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Dialética do Esclarecimento – Adorno & Horkheimer

 Modernidade – Mundo Administrado

A enxurrada de informações precisas e diversões assépticas desperta e idiotiza as pessoas ao


mesmo tempo.

O esclarecimento tem que tomar consciência de si mesmo. Não se trata da conservação do


passado, mas de resgatar a esperança passada.

- A obra estética (comercial) como configuração da verdade revela o caráter maligno do


social.

* Antropologia Dialética

O Conceito de Esclarecimento / Capítulo 1.

A superioridade do homem está no saber. * Mentalidade da ciência

- O esclarecimento é totalitário

O sobrenatural, o espírito e os demônios seriam as imagens especulares dos homens que se


deixam amedrontar pelo natural.

O homem de ciência conhece as coisas na medida em que pode fazê-las. É assim que seu em-
si-torna para-ele.

Nessa metamorfose, a essência das coisas revela-se como sempre a mesma, como substrato
da dominação.

A magia é pura e simples inverdade, mas nela a dominação ainda não é negada.

O todo poderoso com uma identidade abstrata.

Para substituir as práticas localizadas do curandeiro pela técnica industrial universal foi
preciso, que os pensamentos se tornassem autônomos em face dos objetos, como ocorre no
ego ajustado à realidade.

Quanto mais se desvanece a ilusão mágica, tanto mais inexoravelmente a repetição, sob o
titulo da submissão à lei, prende o homem naquele ciclo que, objetualizando sob a forma da
lei natural, parecia garanti-lo como sujeito livre.
- A unidade da coletividade manipulada consiste na negação de cada indivíduo, seria digna de
escárnio a sociedade que conseguisse transformar os homens em indivíduos.

A ABSTRAÇÃO, que é instrumento do esclarecimento, comporta-se com seus objetos do


mesmo modo que o destino, cujo conceito é por ele eliminado, ou seja, ele se comporta como
um processo de liquidação. Sob domínio nivelador do abstrato, que transforma todas as
coisas na natureza em algo de reproduzível, e da indústria, para qual esse domínio do abstrato
prepara e reproduz, os próprios liberados que acabaram por se transformar naquele
“destacamento”? que Hegel designou como resultado do esclarecimento. (Fenomenologia
Mental) pág. 424

- A distância do sujeito com relação ao objeto, que é o pressuposto da abstração, está fundada
na distância em relação às coisas, que o senhor conquista através do dominado.

A dominação na esfera do conceito, eleva se fundamentada na dominação do real. É a


substituição da herança do mágico, isto é, das antigas representações difusas, pela unidade
conceptual que exprime a nova forma da vida, organizada com base no comando e
determinada pelos homens livres. O Eu, que aprendeu a ordem e a subordinação com a
sujeição do mundo, não demorou a identificar a verdade em geral com o pensamento
ordenador. Juntamente com a magia mimética, ele tornou tabu o conhecimento que atinge
efetivamente o objeto. Seu ódio volta-se contra a imagem do mundo pré-histórico superando
e sua felicidade imaginária.

“Aquilo que transcende o âmbito da experiência, aquilo que nas coisas é mais do que sua
realidade já conhecida. O que o primitivo aí sente como algo do sobrenatural não é uma
substância espiritual oposta à substância material, mas o emaranhado da natureza em face do
elemento individual”. Pré-Animismo. Nele já está virtualmente contida até mesmo a
separação do sujeito e do objeto.

- Através da divindade, a linguagem passa da tautologia à linguagem. A ciência em sua


interpretação neopositivista torna-se esteticismo, sistema de signos desligados, destituídos de
toda intenção transcendendo o sistema: ela se torna aquele jogo que os matemáticos há muito
orgulhosamente declararam assunto deles. A arte da copiabilidade integral, porém, entregou-
se até mesmo em suas técnicas à ciência positivista. De fato, retoma mais uma vez ao mundo,
na duplicação ideológica, na reprodução dócil. A separação do signo e da imagem é
inevitável. Contudo, se ela é, uma vez mais hipnotizada numa atitude ao mesmo tempo
inconsciente e autocomplacente, então cada um dos dois princípios isolados tende para a
destruição da verdade.

O esclarecimento acabou por consumir não apenas os símbolos, mas também seus sucessores,
os conceitos universais, e da metafisica não deixou nada senão o medo abstrato frente a
coletividade do qual surgira. Diante do esclarecimento, os conceitos estão na mesma situação
que os aposentados diante dos trustes industriais: ninguém pode sentir-se seguro. Se o
positivismo lógico ainda deu uma chance à probabilidade, o positivismo etnológico equipara-
a já à essência. A dialética revela toda imagem como uma forma escrita. Ela ensina ler em
seus traços a confissão de sua falsidade, confissão essa que a priva de seu poder e o transfere
para a verdade.

Desse modo, a linguagem torna-se mais que um sistema simples de signos.

* Conhecimento restringe-se à sua repetição.

O pensamento se iguala ao mundo, onde o factual tornou-se agora a tal ponto a única
referência.

Compreender o dado quanto tal, descobrir nos dados não apenas sua relação espaço-
temporais abstrata, com as quais se possa então agarrá-las, mas ao contrário pensá-las como a
superfície, como aspectos mediatizados do conceito, que só se realizam no desdobramento de
seu sentido social, histórico, humano- toda pretensão do conhecimento é abandonada. Ela não
consiste no mero perceber, classificar e calcular, mais precisamente na negação determinante
de cada dado imediato.

Quanto mais a maquinaria do pensamento subjuga o que existe, tanto mais cegamente ela se
contenta com essa reprodução.

O aparelho econômico, antes mesmo do planejamento total, já provê, espontaneamente as


mercadorias dos valores que decidem sobre o comportamento dos homens. A partir do
momento em que as mercadorias, com o fim do livre intercâmbio, perderam todas suas
qualidades econômicas salvo seu caráter de fetiche, este se espalhou como uma paralisia
sobre a vida da sociedade em todos os seus aspectos. As inúmeras agências da produção em
massa e da cultura por ela criada servem para inculcar no indivíduo os comportamentos
normalizados como os únicos naturais, descentes, racionais. De agora em diante, ele só se
determina como coisa, como elemento estatístico, como sucesso ou fracasso. Pág. 35
O Eu integralmente capturado pela civilização se reduz a um elemento dessa inumanidade, à
qual a civilização desde o início procurou escapar. Concretiza-se assim os mais antigos
medos, o medo da perda do próprio nome.

A objetividade do meio, que a tornou universalmente disponível, sua “objetividade” para


todos, já implica a crítica da dominação da qual o pensamento surgiu, como um de seus
meios. Pág. 42

Hoje, com a metamorfose que transformou o mundo em indústria, a perspectiva do universal,


a realização do social do pensamento, abriu-se tão amplamente que, por causa dela, o
pensamento é negado pelos próprios dominadores como mera ideologia.

O pensamento se torna ilusório sempre que tenta renegar sua função separadora, de
distanciamento objetivação. O esclarecimento é mais que esclarecimento: natureza que se
torna perceptível em sua alienação. Pág. 44

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