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Causas da crise da Grécia na visão heterodoxa

A crise na Grécia, de acordo com uma perspectiva heterodoxa, diferentemente da


explicação em uma ótica ortodoxa que enfatiza os gastos excessivos do governo
grego e a necessidade de medidas de austeridade, a abordagem heterodoxa
destaca outros fatores que contribuíram para a crise e sugere opções políticas e
econômicas diferentes.
A perspectiva heterodoxa critica a imposição de medidas de austeridade como a
única solução para a crise. Argumenta-se que essas políticas, que envolveram
cortes nos gastos públicos, aumentos de impostos e reformas estruturais,
agravaram a recessão, elevaram o desemprego e aprofundaram a desigualdade
social.
Essa perspectiva também critica o papel das instituições internacionais, como a
Troika (composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e
Comissão Europeia), na imposição de políticas de austeridade e no controle das
decisões econômicas da Grécia. Argumenta-se que essas instituições têm sido
excessivamente influenciadas pelos interesses das elites financeiras e têm
negligenciado o bem-estar social e econômico do povo grego.

No momento em que a Grécia se juntou à União Europeia ela abriu mão de uma
parte da sua independência monetária e acordou à submissão política internacional
que teve reflexos na recuperação da crise, as medidas adotadas podem ser
comparadas com as ideias de John Maynard Keynes, tais foram adotadas nos EUA
na Crise de 1929 e é oposta ao sistema liberal. Keynes é o precursor do welfare
state, que na época, além da intervenção estatal, o plano estabelecia o investimento
em setores básicos da indústria e políticas de criação de empregos e essas ideias
defendidas por John foram aplicadas pelo presidente Franklin Delano Roosevelt e
garantiram a recuperação da economia americana, o contrário do que aconteceu na
Grécia em 2010, o momento em que foi anunciado publicamente a situação e
propostas de medidas começaram a surgir, existiam tinha dois caminhos
consideráveis: o “Grexit” ou adesão de medidas de austeridade.
O agravamento e talvez, na visão de alguns economistas como Paul Krugman, a
causa da quebra de vez da economia grega se encontra na posição política em que
a Grécia se encontra na União Europeia e a organização neoliberal que desfavorece
países de menor influência submetidos às grandes economias. Isso tudo gira em
torno das medidas de austeridade “impostas” sobre a Grécia que a submeteu à
longos anos de um ciclo de dívidas e deflação, já que essas medidas impediram
certa recuperação econômica e deram continuidade à crise, de acordo com
Krugman a saída do país da União Europeia adiantaria problemas já programados a
acontecer de qualquer forma, e que tal submissão aos credores significava menos
independência da nação já que isso significa a permanência na UE e a continuação
de empréstimos e déficits por longos anos.
No artigo “Austerity Is The Only Deal-Breaker” do Ministro das finanças, Yanis
Varoufakis, é apresentado um gráfico como contra-argumento aos credores que
alegaram que a Grécia não alcançou consolidação fiscal suficiente e mostra a
diferença da recuperação pós crise de 2008 ao país que foi submetido às diversas
medidas de austeridade, quase o dobro quando comparado com outros países
como Espanha, Portugal ou Irlanda.

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E essas medidas refletem até os dias atuais na situação econômica da Grécia, de


acordo com o Economista e Professor de Oxford Simon Wren-Lewis a forma como a
Troika vem apertando superávits primários (ou seja, tirar dinheiro do país) enquanto
o desemprego permanece tão alto é imperdoável e afirma que a atual situação
econômica da Grécia não é simplesmente o resultado inevitável de empréstimos
imprudentes feitos há uma década, fraquezas estruturais ou da recente eleição de
um governo de esquerda. Também é consequência das ações daqueles que
estiveram no comando da economia entre 2010 e 2014, assim como da imposição
de medidas de austeridade extremas. A Grécia há muito tempo reconheceu a
irresponsabilidade de seus empréstimos e tomou medidas para abordar suas
fragilidades estruturais. No entanto, a Troika ainda não assumiu sua própria
responsabilidade nessa tragédia.

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