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Claudia Beltrame
Ilse Maria Beuren
Resumo:
Este artigo busca demonstrar uma forma de mensuração dos custos e contabilização dos recursos humanos de uma
organização. Por meio da evidenciação dos investimentos realizados nos funcionários, as empresas ficam cientes dos
recursos aplicados e dos necessários para obter um melhor desempenho dos mesmos. Por sua vez, o reconhecimento
dos recursos humanos como um ativo fornecerá informações referente ao potencial de retorno futuro para a empresa,
pois, cada funcionário representa um valor econômico para a sua empresa. Entretanto, a contabilidade depara-se
com a dificuldade de mensurar e determinar o valor de uma pessoa para uma organização. Apesar disso, esforços
devem ser envidados para que a contabilidade consiga representar esse potencial, no sentido de dar o devido suporte
aos gestores nas tomadas de decisões.
Palavras-chave:
Claudia Beltrame
Aluna de Graduação de Ciências Contábeis da UFSC
Ilse Maria Beuren
Profa. Dra. - Titular do Departamento de Ciências Contábeis da UFSC
RESUMO
1. Introdução
Denota-se que os ativos humanos não são as pessoas de uma organização, visto
que os funcionários de uma empresa não podem ser comprados ou possuídos por ela.
Porém, pode-se considerar como ativo os investimentos feitos nessas pessoas. Pois,
esses investimentos estão sujeitos ao controle da empresa, podem ser mensuráveis em
termos monetários e representam benefícios futuros. Contudo, se tal gasto não satisfizer
um desses critérios, não pode ser classificado como um ativo.
Esta idéia encontra reforço na definição de ativo apresentado por MARTINS
(1972; p.30), tendo fundamentação em termos econômicos, ao explicitar que, “ativo é o
futuro resultado econômico que se espera obter de um agente”.
Mais adiante, MARTINS (1972; p.33) diz que, “finalmente, também se
enquadram todos os recursos humanos, quer os dirigidos para a administração, quer os
para a produção de bens ou serviços ou outras funções. São recursos que, caso deles se
espera um resultado econômico no futuro, representam itens do Ativo da entidade a que
se referem. São recursos econômicos, ativos econômicos e, portanto, merecedores de
reconhecimento como ativos contábeis”.
Ativos humanos são definidos por FIORINI (1982; p.4) como sendo “os futuros
resultados econômicos que se espera obter do agente Elemento Humano”.
Nabil Elias apud TINOCO (1996; p.45) define ativos humanos como,
“agregados de serviços potenciais disponíveis ou úteis para operações esperadas da
empresa, para seus membros internos, isto é, gerentes e empregados”.
Percebe-se que, os recursos humanos presentes na empresa são agentes
operantes, responsáveis pela administração, pela produção de bens e serviços e que
garantem o sucesso e continuidade da empresa.
Portanto, os recursos humanos representam um dos ativos mais valiosos que
uma organização possui, sendo indispensável a presença destes. Pois, uma empresa não
evolui sozinha, por mais que seja informatizada e detenha alta tecnologia, ela precisa de
pessoas especializadas e qualificadas para administrar e operá-la.
Determinantes do Elementos do
Valor Condicional Valor Condicional
Promocionabilidade
Competências
Individual Produtividade
Nível de Ativação
Transferibilidade
Valor Condicio-
nal do Indivíduo
Esperança mate-
Satisfação Probabilidade de mática do valor
Manter o Indivíduo de um indivíduo
Na Organização para uma organi-
zação determi-
nada
Função
Organizacional
Recompensas
Determinante suposto
Interação suposta
Determinante possível
Sub-conjunto
De acordo com FIORINI (1982; p.53), esses sub-conjuntos são formados pela
conjunção de dois elementos, “uns pertencem à pessoa e outros provém da
organização”. No que diz respeito aos atributos que o indivíduo é portador, eles são de
duas categorias:
“Uns se referem à inteligência e ao conhecimento adquirido que determinam
a aptidão para aprender e as outras se referem ao temperamento do
indivíduo, ao seu caráter e à sua psicologia individual”.
gastos seriam contabilizados no ativo das empresas para posterior amortização ao longo
do tempo - como é prática corrente com os ativos permanentes”.
Na contabilidade de recursos humanos, todos os gastos realizados na formação
profissional dos recursos humanos devem ser considerados como investimentos e
contabilizados no ativo das empresas, para posterior amortização, ao longo do tempo,
em relação a sua vida útil de benefícios futuros.
Recrutamento
Seleção Custos Diretos
Contratação
Colocação Custos de
Contratação
Promoção ou Contratação
Dentro da Empresas Custos Indiretos
Custo
Original de
Treinamento e Orientação Recursos
Formais Humanos
Custos Diretos
Treinamento no Trabalho
Custos de
Aprendizado
Tempo do Instrutor
Custos Indiretos
Produtividade perdida
durante o treinamento
constituem-se de elementos como, ajuda de custo para fazer a mudança, viagens etc. Os
custos de colocação consistem de vários custos administrativos com a colocação de
uma pessoa no serviço.
Os custos de aprendizado “referem-se ao sacrifício que deve ser incorrido para
treinar uma pessoa e trazê- la ao nível de desempenho normalmente esperado de um
indivíduo numa dada posição”.
Os custos de treinamento e orientação formais “são associados ao doutrinamento
e treinamento formais. A orientação pode envolver a familiarização com as políticas de
pessoal, produtos da companhia, instalações e assim por diante”.
Os custos de treinamento no trabalho “são gerados durante o treinamento de um
indivíduo no próprio local de trabalho em vez de utilização de programas formais de
treinamento”. Esse treinamento tem como custo direto principal o salário da pessoa que
está sendo treinada pelo período em que ele não está produzindo.
O tempo do instrutor “é o custo dos salários dos responsáveis pelo treinamento
durante seu período. O tempo que eles gastam em treinamento deve ser tratado como
um custo de treinamento”.
Finalmente, a produtividade perdida durante o treinamento “é o custo do
desempenho perdido de outras pessoas que não o treinando durante o período de
treinamento”.
Infere-se pelo exposto que, quando são mensurados determinados objetos ou
eventos, atribui-se números às características peculiares dos mesmos. No entanto, esta
mensuração é aproximada, sendo muito difícil determinar o seu valor exato.
BALANÇO PATRIMONIAL
(Incluindo os itens relacionados à Contabilização
dos Recursos Humanos)
Ativo Circulante
Ativo Realizável a Longo Prazo
Ativo Permanente
Ativo Imobilizado
Estrutura de apoio aos RH......................................R$.............
Depreciação Acumulada.........................................(R$............)
Ativo de Investimento
Investimento em Recursos Humanos
Avaliação.............................................................R$.............
Reavaliação..........................................................R$.............
Desvalorização....................................................(R$............)
Diferido
Gastos de Investimento em RH........................R$.............
Amortização de gastos em RH..........................(R$...........)
TOTAL DO ATIVO
Segundo LEONE (1983; p.39), em regra geral, “a taxa anual que poderá ser objeto de
registro mensal, trimestral ou mesmo anual, será fixada em função do prazo durante o
qual se possa esperar a utilização econômica do bem, pelo contribuinte, na produção de
seus rendimentos”.
Em se tratando dos itens do ativo de investimento, mais especificamente do
investimento em recursos humanos, LEONE (1983; p.40) afirma que a avaliação dos
recursos humanos “representa o valor do homem para a empresa”. Nesse sentido, deve-
se levar em consideração que as pessoas possuem conhecimentos e experiências, que
para certas empresas podem ser mais relevantes e para outras menos, por isso deve-se
levar em consideração o objetivo pelo qual se está avaliando. Dificilmente encontrar-se-
á o verdadeiro valor de um indivíduo, pois pode-se deixar de avaliar valores e
características intrínsecas que as pessoas possuem. No entanto, pode-se obter este
montante, através do valor econômico que o indivíduo representa para uma determinada
empresa.
A reavaliação dos recursos humanos, de acordo com LEONE (1983; p.41), “se
destina a corrigir o valor original da avaliação de acordo com o tempo e as mudanças
ocorridas com relação a qualificação dos empregados”. Periodicamente, ocorrem
qualificações dos funcionários através de treinamentos e cursos, sendo que estes
adquirem experiências ao longo do tempo. Desse modo, deve-se reavaliar o potencial
dos mesmos e contabilizar a variação existente. Há também outros fatores que devem
ser levados em consideração na reavaliação, como o desempenho, lealdade,
responsabilidade e promoções dos funcionários.
Assim como existe a reavaliação dos recursos humanos pode ocorrer o inverso, a
desvalorização. Segundo LEONE (1983; p.41), “a desvalorização reconhecerá a perda
de valor dos itens de recursos humanos, devido, principalmente à idade, à obsolescência
da tarefa ou da especialização, à acidentes naturais ou de trabalho”.
Em se tratando de itens do diferido, mais especificamente de gastos de
investimento em recursos humanos, LEONE (1983; p.41) explicita que “este grupo vai
incluir todas as despesas necessárias para colocar o homem em sua plena capacidade de
produção”. As empresas investem em seus funcionários por acreditarem que estes
investimentos terão um retorno para elas. Sendo assim, o tratamento adequado para
esses gastos é contabilizá- los no ativo diferido, ao invés de jogá- los diretamente no o
resultado do exercício. Enquadram-se neste grupo todos os gastos incorridos em
investimento, recrutamento, seleção, treinamento, cursos etc.
A amortização dos gastos de investimentos em recursos humanos, conforme
LEONE (1983; p.58), dever ser feito "observando as normas contábeis e legais
consideradas para os demais itens tradicionais do grupo de Gastos de Investimentos".
Segundo MONTEIRO (1980; p.143), para determinar o valor a ser baixado, quer
sejam ativos humanos ou não, devem estar disponíveis as seguintes informações:
"a) o custo a ser depreciável;
b) a estimativa de uma vida depreciável ou amortizável;
c) a escolha de um método para determinar o débito periódico a fim de
registrar a depreciação ou a amortização".
7 Considerações finais
Referências bibliográficas
LIMA, Edmilson de e LUMA, Iúri Novaes. A avaliação de potencial como auxílio aos
planos e programas de recursos humanos. Revista de Negócios. Santa Catarina: vol.
1, nº 2, jan./mar. 1996.
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 5. ed. São Paulo, Atlas, 1995.