Você está na página 1de 15

ASSINE ENTRAR

EXPLORE ÚLTIMAS
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.

Ideias

Relatórios de ONG

Brasil lidera mortes de


LGBT? A verdade por trás
das estatísticas
Por Eli Vieira 25/06/2023 21:29 89 COMENTÁRIOS

Como você se sentiu com


os fatos noticiados?

A maioria das pessoas


ficou indignada

ONGs reportam 273 mortes LGBT por preconceito em 2022 no Brasil;


transparência dos dados e metodologia são questionáveis e
contrariam estudos rigorosos.| Foto: Eli Vieira com Midjourney

Ouça este conteúdo


Resumo da reportagem

EXPLORE
ONGs brasileiras
ÚLTIMAS
relataram 273 mortes ASSINE ENTRAR

LGBT por preconceito em Segunda-feira,


2022, e alegam
16 de Outubro de 2023.

que o Brasil é o país que mais mata o grupo


por ser quem é, contrariando publicações
mais rigorosas da literatura científica.
A confiabilidade do relatório é questionável
devido à falta de detalhes e transparência
nos dados.
Há críticas sobre a metodologia usada,
incluindo a coleta de dados e a definição de
"crimes de ódio".

Depois de uma checagem em 2019


comprovar que as estatísticas sobre
mortes de pessoas LGBT por preconceito
no Brasil eram infladas, ONGs nacionais
voltam a afirmar que o país é campeão
mundial nesse tipo de crime. Um relatório
divulgado em maio pelo “Observatório de
mortes e Violências LGBTI+ no Brasil”,
uma coalizão de organizações dedicadas à
causa de minorias sexuais, aponta que 273
lésbicas, gays, bissexuais e transexuais
morreram em 2022 no Brasil, vítimas de
preconceito. O documento, financiado por
fundações internacionais notórias por
apoiar ativismo de esquerda, contraria
outras estatísticas, como um índice
elaborado por um economista sênior do
Programa Conjunto
EXPLORE ÚLTIMAS
das Nações Unidas de ASSINE ENTRAR
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.
HIV/AIDS (UNAIDS), que coloca o Brasil
como o segundo mais tolerante nessa
temática entre os países de renda baixa a
média. Além disso, apenas três dos 273
casos são detalhados no relatório (sendo
que dois deles não são conclusivos como
casos de preconceito), o que torna difícil
uma checagem dos dados.

A Gazeta do Povo pediu acesso à planilha


completa das 273 mortes violentas de
LGBT referentes a 2022, mas não recebeu
resposta. O mesmo aconteceu em 2021,
quando a ANTRA, uma das organizações
envolvidas no Observatório, se recusou a
partilhar de forma aberta seus dados com
a reportagem.

De acordo com a publicação, em 2022


foram 228 assassinatos, 30 suicídios e 15
mortes “por outras causas”. O
Observatório elaborou o documento com
base em “uma base de dados
compartilhada” entre três ONGs. Os dados
foram “encontrados em notícias de
jornais, portais eletrônicos e redes
sociais”.
EXPLORE ÚLTIMAS
ASSINE ENTRAR
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.

Embora os números causem repercussão e


cheguem até mesmo a embasar políticas
públicas e leis, os métodos são pouco
rigorosos e a checagem por terceiros é
pouca ou inexistente. Em 2019, uma
checagem independente comprovou que
apenas 9% dos 347 casos relatados como
homofobia pelo Grupo Gay da Bahia (GGB)
em 2016 tiveram de fato motivações
preconceituosas. Metade dos assassinatos
analisados na ocasião foi inconclusiva
quanto à motivação e o restante não
ocorreu por homofobia. O número falso,
que foi usado pelos ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) no julgamento que
criminalizou a homofobia, voltou a ser
citado no relatório de 2023 do
Observatório.

Casos incertos
Entre os três casos mencionados no
relatório, está o do pernambucano José
Cláudio Alves Ferreira, morto
aparentemente por ter beijado um homem
na frente do suposto assassino, que
expressou descontentamento
EXPLORE ÚLTIMAS
sobre a cena ASSINE ENTRAR
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.
para um vizinho, como noticiou o Portal
Agreste Violento. Embora seja preferível
tipificar a motivação após um julgamento,
é aceitável que a ONG inclua
provisoriamente este como um caso de
homofobia.

O segundo caso é mais incerto: o


esfaqueamento de Josy Kelly, em
Arapiraca, Alagoas, em dezembro de 2022.
O delegado de homicídio da cidade,
Everton Gonçalves, declarou na época ao
site G1 que trabalhava não apenas com a
hipótese de crime por preconceito, mas
também com a possibilidade de latrocínio
(assassinato derivado de roubo). A
investigação ainda não foi concluída.

O último caso mencionado é de um jovem


trans de 22 anos de Guarapuava, Kauê
Vestemberg, que cometeu suicídio em
janeiro do ano passado. A fonte usada
pelos ativistas é uma notícia do site G+,
que não dá muitos detalhes das
circunstâncias em torno da tragédia.
O relatório critica o G1 e o G+ por terem
tratado JosyÚLTIMAS
EXPLORE
no masculino e Kauê no ASSINE ENTRAR
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.
feminino, e por mencionarem seus nomes
de batismo. Os ativistas também acusam o
G+ de “violência transfóbica” por esse
motivo. A reportagem do G1, porém,
mostra que a própria irmã e os vizinhos
tratavam Josy pelo gênero masculino.
Quanto a Kauê, faltou o relatório buscar
outra fonte: o Portal RSN, também de
Guarapuava, afirmou que “o jovem
atentou contra a própria vida devido a um
término de relacionamento”. Nas redes
sociais, amigos e familiares fizeram um
alerta a respeito da seriedade da
depressão.

Entre os três casos mencionados pelo


Observatório das ONGs LGBT, portanto, ao
menos dois, um assassinato e um suicídio,
são incertos quanto às motivações estarem
ligadas a preconceito.

Falha metodológica
Em notícias de crimes, há muitas
distorções que podem inviabilizar o uso
estatístico dos dados. Centros urbanos
tendem a ter mais cobertura jornalística
que zonas rurais,
EXPLORE ÚLTIMAS
por exemplo. E o ASSINE ENTRAR
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.
fenômeno precisa estar bem definido:
suicídios são mesmo comparáveis a
homicídios para serem postos juntos?
Basta ser gay e ser morto em uma
sociedade em que preconceito contra gay
existe para se alegar que a morte foi por
causa do preconceito, ou é preciso
determinar plausivelmente uma
motivação preconceituosa?

A cada sete mil casos de crime de ódio


(mais precisamente, crime motivado por
preconceito) que ocorrem por ano nos
Estados Unidos, menos de 10% são
cobertos pela imprensa, relata o cientista
político Wilfred Reilly em seu livro “Hate
Crime Hoax” (“Fraude de Crime de Ódio”,
em tradução livre), de 2019. Além disso,
alerta Reilly, 15% ou mais dos casos
noticiados são falsos.

O resultado das distorções e falta de rigor


com os métodos é que, quando ONGs LGBT
ou a imprensa que repete seus números
acriticamente dizem que as mortes por
homofobia ou transfobia cresceram de um
ano para outro, ou diminuíram, nenhuma
tendência desse
EXPLORE ÚLTIMAS
tipo pode ser afirmada. ASSINE ENTRAR
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.
Devido à falta de uma amostra exata que
determine o fenômeno, seria semelhante a
afirmar que a popularidade de um
presidente subiu ou desceu de um ano para
outro perguntando em um único
condomínio ou perguntando em um
condomínio diferente a cada ano. Não há
critério de comparação, uma vez que o
rigor é muito baixo.

Quem fez o relatório


As ONGs responsáveis pelo documento são
a ANTRA (Associação Nacional de
Travestis e Transexuais), a Acontece
(Acontece Arte e Política LGBTI+) e a
ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e
Intersexos). O Grupo Gay da Bahia (GGB),
que diz que produz esses relatórios há
mais de 40 anos, não ganhou crédito
neste, mas tem seus números
aproveitados pelos autores. O Observatório
informa em seu site que foi fundado por
iniciativa do Acontece e do GGB em janeiro
de 2020.
EXPLORE ÚLTIMAS
ASSINE ENTRAR
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.

Entre as fontes de financiamento listadas


no relatório, estão a Embaixada dos Países
Baixos (Holanda) e o Fundo Brasil de
Direitos Humanos, uma organização sem
fins lucrativos. No mês de maio, o Fundo
Brasil abriu um edital no valor de R$ 800
mil para financiar até 20 organizações
dedicadas à causa LGBT.

Em um demonstrativo financeiro de maio


de 2022, o fundo lista 15 fontes de recursos
recebidos, que somam R$ 13,3 milhões a
serem aplicados em projetos naquele ano.
Entre as fontes, 11 são organizações
internacionais. As que mais doaram foram
a Fundação Ford (49,5%), a Fundação
Open Society (9,2%, do bilionário George
Soros) e a Fundação Oak (12,2%) — as três
notórias por financiar ativismo de
esquerda no Brasil. Menos de 0,7% dos
recursos vieram de doações de pessoas
físicas.

Os ativistas acusam o Estado brasileiro de


“descaso” com a violência contra LGBT e
alegam que a falta de mais dinheiro
público na causa
EXPLORE ÚLTIMAS
prova que há um ASSINE ENTRAR
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.
preconceito “institucional” no país,
especialmente nos órgãos de segurança
pública e no judiciário.

Brasil entre os mais


tolerantes
Em um artigo publicado em 2018 no
European Journal of Public Health, Erik
Lamontagne, economista sênior do
Programa Conjunto das Nações Unidas de
HIV/AIDS (UNAIDS), propôs com colegas o
Índice de Clima Homofóbico para
mensurar as atitudes contra gays nos
países. A nota é baseada na homofobia
institucional, como a presença de leis
intolerantes, e na homofobia social, que
diz respeito às crenças e atitudes da
população.

Enquanto as ONGs brasileiras alegam que


seu país é o que mais mata LGBT no
mundo, o índice sofisticado de
Lamontagne colocou o Brasil na segunda
posição entre os mais tolerantes e
inclusivos com renda baixa a média,
perdendo somente para a Colômbia, e na
20ª posiçãoÚLTIMAS
EXPLORE
mundial no ranking geral. O ASSINE ENTRAR
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.
Sudão ficou na última posição entre 158
países, acompanhado por Afeganistão e
Arábia Saudita.

Cirurgia plástica e
overdose
O termo “homofobia”, que era utilizado
como um termo geral denotando
preconceito contra minorias sexuais, foi
trocado por “LGBTIfobia” pelo
Observatório, que afirma que este é um
problema “estrutural”.

Embora seja comum tratar assassinatos,


suicídios e acidentes como mortes
violentas, o relatório dos ativistas inova:
“Também consideramos como violentas
as mortes ocorridas em função da busca
por procedimentos estéticos devido à
pressão estética”, explicam, além “do uso
de substâncias ilícitas e outros óbitos com
causas não identificadas”.
VEJA TAMBÉM:
ASSINE ENTRAR
EXPLORE ÚLTIMAS
Parada LGBT de São Paulo teve bloco com
Segunda-feira, apoiodeà 2023.
16 de Outubro
»
transição de gênero entre crianças
Revistas científicas afrouxam padrões e abraçam
»
modas intelectuais de esquerda
Contra negacionismo ideológico, pesquisas
»
questionam transição de gênero em adolescentes
» Por que não se deve falar em “crianças trans”
Ativistas inflam estatística de suicídio trans para
»
obter aceitação do bloqueio da puberdade
Número de crianças americanas com diagnóstico
»
de disforia de gênero aumenta 70% em um ano
Nova análise corrobora contágio social de
»
identidades LGBT entre jovens americanos

Deixe sua opinião

Como você se sentiu com os fatos noticiados?

Feliz Inspirado Surpreso


3 0 3

Preocupado Triste Indignado


0 10 93

A maioria das pessoas ficou indignada ASSINE ENTRAR


EXPLORE ÚLTIMAS
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.

Encontrou algo errado na matéria? » Sobre a


COMUNIQUE ERROS Gazeta do Povo

Principais Manchetes

Rodrigo Homicídios Exploração de Corrupção e


Pacheco e cresceram no potássio no prisões
Gilmar Rio e na Bahia Amazonas abalam
Mendes durante motiva novo cidades de
divergem governo Lula desgaste de Santa
sobre atuação e reação é Marina Silva Catarina
dos Poderes insuficiente no governo
Lula

+ na Gazeta
Israel anuncia ofensiva
abrangente contra o Hamas: o mal absoluto e o
terror da relativização do
Hamas com ênfase em mal
operações terrestres

Uma semana de guerra “Foi tarde” e judeus


com guerra, guerra e mais chamados de ratos: os
guerra – e Nossa Senhora canalhas e suas
Aparecida circunstâncias
ASSINE ENTRAR
EXPLORE ÚLTIMAS
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.
Tudo sobre: Afeganistão Arábia Saudita Brasil Depressão

EUA - Estados Unidos Ford George Soros Guarapuava Identitarismo

LGBT ONG Política Preconceito Segurança Pública

WHATSAPP
Receba nossas
notícias
NO CELULAR TELEGRAM
Inscreva-se no
nosso
WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo FEED RSS
WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do
grupo.

Gazeta do Povo › Ideias › Brasil lidera mortes de LGBT? A verdade por trás das estatísticas

Acompanhe a Gazeta do Povo nas redes sociais

Gazeta do Povo Notícias Opinião Mais Informações

Sobre a Gazeta República Vozes Bom Gourmet Minha Conta

Conheça a Gazeta Paraná Opinião Haus Assine

Expediente Mundo Convicções Gazz Conecta Fale Conosco

Mapa do Site Economia Ideias Sempre Família Anuncie

Política de PrivacidadeUmDois Esportes Clube Gazeta do Povo Trabalhe Conosco

Termos de uso Vida e Cidadania Podcasts Dúvidas Frequentes


About Gazeta do Povo Educação Vídeos

ASSINE ENTRAR
EXPLORE
Ideias
ÚLTIMAS Especiais
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2023.

Você também pode gostar