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Raciocínio Lógico Matemático

Cap. 7 - Princípio da Contagem,


Noções de Probabilidade e Estatística

Capítulo 7
Professor: Sérgio Destácio Faro
Princípio da Contagem, Noções de Probabilidade e Estatística

Caro aluno, este capítulo não tem a pretensão de abordar todos os aspectos
atrelados a Análise Combinatória e sim estudar alguns problemas de contagem,
assim como algumas noções da Probabilidade e Estatística. Se você pensou que
vamos estudar arranjos, combinações e permutações por meio de fórmulas, você
se enganou!

Primeiramente vamos conceituar o campo de abrangência da Análise


Combinatória. Foi a necessidade de calcular o número de possibilidades existentes
nos chamados jogos de azar que levou ao desenvolvimento da Análise
Combinatória, parte da Matemática que estuda os métodos de contagem. É muito
comum, em nosso cotidiano, nos depararmos com situações que envolvem estes
métodos.

Análise Combinatória

Preocupa-se em estudar o número de possibilidades de ocorrência de um


determinado acontecimento (evento) sem, necessariamente, descrever todas as
possibilidades.

Vamos compreender melhor isto, por meio de exemplos:

1. Três pilotos (p1 , p2, p3) disputam uma corrida. Quantas são as possibilidades
de chegada para os três primeiros lugares?

Para a determinação da quantidade de possibilidades, vamos pensar inicialmente


nas possibilidades para o 1º lugar, depois para o 2º lugar e finalmente para o 3º
lugar.

• Para o 1º lugar, temos três possibilidades: p1 ou p2 ou p3.

• Para o 2º lugar, temos duas possibilidades de sequência para p1, duas para
o p2 e duas para o p3.

• Para o 3º lugar, temos uma possibilidade para cada seqüência; isto é aquele
elemento que sobrou.

Desta forma, temos:

Lugar Possibilidades
1º 3
2º 2
3º 1

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Veja como fica:

O que acabamos de construir é o que chamamos de árvore das


possibilidades. Perceba como fica mais organizado e facilita a compreensão da
contagem.

R.: São 6 possibilidades de chegada para os três primeiros lugares. Já que não foi
pedido para especificar as possibilidades e sim a quantidade delas.

Podemos fazer de uma forma prática:

Basta multiplicar as possibilidades para cada lugar:

Lugar Possibilidades
1º 3
2º 2
3º 1

3. 2 . 1 = 6 possibilidades

Vamos para outro exemplo:

2) Suponhamos que num dos prédios da Uniban existam 5 catracas de entrada


( c1, c2, c3 , c4 ,c5) que dão para um saguão onde há 2 elevadores ( e1 , e2 ).
Um estudante deve se dirigir ao 2º andar utilizando-se de um dos
elevadores. De quantas maneiras diferentes poderá fazê-lo?

Veja como fica a árvore de possibilidades:

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Desta forma, temos:

Etapas Possibilidades
1a 5
2ª 2

5 . 2 = 10 possibilidades.

Se um acontecimento pode ocorrer por várias etapas sucessivas e


independentes, basta multiplicar o número de possibilidades de cada etapa para
obter o número total de possibilidades. (Princípio Fundamental da Contagem). E
qual é a vantagem deste Princípio?

A vantagem é que não precisamos descrever todas as possibilidades como


nas árvores de possibilidades para determinar a sua quantidade. Ficou claro?

Veja este próximo exemplo para entender melhor esta vantagem.

3) Os números dos telefones de São Paulo têm 8 algarismos. Determinar o


número máximo de telefones que podem ser instalados, sabendo-se que os
números não podem começar com zero.
Com os algarismos (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) temos :

• Para o 1º algarismo (dígito), 9 possibilidades, pois o zero (0) não pode ser
incluído.
• Para os demais algarismos,10 possibilidades, ou seja com os algarismos
de 0 a 10.

Logo, pelo Princípio Fundamental da Contagem, temos:

9 . 10. 10. 10. 10. 10. 10. 10 = 90 000 000 .

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Observe que são 90 milhões de números de telefones que podem ser
instalados. Já pensou se tivéssemos que fazer a árvore das possibilidades! Seria
inviável!

Vamos para mais um exemplo deste tipo, isto é, quando a árvore de


possibilidades fica inviável.

4) Determinar o número de placas de carros que podem ser construídas com o


uso de três letras e quatro algarismos.
Você já parou para pensar na quantidade de placas que podem ser
construídas desta forma? E quando será que teremos que modificar as
quantidades de letras ou de algarismos, ou de ambos, pois teremos mais carros do
que as possibilidades de placas formadas?
Para resolver o problema, primeiro vamos determinar quantas possibilidades
de placas existem formadas com três letras. Como sabemos, o alfabeto possui 26
letras e é permitida a repetição, neste caso, há 26 maneiras para a escolha da
primeira letra, 26 para a segunda e 26 para a terceira. Portanto, existem, pelo
Princípio Fundamental da Contagem:
26 x 26 x 26 = 17.576 possibilidades.
Agora vamos pensar nos algarismos de forma análoga ao que fizemos com
as letras. Vamos determinar quantas possibilidades de placas existem formadas
com 4 algarismos. Há 10 maneiras para escolha do primeiro algarismo
(0,1,2,3,4,5,6,7,8,9), e 10 maneiras para cada um dos outros algarismos. Sendo
assim, temos pelo Princípio Fundamental da Contagem:
10.10.10.10 = 10 000 possibilidades

E agora, o que fazer?


Fácil, basta multiplicar 10 000 por 17 576
Logo, o número total de placas é:
10.000 x 17.576 = 175.760.000 (nº total de possibilidades de placas)
Tudo bem até aqui? E a segunda pergunta, já pensou sobre ela?

E quando será que teremos que modificar as quantidades de letras ou de


algarismos, ou de ambos, pois teremos mais carros do que as possibilidades de
placas formadas?

Observe que se no país existissem 175.760.001 (Cento e setenta e cinco


milhões, setecentos e sessenta mil e um) veículos, o sistema de códigos de
emplacamento no Brasil teria que ser modificado, já que não existiriam números

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suficientes de placas para todos os veículos. Percebe quando se faz necessária
uma mudança?
É fato que, ultimamente, o número de veículos emplacados tem batido
recordes históricos!
O Brasil fabricou o número recorde de 2,72 milhões de veículos nos nove primeiros meses deste ano, ou seja,
17,3% mais que no mesmo período de 2009, informou nesta quinta-feira (07-10-10) a Associação Nacional de
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

5) Quantos números de 2 algarismos (elementos) distintos podem ser formados


usando-se os algarismos (elementos) 3, 5 e 6?

Vamos construir a árvore das possibilidades:

Desta forma, temos:

algarismos possibilidades
1º 3
2º 2

3.2=6

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Observe que os números obtidos são denominados arranjos simples dos 3
elementos tomados dois a dois. E a ordem importa isto é:
35≠ 53,
36≠ 63 e
56≠ 65, logo os agrupamentos são diferentes pela ordem dos elementos.

R.: Podem ser formados 6 números com dois algarismos distintos usando os
algarismos 3, 5 e 6.

Obs.: Este tipo de agrupamento sem repetição em que um grupo é diferente do


outro pela ordem ou pela natureza dos elementos componentes é chamado de
arranjo simples.

6) Quantos números de 3 algarismos distintos podem ser formados usando-se


os algarismos (elementos) 4, 6 e 8?

Os grupos (os números) obtidos são denominados permutações simples dos 3


elementos tomados 3 a 3.

R.: Podem ser formados 6 números de 3 algarismos distintos usando-se os


algarismos (elementos) 4, 6 e 8.

Obs.: Este tipo de agrupamento ordenado, sem repetição, em que todos os


elementos entram em cada grupo é chamado de permutação simples. Perceba
que é um caso particular de arranjo simples (a ordem dos algarismos importa, pois
mudando a sua ordem, mudam-se os números).

Agora veja este próximo exemplo, mas cuidado com a questão da ordem dos
elementos!

7) Quantas comissões de 2 pessoas podem ser formadas com 3 alunos (A, B e


C) de uma classe?

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Observe que neste caso, temos que tomar um certo cuidado, pois AB = BA, são as
mesmas 2 pessoas. Da mesma forma AC=CA e BC=CB.

Podemos, então concluir que temos que dividir por 2 o número de comissões obtido
com o uso da árvore de possibilidades, para que não contemos duas vezes cada
comissão.

Logo, temos: 6 : 2 = 3.
Observe que, neste caso, os grupos obtidos diferem entre si pelos elementos
componentes (natureza), não importando a ordem (posição) em que aparecem.
Este tipo de agrupamento é chamado de combinação simples de 3 elementos
tomados 2 a 2.

R.: Podem ser formadas 3 comissões de pessoas.

Esperamos que você tenha compreendido que há casos em que a construção


da árvore de possibilidades torna-se inviável, porém há outros em que ela é
decisiva. Sua importância consiste na idéia de ordenação (organização) dos
elementos de modo a assegurar a correta contagem ou uso do princípio
multiplicativo.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio - PCNEM:

“A Contagem, ao mesmo tempo que possibilita uma abordagem mais


completa da probabilidade por si só, permite também o desenvolvimento
de uma nova forma de pensar em Matemática denominada raciocínio
combinatório. Ou seja, decidir sobre a forma mais adequada de organizar
números ou informações para poder contar os casos possíveis não deve
ser aprendido como uma lista de fórmulas, mas como um processo que
exige a construção de um modelo simplificado e explicativo da situação.
As fórmulas devem ser conseqüência do raciocínio combinatório
desenvolvido frente à resolução de problemas diversos e devem ter a
função de simplificar cálculos quando a quantidade de dados é muito
grande” (PCNEM: Matemática, 2000, p. 126-127).

Veja um último exemplo para mostrar este raciocínio combinatório:

As pessoas geralmente dizem que precisam comprar peças de vestuário,


pois estão cansadas de repetir a forma de se vestirem. Mas até que ponto isto é
uma verdade?

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Vamos determinar a quantidade de diferentes formas que uma pessoa que
tenha 3 calças(A, B e C), 4 camisas( D, E, F e G) e 3 pares de sapatos (H, I e J)
tem para se vestir.

vestuário possibilidades
calças 3
camisas 4
sapatos 3

Pelo Princípio Fundamental da Contagem que estudamos, temos: 3. 4. 3 = 12. 3 =


36 possibilidades. Se preferir, construa a árvore das possibilidades (*). Isto significa
que, com apenas as quantidades de peças de vestuário citadas, uma pessoa pode
se vestir de 36 formas diferentes. Lembre-se que o mês comercial tem 30 dias!
Logo a pessoa poderia mudar todos os dias, pelo menos uma das peças.
(*) Veja ao final deste guia de estudos.

De forma análoga, a partir de um cardápio de um restaurante, composto de 6


aperitivos, 8 entradas e 4 sobremesas, um cliente pode compor 6. 8. 4 = 192
maneiras diferentes, desde que peça os três, sendo um aperitivo, uma entrada e
uma sobremesa. Você já parou para pensar na quantidade de opções, como esta,
ao fazer suas escolhas em restaurantes?

Vamos agora ver alguns conceitos de Probabilidade e Estatística.

Probabilidade e Estatística:

Hoje em dia, sabemos que para a tomada de decisões é importante dispor


de conhecimentos de probabilidade e estatística. Podemos justificar isto por meio
de inúmeros exemplos, mas vamos pensar em alguns deles:

• Nos anos eleitorais, ao ler os resultados de uma pesquisa de opinião,


conceitos estatísticos podem estar embutidos; da mesma forma quando
se fala da probabilidade de um determinado candidato ser eleito;
• Interpretação de diversos relatórios com tabelas e gráficos;
• Entendimento do mundo em que vivemos, pois conhecer e estabelecer
relações é uma questão de cidadania.
• A relação entre o número de vagas e o número de candidatos para um
determinado concurso dá ideia da probabilidade de aprovação;
• As estatísticas de trânsito são úteis para organizar o policiamento;
• Determinação da probabilidade de ocorrência de um evento

Mas não é só isto que o estudo de Estatística e Probabilidade nos ensina.


Existem alguns conceitos que desafiam o senso comum e que podem significar a

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diferença nas tomadas de decisão, para que possamos fazer as melhores escolhas.
Este capítulo apresenta, de forma intuitiva, os principais conceitos que devemos ter
em relação aos eventos estocásticos e como a matemática pode, sem fórmulas
complicadas, nos auxiliar no entendimento do mundo em que estamos inseridos.

Os conhecimentos de Probabilidade e Estatística são utilizados nas mais


diversas áreas, tais como: Administração, Economia, Engenharia, Medicina,
Agronomia, Psicologia, Pedagogia, etc.

Estatística

O termo Estatística provém da palavra Estado e foi utilizado originalmente


para denominar levantamentos de dados, cuja finalidade era orientar o Estado em
suas decisões.
A Estatística fornece métodos para a coleta, organização, descrição, análise
e interpretação de dados e para a utilização na tomada de decisões.
A Estatística é considerada por alguns autores como Ciência no sentido do
estudo de uma população. É considerada como método quando utilizada como
instrumento por outra Ciência.
A Estatística mantém com a Matemática uma relação de dependência,
solicitando-lhe auxílio, sem o qual não poderia desenvolver-se.
Para que possamos fazer algumas abordagens, faz-se necessário trabalhar
inicialmente alguns conceitos. Vamos a eles!

1. Variáveis

Variável é, convencionalmente, o conjunto de resultados possíveis


de um fenômeno.

As variáveis podem ser classificadas como:


i) Qualitativa: quando seus valores são expressos por atributos.

Ex.: sexo (masculino - feminino), cor da pele, estado civil, etc.

ii) Quantitativa: quando seus valores são expressos em números.

Ex.: salário, idade, número de filhos, etc.

Neste item, temos uma subdivisão; isto é, as variáveis quantitativas podem ser:

• variável contínua- pode assumir, teoricamente, qualquer valor entre dois


limites.
Ex.: “peso” de uma pessoa (75 kg, mas podemos ter 75,2kg ou 75,25kg
dependendo da medição efetuada)

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• variável discreta.- só pode assumir valores pertencentes a um conjunto que
se possa enumerar.

Atenção:
De um modo geral, as medições dão origem a variáveis
contínuas e as contagens ou enumerações, as variáveis
discretas.

2. População e Amostra

Ao coletar os dados estatísticos referentes a uma pesquisa de eleição, é


muitas vezes impossível ou impraticável observar todo o grupo, especialmente se
for muito grande. Ao invés de entrevistar todo o grupo, denominado população,
entrevista-se uma pequena parte chamada amostra. É óbvio que a amostra deve
ser representativa do todo que é a população. A amostra deve possuir as mesmas
características básicas da população, no que diz respeito ao fenômeno que
desejamos pesquisar. Por este motivo, existem as técnicas de amostragem. Essas
técnicas não serão objetos de nossos estudos neste capítulo, o que não te impede,
caro aluno, de fazer uma pesquisa à parte. Veja o seguinte link:
http://www.dcce.ibilce.unesp.br/~adriana/engali/Formasdeamostragem.pdf

Um outro exemplo que podemos pensar é o seguinte:

Quando você faz uma refeição num determinado restaurante, você não
necessita consumir tudo que há no restaurante para que possa emitir um
julgamento sobre a qualidade dos alimentos, (se achar mais conveniente, pense no
sistema “self-service”). De forma análoga, não é preciso consumir todo o conteúdo
de um prato de sopa para dizer se ela está ou não salgada! Se a amostra é
representativa do todo, basta uma colher!

Estatística e suas Divisões

A estatística pode ser dividida em duas áreas:

 Estatística Descritiva – é a parte da Estatística que tem por objetivo


coletar, organizar e descrever os dados observados. Nem
precisamos dizer que as tabelas e os diferentes tipos de gráficos são
importantíssimos para este estudo, assim como os cálculos das
freqüências e determinadas medidas como médias, modas, medianas,
variâncias e desvios-padrão. Estas noções são fundamentais, mas
devido as escolhas feitas neste capítulo, daremos ênfase às noções
de probabilidade.

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 Estatística Indutiva ou Inferencial – é a parte da Estatística que tem
por objetivo obter, interpretar e generalizar conclusões a partir de uma
amostra, através do cálculo de probabilidade. O cálculo de
probabilidade é que viabiliza a inferência estatística. Daí a razão de
estudarmos algumas noções de probabilidade.

Probabilidade

Caro aluno, estamos estudando, como já foi dito, alguns aspectos que
julgamos importantes para que você possa ter subsídios para um aprofundamento
posterior.
A história da teoria das probabilidades teve início com os jogos de cartas,
dados e de roleta. Daí a razão pela qual aparecem muitos exemplos de jogos de
azar no estudo da probabilidade. A teoria da probabilidade permite que se calcule a
chance de ocorrência de um determinado evento.
Os jogadores da época recorriam a matemáticos, solicitando-lhes
informações que os favorecessem nos jogos de dados e de baralho.
A teoria das probabilidades permite construir modelos matemáticos que
explicam um grande número de fenômenos coletivos e fornecem estratégias para a
tomada de decisões.
Para que possamos abordar a teoria das probabilidades, faz-se necessário
estudar alguns conceitos para o cálculo das probabilidades. Vamos a eles!

1-Fenômenos ou experimentos aleatórios

Chamamos de experimentos aleatórios aqueles que, repetidos em idênticas


condições, produzem resultados que não podem ser previstos com certeza. Embora
não saibamos qual o resultado que irá ocorrer num experimento, em geral
conseguimos descrever o conjunto de todos os resultados possíveis que podem
ocorrer. As variações de resultados, de experimento para experimento, são devidas
a uma multiplicidade de causas que não podemos controlar, as quais denominamos
acaso.

Ex: O resgate dos mineiros no Chile, por mais que se tenha sido feito todo um
planejamento com especialistas de ponta, a ação ficou sujeita a inúmeros fatores.
Ao discutirmos sobre a probabilidade de que a operação tivesse 100% de êxito,
sabíamos que vários testes tinham sido realizados, mas algo poderia dar errado,
mesmo porque neste caso tínhamos uma situação inédita!

Vamos ver alguns exemplos clássicos:

a) Lançar uma moeda e observar a face de cima.

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b) Lançar um dado e observar o número da face de cima.

c) De um baralho de 52 cartas, selecionar uma carta e observar seu naipe.

d) Numa cidade onde 5% dos habitantes possuem determinada moléstia,


selecionar 10 pessoas e observar o número de portadores da moléstia.

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2. Espaço amostral

Chamamos de espaço amostral, e indicamos por Ω, um conjunto formado


por todos os resultados possíveis de um experimento aleatório.
Exemplos:
a) Lançar uma moeda e observar a face de cima.
Ω = {Ca, Co} Ca = cara
Co = coroa

b) Lançar um dado e observar o número da face de cima.


Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}

3. Evento

Consideremos um experimento aleatório, cujo espaço amostral é Ω.


Chamaremos de evento todo subconjunto de Ω (espaço amostral). Em geral
indicamos um evento por uma letra maiúscula do alfabeto: A, B, C, ..., Z.

Chega de conceitos e vamos aplicá-los em algumas situações!

1ª) Calcular a probabilidade de obter um número par na face superior no


lançamento de um dado. Denominaremos este evento de letra E. (Obs.: O dado não
é viciado!)

Atenção:

A probabilidade de ocorrência do evento E (“obter um número


par na face superior”) no lançamento de um dado pode ser
calculada pela razão(quociente) entre a quantidade de seus
elementos e a quantidade dos elementos do espaço amostral.

Primeiramente, pense nos possíveis resultados, pois eles serão os elementos do


espaço amostral Ω.

Neste caso, temos para o espaço amostral:

Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Temos 6 elementos no espaço amostral, então n(Ω)= 6

O evento “obter um número par na face superior”

E = {2,4,6}. Temos 3 elementos neste conjunto, então n(E) = 3

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Logo, podemos dizer que:
ATENÇÃO:
P = probabilidade
E = evento – elementos determinados
P(E) = n(E) = 3/6 Simplificando temos, pelo problema
n(Ω) Ω = espaço amostral- todos os
P(E) = ½ = 0,5 = 50 %. resultados possíveis

Concluímos que, neste caso, a probabilidade de “obter um número par na face


superior” é de 50%.

2) Calcular a probabilidade de “obter um número maior que 6 na face superior.

Neste caso, temos para o espaço amostral:

Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}

O evento “obter um número maior que 6 na face superior.

E = { } . Observe que não há número maior do que 6 num dado.

Logo, podemos dizer que:

P(E) = n(E) = 0/6 Podemos, então dizer que:


n(Ω)
P(E) = 0= 0%. Temos, neste caso, a probabilidade de um evento impossível, pois a
probabilidade é igual a zero.

3) Calcular a probabilidade de “obter um número menor ou igual a 6 na face


superior.

Neste caso, temos para o espaço amostral:

Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}

O evento “obter um número menor ou igual a 6 na face superior..

E = {1, 2, 3, 4, 5, 6 } .

Logo, podemos dizer que:

P(E) = n(E) = 6/6 Simplificando temos,


n(Ω)
P(E) = 1 = 100%. Temos neste caso, a probabilidade de um evento certo, pois a
probabilidade é igual a 1 (100%).

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4) Qual a probabilidade de sair o dois de ouros, quando retiramos uma carta de um
baralho de 52 cartas?

Como há apenas uma carta dois de ouros, o número de elementos do evento é 1,


logo:

P(E) = n(E) = 1/52.


n(Ω)

Você deve estar se perguntando: Esta é a resposta final?

Sim a probabilidade pode ser expressa sob a forma de fração (1/52) ou de número
decimal (neste caso dividindo-se 1 por 52), ou ainda na sua forma de taxa
percentual.(multiplica-se por 100 o número decimal obtido).

Resumindo, podemos dizer que:

P(E) = n(E) = 1/52 que é aproximadamente igual a 0,019 = 1,9 %.


n(Ω)

Veja que a probabilidade de ocorrência deste evento; isto é, de obter o dois de


ouros é menor que 2 %.

5) Em um lote de 100 tijolos, 4 são defeituosos. Sendo retirado um dos tijolos,


calcular:
a) A probabilidade desse tijolo ser defeituoso.

E1........obter tijolo defeituoso

Neste caso, o número de elementos do evento E1 é n(E1) = 4, pois são 4 tijolos


defeituosos. Logo, a probabilidade de ocorrência deste evento; isto é do tijolo
retirado ser defeituoso será obtido pela razão entre o número de tijolos defeituosos
e o número total de tijolos. Podemos indicar matematicamente por:

P(E) = n(E1) = 4/100


n(Ω)
Simplificando esta fração, isto é, dividindo-se por 4 o seu numerador e o seu
denominador, obtemos 1/25.

Portanto: P(E) = 1/25.

R.: A probabilidade desse tijolo retirado ser defeituoso é igual a 1/25 = 0,04 = 4%.

b) A probabilidade desse tijolo não ser defeituoso

E2........obter tijolo não defeituoso

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Veja que para esta situação, basta pensar que este evento é complementar do
anterior, logo a soma de suas probabilidades é igual a 1 (100%), isto é:

P(E1) + P(E2) = 1 . Desta forma, temos:

P(E2) = 1 - P(E1).

P(E2) = 1 - 1/25 = 24/25.

De outra forma:

n(E2) = 100 – 4 = 96
P(E2) = n(E2) = 96/100 Simplificando, temos:
n(Ω)

P(E2) = 24/25 - Retirar

P(E1) + P(E2) = 100 %

Como P(E1) = 4%, temos que P(E2) = 96%.

Obs.: 96% = 96/100. Simplificando a fração; isto é, dividindo-se o seu numerador e


seu denominador por 4, obtemos 24/25.

R.: A probabilidade desse tijolo retirado não ser defeituoso é igual a 96 % = 0,96 =
24/25.

Antes de passarmos para um outro exemplo, vale fazer uma observação:

Se o enunciado não especifica que você tenha que dar a resposta da probabilidade
nas 3 diferentes formas, você tem a liberdade de escolher uma delas, aquela que
julgar mais conveniente.

6) Sejam dois baralhos de 52 cartas. Tiram-se, simultaneamente, uma carta do


primeiro baralho e uma carta do segundo. Qual a probabilidade da carta do primeiro
baralho ser um valete e a do segundo, o 4 de ouros?

Vamos considerar :

E1.........obter um valete
E2............. obter o 4 de ouros.

Cabem aqui os seguintes lembretes:

i) Há 4 valetes em cada baralho, logo a probabilidade de obter um valete no


primeiro baralho é:

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P(E1) = 4/52 = 1/13.

ii) Há apenas uma carta 4 de ouros no baralho.

P(E2) = 1/52.

Veja que temos dois eventos independentes e simultâneos, logo:

Para calcularmos a probabilidade de ocorrência de ambos os eventos (P) basta


efetuar o produto:

P = 1/13 . 1/52 = 1/676.

Observe que como calculamos a probabilidade de ocorrência de ambos os


eventos simultâneos e independentes*, o seu valor é menor do que as
probabilidades de cada um deles. Isto faz sentido para você?

Caso não faça sentido para você, transforme as frações obtidas em números
decimais e será mais fácil comprovar esta afirmação.

Veja as transformações seguintes com as devidas aproximações:

1/13 = 0,0769
1/52 = 0,0192
1/676 = 0,0015

*Eventos simultâneos e independentes:


• Simultâneos- ocorrem ao mesmo tempo;
• Independentes- a realização ou não realização de um dos
eventos não afeta a probabilidade da realização do outro e vice-
versa.

7) Vamos agora para um exemplo que mobiliza muitas discussões.

Determinar a probabilidade de ganhar na Mega-sena escolhendo seis


dezenas (aposta mínima), dentre as 60 disponíveis.

Primeiramente, vamos pensar na quantidade de jogos distintos com seis


dezenas e considerar que a ordem de escolha dos números seja importante.

60 x 59 x 58 x 57 x 56 x 55 = 36 045 979 200 (que número enorme!!!)

Entenda melhor:
Caso você não tenha compreendido este produto, pense desta forma:
Vamos iniciar as escolhas das dezenas, tenho sessenta possibilidades para a
primeira escolha. Certo? Feita a primeira escolha, passo a ter 59 possibilidades

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para a segunda escolha, depois 58 e assim até 55 possibilidades para a última
escolha. É importante que você observe que estamos escolhendo dezenas
diferentes, por este motivo diminuímos uma unidade a cada escolha. Agora, basta
multiplicar o número de possibilidades de cada etapa para obter o número total de
possibilidades. (Princípio Fundamental da Contagem).

Entendo o que é permutação

Temos que tomar cuidado, pois a ordem das dezenas aqui não importa e no
produto que acabamos de efetuar, estão sendo consideradas as diferentes
possíveis ordens das dezenas escolhidas. Você concorda que se mudarmos a
ordem das dezenas escolhidas, a aposta será a mesma? Neste caso, são 6
dezenas, logo temos que considerar a permutação destas 6 dezenas; e desta forma
determinar quantas apostas iguais teríamos trocando apenas a ordem das
dezenas.

6 x 5 x 4 x 3 x 2 x 1 = 720

Caso ainda não tenha entendido o produto, perceba que o raciocínio é


análogo aquele mostrado anteriormente; isto é, temos 6 dezenas escolhidas
(aposta mínima) e temos que determinar todas as formas diferentes de arranjá-las.
Deste modo, temos inicialmente 6 possibilidades, depois 5 possibilidades e assim
por diante. Efetuando-se o produto, obtemos 720 maneiras diferentes de ordem das
6 dezenas escolhidas, mas como já foi dito, a ordem das escolhas não altera a
aposta!

Para concluir nossa resolução, basta dividir aquele número enorme obtido por 720.

36 045 979 200 : 720 = 50 063 860 possibilidades de escolhas das 6 dezenas,
dentre as 60 dezenas disponíveis neste jogo.

Mas qual a probabilidade de uma pessoa ganhar com a aposta mínima de 6


dezenas um jogo da Mega-sena?

Terá uma possibilidade em 50 063 860 de ser o ganhador. De outra forma,


podemos dizer que:

P(E) = 1/ 50 063 860. Este valor é relativamente pequeno! Não só pequeno, é


muito pequeno mesmo! Pequeno mesmo! Em porcentagem, podemos dizer que
este número equivale a 0,000001997%, que aproximadamente é igual a zero.

Conclusão: É quase impossível ganhar na Mega-sena!!!

Esperamos que tenha ficado claro para você o quanto é importante ter
domínio destas noções que aparecem em várias situações do nosso cotidiano.

Capítulo 7
Professor: Sérgio Destácio Faro
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