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CURSO

FISCALIZAÇÃO

INTERESTADUAL DE

TRANSPORTE DE

PASSAGEIROS
BEM-VINDO AO CURSO

FISCALIZAÇÃO INTERESTADUAL DE TRANSPORTES DE PASSAGEIROS

Conteudistas:

OLINTO JOSÉ NETO - Policial Rodoviário Federal

RENATO SEBASTIÃO DE OLIVEIRA MEDEIROS - Policial Rodoviário Federal

Instrutores do Departamento de Polícia Rodoviária Federal da disciplina Fiscalização


do Serviço de Transporte.

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Sumário
Apresentação ............................................................................................................................... 5
Objetivos do Curso ....................................................................................................................... 6
Estrutura do curso ........................................................................................................................ 6
Módulo 1 - Contexto do transporte coletivo de passageiros ........................................................... 7
Apresentação do módulo .................................................................................................................... 7
Objetivo do módulo ............................................................................................................................ 7
Estrutura do Módulo ........................................................................................................................... 7
Aula 1 - O transporte coletivo de passageiros .................................................................................... 8
1- O transporte coletivo no Brasil ............................................................................................... 8
Aula 2 - Aspectos legais ..................................................................................................................... 14
Aula 3 - Conceitos.............................................................................................................................. 19
Módulo 2 – Tipos de serviços de transporte e seus documentos de porte obrigatório ................... 23
Apresentação do módulo .................................................................................................................. 23
Objetivo do módulo .......................................................................................................................... 23
Estrutura do Módulo ......................................................................................................................... 23
Aula 1 – Tipos dos serviços de transporte e modalidades ................................................................ 24
Modalidades de serviço ................................................................................................................ 24
Aula 2 – Documentos de porte obrigatório ...................................................................................... 26
Ilícitos no transporte coletivo de passageiros ............................................................................... 28
Formas de identificar ilícitos através da análise dos documentos................................................ 29
Aula 3 - Transporte escolar - regras específicas ................................................................................ 35
Exigências para o veículo utilizado no transporte escolar ............................................................ 36
Exigências para o condutor de veículo de transporte escolar ...................................................... 37
Módulo 3 – Infrações e penalidades ............................................................................................ 41
Apresentação do módulo .................................................................................................................. 41
Objetivo do módulo .......................................................................................................................... 41
Estrutura do Módulo ......................................................................................................................... 41
Aula 1 – Infrações .............................................................................................................................. 42
Carteira Nacional de Habilitação ................................................................................................... 42
Documentos de porte obrigatório ................................................................................................ 44
Embriaguez ao volante .................................................................................................................. 44
Cinto de segurança ........................................................................................................................ 45
Lotação excedente ........................................................................................................................ 45
Transporte remunerado ................................................................................................................ 46

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Tempo de direção ......................................................................................................................... 46
Equipamento obrigatório .............................................................................................................. 47
Sistema de iluminação e sinalização ............................................................................................. 47
Lacre, chassi, selo, placa ou outro elemento de identificação do veículo. ................................... 48
Mau estado de conservação ......................................................................................................... 48
Registro e licenciamento ............................................................................................................... 49
Cor ou característica alterada ....................................................................................................... 49
Inscrição de tara e lotação ............................................................................................................ 49
Aula 2 - Penalidades e medidas administrativas ............................................................................... 51
Penalidades ................................................................................................................................... 51
Medidas administrativas ............................................................................................................... 51
Módulo 4 - Crimes relacionados e encaminhamentos .................................................................. 55
Apresentação do módulo .................................................................................................................. 55
Objetivo do módulo .......................................................................................................................... 55
Estrutura do Módulo ......................................................................................................................... 55
Aula 1 – Crimes de trânsito no transporte coletivo de passageiros ................................................. 56
Aula 2 – Contravenções e crimes penais no transporte coletivo de passageiros ............................. 61
Contravenções penais – Lei nº 3.668/41 ...................................................................................... 61
Código Penal, Lei 2.848/40............................................................................................................ 63
Crimes Ambientais – lei 9.605/98 ................................................................................................. 67
Armas – Lei 10.826/03 .................................................................................................................. 70
Drogas – Lei 11.343/06.................................................................................................................. 72

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Apresentação

O transporte rodoviário é a principal modalidade de locomoção coletiva de


passageiros no Brasil.

O transporte rodoviário coletivo de passageiros, seja internacional,


interestadual, intermunicipal ou municipal, no Brasil, é um serviço público essencial.
Apenas o transporte interestadual coletivo de passageiros foi responsável no ano de
2016 por uma movimentação de 43 milhões de usuários/ano. A frota de ônibus em
2017 no Brasil, conforme o DENATRAN, foi de 612.534 (seiscentos e doze mil e
quinhentos e trinta e quatro) e 390.225 (trezentos e noventa mil e duzentos e vinte e
cinco) de micro-ônibus, totalizando 1.002.759 (Um milhão, dois mil e setecentos e
cinquenta e nove) veículos de transporte coletivos de passageiros em circulação.

Para um País com uma malha rodoviária de aproximadamente 1,8 milhões de


quilômetros, sendo 146 mil asfaltados (rodovias federais e estaduais), a existência de
um sólido sistema de transporte rodoviário de passageiros é vital.

Por isso, neste curso você aprenderá procedimentos operacionais para uma
melhor execução da fiscalização do transporte coletivo de passageiros, a partir da
observância dos preceitos constitucionais e das normas técnicas e legais.

Bons estudos!

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Objetivos do Curso

Estabelecer procedimentos operacionais para uma melhor execução da


fiscalização do transporte coletivo de passageiros, com a devida segurança e
eficiência, a partir da observância dos preceitos constitucionais e das normas técnicas
e legais, de modo a desenvolver atividades como garantir a segurança viária, coibir
os ilícitos criminais, e prevenindo as ocorrências de acidentes.

Ao final do estudo deste curso, você será capaz de:

● Entender a importância da fiscalização do transporte coletivo de passageiros


para a sociedade;
● Identificar os aspectos legais pertinentes à fiscalização do transporte coletivo
de passageiros;
● Definir e identificar os tipos de serviços e demais tipos de transporte;
● Listar os documentos de porte obrigatório com base nas normas de trânsito;
● Definir e identificar as principais infrações de trânsito, analisando sua
aplicabilidade;
● Identificar os principais crimes e contravenções relacionados com o transporte
coletivo de passageiros;
● Definir os procedimentos para preenchimento dos autos de infração, medidas
administrativas e encaminhamentos;
● Conhecer as principais práticas ilícitas que podem ser verificadas nos veículos
que realizam o transporte coletivo de passageiros.

Estrutura do curso
Este curso compreende os seguintes módulos:

● Módulo 1 - Contexto do transporte coletivo de passageiros.


● Módulo 2 - Tipos de serviços de transporte e seus documentos de porte
obrigatório.
● Módulo 3 - Infrações e penalidades.
● Módulo 4 - Crimes relacionados e encaminhamentos.

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Módulo 1 - Contexto do transporte coletivo de passageiros

Apresentação do módulo

Para se falar em fiscalização do transporte coletivo de passageiros, o


profissional de segurança pública deve entender a realidade na qual ele se encontra,
facilitando assim a conscientização sobre a importância da fiscalização deste
transporte para a sociedade. Por isso, neste módulo você estudará alguns aspectos
relativos à importância da fiscalização, legalidade e conceitos.

Objetivo do módulo

Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:

● Conscientizar-se sobre a importância da fiscalização do transporte coletivo de


passageiros;

● Conhecer os aspectos legais pertinentes à fiscalização do transporte coletivo


de passageiros;

● Conceituar os principais termos relacionados ao tema.

Estrutura do Módulo

Esse módulo compreende as seguintes aulas:

● Aula 1 - O transporte coletivo de passageiros.

● Aula 2 - Aspectos legais.

● Aula 3 – Conceitos.

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Aula 1 - O transporte coletivo de passageiros

O transporte rodoviário é a principal modalidade de deslocamento de pessoas


no território nacional, sendo o ônibus o principal meio utilizado para o deslocamento
coletivo da população.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), existe uma diferença


entre micro-ônibus e ônibus, veja:

Micro-ônibus

É o veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para até vinte


passageiros.

Ônibus

É o veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para mais de vinte


passageiros, ainda que, em virtude de adaptações com vista à maior comodidade
destes, transporte número menor.

Em relação à sua área de abrangência, os ônibus municipais circulam


interligando bairros e regiões de uma cidade, os estaduais ou intermunicipais,
interligam cidades de um mesmo estado, e os interestaduais, interligam cidades de
estados diferentes.

O transporte coletivo no Brasil

O transporte coletivo de passageiros é serviço público essencial no nosso país,


desenvolvendo papel social e econômico de grande importância, democratizando a
mobilidade, facilitando a locomoção das pessoas.

Este transporte é realizado, em sua maioria, pela iniciativa privada, ocorrendo


situações, na área urbana, cuja exploração é feita, também, por empresa pública.
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A regulamentação desta atividade é atribuição dos órgãos públicos em suas
três esferas de governo:

Prefeituras Municipais

Cuidam do transporte urbano em suas cidades e dentro dos limites municipais;

Governos Estaduais

Administram as linhas intermunicipais no âmbito de cada Estado; e

Governo Federal

Responsável pelo transporte rodoviário interestadual e internacional de


passageiros em todo o país.

A fiscalização, referindo-se à prestação do serviço, é realizada por órgãos


municipais, estaduais e federais, de acordo com as suas áreas de circunscrição, por
competência ou por delegação.

GLOSSÁRIO

Competência: é o conjunto de poderes que uma autoridade pública (administrativa)


tem, por lei, para praticar atos e tomar decisões. Ex.: A ANTT tem competência
para fiscalizar o transporte rodoviário coletivo interestadual de passageiros.

Delegação: Em resumo, delegar competência é estender temporariamente a outro


agente público subordinado ou de mesma hierarquia a competência. Ex.: A ANTT
delegou competência para a PRF fiscalizar os serviços de transporte interestaduais
por prazo determinado.

No âmbito municipal, as Prefeituras criam órgãos de trânsito e transporte para


fiscalização do transporte coletivo de passageiros, quase sempre, vinculados a uma
Secretaria Municipal ou esta função está atribuída a Guarda Municipal.

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No âmbito estadual, esta responsabilidade está atribuída, quase sempre, ao
respectivo DER ou a Agência Reguladora do estado.

No âmbito federal, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é a


responsável em regular e fiscalizar o serviço de transporte coletivo de passageiros
interestadual e internacional e delega essa competência por meio de convênios a
outros órgãos como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar de Minas
Gerais (PMMG), Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco (DER-PE)
e algumas Agências Reguladoras estaduais.
Quanto ao trânsito dos veículos de transporte coletivo de passageiros,
independentemente do local de circulação, devem obedecer às normas de trânsito e
as leis com previsão de crime.

Não obstante a preocupação com a segurança das pessoas que


trafegam pelas rodovias de todo o país, bem como a luta que temos que
travar para que estes cidadãos, brasileiros ou não, sejam tratados com
dignidade, a fiscalização do transporte coletivo de passageiros poderá
revelar outros ilícitos como: o descaminho, o contrabando, o tráfico de
munições, armas, animais e até de seres humanos, além de sequestro,
trabalho escravo, transporte de produtos perigosos, excesso de peso, e
infrações de trânsito de um modo geral.

Assim fica fácil observar a importância desta fiscalização e a necessidade da


atenção que cada órgão de segurança pública deve dar, em todas as fiscalizações
realizadas pelo país, a este tipo de transporte de vidas.

A seguir vamos ver algumas ocorrências, dentre inúmeras que surgem


diariamente nos meios de comunicação, com matérias que tratam de ocorrências
criminais de diversos temas que impactam nas vidas das pessoas e que ocorreram
durante fiscalização de veículos que realizam o transporte coletivo de passageiros.

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Apreensão de mais de 500 animais silvestres em ônibus encontra 16 bichos
mortos

Dos 562 animais apreendidos na manhã desta quinta-feira (19) pela Polícia
Ambiental de Guarulhos, 16 chegaram mortos ao Centro de Recuperação de Animais
Silvestres (CRAS) que fica no Parque Ecológico do Tietê - todos foram esmagados
dentro das caixas de papelão onde foram escondidos. Os animais vieram da Bahia e
seriam vendidos em mercado clandestino. Três pessoas foram detidas e liberadas em
seguida. Vão responder por maus-tratos e por manter os animais silvestres em
cativeiros.

A apreensão foi feita pela manhã pela delegacia ambiental de Guarulhos. Os


bichos estavam no bagageiro de um ônibus de turismo que saiu do interior da Bahia,
na terça-feira (17), da cidade de Senhor do Bonfim, distante 2.048 km da capital
paulista, e chegaram nessa quinta-feira ao estado de São Paulo.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/apreensao-de-mais-de-500-
animais-silvestres-em-onibus-encontra-16-bichos-mortos.ghtml

Analistas tributários participaram de apreensão de ônibus com mais de um


milhão e meio de reais em mercadorias

Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (RFB) participaram da


apreensão de um ônibus com mais de um milhão e meio de reais em mercadorias,
neste domingo (18). A apreensão ocorreu durante ação conjunta realizada por
servidores da Receita Federal em conjunto com policiais do BPFron na BR-277,
próximo a Medianeira/PR.

Próximo das 21h, foi abordado um ônibus de turismo com placas de Foz do
Iguaçu, que era ocupado por dois motoristas e mais 16 passageiros incluindo uma
guia de turismo. Um dos motoristas informou que eles seguiam para um desfile na
cidade de Maringá/PR, porém notou-se um nervosismo excessivo de sua parte,
fazendo com que uma inspeção mais detalhada fosse realizada. Visualmente o
veículo não possuía irregularidades, logo foi encaminhado para o aparelho de Scanner
onde ficou constatado que havia alguns itens suspeitos. A partir das imagens geradas
foi possível encontrar dois fundos falsos com mercadorias ocultas no interior do
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ônibus, que foi imediatamente lacrado para posterior verificação.
Fonte: http://sindireceita.org.br/blog/analistas-tributarios-participam-de-
apreensao-de-onibus-com-mais-de-um-milhao-e-meio-de-reais-em-
mercadorias/

Mulher é presa com ‘super maconha’ em ônibus

Uma atendente, de 29 anos, foi presa por transportar drogas, na manhã de


segunda-feira (16), na rodovia Washington Luiz, em Rio Preto.

De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, o ônibus que fazia a linha Campo
Grande (MS) para Rio Preto foi abordado e os policiais desconfiaram de uma
passageira que estava muito nervosa.

No fundo falso da mala da mulher foram encontrados cerca de quatro quilos de


Skank, droga conhecida como super maconha. Ela confessou que pegou o
entorpecente em Ponta Porã (MS) e levava para São Paulo, capital.

Fonte: http://dhojeinterior.com.br/mulher-e-presa-com-super-maconha-em-onibus/

PRF e Força Nacional encontram armas em ônibus no Paraná

A Polícia Rodoviária Federal (PRF), em conjunto com a Força Nacional (FN),


apreendeu sete revólveres com um passageiro de ônibus em Santa Terezinha de
Itaipu, na quarta-feira (14). Ele os revenderia em Belo Horizonte (MG) e foi preso em
flagrante por tráfico de armas. O veículo fazia a linha Foz do Iguaçu – Belo Horizonte
e transitava pela BR-277.

Durante fiscalização com o apoio dos cães farejadores da Força Nacional, o


animal sinalizou a presença de ilícitos na pochete de um passageiro. Ao vistoriarem
tal bagagem, os agentes encontraram sete embrulhos contendo revólveres de origem
estrangeira, sendo cinco calibre .38 e duas .32.

Fonte: https://paranaportal.uol.com.br/cidades/policial/prf-e-forca-nacional-
encontram-armas-em-onibus-no-parana/

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Homem é preso suspeito de esfregar órgão sexual em universitária dentro de
ônibus no RN

Um homem de 41 anos foi preso na manhã deste sábado (21) suspeito de


praticar ato libidinoso contra uma universitária durante uma viagem de ônibus de
Fortaleza para Natal. A vítima informou em depoimento para a Polícia Civil que o
homem esfregou o pênis na testa dela.

A universitária pegou o ônibus na noite desta sexta-feira (20) em Fortaleza, no


Ceará, com destino a Natal. A jovem sentou-se na cadeira do corredor e uma amiga
sentou ao lado dela, próximo a janela do veículo.

Já por volta das 5h deste sábado, quando o ônibus passava por Riachuelo,
município do Agreste potiguar, a universitária acordou sentindo algo quente na testa.
Foi quando viu que o homem esfregava o pênis em sua cabeça.

Fonte: https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2018/07/21/homem-e-
preso-suspeito-de-esfregar-orgao-sexual-em-universitaria-dentro-de-onibus-no-
rn.ghtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=share-bar-
smart&utm_campaign=share-bar

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Aula 2 - Aspectos legais

De acordo com Julyver Modesto de Araújo (2015), enquanto a legislação de


trânsito é única para todo o país, a legislação de transporte de passageiros, tanto a
regulamentação quanto a fiscalização dependem não só de legislação federal, como
também da administração pública estadual e municipal, conforme as competências
constitucionais atribuídas aos entes federativos.

O transporte coletivo na legislação pertinente, confira:

Constituição Federal de 1998:

Art. 21. Compete à União:


XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros.
...
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que
adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas
por esta Constituição.
...
Art. 30. Compete aos Municípios:
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
caráter essencial;
...
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II – os direitos dos usuários;
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.

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Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997:

Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios, no âmbito de sua circunscrição:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de
suas atribuições;
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres
e de animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos municípios,
no âmbito de sua circunscrição:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de
suas atribuições;
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres
e de animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;
...
VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medidas administrativas
cabíveis relativas a infrações por excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos,
bem como notificar e arrecadar as multas que aplicar;
...
XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, veículos de tração e
propulsão humana e de tração animal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades
e arrecadando multas decorrentes de infrações.

Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995:

Art. 2º Para os fins do disposto nesta lei, considera-se:


I - Poder Concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em
cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de
obra pública, objeto de concessão ou permissão;
As concessões serão sempre submetidas à licitação, sendo vedada a
contratação direta, como regulado no Art.14 da Lei nº 8.987/95 que diz:
Art. 14 Toda concessão de serviço público, precedida ou não da execução de
obra pública, será objeto de prévia licitação, nos termos da legislação própria e com
observância dos princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, do
julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório.
A toda concessão fica presumida a prestação de serviço adequado ao pleno
atendimento dos usuários. Entende-se por serviço adequado aquele que satisfaz as
condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

Eis o ensinamento de Fernanda Marinela (2007, p. 441):

15
“Esse princípio decorre de um raciocínio simples: o Brasil
é um país relativamente pobre, tendo o serviço público que
atingir e satisfazer os diversos grupos sociais na
persecução do bem comum. Sendo assim, quando esse
serviço depender de uma cobrança, ela deve ser
condizente com as possibilidades econômicas do povo
brasileiro, ou seja, a mais baixa possível.”).

GLOSSÁRIO

Modicidade das tarifas: a concepção de prestação de serviço público está ligada


à satisfação do interesse público, ou seja, das necessidades da coletividade como
um todo, exigindo para tal a cobrança de menores tarifas possíveis.

Nas Resoluções do Contran:

I. Resolução nº 14/98 - Estabelece os equipamentos obrigatórios para a frota de


veículos em circulação e dá outras providências.
Acrescida pelas Resoluções nº 34/98, 43/98, 87/99 e 44/98, 46/98 e 129/01.
Alterada pelas Resoluções 87, 228, 259 e 592/16.

II. Resolução nº 115/00 - Proíbe a utilização de chassi de ônibus para


transformação em veículos de carga.

III. Resolução nº 205/06 - Dispõe sobre os documentos de porte obrigatório e dá


outras providências.
Alterada pela Resolução Contran nº 235. Revoga a Resolução Contran nº
13/98, respeitados os prazos previstos nos artigos 3º e 4º. artigo 3º alterado pela
Deliberação Contran nº 57/07.

IV. Resolução nº 416/12 - Estabelece os requisitos de segurança para veículos de

16
transporte de passageiros tipo micro-ônibus, categoria M2 de fabricação nacional e
importado. Alterada pela Resolução 646/16 Anexo.

V. Resolução nº 445/13 - Estabelece os requisitos de segurança para veículos de


transporte público coletivo de passageiros e transporte de passageiros tipos micro-
ônibus e ônibus, categoria M3 de fabricação nacional e importado.
Alterada pelas Resoluções 629/16 e 644/16.

VI. Resolução nº 469/13 - Altera dispositivos e os Anexos da Resolução


CONTRAN nº 402, de 26 de abril de 2012, com redação dada pelas Deliberações nº
104 de 24 de dezembro de 2010 e nº 132 de 20 de dezembro de 2012, que
estabelecem requisitos técnicos e procedimentos para a indicação no CRV/CRLV das
características de acessibilidade para os veículos de transporte coletivos de
passageiros e dá outras providências.

VII. Resolução nº 504/14 - Dispõe sobre a utilização obrigatória de espelhos


retrovisores, equipamento do tipo câmera-monitor ou outro dispositivo equivalente, a
ser instalado nos veículos destinados ao transporte coletivo de escolares.

VIII. Resolução nº 505/14 - Dispõe sobre a alteração da tabela do item 2 do


apêndice do Anexo I, da Resolução CONTRAN nº 416, de 09 de agosto de 2012, que
trata dos requisitos de segurança para veículos de transportes de passageiros tipo
micro-ônibus, categoria M2.

IX. Resolução nº 629/16 - Altera e substitui os Anexos II e III da Resolução


CONTRAN nº 445, de 25 de junho de 2013, que estabelece os requisitos de segurança
para veículos de transporte público coletivo de passageiros e transporte de
passageiros tipos micro-ônibus e ônibus, categoria M3 de fabricação nacional e
importado, e dá outras providências. Altera a Resolução 445/13.

X. Resolução nº 643/16 - Dispõe sobre o emprego de película retrorrefletiva em


veículos.

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XI. Resolução nº 644/16 - Altera a tabela da alínea “a” do subitem 4.2 do Anexo
IX da Resolução CONTRAN nº 445, de 25 de junho 2013, que estabelece os requisitos
de segurança para veículos de transporte público coletivo de passageiros tipos micro-
ônibus e ônibus da categoria M3. Altera a Resolução 445/13.

XII. Resolução nº 646/16 - Altera a tabela da alínea “a” do subitem 4.2 do Anexo
IX da Resolução CONTRAN nº 416, de 09 de agosto de 2012, que estabelece os
requisitos de segurança para veículos de transporte coletivo de passageiros tipo
micro-ônibus da categoria M2.

XIII. Resolução nº 667/17 - Em vigor, produzindo efeitos a partir de 1º de Janeiro


de 2021. Estabelece as características e especificações técnicas dos sistemas de
sinalização, iluminação e seus dispositivos aplicáveis a automóveis, camionetas,
utilitários, caminhonetes, caminhões, caminhões tratores, ônibus, micro-ônibus,
reboques e semirreboques, novos saídos de fábrica, nacionais ou importados e dá
outras providências.

Saiba Mais...
Acesse o link e leia o texto “Regulamentação e fiscalização do transporte
de passageiros, por Juliver Modesto de Araújo”.
Link: https://www.ctbdigital.com.br/artigo-comentarista/448

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Aula 3 - Conceitos

Os conceitos a seguir são fundamentais para o desenvolvimento do curso,


confira:

● Bagageiro - Compartimento do veículo destinado exclusivamente ao


transporte de bagagens, malas postais e encomendas, com acesso
independente do compartimento de passageiros;

● Bagagem - Conjunto de objetos de uso pessoal do passageiro, devidamente


acondicionado, transportado no bagageiro do veículo;

● Bilhete de passagem - Documento que comprova o contrato de transporte


com o usuário;

● Estacionamento - Imobilização de veículos por tempo superior ao necessário


para embarque ou desembarque de passageiros.

● Lotação: Carga útil máxima, incluindo condutor e passageiros, que o veículo


transporta, expressa em quilogramas para os veículos de carga, ou número de
pessoas, para os veículos de passageiros.

● Micro-ônibus: Veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para


até vinte passageiros.

● Ônibus: Veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para mais


de 20 (vinte) passageiros sentados, ainda que, em virtude de adaptações com
vista à maior comodidade destes, transporte número menor;

● Parada - Imobilização do veículo com a finalidade e pelo tempo estritamente


necessário para efetuar embarque ou desembarque de passageiros.

● Patrulhamento - Função exercida pela Polícia Rodoviária Federal com o


objetivo de garantir obediência às normas de trânsito, assegurando a livre
circulação e evitando acidentes.

● Policiamento ostensivo de trânsito - Função exercida pelas Polícias Militares


com o objetivo de prevenir e reprimir atos relacionados com a segurança
pública e de garantir obediência às normas relativas à segurança de trânsito,

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assegurando a livre circulação e evitando acidentes.

● Peso Bruto Total - Peso máximo que o veículo transmite ao pavimento,


constituído da soma da tara mais a lotação.

● Reboque - Veículo destinado a ser engatado atrás de um veículo automotor.

● Semi-Reboque - Veículo de um ou mais eixos que se apoia na sua unidade


tratora ou é a ela ligado por meio de articulação.

● Serviço - Toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse


para a administração ou de interesse público;

● Serviço de transporte rodoviário interestadual de passageiros - O que


transpõe os limites de Estado, do Distrito Federal ou de Território;

● Serviço de transporte rodoviário intermunicipal de passageiros - O que


transpõe os limites de município;

● Serviço de transporte rodoviário municipal de passageiros - O que não


transpõe os limites do município;

● Tara - Peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria e


equipamento, do combustível, das ferramentas e acessórios, da roda
sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento, expresso
em quilogramas.

● Trânsito - Movimentação e imobilização de veículos, pessoas e animais nas


vias terrestres.

● Transporte rodoviário de passageiros sob regime de linha - Serviço de


transporte rodoviário coletivo de passageiros executado em uma ligação de
dois pontos terminais, nela incluída os seccionamentos e as alterações
operacionais efetivadas, inclusive o serviço diferenciado, aberto ao público em
geral, de natureza regular e permanente, com itinerário definido no ato de sua
delegação;

● Transporte rodoviário de passageiros sob regime de fretamento - O


serviço realizado, para os deslocamentos de pessoas, para o fim de realização
de excursões e outras programações sem que tenha qualquer característica de
transporte regular de passageiros;
20
● Veículo articulado - Combinação de veículos acoplados, sendo um deles
automotor.

● Veículo conjugado - Combinação de veículos, sendo o primeiro um veículo


automotor e os demais reboques ou equipamentos de trabalho agrícola,
construção, terraplenagem ou pavimentação.

● Veículo de grande porte - Veículo automotor destinado ao transporte de carga


com peso bruto total máximo superior a dez mil quilogramas e de passageiros,
superior a vinte passageiros.

● Veículo de passageiros - Veículo destinado ao transporte de pessoas e suas


bagagens.

21
Finalizando...

Caro aluno, neste módulo você aprendeu que:

● O transporte rodoviário terrestre é a principal modalidade de


deslocamento de pessoas no território nacional, sendo o ônibus o principal meio
utilizado para o deslocamento coletivo da população.

● A regulamentação desta atividade é atribuição dos órgãos públicos em


suas três esferas de governo: as prefeituras municipais cuidam do transporte urbano
em suas cidades e dentro dos limites municipais, os governos estaduais administram
as linhas intermunicipais no âmbito de cada Estado e o Governo Federal é o
responsável pelo transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros
em todo o país.

● A legislação de trânsito é única para todo o país já a legislação de


transporte de passageiros depende não só de legislação federal, como também da
administração pública estadual e municipal, conforme as competências
constitucionais atribuídas aos entes federativos.

● Transporte rodoviário de passageiros sob regime de linha é o serviço de


transporte rodoviário coletivo de passageiros executado em uma ligação de dois
pontos terminais, nela incluída os seccionamentos e as alterações operacionais
efetivadas, enquanto que de fretamento é aquele realizado para os deslocamentos de
pessoas para o fim de realização de excursões e outras programações sem que tenha
qualquer característica de transporte regular de passageiros.

22
Módulo 2 – Tipos de serviços de transporte e seus
documentos de porte obrigatório

Apresentação do módulo

O transporte coletivo de passageiros é regido por regulamentos e normas


baixadas pela autoridade competente, seja no âmbito municipal, estadual ou federal.
Contudo o Código de Trânsito brasileiro, instituído pela Lei nº 9.503/97, regulamenta
vários aspectos relativos a este transporte de pessoas. Por isso, neste módulo você
estudará os tipos de serviços de transporte e os documentos de porte obrigatórios
exigidos.

Objetivo do módulo

Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:

● Identificar os tipos de serviços de transporte e sua modalidade;

● Listar os documentos de porte obrigatório exigidos regularmente e em


situações específicas.

Estrutura do Módulo

Esse módulo compreende as seguintes aulas:

● Aula 1 - Tipos dos serviços de transporte e modalidades.

● Aula 2 - Documentos de porte obrigatório.

● Aula 3 - Transporte escolar.

23
Aula 1 – Tipos dos serviços de transporte e modalidades

O transporte coletivo de passageiros pode ser municipal, intermunicipal,


interestadual e internacional. Além destes, temos também o transporte escolar que
possui regras específicas. A partir do conhecimento desses serviços a equipe
direciona o rumo da fiscalização.

Modalidades de serviço

As principais modalidades de serviço de transporte rodoviário coletivo de


passageiros são a linha, o fretamento e o escolar.

Vamos estudar cada uma delas, confira:

Linha

É executado em uma ligação entre dois pontos extremos, nela incluída os


seccionamentos, inclusive o serviço diferenciado, aberto ao público em geral, de
natureza regular e permanente, com itinerário definido no ato de sua delegação.
Nesse tipo de serviço, de acordo com características das cidades extremas e os
seccionamentos durante o percurso, a fiscalização pode ser mais objetiva em alguns
temas.

Em regra, os pontos de saída e chegada das linhas são nas Rodoviárias ou


Terminais Integrados ou Terminais de ônibus, locais apropriados para este tipo de
serviço.

Fretamento

É executado para os deslocamentos de pessoas, para o fim de realização de


excursões e outras programações sem que tenha qualquer característica de
transporte regular de passageiros. Nesse tipo de serviço, de acordo com

24
características das cidades de destino e as paradas durante o percurso, a fiscalização
pode ser mais objetiva em alguns temas.

Escolar

Ocorre quando o serviço de transporte é realizado exclusivamente para


estudantes, onde o veículo deve atender regras específicas, de identificação e
segurança, e passar por vistorias regulares, além do condutor que deve realizar curso
específico.

Exemplos de fiscalização em transporte de LINHA:

- Para um ônibus que liga uma cidade de fronteira com um país produtor de
entorpecentes a uma capital, a fiscalização de combate ao narcotráfico deve ser
o foco, não esquecendo as demais condutas ilícitas e a segurança viária.

- Para um ônibus que liga uma cidade de fronteira com zona de livre comércio a uma
capital, a fiscalização de contrabando e descaminho, como também do tráfico de
armas deve ser o foco, não esquecendo as demais condutas ilícitas e a segurança
viária.

Exemplos de fiscalização em transporte de FRETAMENTO:

- Para um ônibus que foi contratado para levar uma torcida organizada de futebol ao
local do jogo, a fiscalização de porte ilegal de armas, mandados de prisão em aberto
deve ser o foco, não esquecendo as demais condutas ilícitas e a segurança viária.

- Para um ônibus que foi contratado para um grande polo comercial têxtil de
confecções, a fiscalização de sonegação fiscal chegando ao crime tributário deve
ser o foco, não esquecendo as demais condutas ilícitas e a segurança viária.

Estes exemplos não são regras, são tendências que as práticas de fiscalização
conseguiram constatar ao longo do tempo e que não demonstraram sinais de
mudanças.

25
Aula 2 – Documentos de porte obrigatório

Na fiscalização do transporte coletivo de passageiros, os documentos


exigidos pelo CTB são apenas dois: o Certificado de Licenciamento Anual (art. 133)
e a Permissão para Dirigir ou Carteira Nacional de Habilitação (art. 159).

Figura 1 - Certificado de Licenciamento Anual


Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Figura 2 - Carteira Nacional de Habilitação


Fonte SDC/EaD/Segen
26
Além destes é exigida a comprovação de realização do curso especializado
obrigatório para os condutores de veículos de transporte coletivo de passageiros e de
escolares. Base legal: art. 145, inciso IV, do CTB, combinado com art. 2º da Resolução
nº 205/06 do Contran:

CTB - Art. 145 - Para habilitar-se nas categorias D e E ou para


conduzir veículo de transporte coletivo de passageiros, de
escolares, de emergência ou de produto perigoso, o candidato
deverá preencher os seguintes requisitos:
...
IV - ser aprovado em curso especializado e em curso de
treinamento de prática veicular em situação de risco, nos termos
da normatização do CONTRAN.
...
CONTRAN - Res. 205/06 - Art. 2º. Sempre que for obrigatória a
aprovação em curso especializado, o condutor deverá portar sua
comprovação até que essa informação seja registrada no
RENACH e incluída, em campo específico da CNH, nos termos
do § 4º do Art. 33 da Resolução do CONTRAN nº 168/2004.

Portanto, em regra geral, são documentos de porte obrigatório para o


transporte coletivo de passageiros:

Figura 3 - Documentos de Porte Obrigatório


Fonte: SDC/EaD/SEGEN

27
No serviço de transporte interestadual de passageiros, na
modalidade linha, é obrigatório que todo passageiro porte o bilhete de
passagem e um documento de identificação.

Ilícitos no transporte coletivo de passageiros

Os documentos de porte obrigatório podem ser objetos de adulteração ou


falsificação, como por exemplo:

I. CNH com adulteração da categoria, da validade, ou a sua falsificação


completa, com troca de foto, outro nome etc.
II. CLA ou CRLV para ônibus e micro-ônibus, deve-se ter atenção em
possível clonagem de veículos de uma mesma empresa de ônibus, com a utilização
da placa de um veículo licenciado em dois ou mais veículos da frota, ou ônibus com
motor de outro veículo com ocorrência de roubo, situações somente verificadas em
fiscalização.
III. Certificado de curso específico para conduzir transporte coletivo de
passageiros, também poderá ser objeto de falsificação.
O uso de documento falso ou alterado pode incorrer no crime definido no art.
304 do Código Penal (Decreto Lei 2.848/1940).
IV. Porte da Licença de Viagem - quanto ao serviço de transporte
interestadual de passageiros, na modalidade fretamento, é obrigatório o porte da
licença de viagem emitida pela ANTT. O serviço não autorizado pode caracterizar
exercício ilegal da profissão, Lei das Contravenções Penais (LCP):

LCP - Decreto Lei 3688/41 - Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica
ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado
o seu exercício.

V. Certidão Declaratória de Transporte de Trabalhadores (CDTT) -


Ainda no transporte interestadual, existe o transporte de trabalhadores recrutados
28
para trabalhar em localidade diversa da sua de origem, o qual exige do empregador
ou seu preposto que mantenha à disposição da fiscalização no veículo utilizado para
o transporte, durante toda a viagem, cópia da Certidão Declaratória de Transporte de
Trabalhadores (CDTT), juntamente com a cópia da relação nominal dos referidos
trabalhadores.

A ausência destes documentos pode caracterizar o aliciamento ou o


transporte irregular de trabalhadores para localidade diversa de sua origem,
constituindo, em tese, o crime previsto no art. 207 do Decreto Lei nº 2.848 - Código
Penal:

CP - Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de


uma para outra localidade do território nacional:
Pena - detenção de um a três anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora
da localidade de execução do trabalho, dentro do território
nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do
trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno
ao local de origem. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é
menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora
de deficiência física ou mental. (Incluído pela Lei nº 9.777, de
1998)

Formas de identificar ilícitos através da análise dos documentos

Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e Certificado de Licenciamento


Anual (CLA) - os órgãos de segurança pública dispõe do INFOSEG e SERPRO, para
consultar e constatar a veracidade dos documentos.

Outra técnica utilizada é a análise de documentos através de seus itens de


segurança. Deve-se atentar para os elementos que identificam ou levantam a suspeita
de que o “suporte” (folha onde serão impressos os dados) seja falso.

29
Figura 4 - Carteira Nacional de Habilitação

Figura 5 - Itens de Segurança CNH


Fonte: SCD/EaD/SEGEN
30
Figura 6 - Itens de Segurança CNH
Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Figura 7 - Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo

31
Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Figura 8 - Itens de Segurança do CRLV


Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Certificado de Curso Especializado

Quanto ao certificado não existe fonte de consulta, exceto a possibilidade de


contato com o órgão emissor.

Autorização de Viagem ou Licença de Viagem da ANTT

Existe sistema próprio de consulta para verificação e é disponibilizado apenas


para os órgãos ou entidades mediante convênio (para transporte interestadual e
internacional).

Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional

O agente de segurança pública, ao abordar o veículo, deve atentar para os

32
seguintes indícios que podem evidenciar esta situação:

• Deslocamento entre duas localidades que não são destinos turísticos;


• Predominância de um gênero entre os passageiros (muitas vezes
apenas homens);
• Identificação no bagageiro e entre as bagagens dos passageiros as
suas ferramentas de trabalho;
• Desconhecimento, pelos passageiros, do local de destino.

Transporte clandestino

É também chamado de “transporte pirata”, transporte realizado sem a


autorização pela autoridade competente, sendo realizado sem a devida regularidade,
colocando os passageiros em situações de risco e insegurança, sem a proteção que
a lei exige que seja garantida pelas empresas. No caso dos transportes municipal e
intermunicipal, depara-se bastante com o chamado transporte pirata que é a execução
do serviço sem a autorização ou permissão do órgão concedente.

Para a comprovação dessa situação é preciso o trabalho conjunto com o


órgão do município para o transporte municipal, e do estado para o intermunicipal. O
transporte pirata pode caracterizar exercício ilegal da profissão (LCP - Decreto Lei
3688/41 - Art. 47).

Transporte de crianças

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é aplicado em todos os tipos


de transporte e em todas as esferas. No transporte internacional, a criança sempre
tem que estar acompanhada do pai e da mãe ou se um dos dois não estiver, tem que
ter autorizado o outro a acompanhar.

No transporte interestadual e intermunicipal temos duas situações:

● Criança desacompanhada - Nenhuma criança poderá viajar para fora da


comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa
autorização judicial.

33
● Criança acompanhada - Não precisa de autorização quando a criança
estiver acompanhada de ascendente ou colateral maior até o terceiro grau,
comprovado em documento ou tratar-se de comarca contígua à da residência da
criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região
metropolitana.

34
Aula 3 - Transporte escolar - regras específicas

O direito à educação está previsto no art. 6º da Constituição Federal, como


também no art. 205, que prevê tratar-se de “um direito de todos e dever do Estado e
da família”, complementando em seu teor que a educação deve ser:

“promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,


visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Outro princípio indicado no art. 206-I da Constituição, trata da necessidade de


que haja “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”.

Figura 9 - Dever do serviço de transporte escolar


Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Nesse sentido, a Constituição prevê em seu art. 208 - VII que o direito à
educação será efetivado mediante o “atendimento ao educando, em todas as etapas
da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático

35
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”.

O transporte coletivo escolar pode ser realizado tanto por meio de


veículos de pessoas físicas e jurídicas contratadas, como também com
veículos de propriedade do Poder Público, que podem ser adquiridos pelo
programa Caminho da Escola.

Os veículos escolares, objetos deste programa, são destinados para o uso


exclusivo no transporte dos estudantes matriculados nas escolas das redes públicas
de ensino básico, residentes em área rural, com o objetivo de garantir o acesso destes
alunos à educação. Eles também poderão ser utilizados para o transporte de
estudantes da zona urbana e da educação superior, desde que não haja prejuízo ao
atendimento dos estudantes residentes na zona rural e matriculados nas escolas das
redes públicas de ensino básico, nos termos do artigo 4º, da Resolução/CD/FNDE nº
45, de 20 de novembro de 2013.

Exigências para o veículo utilizado no transporte escolar

Além dos documentos exigidos pela legislação de trânsito, os veículos


especialmente destinados à condução coletiva de escolares somente poderão circular
nas vias com autorização emitida pelo órgão ou entidade executiva de trânsito dos
Estados e do Distrito Federal, nos termos do art. 136 do CTB, exigindo-se, para tanto:

I. Registro como veículo de passageiros;

II. Inspeção semestral para verificação dos equipamentos obrigatórios e de


segurança;

III. Pintura de faixa horizontal na cor amarela, com quarenta centímetros de


largura, à meia altura, em toda a extensão das partes laterais e traseira da carroçaria,
com o dístico ESCOLAR, em preto, sendo que, em caso de veículo de carroçaria
pintada na cor amarela, as cores aqui indicadas devem ser invertidas;

IV. Equipamento registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo;

36
V. Lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas nas extremidades
da parte superior dianteira e lanternas de luz vermelha dispostas na extremidade
superior da parte traseira;

VI. Cintos de segurança em número igual à lotação;

VII. Outros requisitos e equipamentos obrigatórios estabelecidos pelo


CONTRAN.

A autorização para transporte escolar deverá ser afixada na parte interna do


veículo, em local visível, com inscrição da lotação permitida, sendo vedada a
condução de escolares em número superior à capacidade estabelecida pelo
fabricante, nos termos do art. 137 do CTB.

Os veículos destinados ao transporte de escolares que NÃO foram


adquiridos pelo programa Caminho da Escola, estão dispensados desta
autorização, seguindo a normativa geral para transporte coletivo de
passageiros.

Exigências para o condutor de veículo de transporte escolar

O condutor de veículo destinado à condução de escolares, em atendimento


ao previsto no art. 138 do CTB, deve satisfazer os seguintes requisitos:

37
Figura 10 - Exigências para o Condutor
Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Sempre que for obrigatória a aprovação em curso especializado, o condutor


deverá portar sua comprovação até que essa informação seja registrada no RENACH
e incluída, em campo específico da CNH, nos termos do §4º do Art. 33 da Resolução
do CONTRAN nº 168/05.

Art. 33. Os Cursos especializados serão destinados a condutores habilitados


que pretendam conduzir veículo de transporte coletivo de passageiros, de escolares,
de produtos perigosos ou de emergência.

Acesse o link e leia o texto “Regras para o transporte escolar, por Juliver Modesto
de Araújo”.

http://www.ctbdigital.com.br/artigo-comentarista/571

Acesse o link e assista esse vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=8rfw7NUa744

38
Importante!

Para que você desempenhe bem seu papel é fundamental que:

- saiba quais os documentos de porte obrigatório são exigidos no transporte coletivo de


passageiros;

- identifique os tipos de transporte e as modalidades;

- direcione com tranquilidade o rumo da fiscalização.

39
Finalizando...

Caro aluno, neste módulo você aprendeu que:

● As principais modalidades de serviço de transporte rodoviário coletivo de


passageiros são a linha e o fretamento.
● Os documentos de porte obrigatório para o transporte coletivo de
passageiros são a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o Certificado de
Licenciamento Anual (CLA) e o Certificado de Curso Especializado para Condutores
de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros. No caso específico do transporte
escolar será exigido para o condutor o Curso Especializado para Condutores de
Veículos de Transporte Escolar.

40
Módulo 3 – Infrações e penalidades

Apresentação do módulo

Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito do CTB, da


legislação complementar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator sujeito às
penalidades e medidas administrativas indicadas em cada artigo, além das punições
previstas no Capítulo XIX do CTB. Neste módulo você estudará algumas infrações
aplicadas ao transporte coletivo de passageiros e suas penalidades e medidas
administrativas.

Objetivo do módulo

Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:

● Identificar as principais infrações do CTB aplicadas ao transporte coletivo de


passageiros;

● Identificar as penalidades e medidas administrativas cabíveis.

Estrutura do Módulo

Esse módulo compreende as seguintes aulas:

● Aula 1 - Infrações

● Aula 2 - Penalidades e medidas administrativas

41
Aula 1 – Infrações

Infrações do CTB

Diversas são as infrações do CTB que se aplicam ao transporte coletivo de


passageiros, a figura abaixo relaciona os itens que devem ser observados, confira:

Figura 11 - Infrações do CTB


Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Vamos ver o que lei traz sobre cada uma delas:

Carteira Nacional de Habilitação


Art. 162. Dirigir veículo:

I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização


para Conduzir Ciclomotor:

Infração – gravíssima;

42
Penalidade – multa (três vezes);

Medida administrativa – retenção do veículo até a apresentação de condutor


habilitado.

Crimes de trânsito relacionados: art. 309 e art. 310 do CTB.

II - com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para


Conduzir Ciclomotor cassada ou com suspensão do direito de dirigir:

Infração – gravíssima;

Penalidade – multa (três vezes).

Medida administrativa – recolhimento do documento de habilitação e retenção do


veículo até a apresentação de condutor habilitado.

Crimes de trânsito relacionados: art. 307 e art. 310 do CTB.

III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir de categoria


diferente da do veículo que esteja conduzindo:

Infração – gravíssima;

Penalidade – multa (duas vezes).

Medida administrativa – retenção do veículo até a apresentação de condutor


habilitado.

V - com validade da Carteira Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação e retenção


do veículo até a apresentação de condutor habilitado.

Nota: Conforme o art. 162 do CTB, se for verificado que houve a entrega do veículo

43
ou permissão para condução, ocorrerá também a infração do art. 163 ou 164.

Documentos de porte obrigatório


Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste
Código:

Infração - leve;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação do documento.

Art. 230 XX. Conduzir o veículo sem portar a autorização para condução de escolares,
na forma estabelecida no art. 136:

Infração - grave;

Penalidade - multa e apreensão do veículo.

Embriaguez ao volante
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa
que determine dependência:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses.

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do


veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro
de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.

Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro
procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa,
na forma estabelecida pelo art. 277:

Infração - gravíssima;

44
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do


veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270.

Nota: art. 165 e 165-A. A Resolução nº 432/13 do Contran dispõe sobre os


procedimentos a serem adotados pelas autoridades de trânsito e seus agentes na
fiscalização do consumo de álcool ou de substância psicoativa que determine
dependência, para a aplicação do disposto nos arts. 165, 276, 277 e 306 do CTB.

Crime de trânsito relacionado: art. 306 do CTB.

Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo a pessoa que, mesmo habilitada,
por seu estado físico ou psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo com
segurança:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa.

Cinto de segurança
Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurança, conforme
previsto no art. 65:

Infração - grave;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo até colocação do cinto pelo infrator.

Lotação excedente
Art. 231. Transitar com o veículo:

VII - com lotação excedente;

45
Infração - média;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo.

Transporte remunerado
Art. 231. Transitar com o veículo:

VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas ou bens, quando não for licenciado
para esse fim, salvo casos de força maior ou com permissão da autoridade
competente:

Infração - média;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo.

Crimes relacionados: art. 47 da Lei das contravenções penais 3.688/41.

Tempo de direção
Art. 230. Conduzir o veículo:

...

XXIII - em desacordo com as condições estabelecidas no art. 67-C, relativamente ao


tempo de permanência do condutor ao volante e aos intervalos para descanso,
quando se tratar de veículo de transporte de carga ou coletivo de passageiros:

Infração - média;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo para cumprimento do tempo de descanso


aplicável.

46
Equipamento obrigatório
Art. 230. Conduzir o veículo:

...
IX - sem equipamento obrigatório ou estando este ineficiente ou inoperante;
X - com equipamento obrigatório em desacordo com o estabelecido pelo Contran;

XIV - com registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo viciado ou


defeituoso, quando houver exigência desse aparelho;

Infração - grave;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

Sistema de iluminação e sinalização


Art. 230. Conduzir o veículo:

XIII - com o equipamento do sistema de iluminação e de sinalização alterados;

Infração - grave;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo para regularização;

...
XXII - com defeito no sistema de iluminação, de sinalização ou com lâmpadas
queimadas:

Infração - média;

Penalidade - multa.

47
Lacre, chassi, selo, placa ou outro elemento de identificação do
veículo.
Art. 221. Portar no veículo placas de identificação em desacordo com as
especificações e modelos estabelecidos pelo Contran:

Infração - média;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo para regularização e apreensão das


placas irregulares.

Parágrafo único. Incide na mesma penalidade aquele que confecciona, distribui ou


coloca, em veículo próprio ou de terceiros, placas de identificação não autorizadas
pela regulamentação.

Art. 230. Conduzir o veículo:

I - com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou qualquer outro elemento de


identificação do veículo violado ou falsificado;

...
IV - sem qualquer uma das placas de identificação;

VI - com qualquer uma das placas de identificação sem condições de legibilidade e


visibilidade:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa e apreensão do veículo;

Medida administrativa - remoção do veículo.

Mau estado de conservação


Art. 230. Conduzir o veículo:

XVIII - em mau estado de conservação, comprometendo a segurança, ou reprovado


48
na avaliação de inspeção de segurança e de emissão de poluentes e ruído, prevista
no art. 104;

Infração - grave;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

Registro e licenciamento
Art. 230. Conduzir o veículo:

V - que não esteja registrado e devidamente licenciado;

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa e apreensão do veículo;

Medida administrativa - remoção do veículo;

Cor ou característica alterada


Art. 230. Conduzir o veículo:

VII - com a cor ou característica alterada;

Infração - grave;

Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

Inscrição de tara e lotação


Art. 237. Transitar com o veículo em desacordo com as especificações, e com falta
de inscrição e simbologia necessárias à sua identificação, quando exigidas pela
legislação:

Infração - grave;
49
Penalidade - multa;

Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

50
Aula 2 - Penalidades e medidas administrativas

Penalidades
De acordo com o art. 259 do CTB, a cada infração cometida são computados
os seguintes números de pontos:

Grupo Infração Pontos


I Gravíssima 7 (sete)
II Grave 5 (cinco)
III Média 4 (quatro)
IV Leve 3 (três)

Ao condutor identificado no ato da infração será atribuída pontuação pelas


infrações de sua responsabilidade, nos termos previstos no § 3º do art. 257,
excetuando-se aquelas praticadas por passageiros usuários do serviço de transporte
rodoviário de passageiros em viagens de longa distância transitando em rodovias com
a utilização de ônibus, em linhas regulares intermunicipal, interestadual, internacional
e aquelas em viagem de longa distância por fretamento e turismo ou de qualquer
modalidade, excetuadas as situações regulamentadas pelo Contran a teor do art. 65
da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro.

Medidas administrativas

De acordo com o art. 269 do CTB, a autoridade de trânsito ou seus agentes


deverá adotar as seguintes medidas administrativas:

51
Figura 12 - Medidas Administrativas
Fonte: SCD/EaD/SEGEN

O art. 270 do CTB indica os casos em que o veículo poderá ser


retido:

Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expressos neste
Código.

§ 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no local da infração,


o veículo será liberado tão logo seja regularizada a situação.

§ 2º Não sendo possível sanar a falha no local da infração, o veículo,


desde que ofereça condições de segurança para circulação, poderá ser
liberado e entregue a condutor regularmente habilitado, mediante
recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual, contra apresentação
de recibo, assinalando-se prazo razoável ao condutor para regularizar a
situação, para o que se considerará, desde logo, notificado.

O CLA será devolvido ao condutor tão logo o veículo seja apresentado à

52
autoridade devidamente regularizado.

Em caso de condutor não habilitado, não se apresentando condutor habilitado


no local da infração, o veículo será removido ao depósito.

Nos casos em que não for efetuada a regularização no prazo estipulado pela
autoridade, será feito registro de restrição administrativa no RENAVAM por órgão ou
entidade executivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, que será retirada
somente após comprovada a regularização.

No caso específico de transporte coletivo de passageiros, o art. 270 do CTB


estabelece ainda em seu § 5º, a possibilidade de não se dá a retenção imediata do
veículo:

Art. 270. § 5º A critério do agente, não se dará a retenção


imediata, quando se tratar de veículo de transporte coletivo
transportando passageiros ou veículo transportando produto
perigoso ou perecível, desde que ofereça condições de
segurança para circulação em via pública.

Importante!
Para que você desempenhe bem seu papel é fundamental que:
- tenha bem definido que para cada tipo de infração, pode ou não conduzir
a conduta criminal;
- saiba caracterizar os crimes de trânsito.

53
Finalizando...

● Neste módulo você aprendeu algumas infrações aplicáveis ao transporte


coletivo de passageiros, com suas penalidades e medidas administrativas
correspondentes, conforme o CTB.

54
Módulo 4 - Crimes relacionados e encaminhamentos

Apresentação do módulo

Constitui crime, a transgressão imputável da lei penal por dolo ou culpa, ação
ou omissão, e a contravenção penal é uma infração considerada como "crime menor",
é punida com pena de prisão simples, multa ou ambas. Neste módulo você estudará
alguns crimes e contravenções que estão relacionados ao transporte coletivo de
passageiros.

Objetivo do módulo

Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:

● Identificar alguns crimes relacionados ao transporte coletivo de passageiros;

● Identificar alguns tipos de contravenção penal relacionados ao transporte


coletivo de passageiros.

Estrutura do Módulo

Esse módulo compreende as seguintes aulas:

● Aula 1 – Crimes de trânsito no transporte coletivo de passageiros

● Aula 2 – Contravenções e crimes penais no transporte coletivo de


passageiros

55
Aula 1 – Crimes de trânsito no transporte coletivo de passageiros

De acordo com o art. 291 aos crimes cometidos na direção de veículos


automotores aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo
Penal:

Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos


automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas
gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este
Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº
9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.

§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa


o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995, exceto se o agente estiver:

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância


psicoativa que determine dependência;

II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou


competição automobilística, de exibição ou demonstração de
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela
autoridade competente;

III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para


a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora).

§ 2º Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser


instaurado inquérito policial para a investigação da infração
penal.

Algumas circunstâncias específicas agravam as penalidades dos crimes de


trânsito, dentre elas, no caso o condutor no exercício da sua profissão ou atividade
estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

Dentre os crimes de trânsito cometidos na direção de veículo automotor,


destacam-se:

56
Homicídio

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a


permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1º. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é


aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente;

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de


transporte de passageiros.

§ 2º. Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em


razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência ou participa, em via, de corrida, disputa ou competição automobilística
ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor,
não autorizada pela autoridade competente:

Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter


a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Lesão Corporal

Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a


permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer
das hipóteses do § 1º do art. 302.

57
Deixar de Prestar Socorro

Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato


socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de
solicitar auxílio da autoridade pública:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento
de crime mais grave.

Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda
que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte
instantânea ou com ferimentos leves.

Evadir-se do Local do Acidente

Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à


responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Conduzir Veículo Automotor com Capacidade Psicomotora Alterada

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão
da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se


obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1º. As condutas previstas no caput serão constatadas por:

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual


ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou

II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade


psicomotora.

§ 2º. A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de

58
alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros
meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.

§ 3º. O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia


ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.

Violar a Suspensão ou a Proibição de se Obter a Permissão ou a Habilitação

Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação


para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:

Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de
idêntico prazo de suspensão ou de proibição.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no
prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
Habilitação.

Este crime é consumado quando o condutor for flagrado na condução do veículo,


estando impedido de dirigir, por estar penalizado administrativamente com a
suspensão do direito de dirigir ou condenado por crime de trânsito.

Dirigir Veículo Automotor sem a devida Permissão ou Habilitação

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir
ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Este crime é consumado quando o condutor for flagrado na condução do veículo, em


via pública, sem a devida permissão ou habilitação para dirigir, ou ainda se cassado
este direito, gerando perigo de dano configurado pela condução com manobras
irregulares, ultrapassagens forçadas e proibidas ou acidentes de trânsito, praticados
com veículo automotor.

Permitir, Confiar ou Entregar a Direção de Veículo Automotor

Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
59
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
condições de conduzi-lo com segurança:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Trafegar em Velocidade Incompatível

Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de


escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros,
logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de
pessoas, gerando perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

60
Aula 2 – Contravenções e crimes penais no transporte coletivo de
passageiros

Contravenções penais – Lei nº 3.668/41

A Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941, trata das Contravenções Penais, mas


o que é a contravenção penal?

Diferente do crime, a contravenção penal é um crime “menos grave”, sua pena


é prisão simples de até 5 anos, sendo apenas ação penal incondicionada e a tentativa
não é punível.

Figura 13 - Crime x Contravenção


Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Vamos verificar exemplos de Contravenções que podem estar relacionadas com o


transporte coletivo:

Das contravenções relativas à organização do trabalho

61
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem
preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício.

Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis
a cinco contos de réis.

Ex.: Realizar transporte remunerado de pessoas sem a autorização do poder


concedente.

Das contravenções relativas à polícia de costumes

Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo


ofensivo ao pudor.

Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Ex.: Passar as mãos nas nádegas (apalpadela), usar órgão genital para tocar a outra,
masturbar-se ejaculando em outra pessoa. Esses exemplos estão aparecendo com
certa frequência no transporte coletivo de passageiros que permitem o transporte de
passageiros em pé.

Os estupros praticados contra a mulher, sejam tentados ou consumados, o criminoso


recebe uma pena alta e sempre em regime fechado. No entanto, o ato de molestar
uma mulher dentro do transporte nem sempre configura estupro. Hoje em dia, a
legislação diz que não é necessário que um agressor tenha conjunção carnal com a
vítima para que o crime de estupro seja configurado. Se a pessoa for forçada a tomar
parte em um ato libidinoso, isso já pode ser entendido como estupro. Mas,
dependendo das circunstâncias, muitos casos que acontecem no transporte público,
como toques sem consentimento ou ejaculação, são tratados como contravenções
penais, que têm punições muito menores.

62
Código Penal, Lei 2.848/40

O Código Penal Brasileiro foi criado em 7 de dezembro de 1940, formado por


um conjunto de regras sistemáticas com caráter punitivo. Tem como fim a aplicação
de sanções em concomitância à desestimulação da prática de delitos que atentam
contra o tecido social.
A principal função do Código Penal é a proteção dos bens jurídicos
estabelecidos no Art. 5º caput da Constituição da República Federativa do Brasil,
quais sejam:

Figura 14 - Art. 5 CF
Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Como já dito anteriormente, o conceito de crime se difere de contravenção, pois


além de outras diferenças já citadas, um é mais grave e o outro é menos grave. Vamos
conhecer alguns crimes que estão tipificado no código penal que podem ter relação
com nosso tema estudado, confira:

63
Perigo para a vida ou saúde de outrem

Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente.

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida


ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação
de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas
legais.

Tráfico de Pessoas

Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou


acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a
finalidade de:

...

II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;

III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;

...

V - exploração sexual.

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:

I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a


pretexto de exercê-las;

II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com


deficiência;

III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de


hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade

64
hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou

IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.

§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar


organização criminosa.

Receptação

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou


alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte.

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional

Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do
território nacional.

Pena - detenção de um a três anos, e multa.

§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de


execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de
qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno
ao local de origem.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos,


idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.

Falsificação de documento público

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento


público verdadeiro.

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

65
Falsificação de documento particular

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento


particular verdadeiro.

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Uso de documento falso

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem
os arts. 297 a 302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Adulteração de sinal identificador de veículo automotor

Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de


veículo automotor, de seu componente ou equipamento.

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

Descaminho

Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Contrabando

Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida.

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

66
Crimes Ambientais – lei 9.605/98

A lei de crimes ambientais foi instituída em 12 de fevereiro de 1998 e dispõe


sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas
ao meio ambiente. Mas qual a relação com a fiscalização de transporte?

O tráfico de animais silvestres, transporte de produtos agrotóxico ilegais e até


mesmo de transporte de madeira ainda é muito frequente no Brasil. Diante de tal
realidade, o agente deve se atentar a legislação que versa sobre a ilegalidade dentro
dos crimes ambientais.

Figura 15 - Crimes Ambientais


Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Fique atento,

Qualquer tipo de transporte de produtos, seja ele madeira, agrotóxico,


dentre outros, deve ter, além dos documentos já mencionados
anteriormente, documentação correspondente da carga.

67
Para transporte e armazenamento de produtos ou subprodutos florestais
de origem nativa, inclusive o carvão vegetal nativo é necessário o
Documento de Origem Florestal (DOF).

Dos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos
ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas:

...

III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou
depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou
em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de
criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente.

...

§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies


nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou
parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas
jurisdicionais brasileiras.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados
por órgão competente.

Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:

...
68
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da
coleta, apanha e pesca proibidas.

Dos Crimes contra Flora

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios
nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
assentamento humano:

Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

...

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha,
carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá
acompanhar o produto até final beneficiamento:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em
depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem
vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento,
outorgada pela autoridade competente.

Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,


transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica,
perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as
exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

...

II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá


destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou
69
regulamento.

...

§ 3º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Armas – Lei 10.826/03

A Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, dispõe sobre registro, posse e


comercialização de armas de fogo e munição, define crimes e dá outras providências.

Você sabe a diferença de Posse X Porte?

Figura 16 - Porte X Posse


Fonte: SCD/EaD/SEGEN

Durante uma fiscalização de transporte, não podemos nos esquecer sobre o


porte ilegal ou irregular de arma de fogo, veja a definição na lei:

70
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de
fogo estiver registrada em nome do agente.

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:

...

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,


marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado.

71
Drogas – Lei 11.343/06

A Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, institui o Sistema Nacional de


Políticas Públicas sobre drogas. A lei traz em seu artigo 28 sobre o transporte de
entorpecente para uso pessoal, veja:

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar


ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;

II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso


educativo.

A referida lei, traz em seu artigo 33 sobre o transporte de entorpecentes, mas


não para o consumo, confira:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de


500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende,


72
expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta,
traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico
destinado à preparação de drogas.

Importante!

Para que você desempenhe bem seu papel é fundamental que:

- considere a alta probabilidade de encontrar delitos criminais na


fiscalização do transporte coletivo de passageiros, já que esse tipo de
veículo tem a capacidade de transportar muitas pessoas e bagagens.

CONCLUSÃO

Como você pode observar neste curso, a fiscalização de transporte coletivo de


passageiros requer conhecimentos de diversas áreas e estas estão em constante
desenvolvimento. Para que você, agente de segurança pública, realize seu papel de
maneira responsável e ética deve frequentemente pesquisar as atualizações acerca
da fiscalização.

A partir de agora você não pode ficar desatualizado, acompanhe sempre as


notícias e busque informações sobre o transporte coletivo de passageiros.

73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1998. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em 14 de maio de 2018.

_____. Lei n° 9503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de


Trânsito Brasileiro. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm. Acesso em 14 de
maio de 2018.

_____. Lei n° 8.987, de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de


concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art.
175 da Constituição Federal, e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8987cons.htm. Acesso em 14 de
maio de 2018.

_____. Decreto n° 2.521, de 20 de março de 1998. Dispõe sobre a


exploração, mediante permissão e autorização, de serviços de transporte
rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dá outras
providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2521.htm. Acesso em 14
de maio de 2018.

_____. Lei n° 10.233, de 5 de junho de 2001. Dispõe sobre a reestruturação


dos transportes aquaviário e terrestre, cria o Conselho Nacional de
Integração de Políticas de Transporte, a Agência Nacional de Transportes
Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o

74
Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, e dá outras
providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/l10233.htm. Acesso
em 14 de maio de 2018.

CONTRAN. Resolução n° 14, de 06 de fevereiro de 1998. Estabelece os


equipamentos obrigatórios para a frota de veículos em circulação e dá
outras providências. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/resolucao014_98.doc.
Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 92, de 04 de maio de 1999. Dispõe sobre requisitos


técnicos mínimos do registrador instantâneo e inalterável de velocidade e
tempo, conforme o Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em:
https://cronotacografo.rbmlq.gov.br/files/resolucao_092_99.pdf. Acesso
em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 115, de 05 de maio de 2000. Proíbe a utilização de


chassi de ônibus para transformação em veículos de carga. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/resolucao115_00.doc.
Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 168, de 14 de dezembro de 2004. Estabelece Normas


e Procedimentos para a formação de condutores de veículos automotores e
elétricos, a realização dos exames, a expedição de documentos de
habilitação, os cursos de formação, especializados, de reciclagem e dá
outras providências. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRA
N_168_04_COMPILADA.pdf. Acesso em 17 de maio de 2018.

75
_____. Resolução n° 205, de 20 de outubro de 2006. Dispõe sobre os
documentos de porte obrigatório e dá outras providências. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/Resolucao205_06.pdf.
Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 290, de 29 de setembro de 2008. Disciplina a inscrição


de pesos e capacidades em veículos de tração, de carga e de transporte
coletivo de passageiros, de acordo com os artigos 117, 230-XXI, 231-V e
X, do Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRA
N_290.pdf. Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 416, de 09 de agosto de 2012. Estabelece os requisitos


de segurança para veículos de transporte de passageiros tipo micro-ônibus,
categoria M2 de fabricação nacional e importado. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/Resolu%C3%A7%C3
%A3o%20416-12.pdf. Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 445, de 25 de junho de 2013. Estabelece os requisitos


de segurança para veículos de transporte público coletivo de passageiros e
transporte de passageiros tipos micro-ônibus e ônibus, categoria M3 de
fabricação nacional e importado. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/Resolucao4452013.pd
f. Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 402, de 26 de abril de 2012. Estabelece requisitos


técnicos e procedimentos para a indicação no CRV/CRLV das características
de acessibilidade para os veículos de transporte coletivos de passageiros e
76
dá outras providências. Disponível em:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/(RESOLU%C3%87%C3
%83O%20402.2012_(2_)).pdf. Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução nº 416, de 09 de agosto de 2012. Estabelece os requisitos


de segurança para veículos de transportes de passageiros tipo micro-
ônibus, categoria M2. Disponível em:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/Resolu%C3%A7%C3%
A3o%20416-12.pdf. Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 445, de 25 de junho de 2013. Estabelece os requisitos


de segurança para veículos de transporte público coletivo de passageiros e
transporte de passageiros tipos micro-ônibus e ônibus, categoria M3 de
fabricação nacional e importado. Disponível em:
http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/Resolucao4452013.pdf
. Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 504, de 29 de outubro de 2014. Dispõe sobre a


utilização obrigatória de espelhos retrovisores, equipamento do tipo
câmera-monitor ou outro dispositivo equivalente, a ser instalado nos
veículos destinados ao transporte coletivo de escolares. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/Resolucao5042014.pd
f. Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 505, de 29 de outubro de 2014. Dispõe sobre a


alteração da tabela do item 2 do apêndice do Anexo I, da Resolução

_____. Resolução n° 556, de 17 de setembro de 2015. Torna facultativo o

77
uso do extintor de incêndio para os automóveis, utilitários, camionetas,
caminhonetes e triciclos de cabine fechada. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/images/Resolucoes/Resolucao5562015.pdf.

Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 643, de 14 de dezembro de 2016. Dispõe sobre o


emprego de película retrorrefletiva em veículos. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/images/Resolucoes/RESOLU%C3%87%C3%
83O_643.2016.pdf. Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 644, de 14 de dezembro de 2016. Altera a tabela da


alínea “a” do subitem 4.2 do Anexo IX da Resolução CONTRAN nº 445, de
25 de junho 2013, que estabelece os requisitos de segurança para veículos
de transporte público coletivo de passageiros tipos micro-ônibus e ônibus
da categoria M3. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/images/Resolucoes/Resolucao6442016.pdf.
Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 646, de 14 de dezembro de 2016. Altera a tabela da


alínea “a” do subitem 4.2 do Anexo IX da Resolução CONTRAN nº 416, de
09 de agosto de 2012, que estabelece os requisitos de segurança para
veículos de transporte coletivo de passageiros tipo micro-ônibus da
categoria M2. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/images/Resolucoes/Resolucao6462016.pdf.
Acesso em 17 de maio de 2018.

_____. Resolução n° 667, de 18 de maio de 2017. Estabelece as


características e especificações técnicas dos sistemas de sinalização,
iluminação e seus dispositivos aplicáveis a automóveis, camionetas,
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utilitários, caminhonetes, caminhões, caminhões tratores, ônibus, micro-
ônibus, reboques e semirreboques, novos saídos de fábrica, nacionais ou
importados e dá outras providências. Disponível em:
https://www.denatran.gov.br/images/Resolucoes/Resolucao6672017.pdf.
Acesso em 17 de maio de 2018.

INMETRO. Portaria n° 30, de 22 de janeiro de 2004. Disponível em:


http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC000880.pdf. Acesso
em 17 de maio de 2018.

PAULUS, Adilson Antônio e WALTER, Edilson Luís. Manual de Legislação de


Trânsito: Código de Trânsito Brasileiro, anotado acompanhado de legislação
complementar em vigor. Santo Ângelo, Editora Nova Geração do Trânsito,
2011.

PAULUS, Adilson Antônio e WALTER, Edilson Luís. Manual do Transporte


Escolar: revista atualizada e ampliada. Santo Ângelo, Editora Nova Geração
do Trânsito, 2010.

PAULUS, Adilson Antônio. Infrações de trânsito: procedimentos práticos.


Santo Ângelo, Editora Nova Geração do Trânsito, 2009.

Site: www.ctbdigital.com.br

Site: www.denatran.gov.br

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