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RESUMO
Considerações preliminares
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Palestra na Formação Freudiana, Rio de Encerrada a era das escolas, os psicanalis-
Janeiro, em dezembro de 2006; uma tas hoje em dia dispõem de um impressionante
parte destas idéias foi inicialmente apre-
sentada em simpósio organizado pelo conjunto de experiências clínicas e elaborações
Departamento Formação em Psicanáli- teóricas diversificadas e, de certa forma, diver-
se, no Instituto Sedes Sapientiae, São gentes. Parece ter-se realizado plenamente a
Paulo. interpretação de Michel Foucault: Freud fundou
*
Psicanalista; professor da PUC-SP e da
USP; agradeço a Pedro Henrique
um campo de diferenciações e a obra freudiana
Bernardes Rondon e a Elisa Maria Ulhoa não se limita a seus escritos, mas estende-se às
Cintra pelas revisões e correções; agra- inúmeras decorrências destes trabalhos, fecun-
deço ainda a Alfredo Naffah Neto, Ma- dando e mobilizando as práticas e teorias psicana-
rion Minerbo, Nelson Coelho Junior, líticas mais variadas. Alguns autores, no contexto
Mauro Meiches, Daniel Delouya , Ma-
ria Elena Salles de Brito e a Elias Rocha desta aparente dispersão, procurarão o “terreno
Barros pelas leituras, críticas e suges- comum” — os “invariáveis” — seja no plano dos
tões. conceitos, seja nos temas centrais, seja no Méto-
do. Pensamos, ao contrário, nas vanta- râmica, o que se procurou fazer no livro
gens de respeitar este campo assim acima mencionado.
diversificado, e atravessá-lo, fazendo A realização da presente tarefa
ligações, costurando e recortando con- nos obriga a selecionar, dentre inúme-
forme as exigências do trabalho analí- ros aspectos igualmente relevantes, al-
tico em sua extraordinária singularida- guns temas especialmente determinan-
de. Para a execução desta estratégia, a tes dos rumos que a clínica psicanalíti-
posição de M. Klein, diante de Freud e ca tomou, ou pôde tomar, a partir de
de outros pós-freudianos (e não nos Melanie Klein. Escolhemos o da
referimos apenas àqueles que mais “phantasia inconsciente” e o da “situ-
obviamente lhe são devedores, como ação edípica”, o que inclui o “Édipo
Bion e Winnicott), nos parece especial. precoce”.
Não é preciso ser “kleiniano”,
até porque acreditamos ser necessário A phantasia inconsciente e o
efetivamente encerrar a era das esco- caráter da “metapsicologia
las, para reconhecer na obra de Mela- kleiniana”
nie Klein o alcance que lhe estamos
atribuindo. Não será, portanto, como O que é, que função tem, como se
porta-voz oficial de algum “kleinismo” situa e quais as vicissitudes da
que o presente trabalho está sendo es- phantasia inconsciente?
crito, mantendo-se aqui a mesma posi-
ção em que redigimos, com Elisa Maria Começaremos tentando respon-
de Ulhoa Cintra, o livro Melanie Klein: der a estas questões e para tal, além
Estilo e pensamento (Cintra e Figuei- dos trabalhos de Melanie Klein, conta-
redo, 2003). mos com o texto básico de Susan Isaacs
Na verdade, instados a falar so- (1952), bem como nos valeremos de
bre Melanie Klein, achamos de melhor alguns trabalhos mais recentes (Daniel,
alvitre tratar da clínica psicanalítica a 1992, Segal, 1964 e Spillius, 2001). O
partir de Klein. Ou seja, não se preten- trabalho de Isaacs é um modelo de
de falar sobre ou no lugar desta autora, escrita psicanalítica, de pesquisa e ela-
mas falar a partir dela, tal como suas boração de conceitos.
idéias e propostas teórico-clínicas po- Phantasias inconscientes são,
dem comparecer em uma prática ana- para início de conversa, os correlatos
lítica, independentemente de uma estri- subjetivos das pulsões. Mais precisa-
ta observância escolástica; não haverá, mente falando, são os representantes
também, a pretensão de oferecer de psíquicos das pulsões; mas são, igual-
sua obra uma visão sistemática e pano- mente, os representantes psíquicos dos
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Para Castoriadis, a psyché é essencialmente uma capacidade de phantasiar (phantasmatization), de criar,
algo que Freud descobre e encobre. Quanto a Klein, Castoriadis tem as seguintes palavras: “Assim, mesmo
Melanie Klein, que, no entanto, concedeu às formações fantasiosas (phantasmatiques) uma importância
decisiva,... acaba fazendo das fantasias, como o assinalam J. Laplanche e J.-B. Pontalis, percepções falsas”.
(grifos nossos). De fato, nem sempre ela foi clara em suas afirmações, mas é indiscutível que até então
ninguém estivera mais próxima à noção de “imaginação radical” do que ela com seu conceito de “phantasia
inconsciente”. Vale lembrar que o termo alemão Phantasie, de onde vem o hábito de grafar em inglês
phantasy, entre os kleinianos, significa imaginação (cf. Britton, 2003).
3
Apontar esta herança não significa ignorar as diferenças. Sobre esta questão retornaremos mais adiante.
Podemos antecipar, contudo, dizendo que a noção de “imaginação radical”, contemplada na nota anterior,
guarda grande proximidade com a idéia de uma “criatividade original”, tal como concebida por Winnicott.
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Há somatizações também devidas à inibição das fantasias, como parece ser o caso nos pacientes estudados
pela escola de Paris; este é o caso tratado no item (a) logo acima.
nie Klein, como às vezes se afirma, mas No entanto, mais importante do que distri-
ela se enraíza na observação clínica muito buir as phantasias entre as instâncias,
mais fortemente que a freudiana e, ao interessa-nos mostrar como elas as arti-
mesmo tempo, oferece à clínica um maior culam de uma forma inovadora, tornan-
alcance teórico. Trata-se, no nosso en- do-se, assim, a principal unidade da vida
tender, de um conceito que encarna o que somatopsíquica, uma unidade em que
de mais próprio existe em uma epistemo- pulsões e afetos, sensações e representa-
logia psicanalítica, o seu caráter híbrido. ções, mecanismos e tendências etc. en-
Na verdade, este conceito de “phantasia contram-se reunidos. Além disso, uma
inconsciente” apenas desenvolve a pro- das instâncias, o superego, adquire um
blemática epistemológica já presente no outro estatuto: ele mesmo se torna clara-
conceito de “pulsão”, em Freud, mas o faz mente um objeto interno da phantasia,
com a vantagem de estabelecer as medi- como, aliás, todos os outros objetos inter-
ações entre planos — como “soma” e nos. Na verdade, todas as phantasias
“psique”, por exemplo, “inconsciente” e inconscientes ligam-se aos chamados
“consciência”, e assim por diante — e objetos internos duplamente: estes são
não apenas indicar o lugar das passagens. “objetos” da e na phantasia e a própria
O conceito, desta forma, engloba uma phantasia pode ser concebida como uma
heterogeneidade de elementos que po- espécie de “objeto”9. A “desobjetaliza-
dem existir ou ser pensados em níveis ção”, processo de desinvestimento pro-
muito distintos, desde os mais sensoriais movido pela pulsão de morte, segundo A.
até os mais abstratos. Green (2003), ataca os objetos internos
Uma das possibilidades que se des- da e na phantasia inconsciente, vale
cortinam a partir deste conceito é a de dizer, ataca as phantasias inconscientes,
fazermos a ligação entre as duas tópicas inibindo-as e destruindo-as em sua capa-
freudianas sob a dominância da segunda. cidade criativa e objetalizante.
Poderíamos dizer que as phantasias in- Por outro lado, as phantasias in-
conscientes mantêm uma estreita vincu- conscientes fazem contato com a primei-
lação com as instâncias da segunda tópi- ra tópica e com a distinção entre os
ca: haveria phantasias inconscientes do processos primários e os secundários,
id e suas pulsões; phantasias inconscien- entre o inconsciente e o sistema pré-
tes do ego e seus mecanismos; e consciente-consciência. De certa forma,
phantasias inconscientes do superego, e corresponderia a uma revalorização do
suas ameaças, interdições e prescrições. lugar e das funções do “pré-consciente”.
9
O mesmo é verdadeiro da phantasia quando transformada em crença, como observa Britton (1995). A
dor da perda por este objeto pode ser tão difícil quanto a de qualquer outra perda, sendo mais fácil recusá-
la ou recalcá-la do que fazer efetivamente o luto por ela.
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Do entrejogo de phantasias inconscientes, provavelmente, é que se irão constituir e ser introjetadas as
matrizes que organizarão a vida mental do sujeito. Dificilmente se poderá saber o peso da imaginação radical
dos dois envolvidos nos resultados do processo.
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Ou seja, a imaginação radical do analista (Castoriadis) está preservada e é posta a serviço da análise.
Nos nossos termos, dizemos que as phantasias inconscientes do analista estão em plena operação.
ches, tal como descrito por Winnicott coisa sob a dominância de uma phantasia
(1960). Estes fenômenos mostram como inconsciente onipotente.
a onipotência da phantasia inconsciente
pode levar a melhor. Na equação simbó- Implicações clínicas
lica, o pareamento entre uma phantasia
auto-erótica e tocar um violino, sob a Um efeito clínico importante do
dominância da phantasia inconsciente conceito que estamos examinando é o
onipotente (é o exemplo clássico), impede questionamento de uma separação muito
que o tocar violino ocorra em público: ao nítida entre interpretação e construção.
invés de ele simbolizar a phantasia, é ela Interpretar e construir — no sentido freu-
que invade o campo da consciência e do diano dos termos — encontram-se aqui
comportamento, perturbando-a e inibin- conjugados. Há sempre uma phantasia
do-o. O sujeito não pode tocar violino, inconsciente a ser interpretada, mas há
exatamente como não pode tocar em seu sempre um trabalho de transformação e
pênis e masturbar-se diante de uma pla- construção a ser efetivado. Descoberta e
téia. O violino é o pênis, ao invés de criação estão combinadas e talvez toda
representá-lo. Já no caso relatado por intervenção analítica tenha o caráter de
Winnicott (1960), uma corda que servia uma “invenção”, o que nela reúne estes
como objeto transicional, permitindo a dois aspectos. Como foi dito acima, em-
separação entre o garoto e sua mãe, e, ao bora não tenhamos contato com as
mesmo tempo, mantendo a união simbó- phantasias senão a partir de suas repre-
lica entre eles, converte-se em fetiche sentações e simbolizações, é preciso que
quando começa a servir para impedir de as palavras sejam justas e precisas, vale
forma onipotente a separação e para dizer, interpretem com propriedade as
manter uma “união real” imaginária, ocu- phantasias inconscientes subjacentes, as
pando, na realidade, o espaço vazio, o desvelem. E é necessário que elas sejam
intervalo. É o que Winnicott denomina bem interpretadas, embora neste proces-
“denial of separation”13 (1960, p. 156). so haja simultaneamente construção e
O objeto transicional — no caso uma transformação.
corda — transforma-se em uma coisa em Em geral, deveríamos evitar os
si, um fetiche, e dá lugar a uma perversão. extremos: a “tradução simultânea” e os
Nos dois casos, o psicótico de H. Segal e “enxertos”, como dizia Lacan da técnica
o jovem perverso de D. Winnicott, o que kleiniana de análise de crianças peque-
poderia ser símbolo transforma-se em nas, em que palavras são colocadas na
13
A Verleugnung freudiana ora foi traduzida como denial, ora como disavowal: o garoto sabia e não sabia
da separação.
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A solução do problema ético deve ser procurada na dialética da implicação e da reserva, conforme sugerido
em outra parte (Figueiredo, 2000).
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A distinção entre teste e processamento de realidade nos parece importante e foi adotada em um outro
trabalho (Figueiredo, 2006).
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Neste caso, a triangulação não é totalmente ignorada ou recusada, mas o terceiro elemento é depreciado
e reduzido em sua potencial rivalidade.
cada um de seus elementos, o que cria o de terceiro (o que vai depender, também,
horizonte da individuação e de uma rela- do psiquismo, do comportamento e das
tiva liberdade; (d) angústias de castração falas da mãe). “Pai” será tudo aquilo e
e de culpa emergem claramente, mas todo aquele que puder bem ocupar um
podem assumir uma feição muito mais lugar de terceiro que já está aberto desde
moderada que as angústias de separação a instauração da situação edípica, muito
e engolfamento da posição esquizopara- antes de um complexo de Édipo se mani-
nóide (veremos isso mais adiante); (e) festar plenamente.
abrem-se as possibilidades de reparação, O que pode ser agora caracteriza-
dado que as ansiedades e culpas mitiga- do como uma “má evolução” da situação
das podem ser enfrentadas com atos edípica, quais seus elementos e qual sua
reparatórios — se elas crescerem, contu- dinâmica? Trataremos esquematicamen-
do, darão ensejo às reparações maníacas; te da questão contemplando duas possibi-
(f) do lugar de terceiro em uma relação, lidades, uma mais grave, outra mais leve.
cria-se a possibilidade de observação, Comecemos com as figuras oni-
simbolização do objeto ausente e de pen- potentes combinadas, confundidas e
samento; o filho aceita o terceiro e acei- esquartejadas (pois são objetos parciais)
ta-se como sendo ele mesmo o terceiro e que se cronificam em uma “cena primá-
esta é a posição determinante para o ria” determinante de ansiedades psicóti-
desenvolvimento das suas capacidades cas e da introjeção de um superego cruel.
cognitivas e auto-reflexivas, sujeito e ob- Em tais casos, os psiquismos funcionam
jeto de conhecimento; torna-se possível como os pacientes que Ferenczi caracte-
conhecer a realidade — liberar o impulso rizou como sendo apenas id e superego,
epistemofílico e as phantasias inconsci- com um ego inexistente ou muito fraco.
entes correspondentes — fortalecendo o As decorrências são: (a) prevalecem as
elo K e modulando os elos L e H (para relações diádicas e narcisistas (simbió-
falarmos a linguagem de Bion, 1962). ticas) e monádicas (esquizóides) com a
Na ausência da triangulação, o recusa ou a rejeição da relação triangular
conhecimento e o pensamento ficam ini- inscrita na situação edípica incipiente; (b)
bidos e as relações de amor e ódio preva- neste campo, dão-se as experiências ra-
lecem imoderadas, mas isso já é parte do dicais de exclusão e de inclusão não-
que trataremos mais adiante. mediadas e intoleráveis; na relação com o
Toda essa evolução bem-sucedida aspecto tudo-bom e na relação com o
ideal depende, é claro, dos objetos primá- aspecto tudo-mau do objeto combinado e
rios, ou seja, da mãe e do “pai”, as aspas todo-poderoso, ou bem se vive uma inclu-
servindo para lembrar que as funções do são engolfante, ou bem uma exclusão
pai, a serem recenseadas mais adiante, aniquilante, o que incrementa (c) proces-
dizem respeito à boa ocupação do lugar sos de idealização defensiva e de
persecutoriedade intensa; (d) nesta con- dade que protege o sujeito da exclusão e
dição precária desenvolve-se o que foi da inclusão devastadoras, livrando-o das
chamado de “ódio à realidade”, o ataque grandes oscilações borderline, mas dei-
à curiosidade genuína e ao conhecimento, xando-o aprisionado.
e instala-se a arrogância defensiva, já que Uma outra possibilidade, bem me-
o maior dos sofrimentos parece ser justa- nos grave, diz respeito às fantasias de
mente levar em conta as phantasias incesto, isto é, as fantasias edipianas pro-
inconscientes que criam e sustentam uma priamente ditas (prenhes de rivalidades,
cena primária intolerável. inveja e ciúmes ou, no extremo, de indife-
Nesta condição, observa-se o que rença diante de um terceiro elemento
já foi designado como o “Édipo invisível” amesquinhado e ridículo). Tais fantasias
(E. O’Shaughnessy, 1988). Trata-se da (“minha mãe gosta muito mais de mim
recusa e/ou da rejeição da cena primária que de meu pai”, por exemplo) perpetu-
intolerável, que é a manifestação em es- am-se como defesas (neuróticas) contra
tado bruto da situação edípica, uma as ansiedades psicóticas diante das figu-
phantasia inconsciente primária. Aliás, ras onipotentes combinadas e produzem
cabe assinalar que não se trata de fato de tanto phantasias inconscientes homici-
“ódio à realidade”, recusa ou rejeição, ou das e culposas (em geral, recalcadas),
negação da realidade ela mesma. Até quanto phantasias de reparações maní-
porque não há como fazer contato direto acas (em geral, atuadas). Nestes casos, o
com ela. Dizer que se trataria de uma Édipo torna-se “excessivamente visível”
negação da “realidade tal como interpre- em sua forma defensiva (Britton, 1989).
tada” já é um avanço, mas não vai ao
ponto, pois não especifica a qualidade e a Funções do pai, funções do mundo,
natureza desta interpretação. O que se funções do “terceiro”
passa é uma intolerância às phantasias
inconscientes que constroem uma cena Tentemos recensear agora, breve-
primária da qual se está completamente mente, o que poderia ser uma boa ocupa-
excluído ou na qual se é incluído como um ção do lugar de terceiro (instalado na
dos participantes — identificação com o phantasia inconsciente), em oposição à
pai ou com a mãe — e na qual se experi- má ocupação da posição de terceiro, uma
mentam as intensidades elevadas de uma ausência da “função paterna”.
interação violenta, confusa. Uma forma Na ante-sala do Édipo, mas já no
de alcançar alguma estabilidade sem ter contexto de uma situação edípica, o “pai”
de enfrentar as agruras da travessia e do limita, permite e protege a relação diádica
enfrentamento pode ser a da construção e o narcisismo de origem. Pode não ser
dos “refúgios psíquicos” (Steiner, 1993), um pai, mas um conjunto familiar, uma
uma organização narcísica da personali- instituição, que desempenha a função de
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A “criatividade originária”, segundo Winnicott, também corresponde a uma potência imaginativa
destituída de formas prévias, puro vazio e virtualidade (Naffah Neto, comunicação pessoal).
Boswell, J. (2001). The Oedipus complex. Caper, R. (1998). A mind for one’s own:
In C. Bronstein (Org.), Kleinian A kleinian view of self and object.
theory: Contemporary perspective New York: Routledge.
(pp. 77-92). London: Brunner-
Routledge. Castoriadis, C. (1975). L’institution
imaginaire de la societé. Paris: Seuil.
Botella, C., & Botella, S. (2002). O irre-
presentável: Mais além da repre- Cintra, E. M. de U., & Figueiredo, L. C.
sentação. Porto Alegre: Criação (2003). Melanie Klein: Estilo e pen-
Humana. samento. São Paulo: Escuta.
Britton, R. (1985). The Oedipus situation Daniel, P. (1992). Child analysis and the
and the depressive position. In R. concept of unconscious phantasy. R.
Anderson (Ed.), Clinical lectures Anderson (Ed.), Clinical lectures
on Klein and Bion (pp. 34-45). Lon- on Klein and Bion (pp. 14-23). Lon-
don: Routledge. don: Routledge.
SUMMARY
In the present paper two aspects of the kleinian thought are identified as possible
basis to the contemporary psychoanalytic practice. The concept of unconscious
phantasy and the questions around the oedipal situation, along their transformations,
evolutions and aspects, are examined, including the early Oedipus complex. Both of
these themes can be conceived as a solid and useful ground for psychoanalysts of non-
kleinian orientations.
RESUMEN