A Convenção de Nova Iorque de 1958 facilita o reconhecimento de sentenças arbitrais estrangeiras entre os Estados signatários. Em Portugal, as sentenças arbitrais estrangeiras devem ser reconhecidas pelos tribunais antes de produzirem efeitos, podendo recusar o reconhecimento se contrárias à ordem pública. A execução de decisões arbitrais reconhecidas no âmbito da Convenção rege-se pela lei processual portuguesa.
Descrição original:
Convenção de Nova Iorque
Título original
A Convecção de Nova Iorque surgiu para permitir e facilitar o reconhecimento de sentenças arbitrais estrangeiras ou de sentenças arbitrais que não forem consideradas sentenças
A Convenção de Nova Iorque de 1958 facilita o reconhecimento de sentenças arbitrais estrangeiras entre os Estados signatários. Em Portugal, as sentenças arbitrais estrangeiras devem ser reconhecidas pelos tribunais antes de produzirem efeitos, podendo recusar o reconhecimento se contrárias à ordem pública. A execução de decisões arbitrais reconhecidas no âmbito da Convenção rege-se pela lei processual portuguesa.
A Convenção de Nova Iorque de 1958 facilita o reconhecimento de sentenças arbitrais estrangeiras entre os Estados signatários. Em Portugal, as sentenças arbitrais estrangeiras devem ser reconhecidas pelos tribunais antes de produzirem efeitos, podendo recusar o reconhecimento se contrárias à ordem pública. A execução de decisões arbitrais reconhecidas no âmbito da Convenção rege-se pela lei processual portuguesa.
Docente – Rui Pinto Duarte Discente- Leonor de Matos Pereira 2021/2021 A Convenção de Nova Iorque surgiu para permitir e facilitar o reconhecimento de sentenças arbitrais estrangeiras ou de sentenças arbitrais que não forem consideradas sentenças nacionais no Estado em que são pedidos o seu reconhecimento e execução. (João Luís Mota Campos e Carlos Almeida, 2015, pp.72-73). Esta convenção foi celebrada em 10 de junho de 1958 e é um elemento essencial da Arbitragem, debruçando-se sobre o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais proferidas no território de um Estado que não aquele em que são pedidos o reconhecimento e a execução das sentenças, bem como às sentenças arbitrais que não forem consideradas sentenças nacionais no Estado em que são pedidos o seu reconhecimento e execução (artigo I Convenção de Nova Iorque). A importância da Convenção de Nova Iorque vem plasmada, essencialmente, no reconhecimento das sentenças arbitrais estrangeiras. O Estado Português fez uma reserva de reciprocidade aquando da ratificação da Convenção, referindo que só eram aplicáveis às sentenças arbitrais proferidas nos territórios de outros Estados Contratantes. (António Sampaio Caramelo, 2016, p.23). Em Portugal, o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais estrangeiras vem retratado na Lei nº 63/2011 de 14 de dezembro (doravante, LAV), nos artigos 55º a 58º. (Tito Arantes Fontes e Constança Borges Sacoto, p. 93, 2016). Olhando para o artigo 5º/1-a) 2ª parte da Convenção, podemos verificar quais os fundamentos de recusa de reconhecimento, sendo que, um deles é a invalidade substancial da convenção de arbitragem perante a lei a que as partes a subordina (Luís Lima Pinheiro, 2018, p. 215). É necessário ter em conta que uma decisão arbitral estrangeira não é automaticamente aceite em território português, sem que antes seja analisada e confirmada pelo tribunal competente (João Luís Mota de Campos e Carlos Almeida, 2015, p.73). Os tribunais portugueses podem recusar oficiosamente o reconhecimento da sentença arbitral caso estas sejam contrárias à ordem pública internacional do Estado Português. O Professor LEBRE DE FREITAS defende que as decisões dos tribunais arbitrais estão, quando proferidas no estrangeiro, sujeitas a revisão, nos mesmos termos das sentenças dos tribunais do Estado, aliás, como vem estabelecido no artigo 978º do Código de Processo Civil. Segundo FERNANDO AMÂNCIO FERREIRA, o tribunal competente para rever e confirmar estas sentenças arbitrais estrangeiras é o tribunal de Primeira Instância, tal como tem vindo a ser entendido pela nossa jurisprudência, contudo, alguns autores seguem o entendimento daquilo que vem estabelecido no artigo 979º do CPC, referindo que é o Tribunal da Relação que é competente nestes casos. (José Miguel Júdice e António Pinto Monteiro, 2010, pp. 161-162). Ora, após o exposto, cabe tomar posição dizendo que, não restam dúvidas de que o artigo III da CNI não faz com que o processo de confirmação e análise da sentença arbitral estrangeira seja dispensável, até porque são bastantes os estados signatários da mesma, pelo que poderá sempre existir algum tipo de divergência com a legislação do país onde a sentença foi proferida. Há uma unanimidade na Jurisprudência Portuguesa quanto ao facto de que a contrariedade à ordem pública internacional portuguesa se tem que avaliar de acordo com o resultado jurídico a que a sentença em causa conduz. (Tito Arantes Fontes e Constança Borges Sacoto, p. 93, 2016). A LAV prevê no artigo 55º a necessidade de reconhecimento, isto é, ainda que haja uma imperatividade imposta por parte da CNI, estas sentenças não podem produzir efeitos em Portugal sem serem reconhecidas pelo Estado Português. A execução da decisão arbitral reconhecida no âmbito da Convenção de Nova Iorque rege-se pelo Direito Processual da ordem interna, sendo que, em Portugal, reger-se-á pelo artigo 730º do Código de Processo Civil, quanto aos fundamentos de oposição à execução. Podemos concluir que o Direito Português é altamente favorável às decisões arbitrais estrangeiras, dado que os requisitos da lei interna portuguesa para a revisão e confirmação de sentença são os mesmos das sentenças judiciais estrangeiras. (Nuno Salazar Casanova, p. 2, 2009). Bibliografia:
1. CARAMELO, António Sampaio, O Reconhecimento e execução de sentenças
arbitrais estrangeiras, Almedina, 2016 2. JÚDICE, José Miguel e MONTEIRO, António Pedro Pinto, «Do Reconhecimento e Execução de decisões arbitrais estrangeiras ao abrigo da Convenção de Nova Iorque», Revista internacional de arbitragem e conciliação, 2010. 3. PINHEIRO, Luís de Lima, «Tendências de desenvolvimento no reconhecimento de decisões arbitrais “estrangeiras” ao abrigo da Convenção de Nova Iorque», Revista da Ordem dos Advogados, 2018 4. CASANOVA, Nuno Salazar, «A Convenção de Nova Iorque e o Direito Interno Português», La Convención de Nueva York y el Derecho Interno Portugués, 2009 (acedido em - https://www.uria.com/pt/publicaciones/2691-a- convencao-de-nova-iorque-e-o-direito-interno-portugues) 5. FONTES, Tito Arantes e SACOTO, Constança Borges, «O reconhecimento e execução de decisões arbitrais estrangeiras – uma perspetiva comparada entre a realidade portuguesa e as de Angola, Cabo Verde e Moçambique», Actualidad Jurídica Uría Menéndez, 2016 (acedido em - https://www.uria.com/documentos/publicaciones/5152/documento/foro _por02.pdf?id=6828). 6. CAMPOS, João Luís Mota e ALMEIDA, Carlos, «O Reconhecimento e a execução de sentenças arbitrais no quadro da Convenção de Nova Iorque de 1958: alguns desenvolvimentos comparados», Estudos de Direito da Arbitragem em homenagem a Mário Raposo, Universidade Católica Editora, 2015.