem que, devido a sua grande resistência, dispensa qualquer outro
sistema secundário de ancoragem de segurança.
Sendo assim, ao utilizarmos um “Ponto-Bomba”, qualquer reforço,
ancoragem de segurança ou back-up, se tornará obsoleto, pois a resistência do
ponto de ancoragem é superior à resistência de qualquer outro componente do
sistema de ancoragem e, a seu respeito, não paira qualquer dúvida sobre sua
resistência. Ao encontrarmos um “pontobomba”, partiremos para a confecção de
uma ancoragem simples utilizando fitas tubulares, mosquetão, cordins e cordas.

Figura 40 - Ancoragem simples em PAB

10.2 - Equalização
Em situações em que não haja um ponto único suficientemente seguro
(PAB) ou em que o posicionamento do ponto existente seja desfavorável ao local
em que desejamos que nossa linha de trabalho seja direcionada, podemos lançar
mão da equalização.
A técnica da equalização consiste em dividir, em partes iguais, a carga
sustentada pelo sistema entre os pontos de ancoragem.

35
Figura 41 - Ancoragem equalizável

10.3 – BACK-UP
O termo “back-up” diz respeito a uma segunda segurança, que pode visar o
ponto de ancoragem ou o equipamento. É utilizado para garantir a segurança de
todo o sistema.

Figura 42 - Back-up de ancoragem

10.4 – IMPROVISAÇÕES
Os pontos ou dispositivos de ancoragem podem ser criados de forma criativa
e segura para suprir uma necessidade, através da construção deles ou da utilização
de meios de fortuna.
 Uso de escada portáteis

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Figura 43 - Uso de escada como ponto de ancoragem improvisado.

 Ancoragem humana

Figura 44 - Ancoragem humana

 Ancoragem com estacas no solo

Figura 45 - Ancoragem com estacas no solo

 Meios de fortuna

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Figura 46 - Ancoragem realizada com meios de fortuna

11 - SISTEMAS DE VANTAGEM MECÂNICA

Sistemas de redução de força, também conhecidos como sistemas de


vantagem mecânica são compostos basicamente por polias e cabos e têm a função
elementar de multiplicar uma força aplicada, semelhante às alavancas e aos
sistemas de engrenagens.
Para confeccionar um sistema de vantagem mecânica usualmente utilizam-
se polias. As polias são instaladas por dois motivos, ou para redirecionar a força da
carga ou para dividir esta força.
Quanto ao seu emprego, as polias podem ser fixas ou móveis. Quando
ancorada num ponto fixo, a polia não acompanha a carga e, portanto, não cria
vantagem mecânica, servindo tão somente para movimentar cargas com maior
comodidade, pela mudança de direção e sentido das forças aplicadas.

Figura 47 - Polia fixa redirecionando a corda

A polia móvel, como o próprio nome indica, é aquela que se desloca junto
com a carga. Um dos chicotes da corda é ancorado a um ponto fixo, enquanto ao
outro é aplicada a força motriz. Neste caso, haverá redução de força.

38
Figura 48 - Polia móvel (divide a carga em duas partes iguais)

Os sistemas simples de acordo com sua montagem são divididos em


estendidos, reduzidos ou independentes. Para o cálculo da vantagem mecânica
nos sistemas simples, basta somar o número de ramais de corda que saem da
carga ou do bloqueador.
Para melhor compreensão do conceito vejamos um exemplo que se utiliza
apenas polia fixa para redirecionar a força:

Figura 49 - Sistema 1x1 apenas para redirecionar a corda

Em um sistema de vantagem mecânica 2x1 teremos o emprego de uma polia


móvel dividindo a carga pela metade.

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Figura 50 - Sistema de vantagem mecânica 2x1

6.1 – SISTEMA EXTENDIDO

Nos sistemas estendidos, a corda percorre todo espaço entre o ponto fixo e
o ponto móvel (carga). Apesar de sua simplicidade, verifica-se que quanto maior a
vantagem mecânica adquirida, maior a quantidade de corda empregada. Uso
indicado da captura de progresso.

Figura 51 - Sistema de vantagem mecânica 3x1 extendido

6.2 – SISTEMA REDUZIDO

Nos sistemas reduzidos utilizamos bloqueadores, como cordins ou


bloqueadores mecânico ancorados à corda, sobre a qual incide a força de tração e
não diretamente sobre a carga. Para efetuar a tração, devemos avançar o
bloqueador em direção a carga cada vez que o mesmo se aproxima da polia fixa,
impedindo a tração. Uso obrigatório da captura de progresso.

Figura 52 - Sistema de vantagem mecânica reduzido 3x1

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6.3 SISTEMA INDEPENDENTE

Os sistemas independentes não empenham a corda do sistema para a


realização da tração, isto é, utiliza-se uma corda auxiliar para tracionar o sistema
já existente. Uso obrigatório da captura de progresso.

Figura 53 - Sistema de vantagem mecânica independente 2x1

6.4 – SISTEMA COMBINADO

Chamamos de sistemas combinados os sistemas onde a vantagem


mecânica incide sobre outro sistema de vantagem mecânica, tendo como
vantagem final a multiplicação dos fatores.

Figura 54 - Sistema de vantagem mecânica combinado 6x1

11.5 – SISTEMA DE CAPTURA DE PROGRESSO

Adote por segurança, um sistema de captura de progresso (nós blocantes -


ou bloqueadores mecânicos), a fim de prevenir que o cabo escape e a carga
despenque.

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Figura 55 - Captura de progresso em um sistema reduzido 3x1

Figura 56 - Captura de progresso em um sistema reduzido 3x1

Agora que os conceitos foram compreendidos, vamos exercitar um pouco.

1- Qual a vantagem mecânica do sistema?


________________________________________________________
2- Qual o tipo de sistema? (Extendido, reduzido,
independente ou combinado)?
________________________________________________________
3 – Qual a carga que o operador irá puxar?
________________________________________________________
4 – Qual a carga na ancoragem?
________________________________________________________

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1- Qual a vantagem mecânica do sistema?
________________________________________________________
2- Qual o tipo de sistema? (Extendido, reduzido,
independente ou combinado)?
________________________________________________________
3 – Qual a carga que o operador irá puxar?
________________________________________________________
4 – Qual a carga na ancoragem?
________________________________________________________

1- Qual é a carga puxada na mão


em cada situação?
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________

1- Qual a vantagem mecânica do sistema?


________________________________________________________
2- Qual o tipo de sistema? (Extendido, reduzido,
independente ou combinado)?
________________________________________________________
3 – Qual a carga que o operador irá puxar?
________________________________________________________
4 – Qual a carga na ancoragem?
________________________________________________________

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1- Qual a vantagem mecânica do sistema?
________________________________________________________
2- Qual o tipo de sistema? (Extendido, reduzido,
independente ou combinado)?
________________________________________________________
3 – Qual a carga que o operador irá puxar?
________________________________________________________
4 – Qual a carga na ancoragem?
________________________________________________________

1- Qual a vantagem mecânica do sistema?


________________________________________________________
2- Qual o tipo de sistema? (Extendido, reduzido,
independente ou combinado)?
________________________________________________________
3 – Qual a carga que o operador irá puxar?
________________________________________________________
4 – Qual a carga na ancoragem?
________________________________________________________

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1- Qual a vantagem mecânica do sistema?
________________________________________________________
2- Qual o tipo de sistema? (Extendido, reduzido,
independente ou combinado)?
________________________________________________________
3 – Qual a carga que o operador irá puxar?
________________________________________________________
4 – Qual a carga na ancoragem?
________________________________________________________

100 KG

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ARAUJO, F. B. de. Manual de instruções técnico-profissional para bombeiros


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alma e capa de baixo coeficiente de alongamento para acesso por cordas —
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________. Operações de acesso e resgate por cordas. N2 College by Task.


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Salvamento em Altura. São Paulo. CBPMESP 2006 (Manuais Técnicos de
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SPINELLI, L. Os cem quilos. São Paulo – SP. 2016
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