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Tipos libidinais (1931)

Neste pequeno artigo Freud propõe a descrição geral de


alguns tipos humanos, mediante a localização da libido nessas
pessoas.
Sua proposta com este exercício é compreender algo da
enorme variabilidade que existe entre os seres humanos a partir
de alguns tipos psicológicos gerais, que, em seu extremo, podem
até chegar à anormalidade, mas que, em geral, são tipos
relativamente comuns.
Freud sugere a descrição de três tipos: o erótico, o narcísico
e o obsessivo.
O tipo erótico é aquela pessoa que centra o sentido de sua
existência em amar e ser amada. Teme enormemente a perda do
amor das pessoas, de quem, não raro se torna dependente por
isso. Trata-se de um tipo muito comum. Pode existir em sua forma
pura ou mesclado a outros tipos. A componente agressiva na
experiência amorosa pode estar mais ou menos presente. Este
tipo representa as exigências elementares do id, a quem o ego e o
superego se submeteram. São exemplos desse tipo, poetas do
período romântico e heroínas literárias como Emma Bovary e o
jovem Werther, de Goethe.
No tipo obsessivo o apreço à própria consciência predomina
em detrimento do medo de perder o amor dos outros. São
pessoas que se tiverem que escolher entre o certo e a proteção
dos seres amados, por exemplo, escolherão o primeiro. Guiam-se
mais por princípios internos (ética, normas, lei) do que por
princípios externos (estima dos outros ou família, por exemplo).
Por não serem dependentes do amor dos outros, demonstram
extrema autoconfiança. São os verdadeiros protetores da
civilização, na medida em que buscam conservar seus valores.
Encontram-se estes tipos entre grandes juristas, por exemplo.
O tipo narcísico é aquele de personalidade independente e
tem um alto senso auto conservativo, o que o torna uma pessoa
extremamente prática e voltada para grandes ações, já que não
se deixa intimidar por nada e tem uma grande quantidade de
agressividade a seu favor, para realizá-las. No amor, preferem
amar à serem amadas. Citam-se como exemplos deste tipo o
próprio Freud e grandes líderes políticos como Alexandre, o
Grande, Napoleão Bonaparte e Churchill.
Mais comum do que os tipos puros, são os tipos mistos:
erótico-obsessivo, erótico-narcísico e o narcísico-obsessivo.
O tipo erótico-obsessivo é aquele que ama profundamente
seus objetos, mas que, por seu alto seu alto senso moral, ao invés
de buscar satisfazer seu erotismo de modo direto com eles,
toma-os como modelo e ideal.
O tipo erótico-narcísico é o mais comum de todos. Trata-se
de pessoas que se utilizam de sua enorme atividade,
agressividade e independência sobre os outros em nome da
realização no amor, o que exerce enorme poder de sedução sobre
eles. Cita-se como exemplos famosos deste tipo o sedutor
Giacomo Casanova e a bela Cleópatra.
O tipo narcísico-obsessivo é de maior valor para a
humanidade, pois alia sua enorme capacidade ativa de
realização e auto suficiência a um alto senso moral e ético.
O fato de não haver um tipo que mescle os três -
narcísico-obsessivo-erótico, revela a impossibilidade de uma
junção perfeita entre três posições libidinais muito diversas entre
si, o que seria a harmonia total em um homem.
Na economia mental, a prevalência de duas posições
libidinais, sempre vai tornar menos prevalente e fraca a terceira.
Freud sugere que tipos mistos têm maior probabilidade de
criar condições propícias ao estabelecimento de uma neurose do
que tipos puros.
Pessoas em que o tipo erótico predomina quando caem
doentes, desenvolverão histerias. Nas que predomina o tipo
obsessivo, desenvolverão neuroses obsessivas. E nas que
predomina o tipo narcísico, tenderão a desenvolver psicoses e ir
para a criminalidade, graças à força descomunal com que nutrem
suas motivações para agir.

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