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DESENHO TÉCNICO APLICADO


À ENGENHARIA
2

Roberta Paulina Tertolino da Silva

DESENHO TÉCNICO APLICADO À


ENGENHARIA
1ª edição

São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A
2021
3

© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.

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Editorial
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Beatriz Meloni Montefusco
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Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


_____________________________________________________________________________________
Silva, Roberta Paulina Tertolino da
S586d Desenho técnico aplicado à engenharia / Roberta Paulina
Tertolino da Silva, – São Paulo: Platos Soluções
Educacionais S.A., 2021.
44 p.

ISBN 978-65-89881-67-4

1. Desenho técnico. 2. Engenharia de produto.


3. Autocad. I. Título.

CDD 604.20
____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB 010289/O

2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
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DESENHO TÉCNICO APLICADO


À ENGENHARIA

SUMÁRIO

Introdução ao desenho técnico e normas técnicas


NBR ABNT_____________________________________________________ 05

Construções geométricas, projeções/vistas e cortes _________ 20

Desenho técnico utilizando o AutoCAD _______________________ 34

Introdução aos softwares 3D__________________________________ 52


5

Introdução ao desenho técnico


e normas técnicas NBR ABNT
Autoria: Roberta Paulina Tertolino da Silva
Leitura crítica: Daniel de Morais Severino

Objetivos
• Conhecer os instrumentos de desenho técnico e as
normas técnicas aplicadas ao desenho técnico.

• Orientar ao tipo de layout, legendas, linhas e escalas


no desenho técnico.

• Conhecer a importância do desenho técnico e suas


perspectivas.
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1. Introdução ao desenho técnico

Você sabia que o desenho é uma forma de linguagem? E que existe


diferença entre desenho artístico e desenho técnico? Pois bem, o
desenho é uma forma de comunicação entre as pessoas, que evoluiu ao
longo da história. No período da Pré-História já existiam desenhos de
forma simples, porém, comunicáveis. No período da Revolução Industrial
surgem novas demandas para representação, chamado de desenho
técnico, com normas e padrões preestabelecidos. Dessa forma, segundo
Kubba (2014), o desenho técnico é a representação de modo exato de
objetos ou projetos com uma linguagem universal e de forma detalhada.
Já para Lima et al. (2020), o desenho técnico tem o compromisso de
seguir normas de padronizações e informações técnicas para que a
comunicação seja clara e objetiva. Os mesmos autores, estabelecem que
o desenho artístico é uma ilustração livre, subjetiva, sem informações
precisas de uma peça, objeto ou construção, ou ainda uma ideia inicial
de concepção com objetivo de expressar o pensamento de forma rápida.

Nesta unidade, você estudará os instrumentos necessários para o


desenvolvimento de desenho técnico, os padrões de representações, as
normas técnicas utilizadas, a importância de compreender o desenho
técnico e as suas perspectivas.

1.1 Os instrumentos para o desenho técnico e as normas


técnicas para representação

Para o desenho técnico ser preciso, deve-se utilizar instrumentos e


materiais de boa qualidade. Você sabe quais materiais podem ser
utilizados? Pode-se utilizar: folha para desenho, lápis ou lapiseira, caneta
nanquim, borracha macia, régua transparente, conjunto de esquadros,
escalímetro, compasso, gabaritos, mesa de desenho com régua paralela,
entre outras ferramentas necessárias para ter exatidão no desenho.
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Na sequência, serão apresentados de forma sucinta os materiais e o seu


uso no desenho técnico.

• Folha para desenho: papel canson, papel sulfite, papel manteiga e


papel vegetal, existe no mercado diversos tamanhos e espessura.
A NBR nº 16.752 (ABNT, 2020), refere-se ao desenho técnico como
requisitos para apresentação em folhas de desenho, mostrando
os padrões de dimensões das folhas, o posicionamento/
dimensionamento de legenda e margem, o dobramento da folha e
a utilização das escalas.

• Lápis ou lapiseira: o grafite poderá ser macio, médio ou duro com


diferentes espessuras. Para linha grossa com traço macio, utiliza-
se a série B, que inicia em B até 9B. Já para linha fina com traço
rígido se aplica a série H com variação de 9H a 2H, para obter uma
linha média usa-se 2H, H, HB, F, B, 2B. As lapiseiras para o desenho
apresentam espessura em relação ao grafite de 0,2mm a 0,9mm,
para melhor precisão é recomendável que a base apresente um
guia metálico (GISLON, 2016).

• Caneta nanquim: apresenta diferentes espessuras na ponta, em


que a mais fina tem 0,13mm até a mais grossa de 2mm.

• Borracha: deve ser macia e de preferência com capa plástica.

• Régua transparente: para obter uma boa precisão a escala da


régua deverá ser em marcação de baixo relevo. Ela serve para
marcar medidas e traçar as linhas.

• Conjunto de esquadros: os esquadros apresentam ângulos


de 60°, 30° e 90° ou 45°, 45° e 90°, podendo ser utilizado em
conjunto para traçar novos ângulos. Para se ter uma vida útil dos
seus esquadros, não utilize-os fazendo marcações com canetas
coloridas ou como apoio para corte com estilete.
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• Escalímetro: apresenta-se diversos tipos de escalas, que possibilita


desenhar objetos de forma ampliada ou reduzida. Ele serve apenas
para marcação em desenho ou leitura, não se utiliza para traçar
linhas.

• Compasso: utilizado para traçar circunferências, arcos ou


transportar medidas. Alguns modelos apresentam uma haste
telescópica possibilitando atingir marcações maiores.

• Gabaritos: é um tipo de régua que apresenta elementos vazados


com diferentes dimensões, como os círculos, as elipses, as peças
sanitárias e hidráulicas, os mobiliários, entre outros.

• Mesa de desenho com régua paralela: suporte para colocar a folha


de papel e os instrumentos de desenho. A régua paralela permite
traçar retas paralelas e serve como apoio para os esquadros no
traçado de ângulos.

Todo material empregado no desenho técnico deverá apresentar


boa qualidade, a fim de gerar resultado preciso. Portanto, ele deverá
ser realizado de acordo com as normas técnicas, ou seja, as Normas
Brasileiras Regulamentadores (NBR) referentes ao desenho técnico, que
objetivam a padronização na representação gráfica com uma linguagem
universal a todos os profissionais.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade


de normalização do Brasil que fornece as condições necessárias para
o desenvolvimento tecnológico. As normas técnicas essenciais para o
desenho técnico são:

• NBR 17.006 (ABNT, 2021) – Desenho técnico — Requisitos para


representação dos métodos de projeção: essa norma menciona
métodos de projeção e suas relações geométricas.
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• NBR 10.126 (ABNT, 1987) Versão Corrigida:1998 – Cotagem em


desenho técnico – Procedimento: essa norma aponta os princípios
gerais de cotagem a serem aplicadas em todos os desenhos
técnicos.

• NBR 16.861 (ABNT, 2020)–Desenho técnico — Requisitos para


representação de linhas e escrita: essa norma especifica os tipos
de representação das larguras das linhas e a escrita utilizadas no
desenho técnico.

• NBR 12.298 (ABNT, 1995b) Representação de área de corte por


meio de hachuras em desenho técnico: essa norma aborda a
forma de representação da hachura em cortes e os tipos de
hachuras, conforme o material.

Portanto, para a elaboração do desenho técnico, é necessário respeitar


as NBR para garantir o padrão e técnica adequada, manusear os
instrumentos de desenho adequadamente e organizar a representação
gráfica, permitindo uma leitura clara e objetiva entre os profissionais.
Vale ressaltar que, o profissional deve estar atento às atualizações das
normas técnicas, pois, elas são reformuladas na medida que há avanços
tecnológicos e evoluções técnicas.

1.2 Os tipos de layout, legendas, linhas e escala no


desenho técnico

Você conhece os tipos de layout (folhas) para confecção do desenho


técnico? Você sabe que existem dimensões e espessuras diferentes?
Já parou para refletir que as linhas são instrumentos criados para
padronização? E que as escalas podem representar qualquer dimensão
de objeto?

Para que o desenho técnico seja adequado é necessário conhecer


alguns componentes para sua composição, como os tipos de layout, as
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legendas (selo, símbolos, cores, abreviaturas etc.), as linhas, as escalas,


a caligrafia, a cotagem, dentre outros itens para representação do
desenho técnico.

Antes de iniciar o desenho técnico, é essencial avaliar qual o tipo de


layout se adequa ao projeto, conforme a escala adotada. Além disso, as
folhas para o desenho é um material extremamente importante, sem ela
não é possível fazer a representação. Mesmo que o projetista prefira o
auxílio do computador utilizando software, é necessária a folha para as
primeiras concepções ou a impressão final do projeto/objeto. A Figura 1
apresenta os formatos derivado da “Série ISO A”, conforme a NBR 16.752
(ABNT, 2020a), as medidas estão representadas em milímetros. Na figura
a seguir, observa-se que do formato A0 forma os demais formatos.

Figura 1 – Formatos de folhas para desenho

Fonte: adaptada de ABNT (2020a).


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Para a elaboração do desenho técnico é necessário traçar as margens


na folha, para limitar o espaço da representação. Nesse caso, coloca-
se espaçamento na margem esquerda e demais margens, conforme a
tabela a seguir para os formatos da “Série ISO A”.

Tabela 1 – Formatos da “Série A”, suas respectivas margens


e largura da linha do contorno

Largura da linha do
Margem esquerda Demais margens
Formato contorno (dimensão
(dimensão em mm) (dimensão em mm)
em mm)

A0 20 10 1,0

A1 20 10 1,0

A2 20 10 0,7

A3 20 10 0,7

A4 20 10 0,7

Fonte: adaptada de ABNT (2020a).

De acordo com a NBR 16.752 (ABNT, 2020a), a legenda é o local com as


informações, indicações e identificações principais relativas ao desenho,
tais como: título, responsável pelo conteúdo, número de identificação,
escala, indicação sequencial da folha, entre outras informações. A
representação da legenda (selo) se localiza na posição horizontal e no
canto inferior direito da folha, com comprimento de 180mm e altura
variável, conforme a necessidade de acréscimo de informações. Nesse
sentido, a Figura 2 exemplifica um modelo de legenda (selo) apresentado
na folha de desenho técnico.
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Figura 2 – Modelo de Legenda (selo)

Fonte: elaborada pela autora.

Além das informações referentes ao projeto e os responsáveis, como


demonstrado na Figura 2, a legenda poderá ainda ser um suporte de
informações para a representação técnica, como símbolos, abreviaturas,
cores e demais informações que o projetista julgar ser importante para
a compreensão do desenho. A Figura 3 apresenta um tipo de legenda
com representação de simbologias e suas especificações para projeto de
prevenção e combate a incêndio e pânico.

Figura 3 – Legenda com representação de simbologia

Fonte: elaborada pela autora.


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Sendo assim, a legenda é um elemento essencial para informações no


desenho técnico, pois auxilia na explicação, informação e identificação,
trabalhando em conjunto com a representação gráfica.

Ao iniciar o desenho do objeto, peça ou projeto é fundamental o


conhecimento dos tipos e espessuras de linha para a ilustração, uma
vez que cada linha apresenta uma função. Por exemplo, linha de corte
(grossa e escura), linha de chamada (fina e clara), linha tracejada (arestas
ou contornos não visíveis), linha traço e ponto (centro ou simetria),
linha traço e dois pontos (contorno de peças adjacentes), entre outras
funções. Dessa forma, a NBR 16.861 (ABNT, 2020b) apresenta os tipos
básicos de linha e as suas variações, bem como a largura e aplicação no
desenho técnico.

Outro elemento extremamente importante na elaboração do desenho


técnico é a escala. Desse modo, é possível desenhar qualquer objeto/
projeto em dimensões variadas. Nesse contexto, basta adequar o tipo
de escala e desenho em relação ao tamanho da folha. Assim, o uso da
escala converte as medidas reais em medidas de desenho, podendo
ser escala reduzida, ampliada ou natural. Por exemplo, a redução é
empregada em projeto de edificações, a ampliação em peças mecânicas
e a natural para objetos médios na dimensão real. A Figura 4 apresenta
os tipos de escalas empregadas no celular, as medidas estão em
centímetros.
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Figura 4 – Representação dos tipos de escalas

Fonte: elaborada pela autora.

Segundo Bareta e Webber (2010), para o desenho manter a proporção


entre o tamanho real foi normatizado que as reduções ou ampliações
devem ser feitas respeitando uma razão constante entre as dimensões
do desenho e as dimensões reais do objeto representado. Sendo assim,
utiliza-se a escala do desenho pela seguinte fórmula:

Em que:

n<1: redução do desenho, corresponde a escala de redução (1:x).

n>1: ampliação do desenho, corresponde a escala de ampliação (x:1).

n=1: tamanho natural, corresponde a escala natural (1:1).


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Nesse contexto, é importante olhar com atenção quando for cotar o


desenho técnico, pois, a medida deverá ser a dimensão real do objeto/
projeto, independentemente da escala adotada. Com relação a indicação da
escala na folha, ela poderá ser indicada na legenda (selo) quando se tratar
de escala comum a todas as representações, ou caso, as escalas sejam
diferentes sua indicação ficará próximo a representação de preferência
embaixo do desenho técnico e na legenda se escreve “escala indicada”.

Portanto, na representação de desenho técnico, é de suma importância


apresentar um grande número de informações a fim de que qualquer
profissional que o leia seja capaz de compreender e executar de acordo
com o especificado. Mas cuidado com o excesso de informações
desnecessárias para não prejudicar a leitura e interpretação do desenho
técnico.

1.3 A importância do desenho técnico e suas perspectivas

É importante que você tenha o domínio da representação, conheça


as normas técnicas e tenha o cuidado de desenhar de forma clara e
objetiva, assim, permitindo que qualquer profissional faça a leitura gráfica
adequadamente. Conforme Sobral Filha, Abrantes e Gramado (2017, p. 47),
em relação a área de atuação e ao desenho técnico:

Independentemente da área em que atua, todo engenheiro, na sua essência,


é um resolvedor de problemas. A prática da engenharia mostra que, antes
de resolver um problema, o engenheiro tem que entendê-lo, visualizá-
lo mentalmente e imaginar como modelá-lo tridimensionalmente. Essa
característica, da atuação do engenheiro, o obriga a ter bem desenvolvidas,
além dessa visão espacial ou tridimensional, outras habilidades (ou
inteligências) específicas. A linguagem ou forma de se expressar básica
da engenharia são os desenhos técnicos, que nada mais são que as
representações de objetos espaciais (tridimensionais ou X, Y, Z) em um plano
bidimensional (X, Y).
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Nesse contexto, a representação gráfica e visual do projetista é essencial


para a profissão, visto que é uma das formas de comunicação. Com isso, as
etapas que compõem os desenhos são: concepção (ideias iniciais que são
esboçadas a mão livre), desenho técnico preliminar (amadurecimento das
ideias e elaboração de forma técnica) e desenho técnico executivo (desenho
pronto para execução com todas as informações necessárias).

Assim, o desenho poderá ser representado de forma plana ou em


perspectiva. A forma tridimensional referente a perspectiva é o desenho
com largura, altura e profundidade. Ela possibilitará uma visão espacial
de qualquer modelo de peça. No entanto, para facilitar a leitura e
compreensão, a perspectiva deverá estar acompanhada das vistas técnicas.

Na sequência, abordaremos os tipos de perspectivas mais utilizadas no


campo das engenharias:

• Perspectivas cônicas: semelhante ao olho do observador, porque está


associada aos pontos de fuga, podendo ser 1, 2 ou 3 pontos de fuga.
A Figura 5 representa as perspectivas cônicas e seus pontos de fuga.
Para a sua construção, define-se a linha do horizonte na altura do
olhar do observador. Em seguida, marca-se o ponto de fuga onde as
linhas serão traçadas em relação ao objeto, dando profundidade.

Figura 5 – Representação das perspectivas cônicas


com os pontos de fuga

Fonte: elaborada pela autora.


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Na área de arquitetura, as perspectivas são bastantes utilizadas para


a representação de fachadas, paisagem urbana, ambientes internos
ou externos e mobiliários. A Figura 6 exemplifica o uso da perspectiva
cônica em ambiente interno com aplicação de um ponto de fuga.

Figura 6 – Perspectiva cônica de ambiente interno


com um ponto de fuga

Fonte: elaborada pela autora.

• Perspectiva axonométrica: se divide em isométrica, dimétrica,


trimétrica, cavaleira e militar. Ela é representada pelos eixos x, y e
z em diferentes ângulos. Por sua vez, a Figura 7 demonstra os tipos
de perspectivas axonométricas.
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Figura 7 – Representação dos tipos de perspectivas axonométricas

Fonte: elaborada pela autora.

Assim, a perspectiva isométrica apresenta as mesmas proporções e os


ângulos da linha base iguais a 30° e, com relação ao eixo x, y, e z, todos
os ângulos são idênticos. Para a perspectiva dimétrica temos ângulos
diferentes em relação a linha base de 7° e 42°, em que a profundidade
é a metade do valor real e para o eixo x, y e z dois ângulos são iguais e
um diferente. Já a perspectiva trimétrica, o ângulo da linha base é 15° e
44°, e as medidas no eixo da largura são reduzidos pela metade e para
a relação de x, y e z todos os ângulos diferem. A perspectiva cavaleira
apresenta o ângulo na linha base 45°, mas, também, poderá ser 15°, 30°,
60° ou 75° e as medidas no eixo da largura são reduzidos pela metade
da dimensão real. E para finalizar a perspectiva militar os eixos x e y
origina o ângulo de 90°.

Portanto, a partir das vistas ortográficas (vista frontal, vista superior e


vista lateral) é possível desenhar as perspectivas (3D) para representar
edificações, peças mecânicas, instalações, equipamentos, mobiliários,
enfim, uma grande variedade de possibilidades presente em diversas
áreas das engenharias, arquitetura, geografia, design, matemática etc.
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Essa é sempre uma forma de melhorar a compreensão do desenho


técnico e a linguagem de comunicação.

Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 17.006: Desenho técnico
— Requisitos para representação dos métodos de projeção. Rio de Janeiro: ABNT,
2021.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12.298: representação de
área de corte por meio de hachuras em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT,
1995b.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.126: cotagem em desenho
técnico – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16.752: desenho técnico:
requisitos para apresentação em folhas de desenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2020a.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16.861: desenho técnico:
requisitos para representação de linhas e escritas. Rio de Janeiro: ABNT, 2020b.
BARETA, D. R.; WEBER, J. Fundamentos de desenho técnico mecânico. Caxias do
Sul: Educs, 2010.
GISLON, J. M. Desenho técnico. Indaial: Uniasselvi, 2016.
KUBBA, S. A. A. Desenho técnico para construção. Porto Alegre: Bookman, 2014.
(Série Tekne)
LIMA, V. N. et al. A prática do desenho técnico à mão no século XXI. Brazilian
Journal of Development, [s. l.], v. 6, n. 3, p. 13848-138555, 2020. Disponível em:
https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/7869. Acesso em: 18
mar. 2021.
SOBRAL FILHA, D. D.; ABRANTES, J.; GRAMADO, R. M. O ensino/aprendizado de
desenho técnico em cursos de engenharia. Cadernos do IME: série Matemática, [s.
l.], n. 11, 2017. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/cadmat/
article/view/30484/22557. Acesso em: 19 mar. 2021.
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Construções geométricas,
projeções/vistas e cortes
Autoria: Roberta Paulina Tertolino da Silva
Leitura crítica: Daniel de Morais Severino

Objetivos
• Conhecer os conceitos e as definições das formas
geométricas.

• Conhecer os tipos de projeções e as vistas


ortográficas.

• Conhecer os cortes e as seções e sua representação


no desenho técnico.
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1. Introdução a geometria

Você já parou para pensar que estamos rodeados por elementos


geométricos? E que o desenho geométrico é um aliado em especial da
matemática? Para a construção desse elementos há instrumentos para
sua exatidão? Essas são algumas reflexões para você pensar. Conforme
Jardim e Giora (2018), a geometria originou, a partir das observações
do homem na natureza, dos seus traços e formas, levando-o ao
conhecimento da matemática e ao entendimento dos elementos
geométricos. A junção desses elementos geram objetos que, por sua
vez, são representados em desenho técnico utilizando as projeções e as
vistas ortogonais. Além disso, para completar as informações técnicas
são reproduzidos os cortes e as seções, todas as representações gráficas
conforme as normas técnicas.

Nesta unidade, você estudará as construções geométricas fundamentais,


as projeções e as vistas ortográficas, os cortes e as seções.

1.1 Construções geométricas fundamentais

Para a construção geométrica é necessário conhecer alguns elementos,


como: o ponto, a linha, o círculo, o ângulo e o plano. Esses elementos
simples permitirão a execução de desenho técnico ou, até mesmo,
a resolução de problemas. Para isso, se faz necessário, a utilização
de materiais de desenho, como: régua, compasso, esquadro, curva
francesa, escalímetro, transferidor etc. Entretanto, para as construções
geométricas, apenas régua e compasso são o suficiente. Na sequência,
você estudará cada um desses elementos fundamentais.

• Ponto: adimensional, ou seja, sem dimensão. O ponto é


estabelecido pela marcação de duas extremidades ou cruzamentos
dos elementos geométricos ou, ainda, ser um ponto livre no plano
(Figura 1).
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Figura 1 – Representação dos pontos

Fonte: elaborada pela autora.

• Linha: formada por uma reta constante com comprimento


seguindo em diversas direções. Ela poderá ser dividida em linhas
paralelas, linhas concorrentes ou linhas perpendiculares (Figura
2), entre outras variações. As linhas paralelas são desenhadas
no mesmo plano e não há cruzamento entre elas. As linhas
concorrentes, por sua vez, formam entre si ângulos de 180°,
chamados de ângulos suplementares (imagine uma reta traçada
na horizontal, no eixo do ponto, o ângulo formado será 180º). As
linhas perpendiculares formam um ângulo de 90º entre elas.

Figura 2 – Representação das linhas

Fonte: elaborada pela autora.

• Círculo: formado por uma única linha em forma circular, com


origem em dois pontos entre linha, a Figura 3 exemplifica o círculo,
também chamado de circunferência.
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Figura 3 – Representação do círculo

Fonte: elaborada pela autora.

• Ângulo: formado por duas semirretas com o mesmo vértice, a


Figura 4 mostra alguns exemplos de ângulos. Segundo Reis (2014),
os ângulos podem ser consecutivos, reto, obtuso, adjacentes,
congruentes, opostos pelo vértice, bissetriz de um ângulo, nulo,
raso, plano, submúltiplos do grau, agudo, complementares e
suplementares.

Figura 4 – Representação de ângulos

Fonte: elaborada pela autora.

• Plano: o plano apresenta comprimento e largura, sendo um


agrupamento infinito de pontos e não há limite nas direções. Para
a identificação do plano, utiliza-se letras alfa (α), beta (β) e gama (γ).
Dessa forma, o plano é formado por um conjunto de linhas retas,
podendo gerar diferentes formas para o plano (Figura 5).
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Figura 5 – Representação de planos

Fonte: elaborada pela autora.

As construções geométricas são aplicadas em diversas áreas, como nas


engenharias, na arquitetura, no design, entre outras profissões. Trata-se
de um conceito antigo, mas aplicável nos dias atuais, sendo elementos
extremamente importantes para o desenvolvimento da profissão. O
entendimento do processo e sua interpretação leva ao desenvolvimento
e, até mesmo, a criações de objetos mais elaborados. A Figura 6 mostra
a diversidade de elementos geométricos, como linhas, pontos, círculos,
vários ângulos, evidenciando-se que as construções geométricas em
conjunto geram objetos, peças e construções complexas.

Figura 6 – Representação dos diversos elementos geométricos

Fonte: adaptada de bergamont/iStock.com.


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Portanto, a construção geométrica é importante no desenvolvimento


da matemática, no raciocínio, na resolução de problemas na vida
profissional das áreas das engenharias, já que são profissionais que
lidam constantemente com soluções de problemas seja em uma
construção, em projeto ou fabricação de peças.

1.2 Projeções e vistas ortográficas

As projeções e as vistas ortográficas são representações gráficas que


auxiliam na compreensão do projeto e na sua fabricação em diversas
áreas. A escolha da projeção para a representação será conforme o
efeito visual desejado pelo profissional. Ela poderá ser executada de
forma manual (desenho a mão com uso de instrumentos ou mesmo a
mão livre) ou com auxílio de computador (uso de software).

Você sabe como funcionam as projeções no desenho técnico? Vamos


observar e analisar a Figura 7, uma projeção cônica. Na figura da
projeção do cubo, temos: o observador que está próximo ao objeto;
entre o observador e o objeto são traçadas as linhas projetantes que,
por sua vez, projetarão no plano um novo objeto, maior que o original.
Esse tipo de projeção é chamado de cônica ou central. Uma experiência
para o entendimento dessa projeção é utilizar um ponto de luz
(lanterna), colocar um objeto qualquer na palma da mão e focar a luz no
objeto, projetando-o para a parede, o resultado será a projeção do novo
objeto, quanto mais próximo o ponto de luz estiver do objeto maior será
sua projeção. Além disso, conforme a posição do observador, a projeção
do objeto muda no plano (Figura 7B).
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Figura 7 – Projeção cônica do cubo, A) observador vendo objeto com


as três dimensões; B) observador vendo o objeto
em duas dimensões

Fonte: elaborada pela autora.

Quando temos o observador o mais afastado do objeto, ou seja, ele está


a uma distância no infinito, as linhas projetantes serão paralelas. Então,
essa projeção poderá ser ortogonal ou oblíqua. A Figura 8 mostra a
projeção ortogonal do cubo, com o observador a uma distância grande
(infinita) do objeto, onde as linhas projetantes ficarão em paralelo.

Figura 8 – Projeção ortogonal do cubo

Fonte: elaborada pela autora.


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A NBR 17.006 (ABNT, 2021) aborda os princípios gerais de representação


em desenho técnico, apresentando as condições gerais para a projeção
ortográfica. O desenho deverá ser representado na cor preto, caso
utilizar cores para facilitar a leitura, ela deverá ser especificada em
legenda. O método para a representação poderá ocorrer no 1º diedro ou
no 3º diedro, essa configuração é conforme a posição do observador nos
diedros. A Figura 9 ilustra os diedros e as possibilidades de projeções
ortográficas que poderão ser desenvolvidas, conforme a posição do
observador.

Figura 9 – Representação dos diedros e as


posições dos observadores

Fonte: elaborada pela autora.

Santos (2016) mostra como são representadas as vistas ortográficas


de acordo com a projeção no 1º diedro e 3º diedro. As Figuras 10 e 11
são exemplos de um objeto em perspectiva, com a representação nos
diedros.
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Figura 10 – Representação do 1º diedro

Fonte: adaptada de Santos (2016, p. 174-175).

Figura 11 – Representação do 3º diedro

Fonte: adaptada de Santos (2016, p. 175-176).

Agora que você conhece os tipos de projeções e como são feitos


os rebatimentos das vistas ortográficas, abordaremos sobre os
procedimentos para a representação. Vale ressaltar que, o projetista
deve analisar a quantidade de vistas para o desenho e representar de
forma clara e objetiva, sem gerar dúvidas para outro profissional.

De modo geral, o projetista deverá atentar para alguns detalhes, como:

1º. Escolher a vista principal, essa deverá ser a que contém a maior
quantidade de detalhes do objeto.
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2º. A quantidade de vistas se dará em função dos detalhes das peças,


geralmente, três vistas é o suficiente (vista principal, lateral esquerda e
superior), mas nada impedirá a representação de mais vistas.

3º. As linhas não visíveis do objeto deverão ser traçadas com linha
tracejada.

4º. Adotar sempre a mesma distância entre as vistas, buscando sempre a


organização nas representações, é uma forma de manter a leitura clara
dos desenhos.

A Figura 12 mostra a representação de um objeto e suas vistas


projetadas no plano e seu rebatimento, observa-se que as linhas
projetantes auxiliares (linha verde) ajudam na projeção das vistas.
Vale ressaltar que, no desenho técnico final, essas linhas deverão ser
apagadas.

Figura 12 – Representação das vistas ortográficas no


plano com seu rebatimento

Fonte: elaborada pela autora.

Conforme Torrezzan (2019), para ter clareza, rigor e exatidão nos


desenhos técnicos para a execução, utiliza-se os sistemas de projeções
e, para obter a interpretação e o objeto sem distorção, representa-se as
30

vistas ortográficas com suas verdadeiras grandezas. Ainda segundo a


autora, o desenho técnico e o domínio da visão espacial é indispensável
para o profissional, pois, por meio deles serão expressadas as criações
ou intervenções de objetos, peças ou construções, entre outros
elementos. Além disso, por meio da visão espacial, o profissional tem
a capacidade de aprender, conceber e transformar imagens internas e
externas, através da identificação de dados gráficos.

Portanto, a aplicação das vistas ortográficas para os profissionais das


engenharias é de extra importância para a representação de peças,
objetos ou projetos. A projeção ajuda na compreensão e na planificação
do desenho técnico. Com elas, torna-se possível a execução ou
fabricação, isso porque existem inúmeras informações. No entanto, o
desenho técnico deverá estar de modo claro sem duplas interpretações,
não importa a forma que seja representado, à mão (uso de instrumentos
de desenho) ou com auxílio de computador, o importante é estar dentro
das normas técnicas, com leitura clara e objetiva.

1.3 Cortes e seções

Para que servem os cortes e as seções? É importante fazer essa


aplicação? Nas páginas a seguir, responderemos a essas questões.

O corte é uma representação gráfica que serve para detalhar o interior


de um objeto, peça ou construção, fazendo-se um corte imaginário
para representar o objeto internamente. Já a seção é utilizada quando o
corte não consegue identificar outras informações. A NBR 12.298 (ABNT,
1995) aborda a representação de área de corte por meio de hachuras
em desenho técnico, uma das normas de orientação para o profissional.
Segundo Bareta e Weber (2010, p. 13), o corte “[...] representa tanto a
intersecção do plano secante, onde ocorre o corte e a sua projeção além
daquele plano” e a seção “representa somente a interseção do plano
31

secante”. A Figura 13 exemplifica uma peça em corte (imagem a) e seção


(imagem b).

Figura 13 – Representação de uma peça em corte e seção

Fonte: Bareta e Weber (2010, p. 146).

Desse modo, existem diversos tipos de corte que o profissional


poderá adotar na representação, como: corte total (plano de corte que
passa por toda a extensão do objeto numa única direção), meio corte
(empregado em objetos simétricos e o plano de corte passa em ¼ da
peça), corte parcial (passa por uma pequena parte do objeto), corte em
perspectiva (a representação ocorre com os métodos da perspectiva),
corte em desvio (aplicação de mais de um plano de corte). Ao
representar esses cortes é necessário fazer a hachura na área cortada,
elas são utilizadas tanto no corte como nas seções, sua representação
deverá ser a 45º em relação ao contorno da peça. De acordo com o tipo
de material, há hachura específica conforme apresentado na NBR 12.298
(ABNT, 1995). A Figura 14 exemplifica uma peça mecânica em corte e a
representação da hachura.
32

Figura 14 – Peça mecânica em corte com hachura

Fonte: Bareta e Weber (2010, p. 155; 158; 159).

Para executar o corte é necessário observar alguns processos, como:


a) a posição do corte será na longitudinal e/ou transversal e vertical e/
ou horizontal, a escolha ocorrerá nos locais que a peça estiver mais
detalhes ou com maior quantidade de linhas invisíveis, representando
nas vistas ortográficas; b) a linha de corte seguirá padrão estabelecido
pela norma técnica NBR 16.861 (ABNT, 2020), podendo ser linha
traço longo e ponto estreita ou linha contínua com zigue-zagues para
interrupção de corte e seções ou linha contínua à mão livre/curva para
ruptura em detalhes; c) deverá identificar a letra na linha de corte e
representar com traço + seta a direção do corte; d) identificação do
nome do corte deverá ser abaixo da representação gráfica, em letras
maiúsculas, por exemplo Corte A-A; e) marcação da hachura na parte
sólida do corte seguindo as normas técnicas. Os profissionais das
engenharias, quando representam as peças por serem pequenas ou
33

complexas, acabam demandando de maiores informações, com isso, o


número de corte e seções poderão ser maiores. Em outras áreas, como
arquitetura ou design, geralmente, serão apresentados dois cortes.
Conforme Bareta e Weber (2010, p. 28), “[...] na representação em corte
de conjuntos que contenham elementos como pinos, parafusos, anéis
elásticos e outros, deve-se tomar cuidado de não representar esses
elementos cortados”, e isso facilita o entendimento do elemento na
representação gráfica.

Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16.861: desenho técnico:
requisitos para representação de linhas e escritas. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12.298: representação de
área de corte por meio de hachuras em desenho técnico: procedimento. Rio de
Janeiro: ABNT, 1995.
BARETA, D. R.; WEBER, J. Fundamentos de desenho técnico mecânico. Caxias do
Sul: Educs, 2010.
JARDIM, M. C.; GIORA, T. Desenho geométrico. Porto Alegre: SAGAH, 2018.
REIS, A. G. Geometrias plana e sólida: introdução e aplicações em agrimensura.
Porto Alegre: Bookman, 2014.
SANTOS, C. S. Desenho técnico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional,
2016.
TORREZZAN, C. A. W. Modelo para avaliação e desenvolvimento da habilidade
espacial em desenho técnico (MADHE). Tese (Doutorado em design) –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/199584. Acesso em: 31 mar. 2021.
34

Desenho técnico utilizando


o AutoCAD
Autoria: Roberta Paulina Tertolino da Silva
Leitura crítica: Daniel de Morais Severino

Objetivos
• Conhecer o ambiente de representação digital 2D.

• Identificar os principais comandos do AutoCAD.

• Aplicar alguns conceitos para desenvolver uma peça.


35

1. Introdução ao desenho técnico com


aplicação do AutoCAD

O AutoCAD é uma das ferramentas gráficas digitais para desenvolver


desenho técnico, sendo mais aplicados na área de arquitetura e
engenharia civil, podendo ser executado na dimensão 2D (mais
utilizado para a elaboração dos projetos) ou na forma tridimensional
(3D), que não é muito utilizada, pois existem outros softwares para tal
afinidade, por exemplo, o Revit, que apresenta uma nova abordagem,
o BIM (Building Information Modeling), também poderá ser utilizado
nas disciplinas de arquitetura e engenharia civil e, até mesmo, o
SketchUp para representações rápidas. No setor industrial, na área de
mecânica e manufatura, os softwares mais indicados são o Autodesk
Inventor que permite a criação de projetos 3D, a documentação e a
simulação dos produtos ou Fusion 360 que possibilita a concepção
inicial, a modelagem, o detalhamento, as análises, a renderização etc.
Os softwares do tipo CAD (Computer Aided Design), também conhecido
como Desenho Auxiliado por Computador, desenvolvido pela Autodesk,
comercializado para profissionais e em versão gratuita para estudantes,
é um programa computacional que evolui todo o ano com novos
recursos para a utilização em diversos setores industriais, além das
áreas de arquitetura, engenharias e design.

Nesta unidade, você estudará o programa AutoCAD, os principais


comandos para o desenvolvimento de projeto/peça e aplicação dos
comandos para execução de uma peça. Vale ressaltar que, mesmo
não sendo softwares mais recomendado para os projetos 3D, o
AutoCAD está no mercado desde 1982, tornando-o mais utilizado nas
representações bidimensionais nos desenhos técnicos e bastante
utilizados por diversos profissionais.
36

1.1 Conhecendo o programa AutoCAD

O AutoCAD é um software que possibilita o desenvolvimento de vários


projetos de pequeno, médio ou grande porte. Ele é um programa
com um grande número de comandos, recursos e funções. Então,
para o profissional dominá-lo é importante o uso constante e estudo.
No entanto, é possível a execução do desenho técnico, sabendo as
ferramentas essenciais. Assim como qualquer outro programa, a
autoridade ocorrerá com o tempo para a fixação dos comandos e a
descoberta de novas possibilidades. Atualmente, o AutoCAD se encontra
na versão 2022.

Agora, você conhecerá o ambiente do programa AutoCAD, na versão


2018. A ambientação da tela inicial do programa (Figura 1) permite
iniciar um novo projeto, clicando no start drawing (primeira coluna) ou
continuar com projetos recentes salvos em recent documents (coluna do
meio). Já a terceira coluna se refere a área de notificações ou conexão
com a Autodesk A360. Para iniciar um novo projeto clique em start
drawing, em seguida, na barra de template, escolha o próprio arquivo do
programa, acadiso.dwt, clicar sobre ele para ativá-lo.

Figura 1 – Tela inicial do AutoCAD

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.


37

Ao iniciar o AutoCAD surgirá o ambiente de trabalho do programa


(Figura 2), com diversos dispositivos, no Menu Ribbon há várias opções
de ferramentas para utilização e aplicação, no centro está localizado a
área de trabalho e barra inferior com a linha de comando e algumas
informações.

Figura 2 – Tela da área de trabalho

Área de representação do desenho

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

Com relação a interface, existem três opções de escolha: a Drafting &


Annotation, a 3D Basics e a 3D Modeling. No caso, abordaremos a Drafting
& Annotation para as representações dos desenhos técnicos na forma
bidimensional.

Na sequência será apresentado o Menu Ribbon, linha de comando, barra


e caixas de ferramentas, barra de status, ícones e os principais comandos
para o desenvolvimento de desenho. A Figura 3 mostra o Menu Ribbon com
uma série de elementos/ferramentas para a utilização.

Figura 3 – Janela de elementos/ferramentas de comandos

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.


38

O Menu Ribbon apresenta um conjunto de abas (Home, Insert, Annotate,


Parametric, View, Manage, Output, A360, Express Tools etc.) e cada aba
engloba vários painéis com diversas ferramentas.

Figura 4 – Abas do Menu Ribbon

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

A aba Home localiza as ferramentas mais importantes para o


desenvolvimento do desenho. Nela os comandos são separados em
painéis, como: Draw, Modify, Annotation, Layers, Block, Properties, Groups,
Utilities, Clipboard e View, e nos painéis existem mais comandos que
poderão ser expandidos através das setas (Figura 5).

Figura 5 – Expansão de mais comandos

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.


39

A seguir serão apresentados de forma sucinta as abas e os seus


principais painéis:

• Home = Draw, Modify, Annotation, Layers, Block, Properties, Groups,


Utilities, Clipboard, etc.

• Insert = Block, Block Definition, reference, Point Cloud, Import, etc.

• Annotate = Text, Dimensions, Centerlines, Leaders, Tables, etc.

• Parametric = Geometric, Dimensional e Manage.

• View = Viewport Tools, Model Viewports, Palettes e Interface.

• Manage = Action Recorder, Customization, Applications e CAD


Standards.

• Output = Plot e Export to DWF/PDF.

• A360 = Share, Online Files e Settings Sync.

• Express Tools = Blocks, Text, Modify, Layout, Draw, Dimension, Tools e


Web.

Para o projetista ter produtividade é importante a utilização dos atalhos


para ativação dos comandos na linha de comandos. Com o tempo
profissional, esse processo se familiariza com os atalhos e estratégias
para tornar o trabalho mais rápido.

Na barra inferior, você encontrará a Linha de Comando (Figura 6), que


apresentam: informações das ferramentas; preenchimento de dados,
por exemplo, de medidas; alterações de comandos; verificação de
dimensões do objeto, como área, perímetro, comprimento e outros
dados que poderão ser extraídos do projeto.
40

Figura 6 – Linha de comando

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

Ainda na barra inferior, na lateral esquerda, temos o eixo X e Y, no


sistema de coordenadas, que especifica valor primeiro para X e depois
para Y. Abaixo, você visualizará três abas, o model (local que desenha),
layout 1 (configuração da prancha) e layout 2 (mesmo que o layout 1).
Além disso, você poderá adicionar mais layouts (clicando no +), conforme
a sua necessidade. A Figura 7 mostra o eixo X e Y e as três abas.

Figura 7 – Eixo X e Y e as abas

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

Figura 8 – Barra de status

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

No programa AutoCAD, há uma infinidade de comandos, de


configurações, de funções, recursos entre outras possibilidades. Nesse
contexto, Ribeiro, Peres e Izidoro (2013) abordam de forma detalhada as
barras e seus ícones, bem como teclas de atalho para acionar comandos.
Com relação a tecla de atalho, há uma grande vantagem, pois, ela evita
percorrer longos caminhos para ativar os comandos.
41

Portanto, antes de desenvolver um desenho técnico, o profissional


deverá conhecer as funções do programa, se familiarizar com os
recursos disponíveis, configurar o AutoCAD de modo a criar estratégias
para aumentar a produtividade e buscar os melhores caminhos para
desenhar.

1.2 Principais comandos no AutoCAD

Para utilização do AutoCAD, a maioria dos profissionais tem arquivos


padrão configurados para o desenho técnico, como: formato de folha
com as margens e legenda (selo); legenda padrão do projeto; quadros
específicos, esquadrias; tamanho de texto, cotas, símbolos (conforme
escala), layers etc.

Antes de iniciar o desenho, observe a posição na área de trabalho, ou


seja, qual o tipo de sistema de coordenadas apresenta. O AutoCAD
possui o sistema de coordenada padrão, o WCS (World Coordinate System
– Sistema de Coordenada Global). O WCS aponta o posicionamento do
objeto relativo aos eixos X, Y e Z, não sendo permitido a sua alteração.
Já no sistema de coordenadas UCS (User Coordinate System), o projetista
poderá modificá-lo através dos eixos X e Y, podendo ser movido ou
rotacionado em qualquer área da tela de trabalho. Com relação aos
pontos de origem para os sistemas de coordenadas, temos X=0, Y=0 e
Z=0 (0,0,0) ou X=0 e Y=0 (0,0).

Assim, para a utilização das coordenadas cartesianas absolutas, deve-se


especificar um valor para X e Y do ponto conforme a origem do sistema
de coordenadas, separando-os por vírgula, por exemplo, 10,50. Para
coordenadas cartesianas relativas à sua origem não é fixa, ou seja,
são aplicadas quando se conhece o deslocamento de um ponto em
relação ao ponto anterior. Nesse caso, utiliza-se o símbolo @ e digita-se
valor para o X e Y, separados por vírgula, por exemplo, @10,50. Para a
aplicação de coordenadas polares absolutas e relativas, deve-se seguir o
42

mesmo conceito, no entanto, é adicionado um ponto com uma distância


e um ângulo em relação à origem. A Figura 9 exemplifica as coordenadas
cartesianas e as coordenadas polares absolutas e relativas.

Figura 9 – Coordenadas cartesianas absolutas e relativas e


Coordenadas polares absolutas e relativas

Fonte: Baldam e Costa (2015, p. 90-91).

A seguir apresentaremos os principais comandos (Quadro 1) para


desenvolver um desenho técnico. Nesse sentido, destaca-se que, há
vários outros comandos e para a sua aplicação não existe apenas
um caminho, cada profissional detém uma maneira de organizar as
ferramentas. Em resumo, os comandos poderão ser digitados no teclado
ou acionados nas barras/caixas de ferramentas ou menus.
43

Quadro 1 – Mostra alguns comandos, os atalhos, as funções e o uso


Comando Atalho Função Uso

Line Digitar Linha em qualquer Ativar o comando, clicar em


a letra L direção. um ponto, digitar a medida e
<enter> <enter>.

Circle Digitar Círculo. Ativar o comando, clicar


a letra C em um ponto para definir o
<enter> centro, digitar o valor do raio
ou especificar o diâmetro e
<enter>.
Rectangle Digitar a Retângulo. Ativar o comando, clicar em
letra REC um ponto qualquer da tela,
<enter> digitar valor para o eixo X
(vírgula) e para o Y e <enter>.

Copy Digitar Copiar objetos. Ativar o comando, selecione


a letra o objeto a ser copiado com
CO<enter> o botão esquerdo do mouse
<enter>, na sequência, clicar
em um ponto qualquer da tela
para ser o ponto de origem
e clicar em outro ponto para
fazer a cópia.

Mirror Digitar Espelhar, Ativar o comando, selecione


a letra principalmente o objeto <enter>, clicar no
MI<enter> objetos simétricos. primeiro ponto depois no
segundo ponto e <enter>.
44

Offset Digitar Duplicação interno Ativar o comando, digitar o


a letra ou externo. valor da distância para a cópia
O<enter> paralela <enter>, selecionar
o objeto e com o cursor do
mouse direcionar a cópia.
Para finalizar, clicar com o
botão esquerdo do mouse.

Move Digitar a Movimentação. Ativar o comando, selecionar


letra M o objeto a ser movido com
<enter> o botão esquerdo do mouse
e <enter>, clicar num ponto
qualquer da tela para ser
a origem e clicar em outro
ponto para a definição da
posição do objeto que foi
selecionado.

Rotate Digitar a Girar objeto. Ativar o comando, selecionar


letra RO o objeto a ser rotacionando
<enter> <enter>, clicar no ponto base
e digitar o ângulo de rotação.

Trim Digitar Cortar elementos Com o comando ligado, clicar


a letra que se cruzam. sobre os objetos para apagar.
TR <dois
enter>
45

Fillet Digitar Modificar as Ativar o comando, surgirá na


a letra extremidades linha de comando diversas
F<enter> do objeto com opções, no caso, escolha
arredondamento. o Radius, para isso digitar
r ou radius e <enter>, na
sequência digitar o valor
do raio e <enter>. Com o
botão esquerdo do mouse,
selecionar a linhas que serão
arredondadas.

Fonte: elaborado pela autora.

Além desses comandos é necessário configurar o layers localizado


na barra de ferramentas, ele possibilitará a criação de camadas com
diferentes propriedades para cada layer a ser utilizado. A NBR 16.861
(ABNT, 2020) apresenta os tipos e larguras de linhas que poderão ser
adotados para a configuração do layer, além da escrita com os tamanhos
das letras e os espaçamentos. E outra ferramenta aplicado no desenho
técnico é o dimension, para a cotagem de objetos, nela encontrará
diversas opções de cota.

Silveira (2020), em seu livro AutoCAD 2020, ensina uma série de


comandos e suas aplicações, bem como o funcionamento do sistema de
coordenadas, o dimensionamento dos desenhos e as especificações dos
comandos. Além disso, a configuração dos layers e a forma de plotagem.
Tudo isso, com exemplos práticos do emprego do conteúdo. Dessa
forma, é uma literatura completa para o profissional aprender a projetar
no AutoCAD de maneira rápida e segura.
46

1.3 Aplicação dos comandos para o desenvolvimento


de uma peça

A seguir, apresentaremos uma peça com o passo a passo para


representá-la com a utilização dos principais comando do programa.
Assim, construiremos as vistas ortográficas da peça a partir da
perspectiva apresentada na Figura 10. Para a execução dos comandos,
não existe um único caminho há diversas formas para se chegar num
mesmo resultado.

Figura 10 – Peça em perspectiva e vistas ortográficas

Fonte: elaborada pela autora.

Para iniciar o desenho da peça, no AutoCAD se deve realizar as


configurações básica dos layers. Na literatura de Silveira (2020), no
capítulo 8 é abordado de modo detalhado como fazer a configuração
dos layers. Já a Figura 11 mostra a tela do layer properties Manager com
algumas composições dos layers.
47

Figura 11 – Tela do layer properties Manager

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

Alguns comandos de precisão localizados na barra de status deverão


estar ativados, como a Figura 12, ícones na cor azul se encontram ativos
e para a opção de object snap settings deverão ser marcados alguns
recursos, a letra “v” mostra os recursos ativados.

Figura 12 – Tela de configuração da barra de status

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

Configurações prontas, comece o desenho técnico das vistas


ortográficas, conforme especificado na Figura 10. Primeiramente, vamos
iniciar pela vista frontal (Figura 13).
48

Figura 13 – Vista frontal

Fonte: elaborada pela autora.

1º. Ative o comando Line.

2º. Clique em um ponto inicial na área de trabalho do AutoCAD.

3º. Direcione o mouse na direção vertical, no sentido negativo do eixo Y.


Observe se a configuração do comando Ortho está ligado (cor azul) em
ON.

4º. Digite na linha de comandos a medida de 5 unidades e dar <enter>.

5º. Direcione o mouse na posição horizontal, no sentido positivo do eixo


X, ou seja, move o mouse para a direita.

6º. Na linha de comando digite 20 unidades e dar <enter>; a Figura 14


mostra os passos do 1º ao 6º item.
49

Figura 14 – Passo a passo do item 1º ao 6º

Fonte: elaborada pela autora.

7º. Direcione o mouse para a posição vertical, no sentido do eixo Y, ou


seja, move o mouse para cima.

8º. Na linha de comando digite 20 unidades e dar <enter>.

9º. Agora direcione o mouse na posição horizontal, no sentido negativo


do eixo X, ou seja, move o mouse para a esquerda.

10º. Na linha de comando digite 10 unidades e dar <enter>; a Figura 15


mostra os passos do 7º ao 10º item.

Figura 15 – Passo a passo do item 7º ao 10º

Fonte: elaborada pela autora.


50

11º. Direcione o mouse para a posição vertical, no sentido negativo


do eixo Y, ou seja, move o mouse para baixo.

12º. Na linha de comando digite 10 unidades e dar <enter>.

13º. Fazer a ligação do final da linha de 10 unidades com o ponto


inicial da linha de 5 unidades e dar <enter>; a Figura 16 mostra os
passos do 11º ao 13º item.

Observação: na etapa 13º, você poderá desligar o comando Ortho,


basta apertar F8 no teclado.

14º. Sua atividade acabou de ser finalizada, parabéns! Agora você


poderá dar continuidade nas outras vistas.

Observação: para a medida de 2,5 unidades, a vírgula é substituída


por ponto “.”. Como vimos no capítulo 1.2, Principais comando no
AutoCAD, o software trabalha com coordenadas absolutas e relativas e
para adição de valores utiliza-se a vírgula para a separação. Com isso,
se você aplicar a vírgula na unidade de 2,5, obterá na posição do eixo
X=2 e Y=5. Assim, você não conseguiria executar a atividade.

Figura 16 – Passo a passo do item 11º ao 13º

Fonte: elaborada pela autora.


51

Portanto, o AutoCAD é um programa que agiliza o processo de desenho


se compararmos com o método manual, pois é uma ferramenta com
precisão. Para o desenvolvimento de desenho de qualquer peça ou
projeto de pequeno, médio ou grande porte, existem vários caminhos
para se chegar em um mesmo resultado. Nesses caminhos, cada
profissional descobre qual o melhor para ser utilizado nas teclas de
atalho pelo teclado ou buscando as ferramentas na área de trabalho ou
na barra de menus.

Referências
MASSANGO, V. U. A. AutoCAD 2018: manual 2D básico. [S. l.]: Dasuida, 2018.
Disponível em: http://dasuida.com/computadores-2/autodesk/autocad/manual-
basico-de-autocad-2018-2d/. Acesso em: 9 abr. 2021.
RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Curso de desenho técnico e AutoCAD.
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
SILVEIRA, S. J. AutoCAD 2020 – CADinho: um professor 24h ensinando o AutoCAD
para você. Rio de Janeiro: Brasport, 2020.
BALDAM, R.; COSTA L. AutoCAD 2016: utilizando totalmente. São Paulo: Érica, 2015.
52

Introdução aos softwares 3D


Autoria: Roberta Paulina Tertolino da Silva
Leitura crítica: Daniel de Morais Severino

Objetivos
• Conhecer os softwares 3D disponíveis no mercado.

• Conhecer os benefícios do software 3D.

• Aplicar a modelagem 3D no programa.


53

1. Introdução aos softwares 3D

O software 3D é uma ferramenta muito utilizada, principalmente, pelos


profissionais das engenharias para modelagem de objetos variados.
Os programas bidimensionais não possibilitam a visualização dos
projetos como um todo, sendo assim, o software 3D complementa
as informações e permite detectar erros antes mesmo da produção.
A utilização de programas de modelagem tridimensional possibilita
a visualização do modelo virtual, além de facilitar o entendimento,
por exemplo, de cliente e operador na fabricação. Nesta unidade,
você estudará os softwares 3D disponíveis no mercado, benefícios do
software 3D e aplicação da modelagem 3D no programa.

1.1 Softwares 3D disponíveis no mercado

Com o avanço tecnológico surgem novas ferramentas, soluções,


processos, equipamentos, entre outros, para os setores das
engenharias; e, na área de desenho técnico, novos softwares
para aprimorar o processo de trabalho, a qualidade, a precisão,
a produtividade, a redução de custos, o tempo de execução, a
compatibilização e a organização. No entanto, para o profissional
usufruir dessa tecnologia será necessário qualificação e especialização
em um determinado software.

No mercado, há diversos programas com complexidade diferente para


a execução da modelagem 3D. Eles são capazes de proporcionarem
dinâmicas aos projetos e uma maior interação, além de testes,
simulações e cálculos, como área, volume, força, resistência etc.
Com isso, os softwares, de modo geral, permitem resultado rápido,
satisfatório e eficiente.

Neste contexto, neste tema abordaremos alguns softwares disponíveis


no mercado para o desenvolvimento de modelo tridimensional.
54

Segundo Fialho (2013), o SolidWorks é um software de CAD de


automação de projetos mecânicos e eletromecânicos que possibilita
esboçar ideias rápidas, explorar recursos e medidas, elaborar objetos
e realizar diversas, assim, apresentando um ambiente com conjunto
de soluções integradas e relacionadas. Além disso, profissionais de
outras áreas também conseguem utilizar o programa para modelagem
3D, como na criação de objetos variados, automóveis, edificações,
mobiliários, entre outras possibilidades. Nele é possível a simulação de
movimentos, detecção de falhas, animações de projetos, renderização,
gerenciamento de arquivos etc. Dessa forma, é um programa completo
com grande variedade de recursos para o profissional executar de
forma eficiente o projeto. Além disso, outros softwares que apresentam
praticamente as mesmas funções são: Solid Edge, CATIA, Fusion 360 e
Inventor Profissional.

O Revit, com tecnologia BIM, desenvolve projetos em várias escalas. O


programa atende, principalmente, a área de arquitetura e engenharias.
Com ele é possível criar o projeto arquitetônico e todas as outras
disciplinas (estrutural, elétrico, hidráulico, ventilação etc.), além de
poder gerenciar todas as etapas dos projetos da concepção a pós-
entrega. Assim, qualquer alteração gerada no projeto automaticamente
modificará todas as outras vistas. Segundo Netto (2020, p. 24), como
o objeto desenvolvido no Revit é um modelo virtual, “[...] é possível
utilizar informações reais para analisar conflitos de projetos, realizar
estudos de insolação, uso de energia, entre outras facilidades”. Ainda
conforme a mesma autora, o gerenciamento de uma obra poderá
estar integrada com software de gerenciamento de projeto, tornando
o processo eficiente (NETTO, 2020). O ArchiCAD é um software BIM
largamente utilizado pelos profissionais da arquitetura, permitindo
o desenvolvimento de edifícios em 3D e apresentando soluções de
engenharia estrutural durante o processo. Ademais, o programa traz
informações paramétricas dos elementos construtivos, sendo possível o
55

planejamento e gerenciamento de todo o processo e, ainda, atualização


automática no projeto 2D.

O 3DsMax é um programa de modelagem, animação e renderização


3D, mais utilizado para a criação de games/jogos, produção de filmes
de animação, comerciais e vinhetas. Desse modo, é possível adicionar
plugins ou desenvolver novos, criar vários tipos de objetos/projetos
e visualizá-los e fazer testes para tomadas de decisões eficazes. Na
apostila Autodesk 3DsMax 2020, você aprenderá a criar objetos, colocar
texturas, iluminação, fazer animações e inserção de câmeras.

O AutoCAD Civil 3D permite o desenvolvimento de projetos nas áreas


de transporte, SIG, meio ambiente e construção civil. Ele possibilita uma
boa documentação dos projetos e construções.

Já SketchUp é um software que permite a criação e edição de objetos


tridimensionais e apresenta uma interface com boa conexão com o
projetista. Por ser intuitivo, o programa possibilitará que o profissional
desenhe modelos 3D de forma rápida e fácil, não necessitando de
grandes domínios para utilização do programa, em comparação aos
outros softwares apresentados anteriormente. Entretanto, ele não
apresenta os módulos de detalhamento precisos, informações técnicas
de construção, simulações, entre outros. Para se ter os recursos
são necessários instalações de plugins ou de ferramentas externas
para adequar a necessidade do projeto. Outro ponto, o SketcUp
não apresenta a tecnologia BIM, pois, na modelagem não é possível
diferenciar os elementos ou realizar o levantamento quantitativos
de materiais. Nesse sentido, segundo Cavassani (2016), o SketchUp
é prático e simples para representação gráfica no ambiente 3D, o
que motiva profissionais de diversas áreas na criação de volumes de
qualquer tipo de objeto. Além disso, temos a biblioteca de objetos
3D oferecida pelo fabricante, que ajuda no trabalho do profissional,
principalmente, para arquitetos e designers na composição de
ambientes.
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Enfim, apresentamos alguns softwares disponíveis no mercado para a


modelagem 3D, no entanto, há vários outros que poderão ser utilizados,
mas, cabe ao profissional ou empresa a verificação do programa que
atenderá conforme a atividade a ser desenvolvida.

1.2 Benefícios do software 3D

O software 3D está presente em diversos setores, possibilitando a


modelagem digital de objetos, peças, edificações, animações, entre
outros. Dessa forma, os programas permitem a inserção de materiais,
textura, iluminação, aplicação de imagens, entre outras, bem como uma
série de recursos oferecido pelo software para a modelagem ficar o mais
próximo do real.

Os softwares 3D são utilizados nas áreas de arquitetura, design de


interiores, design industrial, design de produto, paisagismo, engenharia
civil, engenharia de produção, engenharia mecânica, engenharia elétrica,
cinematografia, saúde, entre outros setores que necessitam representar
algum tipo de objeto.

Dessa forma, o programa traz uma interação da modelagem sendo


possível ajustes e correções do objeto antes da fabricação, além de
poder analisar e simular o objeto conforme a necessidade. Um dos
grandes benefícios que a representação tridimensional possibilita é
a questão financeira, uma vez que o profissional possa testar todo o
processo na fase de desenho. Assim, podendo produzir protótipos
antes da execução dos objetos e analisá-los. A modelagem 3D permite
um resultado eficiente e com precisão e, ainda, um modelo virtual real.
Portanto, a implantação de software 3D abrange várias vantagens,
tanto para o profissional como para a empresa, bem como os outros
profissionais envolvidos.
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1.3 Aplicação da modelagem 3D no programa

Com relação aos programas 3D mais utilizados pelos profissionais,


temos o AutoCAD e o SketchUp, em que o primeiro é mais preciso em
comparação com o segundo. No entanto, o SketchUp é um programa
que apresenta uma interface fácil de utilização e possui várias opções
de aplicação de materiais e renderização com imagens realistas. Nesse
contexto, na figura a seguir apresentaremos uma peça modelo para a
modelagem nesses dois softwares.

Figura 1 – Peça modelo em vista ortográfica

Fonte: elaborada pela autora.

Iniciando a modelagem no AutoCAD com o passo a passo para a


representação da peça, em que, primeiramente, deve-se escolher o
template com a configuração acad3D.dwt, que apresenta a interface do
ambiente 3D (Figura 2a). Na sequência, na barra de status selecione o
workspace switching e marque o 3D modeling (Figura 2b) que contém
as ferramentas para o desenho 3D. Após abrir a área de trabalho será
utilizada a representação gráfica executada na forma bidimensional,
conforme a Figura 1. Ela será transportada para o ambiente 3D, então,
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selecione e cole na área tridimensional o modelo já criado na forma


bidimensional do conteúdo do Tema 3, do capítulo 1.3.

Figura 2 – a) Start drawing para escolha do template;


b) Ativação do ambiente 3D

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

No ambiente 3D, o passo seguinte é deletar as cotas da vista superior,


pois através dela que vamos gerar o sólido. Em seguida, adicione o
comando region., digitando “REG” <enter>, e selecione as linhas para
formar uma malha (Figura 3).

Figura 3 – Vista superior com a formação da malha

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.


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Realizando a etapa anterior, utilizaremos o comando extrude, então,


digite “EXT” <enter>, selecione o quadrado menor (5x5), aperte o
<enter>. Puxe para a vertical e digite 20 <enter> e, depois, o quadrado
de 10x10 (Figura 4).

Figura 4 – Aplicação do comando extrude

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

Como na peça existe um furo central, com o comando subtract será


executado a subtração. Para isso, digite “SU” <enter> clique na peça
que não será alterada, no caso, o quadrado de 10x10, em seguida
aperte <enter> e clique na peça que será furada (5x5) e <enter>.
Automaticamente, a peça será furada (Figura 5).

Figura 5 – Peça com o furo central

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.


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Para a execução da peça que apresenta de forma inclinada será


utilizado, primeiramente, o comando extrude, digite “EXT” <enter>,
selecione o quadrado amarelo e suba com distância de 10 (Figura 6).

Figura 6 – Comando extrude aplicado na peça

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

O chanfrado nesta peça utilizará o comando chamfer, digite “CHA”


<enter>, selecionea face do eixo y que será a referência do chanfrado
(Figura 7) e dê ok. Em seguida, o comando pedirá a distância, digite
5 <enter>, depois 10 <enter>. Após o término do comando marcar a
aresta, como mostra a Figura 8, dê <enter>, o resultado esperado é um
chanfro conforme a Figura 9.

Figura 7 – Marcação da face referência para o chanfro

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.


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Figura 8 – Marcação da aresta

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

Figura 9 – Resultado do chanfro

Fonte: captura de tela AutoCAD 2018.

O último passo é tornar a peça única por meio do comando union, digite
“UNI” <enter>, selecione as duas peças (o chanfrado mais o quadrado) e
dê <enter>. Pronto, a sua peça está finalizada, parabéns!

No programa AutoCAD existe uma infinidade de recursos que poderão


ser aplicados na peça, como usos dos materiais, o tipo de visualização,
renderização, iluminação, forma de apresentação, enfim, esse é um
software com bastantes recursos. Nesse momento, demonstramos os
comandos básicos para a modelagem 3D de uma peça.
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Nesse contexto, é importante saber que, para o resultado final existem


outros caminhos que chegarão no mesmo resultado. Para isso, é preciso
testar as outras possibilidades e descobrir qual caminho a seguir. Vale
ressaltar que, as medidas adotadas estão na unidade de metro.

Agora que você conheceu o processo do AutoCAD, abordaremos a


modelagem no SketchUp. O primeiro passo é abrir o software, no caso,
será trabalhado no SketchUp Pro2015. Com o programa aberto, execute
a importação da peça. Para isso, selecione o arquivo e importe, como
ilustrado na Figura 10. Caso esteja utilizando a versão inglês, o processo
será o mesmo. Na sequência, selecione o arquivo desenvolvido no
AutoCAD, mas, antes escolher o tipo, a extensão “arquivo AutoCAD .dwg,
.dxf”, abra o arquivo. Antes do arquivo aparecer na área de trabalho,
surgirá uma caixa de diálogo, marque em fechar (Figura 11a) para que o
arquivo seja carregado (Figura 11b).

Figura 10 – Caminho para a importação do arquivo

Fonte: captura de tela SketchUp Pro2015.


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Figura 11 – Processo de importação, a) caixa de diálogo,


b) arquivo carregado

Fonte: captura de tela SketchUp Pro2015.

Para a execução do volume será utilizada a ferramenta retângulo


(primeira imagem), faça a marcação em toda a peça e depois marque
o quadro de 5x5 (segunda imagem), isso é para termos três conjuntos
independentes de peças (Figura 12).

Figura 12 – Seleção da ferramenta retângulo

Fonte: captura de tela SketchUp Pro2015.

Finalizado o comando, ative a ferramenta empurrar/puxar (primeira


imagem), selecione o primeiro quadrado e puxe 10 metros para cima ou
digite 10 e <enter> (segunda imagem). O próximo passo é selecionar o
outro quadrado de 10x10 e puxar 20 metros (terceira imagem), observe
que o furo central está presente, isso porque os retângulos estão
independentes (Figura 13).
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Figura 13 – Processo da aplicação da ferramenta empurrar/puxar

Fonte: captura de tela SketchUp Pro2015.

Agora será executado o chanfro, para isso, utilize uma linha na diagonal
pegando a extremidade de 10 metros e marcando o meio do quadrado,
já que a medida é de 5 metros. Contudo, primeiramente, ative a
ferramenta linha (primeira imagem), depois marque a extremidade
dando um clique (segunda imagem) e direcione para o ponto mediano
do quadrado, clicando na marcação (terceira imagem), esse processo é
mostrado na Figura 14.

Figura 14 – Processo da marcação da linha na diagonal

Fonte: captura de tela SketchUp Pro2015.

Realizado o processo anterior, agora vamos chanfrar o quadrado


utilizando a ferramenta empurrar/puxar. Para isso, selecione a parte
da peça que será recortada, como mostrado na primeira imagem a
marcação azul. Em seguida, empurrar/puxar a área digitando 10 metros
(segunda imagem). O resultado será a peça chanfrada (terceira imagem).
A Figura 15 exemplifica todo o processo.
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Figura 15 – Processo do chanfro da peça

Fonte: captura de tela SketchUp Pro2015.

Assim, como no AutoCAD, o SketchUp também tem opções de aplicação


de materiais, modo de visualização, renderização e caminhos diferentes
de aplicação de comando para se chegar num mesmo resultado.
Portanto, a modelagem 3D poderá ser executada em qualquer
programa, o profissional ou a empresa tem a opção de adotar o
software conforme o custo, o resultado e os recursos disponíveis. A
seguir, as Figuras 16, 17, 18 e 19 exemplificam objetos realizados em
outros softwares de 3D.

Figura 16 – Peça desenvolvida no software Autodesk Fusion 360

Fonte: Severino (2018, p. 320).


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Figura 17 – Peça desenvolvida no software no SolidWorks

Fonte: Fialho (2013, p. 432).

Figura 18 – Ambiente desenvolvido no SketchUp e


renderizado no Lumion

Fonte: elaborada pela autora.


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Figura 19 – Ambiente de trabalho do software 3Ds Max

Fonte: Derakhshani e Derakhshani (2012, p. 120).

Referências
3DS Max 2020. Disponível em: https://cursosbyte.com.br/wp-content/
uploads/2020/04/apostila_3ds_max.pdf. Acesso em: 18 abr. 2021.
CAVASSANI, G. SketchUp Pro 2016: ensino prático e didático. São Paulo: Érica/
Saraiva, 2016.
FIALHO, A. B. SolidWorks Premium 2013: plataforma CAD/CAE/CAM para projeto,
desenvolvimento e validação de produtos industriais. São Paulo: Érica, 2013.
NETTO, C. C. Autodesk Revit: architecture 2020: conceitos e aplicações. São Paulo:
Érica, 2020.
OLIVEIRA, A. AutoCAD 2016: modelagem 3D. São Paulo: Érica, 2016.
SEVERINO, D. M. Autodesk Fusion 360: modelamento, montagens e design. São
Paulo: Érica, 2018.
DERAKHSHANI, R.; DERAKHSHANI, D. Autodesk 3Ds Max 2012 essencial: guia de
treinamento oficial. Porto Alegre: Bookman, 2012.
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BONS ESTUDOS!

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