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Linguagem visual - Unidade 2

Linguagem VIsual (Universidade Cruzeiro do Sul)

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Linguagem Visual

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Material Teórico
Elementos da Linguagem Visual

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Claudemir Nunes Ferreira

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos

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Elementos da Linguagem Visual

• Tom
• Textura
• Escala e proporção

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Abordar os elementos da linguagem visual – tom, textura, escala e
proporção. Seus conceitos, características, funções e variações, além
de alguns de seus valores agregados.
· Compreender suas relações na composição e aplicações nas artes
visuais, exemplificadas em obras de diferentes linguagens, períodos
e estilos.

ORIENTAÇÕES
Iniciaremos esta Unidade de estudo dos elementos da linguagem visual
pelo tom - intensidade de claridade ou obscuridade de uma superfície,
elemento que nos permite distinguir opticamente a complexidade da
informação visual no meio ambiente.

Em seguida, estudaremos a textura, a propriedade da superfície de um


material que pode ser sentida com o toque, reconhecida pela visão ou
percebida por ambos os sentidos, elemento que apresenta um forte
significado associativo e é capaz de sugerir sensações a outros sentidos.

E, por fim, a escala e a proporção, a relação métrica entre as grandezas


dimensionais dos elementos visuais que são capazes de se modificar e se
definir uns aos outros. Exemplificaremos ainda suas relações na composição
e aplicações nas artes visuais com a análise de diversas obras.

Após ler o Conteúdo teórico, não deixe de realizar as Atividades de


Sistematização e de Aprofundamento, e explore também o Material
complementar para ampliar seus conhecimentos.

Bons estudos!

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UNIDADE Elementos da Linguagem Visual

Contextualização
Além do ponto, linha e forma, já estudados na unidade I, existem outros
elementos fundamentais na linguagem visual. Entre eles, o tom, a textura, a escala
e a proporção, que se relacionam com os demais, dando origem a representações
e significados diversos ao longo da história da arte.

O tom está presente desde a primeira pintura rupestre. Só podemos visualizar


os temas representados pelo contraste entre o tom de seus contornos e o tom
da superfície rochosa onde foram pintados, o escuro sobre o claro ou vice-
versa. Assim como a escala; na relação métrica entre o animal e o homem
representados numa cena de caça de um mamute, por exemplo, temos o grande
em relação ao pequeno.

Os egípcios empregavam a escala em suas pinturas para uma representação


hierárquica da sociedade. A relação métrica entre as pessoas representadas era
equivalente à importância de cada uma delas no reino, na seguinte ordem de
grandeza: faraó, mulher do faraó, sacerdote, soldados e povo. Já os gregos
descobriram a escala de crescimento exponencial presente na natureza, a
proporção áurea, e a incorporaram na produção artística como seu ideal de
beleza matemática.

Geralmente, as texturas visuais e os tons das pinturas acadêmicas buscam uma


representação mais realista do tema abordado. Já nas pinturas impressionistas, o
efeito causado pela luz sobre a superfície do objeto é mais importante do que a
representação naturalista do objeto em si.

Na arte contemporânea, a pintura informal abandona de vez a representação


e explora as possibilidades expressivas da cor, do tom e das texturas criadas pela
utilização de materiais não convencionais, enquanto a pintura hiperrealista reproduz
proporções, tons e texturas com um grau de precisão que chegam a sugerir uma
representação fotográfica do tema abordado.

Esses são apenas alguns exemplos de como esses elementos aparecem ao


longo da história da arte. Aproveite seus estudos para ampliar seu repertório
artístico e busque sempre perceber as diversas maneiras como esses elementos
foram utilizados na elaboração de imagens através dos tempos.

Bons estudos!

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Tom
O tom é a intensidade de claridade ou obscuridade de uma superfície, a
característica da cor determinada pelo seu grau de luminosidade.

Enxergamos graças à presença ou ausência relativa da luz que se irradia de


maneira disforme no meio ambiente, já que todas as coisas têm, elas próprias,
claridade ou obscuridade relativa, ou seja, absorvem e refletem a luz de maneiras
distintas. As variações de luz ou de tom permitem que distingamos opticamente a
complexidade da informação visual no meio ambiente; vemos o escuro porque está
próximo ou se sobrepõe ao claro, e vice-versa.

Na natureza, a trajetória que vai do branco (soma de todas as cores) ao


preto (ausência de cor) é entremeada por centenas de gradações sutis de escala
tonal. Quando observamos as tonalidades no meio ambiente, estamos vendo a
verdadeira luz.

Nas artes gráficas, pintura e fotografia, os tons naturais são simulados por algum
tipo de pigmento, tintas ou nitrato de prata, e as gradações são mais limitadas.
Entre o pigmento branco e o preto, a escala tonal mais usada (Fig.1) tem cerca
de treze gradações facilmente perceptíveis. Porém, é possível obter uma variação
tonal mais ampla pela manipulação do tom através da justaposição. Um tom de
cinza modifica-se sensivelmente ao ser inserido numa escala tonal (Fig.2).

Figura 1

Figura 2

O tom é um elemento muito importante para a percepção humana,


compreendemos de imediato uma representação monocromática do mundo
real sem hesitar. Os tons variáveis de cinza utilizados nas artes gráficas, pintura,
fotografia e cinema são substitutos monocromáticos para a vasta gama de cores do
ambiente natural.

Todos os valores tonais existentes na natureza correspondem de uma maneira


aproximada às gradações de uma escala tonal de cinzas, como demonstrado pelo
Sistema de Zonas, criado na década de 30, pelo fotógrafo americano Ansel Adams,
um dos maiores ícones da fotografia de paisagens em preto e branco.

O método de Adams, aplicado à captura, revelação e impressão com o controle


preciso dos tons de cada região de uma paisagem fotografada, resumidamente
consiste na divisão do intervalo tonal, desde o preto até o branco mais puro, em onze
zonas (0 até 10). A Zona 0 corresponde ao valor de preto mais profundo que o papel
fotográfico poderia reproduzir, e a Zona 10 ao valor de branco mais claro possível,

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UNIDADE Elementos da Linguagem Visual

no caso o tom do próprio papel. Todas as áreas do assunto fotografado com valores
diferentes de luminosidade seriam relacionadas a uma dessas 11 zonas de exposição
(Fig.3) e, a seguir, aos valores correspondentes de cinza na impressão final (Fig.4).

Figura 3 Figura 4
Fonte: revistas.ung.br Fonte: fotografiafortaleza.com

A luminosidade ou obscuridade relativa de uma determinada cor chama-se


valor cromático e tem um valor tonal correspondente (por aproximação) na
escala de cinza (Fig.5), ou seja, não é muito mais claro nem muito mais escuro
que o tom de cinza correspondente. Cores diferentes podem possuir o mesmo
valor tonal, ou seja, não são mais claras nem mais escuras entre si.

Figura 5

Nos últimos anos, muitos artistas passaram a utilizar a edição digital para colorir
fotografias históricas captadas em preto e branco, entre eles Jordan Lloyd. Embora
Lloyd tenha contado com a assessoria de profissionais, nunca saberemos ao certo
se as cores aplicadas à versão colorida correspondem fielmente às cores originais
da cena fotografada. Porém, os tons de cinza da fotografia original correspondem
aos tons das cores aplicadas na versão colorida (Fig.6), e é isso que dá naturalidade
e fidelidade à reprodução.

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Figura 6 – Foto preto e branco de 1938, por John Vachon, cortesia de Shorpy.com
Foto colorida: Jordan J. Lloyd / Dynamichrome
Fonte: zap.aeiou.pt

A escada e a parede do primeiro plano apresentam tons médios similares, o tom


da parede frontal ao fundo é mais baixo (escuro) e o do chão do segundo plano é
bem alto (claro). A pele e o cabelo do garoto apresentam tons altos (claros). A calça
apresenta um tom médio, a camisa um tom mais alto (claro), e o sapato um tom
mais baixo (escuro). As cores originais podem não ser exatamente essas, mas não
eram nem mais claras nem mais escuras.

As imagens podem ser criadas com valores tonais contrastantes, valores similares
ou com qualquer combinação de valores da escala. O contraste entre tons claros e
escuros apresenta um efeito dramático, acentuado pelos contrastes mais extremos,
como o preto e branco na foto de Claudia Andujar (Fig.7).

Figura 7 – Yanomani (1974) – Claudia Andujar


Fonte: colecaopirellimasp.art.br

Como o valor tonal refere-se ao grau de luminosidade, uma obra que apresenta
predominantemente tons escuros (do cinza médio para o preto) tem valores tonais
baixos (Fig.8).

Figura 8 – Two old people eating soup (1820-1823) – Goya


Fonte: museodelprado.es

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UNIDADE Elementos da Linguagem Visual

Ao contrário, uma obra que apresenta predominantemente tons claros (do cinza
médio para o branco) tem valores tonais altos, é mais luminosa (Fig.9).

Figura 9 – Caipira picando fumo (1893) – Almeida Junior


Fonte: pinacoteca.org.br

A predominância de áreas escuras (valores tonais baixos) sugere uma atmosfera


de opressão, ameaça, drama, suspense ou tensão, enquanto uma obra que é
predominantemente luminosa (valores tonais altos) sugere exatamente o efeito contrário.

Figura 10 – Poster nacional do Figura 11 – Poster do filme


filme Sin City, A dama fatal, de Ensaio sobre a cegueira, de
Robert Rodriguez e Frank Miller, Fernando Meirelles, 2008.
2014. (Imagem de divulgação) (Imagem de divulgação)

O tom ainda é um elemento significativo na representação da dimensão. Nem


sempre as linhas em perspectiva conseguem por si mesmas criar uma ilusão
convincente de tridimensionalidade no plano bidimensional e o acréscimo de um fundo
tonal tende a reforçar essa ilusão. Esse efeito é ainda mais evidente na representação
da esfera; sem informação tonal a forma básica círculo não sugeriria dimensão.

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Figura 12

O contraste de valores tonais claros e escuros reforçam o efeito de volume pela


sensação de luz refletida e sombras projetadas.

Figura 13 – Genesis (1602) – Sebastião Salgado


Fonte: snpcultura.org

Figura 14 – The crowning with thorns (1602) – Caravaggio


Fonte: caravaggio-foundation.org

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Textura
Textura é a propriedade da superfície de um material que pode ser sentida com
o toque, reconhecida pela visão ou percebida por ambos os sentidos. A textura nos
permite distinguir as formas e identificar o aspecto de sua superfície - por exemplo,
lisa, áspera, rugosa, porosa, macia, ondulada, entre outras.

A textura apresenta um forte significado associativo e apenas ao ser percebida


pela visão é capaz de sugerir sensações a outros sentidos. Podemos compreender
a dor de alguém que sofre uma queda e rala o joelho no asfalto ao visualizar o
atrito de sua pele sobre a superfície áspera ou podemos salivar ao ver um tenro,
suculento e macio filé sendo fatiado. E por esse motivo, é um elemento muito
explorado em todas as linguagens visuais.

A textura da obra Object (Le déjeuner en fourrure) (Fig.15), uma xícara, pires e
colher forrados com pele animal, da artista Maret Oppenheim, provoca sensações
ambivalentes. Reconhecemos a textura macia da pele como algo agradável ao
tato, porém como esses objetos estão associados à alimentação, sua textura sugere
também uma sensação muito desagradável ou mesmo repugnante ao palato,
quando imaginarmos colocá-la na boca.

Figura 15 – Object (Le déjeuner en fourrure) (1936) – Maret Oppenheim


Fonte: moma.org

Textura tátil
Textura tátil corresponde à superfície que pode ser experimentada por meio do
toque, ou seja, é a textura real e não uma ilusão criada pelo desenho ou pintura.

É um elemento intrínseco das artes tridimensionais. A madeira, o metal, o


vidro, as fibras, o mármore, as demais pedras ou qualquer outro material têm
texturas naturais próprias que são incorporadas à obra, podendo ou não ser
manipuladas pelo artista.

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Figura 16 - Transarquitetônica (2014) – Instalação de Henrique Oliveira


Fonte: mac.usp.br

As obras tridimensionais também podem apresentar texturas artificiais, criadas


pelo artista através da manipulação de materiais e instrumentos diversos. Como nas
esculturas hiper-realistas de Ron Mueck, que combinam texturas naturais (cabelos,
tecidos) com texturas artificiais (pele, unhas).

Figura 17 – Casal debaixo do guarda-sol (2013) – Ron Mueck


Fonte: vejasp.abril.com.br

Nas linguagens bidimensionais, como na pintura e nas artes gráficas, a textura


tátil pode ser inserida por meio dos materiais utilizados. Além da textura natural do
próprio suporte, os diversos tipos de tinta possuem propriedades específicas, como
espessura e densidade, que dão texturas táteis à obra de acordo com a forma de
aplicação e a quantidade utilizada.

Na obra Noite estrelada (Fig.18), Van Gogh aplicou o pigmento em faixas


pesadas, diretamente do tubo de tinta. As faixas de tinta e os sulcos formados entre
elas criam uma textura tátil.

Figura 18 – Noite estrelada (1889) – Vicente Van Gogh


Fonte: infoescola.com

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Na técnica do empastamento, a espessura da tinta pode ser bastante pesada e


aplicada em protuberância, criando padrões próprios de textura tátil.

Figura 19 – Il viaggio n. 4 (1979) – Alberto Burri


Fonte: fondazioneburri.org

Na pintura matérica, a textura tátil é obtida pelo acréscimo de substâncias


diversas à tinta, como areia, terra, serragem, pó de vidro e gesso, ou mesmo pela
inserção de fragmentos reais na tela, como sucata, madeira e fibras.

Figura 20 - Creu I R (1975) – Antoni Tàpies


Fonte: dsmpublicartfoundation.org

Objetos prontos ainda podem ser inseridos sobre a tela, rompendo sua
bidimensionalidade e agregando suas texturas próprias à obra.

Figura 21 – Sem título (1994) – Arman


Fonte: resolve40.com

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Textura visual
As texturas visuais não são perceptíveis ao toque, porém sugerem ao olhar uma
sensação tátil.

Padrões de linhas, hachuras, formas sobrepostas, sobretons, luzes e sombras


podem causar a ilusão de relevo em graus distintos e criar texturas visuais, sugerindo
ao olhar uma qualidade tátil que ali não se encontra.

Figura 22 – Brazil (1989) – Keith Hering


Fonte: mam.paris.fr

Figura 23 – Portrait of Adele Bloch Bauer I (1907) – Gustav Klimt


Fonte: klimt.com

Figura 24 – Pura beleza (2006) – Beatriz Milhazes


Fonte: db-artmag.com

Em algumas obras, as superfícies dos objetos representados são reproduzidas


com um grau de detalhamento em suas nuances de volumes e tons, luzes, sombras,
transparências e reflexos, que sugerem ao olhar a textura real dessas superfícies.
Poderíamos facilmente acreditar que a natureza morta pintada com aquarela (Fig.25)
ou a pintura a óleo das crianças mergulhadas na lama (Fig.26) são fotografias.

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Figura 25 – Aquarela de Eric Christensen


Fonte: hypescience.com

Figura 26 – Pintura a óleo de Teresa Elliott


Fonte: hypescience.com

Nas animações 3D, a textura visual é um elemento muito explorado para dar vida
aos personagens e cenários desenvolvidos em programas de computação gráfica
(CGI), podendo criar a aparência convincente de uma textura real. Na animação
Valente (Fig.27), produzida pela Pixar Animation Studios, o resultado visual obtido
nas texturas das roupas, cabelos, pelos e cenografia é impressionante.

Figura 27 – Valente (imagem de divulgação)


Fonte: disney.pt/brave/imagens/

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Na fotografia, a textura tátil do tema torna-se visual, e este é um elemento muito


importante na linguagem fotográfica. Alguns fotógrafos a elegem como o elemento
visual primordial ou até mesmo como o tema de suas obras, fazendo-nos sentir um
prazer tátil ao apreciá-las.

O trabalho principal do fotógrafo americano Aaron Siskind registra detalhes


de natureza e arquitetura (como camadas de tinta descascadas e restos de posters
colados sobre paredes); o efeito visual das texturas é priorizado e independente
do tema.

Figura 28 – San Luis Potosi 16 (1961) – Aaron Siskind


Fonte: www.ibashogallery.com

Edward Weston, considerado um dos mais importantes fotógrafos americanos


e um dos precursores da fotografia artística no século XX, deu um novo sentido
e vida para objetos triviais, unificando a simplicidade e realismo do comum
com a abstração, em imagens que evidenciam as formas e texturas naturais dos
temas fotografados.

Figura 29. – Alcachofra (1930) – Edward Weston


Fonte: www.ideafixa.com

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UNIDADE Elementos da Linguagem Visual

Escala e proporção
Escala e proporção referem-se à relação métrica entre as grandezas dimensionais
dos elementos visuais que são capazes de se modificar e se definir uns aos outros,
ou seja, o grande só existe em comparação ao pequeno.

Os dois quadrados a seguir (Fig. 30) possuem a mesma medida, porém o da


esquerda pode ser considerado grande em relação ao plano em que está inserido,
enquanto o da direita, pequeno.

Figura 30

A medida é parte integrante da escala, mas não é a fundamental. O mais importante


é a justaposição, a relação entre os elementos visuais e em que cenários eles se inserem.
O contexto da intervenção urbana do artista inglês Slinkachu (Fig.31) sugere que os
personagens estejam apreciando uma escultura hiper-realista enorme de uma bituca
de cigarro e, ao mesmo tempo, como sabemos qual é o tamanho real de uma bituca,
podemos identificar o quão pequenas são os personagens fotografados. Tudo o que é
certo no contexto da escala pode ser falso em termos de medida; sem a referência da
medida da bituca, nunca saberíamos ao certo a medida dos personagens.

Figura 31 - Relic cigarette monument – Slinkachu


Fonte: foundshit.com

Escala e proporção são sempre matematicamente comparativas entre as


grandezas métricas de dois ou mais elementos visuais, portanto podem ser dadas por
fórmulas e equações. A escala é muito utilizada em mapas e projetos arquitetônicos
para representar distâncias e medidas enormes através de medidas pequenas. Por
exemplo, no projeto arquitetônico ou planta de uma casa, cada centímetro do
desenho pode corresponder a um metro de área construída – escala 1cm:100cm;
e cada centímetro de uma rodovia representada em um mapa pode corresponder
a 10 quilômetros de distância – escala 1cm:10km.

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A escala também pode ser aplicada para representar coisas pequenas como
a figura humana (dependendo, claro, da relação com os demais elementos) em
enormes formatos, como nas esculturas hiper-realistas do australiano Ron Mueck
(Fig.32). A escala ampliada dessas obras causa um grande impacto no espectador.

Figura 32 – A girl (2006) e Boy (1999) – Ron Mueck


Fonte: redeglobo.globo.com

Porém, mesmo quando se estabelece a relação entre dois elementos, o grande


em relação ao pequeno, a escala pode ser modificada pela introdução de outras
forças perceptivas, como o campo e o ambiente. A relação entre a escala utilizada
com o objetivo e o significado é essencial na estruturação da mensagem visual. O
controle da escala pode fazer com que algo pequeno pareça grande e se destaque
na composição, ou vice-versa. Como na fotografia de William Eggeston (Fig.33),
em que o triciclo, mesmo em escala real, parece enorme em relação à casa no
segundo plano por causa do campo e do ângulo da foto.

Figura 33 - Sem título (Memphis) (1970) – William Eggeston


Fonte: jornaldafotografia.com.br

Na arquitetura e no design de mobiliário, tudo o que se projeta em série possui


uma medida padrão, relacionada ao tamanho médio das proporções humanas,
como a altura de uma porta, de uma janela, de uma pia ou a área de um box, assim
como a altura de uma cama, do assento de uma cadeira ou do tampo de uma mesa.

Nas linguagens artísticas, existem fórmulas de proporção nas quais a escala


pode basear-se. A proporção áurea é a mais famosa, utilizada na concepção do
Parthenon (Fig.34) e em muitas obras da Antiguidade e do Renascimento.

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UNIDADE Elementos da Linguagem Visual

Figura 34 – Parthenon
Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Simplificadamente, para obtermos a proporção áurea, partimos de um quadrado


e traçamos a diagonal de uma de suas metades (Fig.35). Usamos essa diagonal
como raio e traçamos um arco para obter um retângulo (Fig.36).

Figura 35 Figura 36

A proporção entre a base do quadrado original e a base do retângulo final é de


1;1,618, ou seja, independente do tamanho do quadrado, sempre que você dividir
a base do retângulo áureo pela sua altura, o valor obtido será 1,618 e esse é o
número áureo recorrente na natureza.

Se inserirmos um novo quadrado no retângulo obtido, continuaremos mantendo


a mesma proporção entre eles, e assim sucessivamente. Se desenharmos um arco
sobre as diagonais dos quadrados obteremos uma forma em espiral também muito
recorrente na natureza.

Figura 37

Essa proporção está relacionada com a natureza do crescimento, pode ser


encontrada nas medidas do corpo humano, no design de uma concha ou de uma
flor, nas galáxias em espiral, nos furacões, nas ondas e no comportamento dos
átomos, entre muitos outros exemplos.

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Figura 38

Os gregos perceberam que as coisas na natureza evoluem exponencialmente,


seguindo uma proporção perfeita, e aplicaram esse conceito à sua produção
artística. E, no final do século XII, o matemático italiano Leonardo Fibonacci
traduziu em uma sequência numérica essa proporção perfeita em uma escala
de crescimento.

A sequência de Fibonacci inicia-se com 0 e 1 e, a partir daí, cada número é a soma


dos dois anteriores infinitamente: 0:1:1:2:3:5:8:13:21:34:55:89:144:233:377...
Quanto mais se avança pela sequência numérica, mais a proporção de crescimento
da escala (divisão de um número pelo seu antecessor) aproxima-se do valor 1,618.
Utilizando essa sequência numérica, construímos o diagrama da proporção áurea
(Fig.39): 1+1=2, 2+1=3, 3+2=5, 5+3=8, 8+5=13 e assim, infinitamente.

Figura 39

1,618 é a proporção entre a altura do corpo humano e a medida do umbigo até


o chão, a altura do crânio e a medida da mandíbula até o alto da cabeça, medida
da cintura até a cabeça e o tamanho do tórax, medida do ombro à ponta do dedo e
a medida do cotovelo à ponta do dedo, o tamanho dos dedos e a medida da dobra
central até a ponta etc, as proporções anatômicas ideais presentes nas esculturas
gregas, no Homem vitruviano (Fig.40) e na Monalisa (Fig.41) de Leonardo Da
Vinci, por exemplo.

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Figura 40 – Homem vitruviano (1942) Figura 41 – Monalisa (1503-1506)


Leonardo Da Vinci Leonardo Da Vinci
Fonte: icex.ufmg.br Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.b

Outra proporção baseada na divisão áurea e muito utilizada nas linguagens


visuais, especialmente na fotografia e no design gráfico, é a regra dos “três terços”
(Fig.42). Uma fórmula simplificada da proporção áurea, em que se divide uma
imagem mentalmente em três terços verticais e horizontais, obtendo-se nove
partes. Os cruzamentos entre as linhas geram pontos de interesse da imagem.

Figura 42

Figura 43 - Índios pescando na bacia do Xingu (2005) – Sebastião Salgado


Fonte: g1.globo.com

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Há vários materiais, como vídeos, filmes, livros e sites, que podem ampliar seu conhecimento
sobre os elementos básicos da linguagem visual - tom, textura, escala e proporção.
Indicamos aqui os seguintes:

Vídeos
Vik Muniz – Earthworks e Vik Muniz - Pictures of garbage: Marat
Esses vídeos apresentam o making of das séries Earthworks e Pictures of garbage,
do fotógrafo Vick Muniz, ambas produzidas em escala ampliada. Observe também as
texturas visuais presentes nas imagens finais, obtidas a partir das texturas reais dos
materiais fotografados - terra na primeira série e materiais recicláveis na segunda.
www.youtube.com/watch?v=6z66AT1Ap2g e www.youtube.com/watch?v=Tdgn6uiIq2Y

Filmes
Donald no País da Matemágica
Essa animação aborda a matemática de maneira descontraída e histórica. O trecho
entre 7m23s e 13m30s explica de uma maneira didática e lúdica a descoberta da
proporção áurea, sua aplicação nas artes visuais através dos tempos e sua presença
na natureza.
www.youtube.com/watch?v=YEpcuMdpBE8

Sin City – A cidade do pecado (2005)


Filme dirigido por Robert Rodriguez e Frank Miller.
Foi filmado com câmeras digitais de alta definição, com imagens em preto e branco,
mantendo apenas alguns elementos como lábios, olhos, sangue, detalhes de objetos e
algumas luzes coloridos. Os altos contrastes e a predominância de tons baixos seguem as
características da obra original, realizada em HQ.

Valente (2012)
Animação de Mark Andrews e Brenda Chapman, produzida pela Pixar Animation Studios.
Valente, produzida em tecnologia 3-D, simula com precisão inúmeras texturas reais
em programas de computação gráfica; o resultado visual obtido nas texturas das
roupas, cabelos, pelos e cenografia é impressionante.

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Referências
ARNHEIM, R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. Nova
versão. 11. ed. São Paulo: Pioneira, 1997.

CAGE, J. A cor na arte. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

FRASER, T.; BANKS, A. O guia completo da cor. 2. ed. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2010.

GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto. São Paulo: Escrituras editora, 2000.

OSTROWER, F. Universos da arte. 24. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

PEDROSA, I. O universo da cor. Rio de Janeiro: Senac, 2004.

WONG, W. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

Webgrafia
Infoescola. Disponível em: <www.infoescola.com>. Acesso em: 15 jul. 2015.

Massive escola de fotografia profissional. Disponível em: <www.


fotografiafortaleza.com>. Acesso em: 15 jul. 2015.

Museu de arte contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP).


Disponível em: <www.mac.usp.br>. Acesso em: 14 jul. 2015.

Museum of modern art (MOMA). Disponível em: <www.moma.org>. Acesso em:


14 jul. 2015.

Portal das revistas científicas eletrônicas. Disponível em: <www.revistas.ung.br>.


Acesso em: 15 jul. 2015.

Portal do professor. Disponível em: <portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso


em: 15 jul. 2015.

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Baixado por Cah Gonzaga (carolinegota14@gmail.com)
lOMoARcPSD|37557341

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