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Provas em Espécie
DISCIPLINA
ASPECTOS PROCESSUAIS PENAIS
CONTEÚDO
Provas - Parte II
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Sumário
Sumário------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1 Provas em Espécie ----------------------------------------------------------------------------------------- 5
1.1 Do Exame de Corpo de Delito e Outros Exames Periciais ----------------------------------------------------- 5
1.2 Laudo Pericial ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 6
1.2.1 Momento Para A Juntada Do Laudo Pericial --------------------------------------------------------------------------------- 6
1.3 Exame de Corpo de Delito Direto e Indireto---------------------------------------------------------------------- 8
2 Meios de Prova e Meios de Obtenção de Prova em Espécie ----------------------------------- 9
2.1 Perito ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 9
2.2 Perito Não Oficial ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 10
2.3 Assistente Técnico ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 11
2.4 Da Cadeia de Custódia da Prova ----------------------------------------------------------------------------------- 11
2.4.1 Etapas da Cadeia de Custódia -------------------------------------------------------------------------------------------------- 12
2.5 Centrais de Custódia -------------------------------------------------------------------------------------------------- 14
2.6 Do Interrogatório Judicial-------------------------------------------------------------------------------------------- 16
2.6.1 Natureza Jurídica Do Interrogatório ------------------------------------------------------------------------------------------ 17
2.6.2 Necessidade do Interrogatório ------------------------------------------------------------------------------------------------ 20
2.6.3 Reinterrogatório ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21
2.6.4 Momento do Interrogatório ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 22
2.7 Características do Interrogatório ---------------------------------------------------------------------------------- 24
2.7.1 Ato em Contraditório ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24
2.7.2 Ato Público -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 25
2.7.3 Ato Personalíssimo ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 26
2.7.4 Ato Individual ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 26
2.8 Local do Interrogatório ----------------------------------------------------------------------------------------------- 27
2.9 Interrogatório por videoconferência ----------------------------------------------------------------------------- 28
2.10 A Oralidade do Interrogatório -------------------------------------------------------------------------------------- 31
2.11 A Espontaneidade do Interrogatório ----------------------------------------------------------------------------- 32
2.12 Direito ao Silêncio Seletivo ------------------------------------------------------------------------------------------ 32
2.13 Da Confissão ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 32
2.13.1 Classificação Da Confissão -------------------------------------------------------------------------------------------------- 33
2.13.2 Características da Confissão ------------------------------------------------------------------------------------------------ 36
2.13.3 Valor Probatório Da Confissão --------------------------------------------------------------------------------------------- 36
2.14 Da Prova Testemunhal ----------------------------------------------------------------------------------------------- 36
2.14.1 As Proibições de Testemunhar Em razão da Função ----------------------------------------------------------------- 39
2.14.2 Dever De Comparecimento ------------------------------------------------------------------------------------------------- 40
2.14.3 Testemunha de Fora da Jurisdição---------------------------------------------------------------------------------------- 41
2.14.4 Testemunha de Fora do País ----------------------------------------------------------------------------------------------- 43
2.14.5 Prerrogativas de Autoridades ---------------------------------------------------------------------------------------------- 44
2.14.6 Testemunha e o Dever de Dizer a Verdade ---------------------------------------------------------------------------- 45
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2.14.7 Substituição da Testemunha ----------------------------------------------------------------------------------------------- 46
2.14.8 Desistência da Testemunha ------------------------------------------------------------------------------------------------ 47
2.14.9 Receio Provocado pela Presença do Acusado ------------------------------------------------------------------------- 49
2.14.10 Procedimento para a Oitiva de Testemunhas ------------------------------------------------------------------------- 49
2.15 Reconhecimento de Pessoas e Coisas ---------------------------------------------------------------------------- 51
2.16 Da Busca e Apreensão ------------------------------------------------------------------------------------------------ 52
2.16.1 Objeto da Busca---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 53
2.16.2 Espécies de Busca ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 54
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1 Provas em Espécie
1.1 Do Exame de Corpo de Delito e Outros Exames Periciais
Saiba o conceito de Corpo de Delito: É todo e qualquer vestígio sensível deixado por
uma infração penal. Já o Exame de Corpo de Delito: é a realização de uma perícia
sobre este vestígio sensível, isto é, a análise por um perito do vestígio.
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Em regra, não há um momento para a juntada do laudo pericial, este laudo poderá
ser juntado a qualquer momento, contudo, lima (2020) ressalta que:
Como o acusado deve ter conhecimento de tudo que contra ele foi produzido ou venha a ser
utilizado, a fim de que possa exercer o seu direito de fazer a contraprova, apresentando
elementos probatórios para se contrapor ao trazido aos autos pelo exame pericial, queremos
crer que o laudo pericial deve ser juntado aos autos antes da audiência una de instrução e
julgamento, com antecedência mínima de 10 (dez) dias (LIMA, 2020, p.727, grifo nosso).
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Observando os dispositivos acima, são dois laudos que deverão ser elaborados. O
primeiro é chamado de laudo de constatação, o qual deverá indicar se o material
apreendido, é uma droga, apontando sua quantidade, este é um exame provisório
feito para comprovar a materialidade do delito. A par deste, há o laudo definitivo, mais
complexo, o qual traz a certeza quanto à materialidade do delito, definindo o material
pesquisado.
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O exame de copo de delito direto é realizado quando há vestígios, mas ocorre por
vezes, casos em que o exame não é realizado por razões diversas ou os vestígios
desaparecem. Por tais razões o exame de corpo de delito indireto surge conforme o
art. 167 que compreende:
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
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Disposto no art. 159. o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados
por perito oficial, portador de diploma de curso superior, esta é uma redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008. Ainda em seu § 1º na falta de perito oficial, o exame será
realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica
relacionada com a natureza do exame.
Portanto existem peritos oficiais e não-oficiais, o §1º traz a possibilidade de ser peritos
não-oficiais, mas deverão ser duas pessoas idôneas.
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Foi com a Lei nº 11.690, de 2008 que a figura do assistente técnico foi introduzida no
processo penal. Disposto no art. 159, §5º, II, compreende que durante o curso do
processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia, indiquem assistentes
técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
inquiridos em audiência. Ainda em seu § 6º cita que:
Art. 159, §6º (...)- havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base
à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda,
e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua
conservação.
A Lei nº 13.964, de 2019 (mais conhecida como pacote anticrime) traz o art. 158-A,
que considera a cadeia de custódia como o conjunto de todos os procedimentos
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em
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locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte.
Em seu § 1º cita que o início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local
de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a
existência de vestígio. O agente público que reconhecer um elemento como de
potencial interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua
preservação prevê o § 2º.
• isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de
crime;
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Lima Jr (2020, p. 649) cita que “[...] note-se a importância de se respeitar a cadeia de
custódia, vez que este parágrafo demonstra a possibilidade de haver coleta durante a
instrução”.
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O que consta neste art. e seus parágrafos, deverá ser exigido pelo juiz das garantias,
na fase do inquérito e pelo juiz da instrução na fase judicial, segundo Lopes Jr (2020).
Este é um artigo importante, pois o processo é instruído de forma precária em alguns
Estados, por vezes, existem apenas testemunhas e nenhuma prova pericial, gerando
perigo de produzir erro judiciário por falta de provas!
O art. 158-E. é uma solução em que traz a concentração dos vestígios em um só local,
conferindo segurança devida e acesso controlado ao local:
art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada
à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central
de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a
classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar
condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e
deverão ser registradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas,
consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário
da ação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
O art. 158-F. dispõe que todo material periciado será encaminhado à central de
custódia, ou seja, após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central
de custódia, devendo nela permanecer. Em seu parágrafo único, cita que caso a central
de custódia não possua espaço ou condições de armazenar determinado material,
deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do
referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central
de perícia oficial de natureza criminal.
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Antes de iniciarmos o assunto do material, lhe darei uma dica! Tenha atenção aluno,
priorize o que for relevante/relacionado com o cargo que você está se preparando.
Não deixe de estudar os tópicos, para que assim, seja aprovado em sua tão sonhada
vaga. Diante do exposto, iniciaremos o conteúdo! Você sabe o que é um interrogatório
Judicial?
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crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois
dela;
• Onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;
• As provas já apuradas;
• Se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde
quando, e se tem o que alegar contra elas;
• Se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto
que com esta se relacione e tenha sido apreendido;
• Todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos
antecedentes e circunstâncias da infração;
• Se tem algo mais a alegar em sua defesa.
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Quando o sujeito não permanece em silêncio, se mentir não será condenado por crime
de perjúrio, contudo, se a testemunha mente a lei prevê prisão de um a três anos,
além de multa para o infrator. Isto ocorre, pois na legislação brasileira, o perjúrio
cometido pelo acusado não é crime, pois no Brasil ninguém é obrigado a produzir
prova contra si mesmo.
Você sabe o que é revelia? A revelia está expressa no art.344 do Código de Processo
Civil, ela ocorre com a ausência de contestação e, como consequência, gera presunção
de veracidade dos fatos alegados pelo autor.
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Por outro lado, existe a condução coercitiva da testemunha onde estão obrigadas a
comparecer em audiência, pois diferentemente do interrogatório do acusado que é
simultaneamente um meio de prova e meio de defesa, a inquirição de testemunha é
exclusivamente um meio probatório.
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Quando o sujeito não permanece em silêncio, se mentir não será condenado por crime
de perjúrio, contudo, se a testemunha mente a lei prevê prisão de um a três anos,
além de multa para o infrator. Isto ocorre, pois na legislação brasileira, o perjúrio
cometido pelo acusado não é crime, no Brasil ninguém é obrigado a produzir prova
contra si mesmo.
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Isto pode ocorrer com o réu preso que está respondendo um processo (próprio
processo) e é acusado em outro, ao não encontrar o suspeito a citação por edital será
realizada.
Em relação a nulidade, não existe consenso sobre qual tipo de nulidade será gerada,
assim duas correntes emergem, sendo:
2.6.3 Reinterrogatório
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Contudo para que ocorra uma renovação de interrogatório, deve ser fundamentado.
Nucci (2020) traz as hipóteses em que a renovação do interrogatório pode ocorrer:
O art 400 trata da audiência de instrução e julgamento a qual é idealmente una, cita
que na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60
dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o
disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida,
o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
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confunda ofendido com acusado, pois o ofendido é a vítima, mas lembre-se que o
ofendido também não é obrigado a dizer a verdade.
O art. 400 cita o art 222, este artigo traz sobre as testemunhas que residem em
Comarca diversa de onde deva ser ouvida, a lei buscando evitar o deslocamento da
testemunha, determina que seja expedida a carta precatória, assim, a testemunha é
ouvida em sua cidade. A carta precatória gradativamente vem sendo menos utilizada,
devido a vídeo conferência.
No que se refere ao interrogatório será o último ato da instrução, isto ocorreu a partir
de 2008, mas existem procedimentos especiais em que o interrogatório ocorreria no
início da instrução, disposto nos seguintes procedimentos:
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O interrogatório judicial, segundo Lima (2020, p. 742) é “o ato processual por meio do
qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe é feita.” O
interrogatório possui características e vamos elencá-las.
O interrogatório era um ato privativo do juiz e foi com a entrada em vigor da Lei nº
10.792/03 que o interrogatório passou a se submeter ao princípio do contraditório (o
que traz a possibilidade de interferência das partes).
O art. 185. do Código de Processo Penal, dispõe que o acusado que comparecer
perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
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O interrogatório deve ser exercido pelo acusado, é um ato pessoal, pois não é possível
colocar o outro para falar no lugar. Quando é uma pessoa jurídica, quem será
interrogado será o representante legal ou o detentor de carta de proposição (preposto
da empresa).
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colidentes, sob pena de violação à ampla defesa. O fato de o acusado advogar em causa
própria não é suficiente para afastar a regra contida no art. 191 do CPP, já que o acusado pode
constituir outro defensor para acompanhar especificamente o interrogatório do corréu.
Em regra, o local é perante o juízo do processo (da causa). O art. 399. entende que ao
ser recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência,
ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o
caso, do querelante e do assistente. Portanto, o acusado preso será requisitado para
comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua
apresentação e o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença (art. 399. §1
º e §2º).
A regra traz o local perante o juízo, contudo, é possível a expedição de carta precatória
este é um ato a ser realizado no processo buscando evitar o deslocamento,
determinando que seja expedida a carta precatória, assim, o indivíduo é ouvido em
sua cidade. O art. 222 compreende que a testemunha que morar fora da jurisdição do
juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim,
carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
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• Por videoconferência;
• Pessoalmente, no fórum (prevê o §7º do art. 185 CPP); e
• Pessoalmente, dentro do presídio que se encontra, com segurança para os
envolvidos no ato.
Lopes Jr (2020) aponta que a videoconferência é aplicável nas hipóteses do art. 185
para o interrogatório do réu preso, não sendo justificável quando o réu estiver em
liberdade, ou seja, a videoconferência é uma medida excepcional.
Foi em 2005 no Estado de São Paulo que a Lei nº 11.819 com um texto composto por
4 artigos possibilitou a realização de interrogatórios por videoconferência nos
procedimentos judiciais destinados ao interrogatório e à audiência de presos (LIMA,
2020). O objetivo era o de tornar mais célere o trâmite processual, assim, vários
interrogatórios por videoconferência passaram a ser realizados no Estado de São
Paulo e por conseguinte no restante do Brasil.
Disposto no art. 185. §2º prevê que excepcionalmente, o juiz, por decisão
fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o
interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida
seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades:
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Observe que o juiz garante ao réu a entrevista prévia ao interrogatório e não uma
entrevista previa a audiência.
Quando o interrogatório não for realizado no previsto do §1º e §2º, será requisitada a
apresentação do réu preso em juízo compreende o §7º.
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ATENÇÃO! Aplica-se o disposto nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º do art. 185, no que couber, à
realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que
esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de
testemunha ou tomada de declarações do ofendido. Também fica garantido o
acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor.
Por fim, o § 10. cita que do interrogatório deverá constar a informação sobre a
existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o
contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
presa.
O parágrafo único prevê que caso o interrogando não saiba ler ou escrever,
intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.
Já o art. 193. cita que quando o interrogando não falar a língua nacional, o
interrogatório será feito por meio de intérprete. Mesmo que o juiz fale a língua do
acusado, um intérprete será utilizado.
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O princípio nemo tenetur se detegere traz que o indivíduo não pode sofrer nenhuma
espécie de prejuízo jurídico por não colaborar com a atividade probatória da acusação
ou por exercer o direito ao silêncio no interrogatório (LOPES JR, 2020).
Assim surge o direito ao silencio seletivo, isto ocorre quando o acusado reponde
apenas aos questionamentos formulados por seu defensor. Esta é uma prática comum,
que advogados orientarem seus clientes a responderem as perguntas exclusivamente
da defesa, alguns juízes podem não admitir, mas este é um termo que pode aparecer
em sua prova.
2.13 Da Confissão
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ou policial.”
O art. 197. do Código de Processo Penal prevê que o valor da confissão se aferirá pelos
critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz
deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas
existe compatibilidade ou concordância.
Lopes Jr (2020) compreende que todas as provas são relativas e nenhuma delas terá
valor decisivo ou de maior prestígio, pois a confissão não é mais a rainha das provas
(como no processo inquisitório medieval), o valor é relativo e não possui maior
prestígio que as demais provas.
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• Confissão Judicial
• Confissão Extrajudicial
• Confissão Simples
• Confissão Qualificada
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Para complementar, Nucci (2020, p. 778) prevê que “ [...] chama-se qualificada a
confissão que apresenta a admissão de culpa, acompanhada de uma justificativa
qualquer benéfica ao acusado. É a hipótese de admitir a prática do fato, invocando
alguma excludente de ilicitude ou culpabilidade”.
• Confissão Implícita
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• Confissão Delatória
Nucci (2020) traz sobre a divisibilidade da confissão, o juiz pode aproveitá-la por
partes, acreditando em um trecho e não tendo a mesma impressão quanto a outro,
sendo comum o réu admitir o que lhe é acusado para levantar, em seu benefício, causa
de exclusão de culpabilidade. Note que o réu pode confessar só uma parte dos fatos.
Segundo Lima (2020) a confissão possui o mesmo valor probatório dos demais meios
de prova. É um valor relativo e meio de prova como qualquer outro, ou seja, será
valorado em conjunto com os demais elementos.
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Testemunha é a pessoa desinteressada que declara em juízo o que sabe sobre os fatos, em
face das percepções colhidas sensorialmente. Ganham relevo a visão e a audição, porém, nada
impede que a testemunha amealhe suas impressões através do tato e do olfato. Quanto à
natureza jurídica, é mais um meio de prova, que conta com a colaboração daqueles que,
escolhidos pelo destino, acabam tendo conhecimento do acontecimento delitivo” (TÁVORA,
ALENCAR, 2017, p.715)
Quem pode ser testemunha? Em regra, segundo o art. 202 toda pessoa poderá ser
testemunha.
Nucci (2020) traz a diversidade nas testemunhas, pois a norma é clara ao estipular que
toda pessoa pode ser testemunha, portanto não se pode excluir pessoas consideradas
de má reputação como: drogados; prostitutas; marginais; e entre outras). Nucci (2020)
ainda compreende que interessados no deslinde do processo (inimigos ou amigos do
réu, policiais que realizaram a prisão em flagrante, entre outras) também podem ser
testemunhas, pois o juiz possui liberdade para avaliar a prova produzida, algumas
pessoas podem ser consideradas “uma testemunha não ideal” e embora narre, com
imparcialidade, o juiz não pode colocar impedimento gratuito a qualquer pessoa para
atuar como testemunha, salvo quando a lei determina.
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parte entidade da administração pública direta ou indireta. O fato deixa de ser punível
se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou
declara a verdade (§ 2º).
O art. 206 basicamente traz que os parentes podem se recusar a atuar como
testemunha em nome da proteção familiar, mas caso não for possível obter a prova
de outra forma deverão depor. Contudo, mesmo com as exceções, Távora e Alencar
(2017, p.717, grifo nosso) dispõem que “[...] os parentes do réu estarão obrigados a
colaborar. Ainda assim, não prestarão compromisso de dizer a verdade, e caso
mintam, não praticam falso testemunho”. Já os parentes da vítima são obrigados a
depor sob compromisso e se faltarem com a verdade, praticam crime (TÁVORA,
ALENCAR, 2017).
O art. 207. Também traz exceções e cita que são proibidas de depor as pessoas que,
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo
se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
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2.14.1.1 Advogado
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A Constituição Federal em seu art. 53. (...) §6º prevê que os Deputados e Senadores
não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em
razão do exercício do mandato. Nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações.
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O acusado na resposta poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua
defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e
arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário
disposto no art. 396-A.
Saiba que alguns processos abarcam múltiplas jurisdições, podendo ser dentro do país
ou fora dele e para que a eficácia ocorra na ação, em alguns atos é necessário recorrer
à carta precatória. O juiz responsável nem sempre consegue dirimir as diligências e
assim precisam ser supridos em outras jurisdições.
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Disposto no art. 222. do Código de Processo Penal, prevê que a testemunha que morar
fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência,
expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
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OBSERVE que com o crescente uso de tecnologias a oitiva por carta precatória é
menos frequente, pois com a Lei nº 11.900/09 que entrou em vigor no dia 9 de janeiro
de 2009, foi permitido a testemunha que resida fora da jurisdição do juiz, a oitiva por
videoconferência ou outro recurso tecnológico, não será necessária a carta precatória.
Contudo, será necessário a presença de outro defensor no juízo da causa além da
presença do defensor na localidade em que reside a testemunha.
As testemunhas residentes no exterior serão ouvidas em seu país por carta rogatória,
diferentemente da testemunha que reside em outra comarca que a oitiva é feita por
meio de carta precatória.
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Aspectos Processuais Penais |
(REsp 1882330/PR, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 09/04/2021)
ATENÇÃO! O previsto no art. 221 CPP se aplica quando o indivíduo figura como
testemunha e não como investigado ou acusado. O indivíduo que realiza a função
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Segundo o art. 203. do Código de Processo Penal a testemunha fará, sob palavra de
honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado,
devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão,
lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes,
ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre
as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua
credibilidade.
A exceção está prevista no art. 208. onde não se deferirá o compromisso de dizer a
verdade (que alude o art. 203) aos doentes e deficientes mentais e aos menores de
14 (quatorze) anos, nem às pessoas referidas no art. 206, ou seja, também poderão
recusar-se a testemunhar:
• O ascendente ou descendente;
• O afim em linha reta;
• O cônjuge, ainda que desquitado; e
• O irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado.
ATENÇÃO! Poderão se recusar, exceto quando não for possível, por outro modo,
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A pena será de 2 a 4 anos, e multa, esta pena será aumentada de um sexto a um terço,
se o crime for praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova
destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte
entidade da administração pública direta ou indireta. O fato deixará de ser punível se,
antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara
a verdade.
O Art. 451 do CPC dispõe que, depois de apresentado o rol de que tratam os §§ 4º e
5º do Art. 357, a parte só pode substituir a testemunha:
• que falecer;
• que, por enfermidade, não estiver em condições de depor;
• que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho, não for encontrada.
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A desistência deve ocorrer antes do início da inquirição e segundo Lima (2020, p. 775)
“Iniciada a sessão de julgamento, a desistência da oitiva de testemunha estará
condicionada à aquiescência do juiz-presidente, dos jurados e da parte adversa.”
ATENÇÃO! A parte pode querer desistir, mas se o juiz observa a testemunha como
importante para a elucidação dos fatos, ele poderá determinar a oitiva de oficio, não
restando opção a não ser depor. Nucci (2020) cita que a parte que arrolou a
testemunha pode desistir, contudo, o magistrado pode ouvir quem bem quiser, para
formar o seu convencimento, sendo natural que mantenha a testemunha, passando a
ser testemunha do juízo.
Contraditar e arguir está disposto no art. 214 o qual compreende que “antes de
iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou argüir
circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O
juiz fará consignar a contradita ou argüição e a resposta da testemunha, mas só
excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts.
207 e 208”.
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ATENÇÃO! O réu que atua em causa própria (advogado), ainda assim será aplicado o
art. 217, basta um substabelecimento para que outro advogado venha e represente
os interesses do acusado na audiência.
É possível elencar que o art. 217 busca garantir que o depoente fale sem
constrangimento. Contudo, é necessário a presença do defensor do réu.
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4) Contradita/Arguição de Parcialidade; e
5) Depoimento Oral, com pergunta das partes e esclarecimentos do juiz.
Disposto no art. 212 “as perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à
testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não
tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida”. O
parágrafo único inclui os pontos não esclarecidos, os quais poderão ser
complementados na inquirição pelo juiz.
O art. 473. compreende que prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a
instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o
querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações
do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação.
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Essa ordem deve ser observada a qual está disposta no art. 400 CPP, mas há a exceção
em carta precatória/rogatória (art. 222 CPP), esta não gerará nulidade.
Lima (2020) argumenta que no dia a dia de uma delegacia e fórum, é corriqueiro que
autoridades não se atenham às disposições do art. 226, o que, em tese, poderia trazer
a defesa o questionamento da legalidade do procedimento probatório, todavia, o
entendimento jurisprudencial é o de que no sentido tais irregularidades não ensejam
nulidade, pois o disposto no art. 226 do CPP funciona como mera recomendação legal.
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Segundo Lopes Jr (2020) o reconhecimento por fotografia deve ser evitado, pois a
memória do ser humano pode ser contaminada e poluída. Ademais, o reconhecimento
pessoal também é frágil, pois deve ser considerado a pressão judicial ou policial (até
manipulação). Existe uma constante necessidade de corresponder à expectativa criada,
especialmente se o nível sociocultural da testemunha ou vítima não dá a autonomia
psíquica suficiente para se descolar do desejo inconsciente de atender o pedido da
autoridade
É comum que ambas sejam citadas como se fossem uma só, mas a busca e a
apreensão não devem ser confundidas, pois são coisas distintas. A busca é uma
diligência realizada com a finalidade de localizar objetos/instrumentos/pessoas que
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O art. 240 disposto no Código de Processo Penal compreende que a busca será
domiciliar ou pessoal. Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a
autorizarem, para:
• Prender criminosos;
• Apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
• Apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados
ou contrafeitos;
• Apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso;
• Descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
• Apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder,
quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
elucidação do fato;
• Apreender pessoas vítimas de crimes; e
• Colher qualquer elemento de convicção.
A busca domiciliar também possui previsão na Constituição Federal em seu Art. 5º (...)
inciso XI, a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Lima (2020, p.799) compreende o conceito de domicílio mais amplo e cita que “[...]
domicílio seria o lugar onde a pessoa natural estabelece sua residência com ânimo
definitivo (CC, art. 70, caput). O conceito de casa é tradicionalmente extraído pela
doutrina e pela jurisprudência do art. 150, § 4º, do Código Penal”.
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OBSERVE QUE deve ser relativo ao exercício da advocacia, o advogado não poderá
manter objetos em seu escritório para a prática de crimes. Por exemplo, se existe uma
suspeita de envolvimento com atividade criminosa a busca e apreensão poderá ser
determinada.
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do art. 5º, inc. XII, da CF, e do art. 1º da Lei federal nº 9.296/96. Precedente. Voto vencido.
Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais,
judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução
processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a
mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores
cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova .
(STF - Inq-QO-QO: 2424 RJ, Relator: CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 20/06/2007, Tribunal
Pleno, Data de Publicação: DJe-087 DIVULG 23-08-2007 PUBLIC 24-08-2007 DJ 24-08-2007
PP-00055 EMENT VOL-02286-01 PP-00152)
Lopes Jr (2020, p. 805) cita que a busca domiciliar possui pressupostos alternativos e
prevê que basta que um destes esteja presente:
A Lei 13.869 de 2019 trata a respeito dos crimes de abuso de autoridade e em seu
art. 22 pressupõe que invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia
da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer
nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei. Sob pena de detenção, de 1 a 4 anos, e multa.
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Nos mesmos termos Lima (2020) argumenta que o ingresso em domicílio por
determinação judicial ocorrerá apenas durante o dia, sendo considerado lícito o
cumprimento de mandado de busca domiciliar após as 21h ou antes das 5h, desde
que presente à luz do sol.
ATENÇÃO! Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando
houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de
situação de flagrante delito ou de desastre, cita o § 2º do art. 22.
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flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial”.
2. O Supremo Tribunal Federal definiu, em repercussão geral (Tema 280), a tese de que: “A
entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a
posteriori” (RE n. 603.616/RO, Tribunal Pleno, Rel. Ministro Gilmar Mendes, DJe
8/10/2010).
b) O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime de natureza
permanente, nem sempre autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde
supostamente se encontra a droga. Apenas será permitido o ingresso em situações
de urgência, quando se concluir que, do atraso decorrente da obtenção de mandado
judicial, se possa, objetiva e concretamente, inferir que a prova do crime (ou a própria
droga) será destruída ou ocultada;
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4. O contexto fático delineado nos autos não serviu de suporte para justificar a ocorrência
de uma situação de flagrante que autorizasse a violação de domicílio. Em outros termos,
as circunstâncias que antecederam o ingresso dos policiais na residência do réu não
evidenciaram, quantum satis e de modo objetivo, as fundadas razões que justificassem a
entrada na sua morada, de maneira que a simples avaliação subjetiva dos agentes
estatais era insuficiente para conduzir a diligência de ingresso no domicílio.
6. Como decorrência da proibição das provas ilícitas por derivação (Art. 5º, LVI, da
Constituição da República), é nula a prova derivada de conduta ilícita – no caso, a
captura de crack, após invasão desautorizada da residência do paciente-, pois evidente
o nexo causal entre uma e outra conduta, ou seja, entre o ingresso no domicílio
(permeado de ilicitude) e a apreensão das substâncias entorpecentes.
8. Ordem concedida para reconhecer a ilicitude das provas obtidas pelo ingresso no
domicílio do paciente, sem o seu consentimento válido, e as que dela decorreram e, em
consequência, anular, ab initio, a ação penal, sem prejuízo do oferecimento de nova
denúncia, desde que apoiada em dados supervenientes, obtidos com atenção aos limites
definidos no art. 5º, XI, da Constituição da República, e com estrita observância aos
ditames previstos no art. 41 do Código de Processo Penal. (HC 608.405/PE, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 06/04/2021, DJe
14/04/2021)
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O Art. 244. do Código de Processo penal, prevê que a busca pessoal independerá de
mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa
esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de
delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. A busca
em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da
diligência (art. 249).
Cara aluna e caro aluno, abaixo estão elencados dois julgados para que aumente seu
conhecimento:
HABEAS CORPUS – ATO INDIVIDUAL – ADEQUAÇÃO. O habeas corpus é adequado em se
tratando de impugnação a ato de colegiado ou individual.
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Referências Bibliográficas
1. Considera-se ilícita a revista pessoal realizada sem a existência da necessária justa causa
para a efetivação da medida invasiva, nos termos do art. §2º do art. 240 do CPP, bem
como a prova derivada da busca pessoal.
2. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de busca pessoal no acusado, não há
como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância, posterior à revista do
indivíduo, justifique a medida. Assim, o fato de o acusado se amoldar ao perfil descrito
em denúncia anônima e ter empreendido fuga ante a tentativa de abordagem dos
policiais militares, não justifica, por si só, a invasão da sua privacidade, haja vista a
necessidade de que a suspeita esteja fundada em elementos concretos que indiquem,
objetivamente, a ocorrência de crime no momento da abordagem, enquadrando-se,
assim, na excepcionalidade da revista pessoal.
3. Habeas corpus concedido para reconhecer a nulidade das provas obtidas a partir da
busca pessoal realizada, bem como as delas derivadas, anulando-se a sentença para que
outra seja prolatada, com base nos elementos probatórios remanescentes. (HC
625.819/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
23/02/2021, DJe 26/02/2021)
3 Referências Bibliográficas
LIMA, R. B. de. Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro de Lima
– 8. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.
LOPES. JR, A. Direito processual penal / Aury Lopes Junior. – 17. ed. – São Paulo:
Saraiva Educação, 2020.
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Referências Bibliográficas
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