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CONSELHO EDITORIAL ACADÊMICO

Luna Antunes Costa


Monalisa Dias de Siqueira
Cláudio Umpierre Carlan

Cultura Acadêmica Editora


Praça da Sé, 108
CEP 01001-900 – São Paulo, SP
www.culturaacademica.com.br
Semíramis Corsi Silva
Flávia Regina Marquetti
Pedro Paulo A. Funari
organizadores

MAGIA, ENCANTAMENTOS E FEITIÇARIA


Copyright © 2023 organizadores

CIP – Brasil. Catalogação na fonte


Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
_____________________________________________
M194

Magia, encantamentos e feitiçaria/ organização


Semíramis Corsi Silva ... [et al.]. São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2023.

594 p.: il.; 16 x 23 cm.

Vários autores.

ISBN 978-65-5954-401-1 (DIGITAL)

1. Antiguidade Clássica. 2. Antropologia - História. 3.


Diversidade Cultural. 4. Rituais. 5. Práticas mágicas. 6.
Oráculos.

I. Silva, Semíramis Corsi, 1982- II. Marquetti, Flávia


Regina, 1960- III. Funari, Pedro Paulo Abreu, 1959
CDD 930
_____________________________________________
Índices para catálogo sistemático:

Praça da Sé, 108


01001-900- São Paulo – SP
Tel. (0xx11)3242-7171
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feu@editora.unesp.br
SUMÁRIO
Prefácio
Ivan Esperança Rocha ------------------------------------------------------------------------1
Introdução
Semíramis Corsi Silva, Flávia Regina Marquetti e Pedro Paulo A. Funari -----------5

Parte 1
Rituais, oráculos e objetos mágicos

Amuletos Mágicos Mesopotâmicos: entre religião e arte


Katia Maria Paim Pozzer -------------------------------------------------------------------21
Íynx: o feitiço de amor e a religião de Afrodite e Eros na iconografia dos
vasos ápulos (séc. IV AEC)
Fábio Vergara Cerqueira --------------------------------------------------------------------44
Feitiçaria e Alquimia na China Antiga
André da Silva Bueno ----------------------------------------------------------------------93
Escravidão e adivinhação no Império Romano: uma aproximação a
partir das Sortes Astrampsychi
Filipe Noé da Silva ------------------------------------------------------------------------119
Magia como Fenômeno transcultural: Lição I – como fazer um anel
mágico (Libro de Astromagia, séc. XIII)
Aline Dias da Silveira ---------------------------------------------------------------------133
Pomadas, poções e unguentos: as reuniões secretas diabólicas em
manuscritos Alpinos do século XV
Lívia Guimarães Torquetti dos Santos --------------------------------------------------165
Magia, truque e feitiço: as muitas faces do encantamento na literatura
oral de Ifá
Rogério Athayde ---------------------------------------------------------------------------194
Raios e ventos: narrativas mágicas sobre Santa Bárbara e Iansã
Debora Simões de Souza -----------------------------------------------------------------214
Mulheres encantadas e os lagos mágicos: as estatuetas femininas das
estearias do Maranhão
Alexandre Guida Navarro ----------------------------------------------------------------231
O uso da magia egípcia no ensino: os amuletos em sala de aula
Raquel dos Santos Funari -----------------------------------------------------------------263
Parte 2
Magos, feiticeiras e suas práticas

O Corpo encantado. Do mito aos contos maravilhosos


Flávia Regina Marquetti ------------------------------------------------------------------287
Gênero e Magia em Roma: as feiticeiras Canídia e Ságana na Sátira I, 8
de Horácio
Semíramis Corsi Silva---------------------------------------------------------------------327
Maria, a mãe de Jesus, como uma maga: gênero, poder e magia entre os
primeiros cristãos
Juliana Batista Cavalcanti ----------------------------------------------------------------361
As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (I AEC – I EC): um
estudo de caso sobre as inscrições e os lugares de depósito
Carlos Eduardo da Costa Campos -------------------------------------------------------376
Sem perdão: em busca de justiça (ou vingança?) usando defixiones na
antiga Mogontiacum (Mainz)
Renata Cazarini de Freitas ----------------------------------------------------------------398
Druidismo e Magia: Rituais Sagrados entre os Celtas
Silvana Trombetta -------------------------------------------------------------------------434
Barrados no baile. A Península Ibérica e a festa das bruxas
Carlos Roberto Figueiredo Nogueira ----------------------------------------------------466
“Essa é a mais perfeita e principal ciência, a mais sagrada e sublime
espécie de filosofia”: reflexões sobre as relações entre magia e scientia
nos renascimentos dos séculos XV-XVI
Francisco de Paula Souza de Mendonça Júnior----------------------------------------501
O Catimbó Nordestino
Sandro Guimarães de Salles --------------------------------------------------------------534
“Evoé”: do delírio dionisíaco em Eurípides à macumba antropofágica
na obra Bacantes do Teatro Oficina
Dolores Puga -------------------------------------------------------------------------------559
Prefácio
Ivan Esperança Rocha1

Toda a rica discussão apresentada nesse livro envolve os


processos de encantamento, desencantamento do mundo e suas
diversas abordagens religiosas, filosóficas, antropológicas e
sociológicas, indicando suas imbricações no passado e permanências
no presente, inclusive no Brasil.
O berço natural do encantamento do mundo pode ser
identificado nas sociedades primitivas, onde a relação dos indivíduos
com forças indômitas instigou o uso de ritos mágicos em seu
enfrentamento. A preocupação com a saúde das pessoas e dos animais,
com a fertilidade dos campos e dos rebanhos, com o enfrentamento
das adversidades climáticas e de vários outros obstáculos conduziu
naturalmente num primeiro momento, ao exercício de práticas
mágicas que, se por um lado, têm traços comuns a diferentes
sociedades, também apresentam nuanças que as distinguem no tempo
e no espaço, como visto nas culturas mesopotâmica, chinesa, romana,
grega, judaica, dentre outras.
Mesmo quando o movimento da “revolução urbana” exigiu o
desenvolvimento de tecnologias para responder aos novos desafios
sociais, políticos, administrativos, arquitetônicos, militares e
diplomáticos, a magia, aliada ou não à religião, foi um caminho

1 Possui doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo e livre


docência pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis). Atualmente é
Professor Doutor da Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis). É co-
coordenador do Núcleo de Estudos Antigos e Medievais da UNESP (NEAM). Foi
cofundador da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR). De 2007 a
2011 foi vice-diretor e de 2011 a 2015 foi diretor da Faculdade de Ciências e Letras
da UNESP/Assis. Presidente do Conselho Curador da VUNESP de 2017 a 2022.
concomitante percorrido em busca de soluções. No entanto, quando as
práticas mágicas começaram a contradizer as expectativas dos
indivíduos, bem como das instituições políticas e religiosas, elas
começam a encontrar oposição formal e informal.
Neste livro, os autores tratam da presença da magia, do
encantamento e da feitiçaria ao longo da história e discutem as
diversas abordagens que foram feitas sobre o tema desde a
Antiguidade, passando pelos mundos oriental, grego, romano e cristão,
com uma ênfase no avivamento das discussões pautadas pelo
racionalismo iluminista, que por algum momento assumiu o papel de
responsável pelo desencantamento do mundo e combateu não apenas a
religião, mas outras formas de expressão mística consideradas
“irracionais” e até doentias.
Os autores transitam com maestria nas obras de importantes
autores que se debruçaram sobre o tema, como James Frazer que traça
a partir de uma perspectiva evolucionista uma trajetória que começa
na magia, passando pela religião e que culmina na ciência, e Weber e
Nietzsche, que propõem um desencantamento do mundo que inclui o
declínio das crenças mágicas e a dessacralização das atitudes
humanas. Entende-se, no entanto, que este alinhamento teórico se
distancia da realidade em que magia, religião e ciência não se excluem
mutuamente.
O movimento de banimento da magia inclui também tudo
aquilo que se contrapõe ao instituído, ao estabelecido, a um status quo.
O preconceito e a marginalização aumentam principalmente quando a
magia, o encantamento e a feitiçaria são associados à ação de
mulheres, minorias ou grupos subalternos, como visto claramente na
Inquisição, mas ainda hoje manifestos.
Há, portanto, uma longa e complexa história da magia e temas
relacionados que identificam os responsáveis pela sistematização
teórica mais densa do assunto nos primeiros autores cristãos. Justino,
já no século II EC inicia uma forte polêmica entre a vida cristã e o
paganismo, enfatizando as diferenças entre os milagres de Cristo e as
práticas mágicas consideradas demoníacas, como as dos gnósticos
Simão e Menandro da Samaria. Segundo este último, a gnose ajudava
a entender e controlar as forças da natureza. Em consonância com
Justino, Orígenes e Agostinho também se opõem às práticas mágicas.
Entre os fundamentos bíblicos que sustentavam ideias sobre a magia
está o episódio das pragas do Egito, em que a ação de Moisés se
confronta com as dos magos da corte do Faraó no longo relato de
Êxodo 8-11.
Na Idade Média, surge uma distinção entre certas magias de
índole natural, expressas por exemplo no exorcismo cristão, e magias
consideradas demoníacas, o que levará a reavivar a sua incriminação
pela Igreja a par da heresia e da bruxaria, responsáveis por alterações
climáticas, econômicas e sociais. Magos, hereges e bruxas – no
compasso da Reforma Protestante, sofreriam forte repressão,
juntamente com judeus e outros grupos minoritários sendo
demonizados e perseguidos, como registrado no Malleus Maleficarum,
ou O Martelo das Bruxas, que definia as estratégias de combate à
magia agora centrada na figura das bruxas, embora o Malleus fosse
criticado pela própria Igreja por exageros e heterodoxias.
Este trabalho mostra a presença abundante do tema da magia
na literatura, no teatro, no cinema e nos quadrinhos, o que mostra o
apelo que ainda desperta na sociedade atual, como é o caso dos livros
de Harry Potter traduzidos para o cinema e para o teatro, que
apresentam um embate entre práticas de bruxaria que mantêm a
oposição entre o “mundo das luzes” e o “mundo das trevas”.
A cultura material que emerge das escavações traz à luz
elementos ligados ao mundo mágico antigo, como é o caso dos
amuletos muito difundidos na Mesopotâmia e no Egito, prescritos para
superar problemas nas mais variadas situações da vida quotidiana
envolvendo todas as camadas sociais, e que se somam aos textos de
encantamentos e fórmulas mágicas em várias línguas como a suméria,
acádica e elamita. A Cabala judaica iria incorporar também muitos
aspectos dos amuletos.
O tema do encantamento e desencantamento do mundo tem
sido associado a um movimento de reencantamento, que rompe com
uma visão objetiva e causal do mundo, mas que ao mesmo tempo é
interpretado como derivado da ciência e da tecnologia.
Finalmente, é preciso dizer que esta coletânea reúne
contribuições de importantes pesquisadores em discussões que têm
levado a acalorados questionamentos e a buscas de alternativas para
um mundo positivista e mecanicista que vê a ideia de progresso
contínuo contraposta a fortes retrocessos em diversas frentes.
Ao final da leitura, sentimos que, apesar da ampla discussão
realizada pelos autores, ainda há espaços a serem explorados como a
forma com que o islamismo se relaciona com a magia, ou a serem
ampliados como a maneira com que as crenças e visões de mundo
colonialistas marcaram sua relação com as comunidades indígenas.
Introdução
Semíramis Corsi Silva, Flávia Regina Marquetti e Pedro Paulo A. Funari

Desde a Antiguidade Clássica, escritores tentam definir o que é


magia. Plínio, o Velho, escritor e oficial romano, já identificava a
magia como a arte composta pela medicina, religião e astrologia
(História Natural, XXX, 11). Lembrando que a medicina, em sua
origem grega, era associada à religião, possuindo diversas práticas e
ritos, e oficializada nos santuários de Asclépio. Segundo Hubert (1887,
p. 1494-1945), a palavra magia tem emprego variável, podendo
indicar a ocupação e a religião dos magos ou dos sacerdotes da seita
de Zoroastro. Mas a essa magia se opõe, geralmente, à pharmakeia,
ciência das plantas maravilhosas, da astrologia, da alquimia e da
adivinhação, e à goeteia, caracterizada pela prestidigitação e
necromancia, ou mesmo associada às carpideiras (HUBERT, 1904, p.
1494). Foi a partir do Império Romano que os ritos e as práticas
divergentes da religião oficial passaram a ser associados às práticas
maléficas e tornam-se ilegais (HUBERT, 1904, p. 1500).
O Dicionário Aurélio (1986, p. 1064) traz dentre as suas
definições três que nos interessam:

1. de arte ou ciência oculta com que se pretende


produzir, por meio de certo atos e palavras, e por
interferência de espíritos, gênios e demônios, efeitos e
fenômenos extraordinários, contrários às leis naturais. 2.
Religião ou doutrina dos magos. 3. Sociol. Instituição
baseada na crença da força sobrenatural, regulada pela
tradição, e constituída de práticas, ritos e cerimônias em
que se apela para as forças ocultas e se procura alcançar
o domínio do homem sobre a natureza.

A magia corresponde assim à tentativa de alterar uma ordem


estabelecida e tida como natural por meio de ações ou agentes que
operam em segredo. O aspecto maravilhoso, improvável e a
incompreensibilidade são características das visões sobre tais práticas.
Se observarmos a definição de milagre na religião dada pelo
Dicionário Aurélio (1986, p. 1133), vemos que é “qualquer
manifestação da presença ativa de Deus na história humana, ou sinal
dessa presença, caracterizado sobretudo por uma alteração repentina e
insólita dos determinismos naturais.” Grosso modo, o que difere a
mágica dos milagres religiosos aceitos como presença ou sinal de
Deus é ela estar fora dos cultos e religiões oficiais, regrados pelo
Estado e pela sociedade de forma mais ampla.
A magia assume contornos negativos ao longo dos séculos em
um longo caminho de demonização do conhecimento e cura pelas
ervas, dos ciclos da terra e, mesmo de saberes superiores que
possibilitavam a compreensão das leis do universo, há uma aversão ao
que é diferente, ao que não participa do mesmo grupo sócio-político-
religioso. O desejo de poder e manutenção do status quo fez surgir nas
sociedades, por meio de manipulação, o medo de culturas,
conhecimentos, visões de mundo e religiões díspares, levando ao
ataque a todo aquele que se encontra fora dos padrões adotados como
naturais ou normais pelo seu grupo.
Sabendo disso, este livro surge de uma inquietação: a bruxa
continua a assustar. O uso espontâneo da expressão corrente “ela é
uma bruxa” demonstra a persistência no imaginário do medo
irracional. Esse sentimento de medo irracional pode levar e tem
levado, ao longo do tempo, à estigmatização e mesmo a destruição do
diferente. Teme-se o diferente dotado de poderes sobrenaturais que
nos podem afetar. Esses sentimentos estão presentes em sociedades as
mais diversas, em todos os continentes e em diferentes épocas,
culturas e momentos. A morte de pessoas acusadas de bruxaria e que
prejudicariam os outros é atestada em toda parte. Isso se aplica às
sociedades atuais, em meio à difusão de que grupos ou indivíduos, por
seu comportamento ou convicções, têm o poder de prejudicar os
outros, o que chega a justificar a violência e até mesmo a sua
destruição.
Um exemplo brasileiro recente foi o famoso caso das Bruxas
de Guaratuba, divulgado em diferentes mídias, resultando em um
longo Podcast de 2018, em uma série de 2021 do canal de streaming
Globoplay e nos livros O Caso Evandro: Sete acusados, duas polícias,
o corpo e uma trama diabólica (2021) e Malleus: relatos de tortura,
injustiça e erro judiciário (2021). Tratou-se da acusação do brutal
assassinato de uma criança, ocorrido em 1992, contra um grupo de
sete pessoas, tendo duas mulheres, as chamadas Bruxas da cidade de
Guaratuba/PR, como principais mandantes e acusadas pelo crime.
Após sentenciados e presos por anos, em um processo que envolveu a
opinião pública em torno do tema da bruxaria e o preconceito contra
práticas de matriz africana no Brasil, foi descoberto que os acusados
confessaram sob tortura. Tal processo é o mais longo júri da história
da justiça brasileira. Em janeiro de 2022, as duas mulheres condenadas
receberam, por parte do estado do Paraná, um pedido de desculpas
pelas torturas e erros processuais. Esse caso atesta como ainda
permanecem vivas antigas crenças de bruxas assassinando crianças a
fim de realizar seus rituais, presentes já em uma literatura bem remota,
como em Horácio (Epodo 5) e Lucano (Farsália, VI, 558-559). Além
disso, o caso de Guaratuba mostra como, no Brasil, o imaginário
negativo em torno da magia se ressignifica cruzado com o preconceito
contra as religiosidades afro-brasileiras.
Sociedades ou grupos humanos auto definidos como
agnósticos ou ateus não deixam de apresentar a crença em poderes
ocultos de pessoas para prejudicar os outros. Esse tipo de sentimento
tem sido acentuado no ambiente virtual tão propício ao medo
conspiratório. A inquietação induziu-nos à reflexão, a pensar nos
múltiplos e contraditórios aspectos da bruxaria em suas manifestações,
narrativas e percepções.
Há uma grande diversidade de aspectos sobre o tema, a
começar por sua associação às mulheres, a tal ponto que chega a haver
títulos hilários como: Na Rússia ortodoxa, as bruxas eram homens
(https://zap.aeiou.pt/russia-ortodoxa-bruxas-homens-487307). “A
bruxas eram homens”, não eram bruxos! Isso mostra tanto que há um
viés de gênero, quanto sua delimitação cultural e histórica. Há bruxos
também, claro. Além disso, a bruxaria não precisa ser ameaça, pode
ser a favor do bem dos outros, às vezes chamada de “magia branca”, o
que remete a uma oposição entre negro/negativo e branco/positivo.
Negro não se refere, neste caso, à cor da pele, mas à dificuldade de
enxergar o perigo, e branco à luz que tudo esclarece, mas não muda o
uso racista de branco e negro aplicado à magia. Tudo isso inquieta-nos
e pareceu-nos apropriado e importante juntar um grupo de estudiosas e
estudiosos que pudessem refletir sobre os diversos e contraditórios
aspectos da bruxaria ou da mágica, em diferentes culturas e épocas, a
partir de diversas disciplinas acadêmicas, mas também tendo em vista
a repercussão social do tema hoje no mundo e no Brasil, em particular.
Convém tratar um pouco sobre como a magia/bruxaria foi
(mal)dita pela ciência acadêmica, em busca da objetividade e da
isenção. As últimas perseguições ou caça às bruxas oficiais ou
sancionadas pelas instituições, na Europa, ocorreram no século XVIII.
Isso já indica como o racionalismo iluminista foi marcante para a
substituição da estigmatização religiosa e institucional pela moderna
classificação cientificista da bruxaria como forma de perturbação
mental. O filósofo Michel Foucault trata bem dessa passagem de uma
sociedade moderna ocidental fundada no que chamou de poder
soberano para o poder disciplinar (MUHLE, 2002/2003). Este funda-
se na razão, na classificação e controle. Ainda que a bruxaria continue
a ser praticada em toda parte, inclusive na Europa, a razão iluminista
viria a moldar o estudo acadêmico do tema por longo tempo.
Prevaleceu uma contraposição entre religião e magia, ambas
consideradas irracionais e ilusórias, mas diferenciadas de algo
superior: a institucionalização da religião frente à atomização da
bruxaria. Também, e como consequência, a religião pôde ser
interpretada como normativa e estabilizadora das relações sociais, à
diferença da bruxaria e sua função destrutiva da ordem. Havia, ainda,
uma percepção imperialista e colonialista, para opor a religião
institucional, se possível ocidental, mas não só, frente às práticas de
indígenas africanas, americanas, asiáticas ou da Oceania. Napoleão
apresentou-se como defensor do Islã, no Egito, pelo princípio prático
de uma religião institucionalizada, qualquer uma, a favorecer o
domínio (SPILLMAN, 1969). A magia fugia do controle. Napoleão
defendia a religião institucionalizada, frente ao descontrole da magia.
Edward Burnett Tylor (2012) em seu Cultura Primitiva (1871)
teorizava a magia como perniciosa ilusão. James Frazer (1890), no seu
O Ramo Dourado (1890) estabelecia uma ordem em uma visão
evolucionista, da magia, para a religião, culminando na ciência. Os
primeiros sociólogos e antropólogos, como Durkheim (2003) (As
formas elementares da vida religiosa, 1912), Radcliffe Brown e
Malinowski enfatizaram as funções sociais das práticas mágicas
(HOMANS, 1941), com Evans-Pritchard (2013) completando com a
inclusão da magia no âmbito da religião e na cultura. Max Weber
(1919) chegou a propor um desencantamento (Entzauberung) do
mundo, um declínio das crenças mágicas, frente à racionalização da
modernidade ocidental. O conceito agenciado por Weber é Zauber,
relacionado com a noção de poder, dýnamis, daí mágica, encanto,
força superior. Até hoje, esse conceito weberiano de uma modernidade
desencantada tem gerado muita discussão. Como quer que seja, as
ciências sociais foram as grandes animadoras do estudo do tema, que
tardaria mais a chegar à História, Filologia, Filosofia ou Arqueologia,
sempre com grande influxo da teoria social proveniente da
Antropologia, da Sociologia e mesmo da Ciência Política. Alguns
momentos históricos mereceram particular atenção, com destaque para
a modernidade, quando os ambientes católicos e protestantes
perseguiram as bruxas (e os bruxos), aquelas pessoas todas acusadas
de bruxaria. Pouco a pouco, ampliou-se esse interesse para outras
épocas e culturas, da Sibéria e o seu xamanismo à África, Ásia,
América, do presente ao passado pré-histórico mais recuado.
Há, pois, muitos desafios ao tentar pensar sobre a inquietação
mencionada logo de início. São diferentes disciplinas, diversas
temporalidades e culturas, uma diversidade de perspectivas, o que
mostra bem, a nosso juízo, a fertilidade e relevância do tema. A
começar pelo fato de que a perseguição hoje, aqui e em muitas partes
do mundo, continua a apresentar-se como uma caça às bruxas, às
vezes com o uso aberto e explícito desse termo, outras vezes não, mas
sem deixar de usar os mesmos conceitos. O adversário ou inimigo
(satan, em hebraico, é o obstáculo, o advogado do diabo, aquele
encarregado de apresentar um obstáculo, aproximado do persa Angra
Mainyu, ou Espírito Destrutivo) é apresentado como manipulador de
forças sobrenaturais para prejudicar os outros. Por isso, deve ser
eliminado. Essas bruxas podem ser as de Salem, os judeus, os
comunistas, os pequenos agricultores (kulaks), os praticantes de
Umbanda e de Candomblés, entre tantos outros. Este volume insere-se
neste contexto acadêmico e social de estudo e reflexão sobre estes e
outros tantos aspectos da magia. Nossa reflexão parte, assim, tanto em
termos de representações, como também de práticas.
Os vinte capítulos que compõem este volume estão reunidos
em dois grandes grupos: “Rituais, oráculos e objetos mágicos” e
“Magos, feiticeiras e suas práticas”, buscando, desta forma,
congregar discussões que se complementam, apesar de abordarem
culturas e períodos divergentes.
Abrindo o primeiro bloco de textos, em Amuletos Mágicos
Mesopotâmicos: entre religião e arte, Katia Maria Paim Pozzer
analisa o amuleto conhecido como a “Placa dos Infernos”, objeto
artístico-mágico-religioso de grande excepcionalidade que pertence às
práticas religiosas no mundo mesopotâmico. A “Placa dos Infernos” é
uma placa em bronze fundido e esculpido, com duas faces e uma
complexa iconografia, associando, em um único amuleto, as entidades
demoníacas antagônicas Lamaštu e Pazuzu.
Abordando a Íynx, instrumento mágico, Fábio Vergara
Cerqueira nos brinda com um texto sobre essa pequena roda, por vezes
adornada de pássaros, usada em rituais propiciatórios ao amor. Em
Íynx: o feitiço de amor e a religião de Afrodite e Eros na iconografia
dos vasos ápulos (séc. IV AEC), o autor analisa a iconografia
encontrada no período e de como o objeto seria utilizado tanto por
prostitutas quanto por jovens nubentes para propiciar os dons de
Afrodite.
André da Silva Bueno apresenta um tema pouco conhecido do
público: Feitiçaria e Alquimia na China Antiga. Segundo o autor, a
feitiçaria é indissociável da história chinesa desde suas origens. Os
termos “feitiçaria”, “magia” e “bruxaria” são usados de forma
sinonímica, na China, para designar as tradições mágico-xamânicas
herdadas e desenvolvidas desde o neolítico, e que continuam a
acompanhar a sociedade até os dias de hoje.
No capítulo Escravidão e adivinhação no Império Romano:
Uma aproximação a partir das Sortes Astrampsychi, Filipe Noé da
Silva examina as Sortes de Astrampsico, um texto oracular composto
por 91 perguntas (elencadas entre os números 12 e 103) e 103 dezenas
de respostas, com o intuito de compreender os interesses associados à
consulta oracular realizada por pessoas escravizadas.
Já Aline Dias da Silveira brinda-nos com uma lição sobre
como fazer um anel mágico, ensinamento que se encontra no Libro de
Astromagia, século XIII. Produzido durante o reinado de Afonso X, de
Castela e Leão, o Libro de Astromagia também é um livro de imagens,
entendidas como talismãs, e esta é a função do anel de Mercúrio
analisado neste capítulo intitulado Magia como Fenômeno
transcultural: Lição I – como fazer um anel mágico (Libro de
Astromagia, séc. XIII).
Passando do século XIII para o XV, o capítulo Pomadas,
poções e unguentos: as reuniões secretas diabólicas em manuscritos
Alpinos do século XV, de Lívia Guimarães Torquetti dos Santos,
aborda os relatos oriundos de diversos julgamentos sobre os sabás e
feitiçaria, nos quais indivíduos são transportados pelos ares com a
ajuda de pomadas e unguentos.
Em um texto repleto de encantamento, Rogério Athayde nos
oferece uma visão sobre a literatura oral de Ifá em Magia, truque e
feitiço: as muitas faces do encantamento na literatura oral de Ifá.
Segundo o autor, são muitas as coisas que encontramos em Ifá: (i) Ifá
é outro nome de Orunmilá, a divindade iorubana da inteligência, do
conhecimento e da sabedoria; (ii) Ifá é igualmente o sistema de
divinação, organizado a partir de 256 Odu, ou “livros volumosos”; (iii)
Ifá é o corpo literário, onde podem ser encontradas as histórias e o
conhecimento ancestral dos iorubás; (iv) Ifá é a medicina tradicional,
o conhecimento do herbário iorubano; (v) Ifá são os poemas, os esé
Ifá, que os sacerdotes da religião são treinados a recitar longamente;
(vi) Ifá, por fim, é também a capacidade de proferir “palavras de
poder”, os ofó, encantamentos que assegurem a efetiva realização dos
rituais sagrados.
Em Raios e ventos: narrativas mágicas sobre Santa Bárbara e
Iansã, Debora Simões de Souza, utilizando a metodologia da
observação participante, analisa um conjunto de narrativas mágicas e
míticas que contêm possíveis acontecimentos da vida de Santa
Bárbara e Iansã, feitas por devotas da santa e da orixá, moradoras de
Salvador, na Bahia. Na leitura proposta pela pesquisadora, as
narrativas sobre a vida de Santa Bárbara e da orixá Iansã são forças,
ou seja, são expressões que se configuram como elementos da magia.
Com Alexandre Guida Navarro descortinamos o universo das
Mulheres encantadas e dos lagos mágicos presentes nas estatuetas
femininas das estearias do Maranhão. Fruto de seus últimos trabalhos
de campo nas estearias maranhenses, o autor discute as diferentes
possibilidades de interpretação sobre as estatuetas à luz das teorias
arqueológicas e etnológicas das Terras Baixas da América do Sul,
como, por exemplo, o xamanismo.
Fechando o primeiro grupo de textos, Raquel dos Santos
Funari nos oferece um material didático sobre como trabalhar O uso
da magia egípcia no ensino: os amuletos em sala de aula. A partir do
conceito de inventário das diferenças, a autora explora a
particularidade dos amuletos egípcios antigos e as diferenças com o
mundo contemporâneo, abordando, a partir deles, conceitos como
historicidade e diversidade.
O segundo grupo de capítulos, “Magos, feiticeiras e suas
práticas”, principia com o texto O corpo encantado. Do mito aos
contos maravilhosos, de Flávia Marquetti, que faz um levantamento,
desde a Antiguidade Clássica até o século XIX, da imagem de magos,
feiticeiras e do espaço que ocupam na sociedade. Correlacionando
informações históricas e antropológicas ao imaginário e à tradição
literária sobre as bruxas.
Na sequência, Semíramis Corsi Silva discute, em Gênero e
Magia em Roma: as feiticeiras Canídia e Ságana na Sátira I, 8 de
Horácio, a criação literária das primeiras feiticeiras de Roma e,
consequentemente, personagens de grande valor para nossa percepção
de elementos de gênero na criação do estereótipo da mulher praticante
de magia. Horácio é considerado o poeta romano que mais escreveu
sobre o tema da magia, sendo Canídia e Ságana personagens literárias
que contribuíram para o desenvolvimento de um imaginário sobre a
magia, mais especificamente sobre a mulher feiticeira, que acabou
ultrapassando as fronteiras do antigo Império Romano, constituindo-se
como um protótipo da bruxa velha e má.
Juliana Batista Cavalcanti aborda um tema pouco difundido e
de grande interesse: Maria, a mãe de Jesus, como uma maga: gênero,
poder e magia entre os primeiros cristãos. A partir da coleção de treze
códices contendo cinquenta e dois textos diferentes, todos escritos em
copta, oriundos da Biblioteca de Nag Hammadi, a autora explora
como Maria, a mãe de Jesus, personifica um dos três pares místicos
presentes na gnose valentiniana, carregando consigo mistérios ou
conhecimentos que estão disponíveis apenas aos iniciados por meio de
rituais como o batismo, a ceia, a câmara nupcial e a unção.
Carlos Eduardo da Costa Campos e Renata Cazarini de Freitas
abordam em seus respectivos capítulos as defixiones, textos de
conteúdo mágico, geralmente contendo maldições que eram escritas
em tábuas ou folhas de chumbo gravadas com incisões, do período
romano. Em As tabellae defixionum do Lácio (I AEC – II EC): uma
análise sobre os lugares de depósito, Carlos Eduardo da Costa
Campos mostra-nos os caminhos percorridos pelas inscrições
presentes nas áreas portuárias de Óstia e Minturno, assim como nas
Vias Ostiense, Ápia e Nomentana. A análise dos locais de depósitos
das defixiones indicam áreas de vinculação de forças energéticas que
eram consideradas capazes de transportar a solicitação materializada
na placa de maldição aos deuses ou espíritos, de modo a conectar os
agentes da magia.
Renata Cazarini de Freitas em Sem perdão: em busca de
justiça (ou vingança?) usando defixiones na antiga Mogontiacum
(Mainz), traduz e analisa seis placas encontradas em Mainz, estas
evocam a figura dos sacerdotes de Cibele (Mater Magna) conhecidos
como galli, que se castravam em rituais delirantes. Outros elementos
compositivos do repertório das defixiones de Mainz são a punição com
morte em espaço público e a impossibilidade de redimir-se pelo crime
cometido em um santuário murado.
Em Druidismo e Magia: rituais sagrados entre os celtas,
Silvana Trombetta analisa como eram feitas as predições do futuro
pelos druidas, realizadas através da leitura de vísceras de animais
sacrificados, voos de pássaros, utilização de plantas alucinógenas e
uso de objetos especificamente confeccionados para tal fim, como as
runas ou as colheres divinatórias. Essas práticas eram comumente
utilizadas entre os povos germânicos e escandinavos e seu uso
associava-se às práticas de cura.
Em Barrados no baile. A Península Ibérica e a festa das
bruxas, de Carlos Roberto Figueiredo Nogueira, o foco são os sabbats
e as crenças do final da Idade Média e início dos tempos modernos na
Espanha, quando todas as crenças que dão vida e solidez à existência
da bruxaria europeia inexistem ou estão deformadas. Em sua análise, o
autor estabelece a correlação entre bruxaria, grupos estrangeiros e
culturas diferentes das autóctones.
Francisco de Paula Souza de Mendonça Júnior nos brinda, em
seu texto “Essa é a mais perfeita e principal ciência, a mais sagrada e
sublime espécie de filosofia”: reflexões sobre as relações entre magia
e scientia nos renascimentos dos séculos XV-XVI, com a discussão
sobre as fronteiras entre religião, magia e ciência, apresentando o
quanto essa relação não é tão linear como geralmente alguns teóricos
apresentam. Com grande embasamento teórico, o autor faz um extenso
levantamento do pensamento sobre magia e alquimia no
Renascimento, demonstrando que a habilidade técnica era semelhante
à potência mágica no esforço de criação de maravilhas, ambas tinham
como objetivo compreender e direcionar as relações simpáticas que
moviam o mundo a fim de energizar seus próprios projetos.
Em O catimbó nordestino, Sandro Guimarães de Salles discute
o Catimbó, uma das primeiras manifestações da prática da Jurema em
contextos não indígenas, e que ainda se mantém como uma das
principais referências no cenário das religiões populares nordestina.
Sandro explica que a Jurema, cujo nome deriva de uma planta de igual
nome, consiste em um complexo semiótico e religioso, com origem
nos povos indígenas no Nordeste, fundamentado no culto a entidades
denominadas de mestres, caboclos ou reis. As imagens e os símbolos
presentes nesse complexo remetem a um lugar sagrado, descrito pelos
juremeiros como “reino encantado”, “encantos”, “cidades da Jurema”,
entre outros. A planta de cujas raízes ou cascas se produz a bebida
tradicionalmente consumida durante as sessões é o símbolo maior do
culto. É ela a “cidade” do mestre, sua “ciência”, simbolizando ao
mesmo tempo morte e renascimento. O Catimbó e a prática da Jurema
entre os povos indígenas (do período colonial à contemporaneidade)
expressam uma resistência à colonialidade, segundo o autor.
Fechando o segundo bloco de textos, Dolores Puga nos traz
para o contemporâneo e o universo da arte com “Evoé”: do delírio
dionisíaco em Eurípides à macumba antropofágica na obra Bacantes
do Teatro Oficina. Discorrendo sobre os ritos dionisíacos, thiasos, e as
tragédias gregas, sobretudo As Bacantes, de Eurípedes, Puga apresenta
o lado estrangeiro do mito/rito e de como ele chega ao Brasil atual
com o Grupo Oficina. O grupo do diretor Zé Celso Martinez Corrêa
construiu um vínculo de identificação sustentado pelo viés de práticas
culturais julgadas, como as religiosidades africanas e afro-brasileiras,
bem como os rituais Tupinambás. O exercício de apropriação cultural,
Grécia/Brasil, apontado pela autora, dialoga com vários textos
presentes na coletânea, ao apontarem a xenofobia e o desprezo por
culturas diferentes como mote para a feitiçaria, compreendida grosso
modo como coisa do demônio.
Este livro traz contribuições brasileiras ao tema, com textos de
pesquisadores e pesquisadoras nacionais. Esperamos, com isso,
desvendar algumas questões ligadas à magia e revelar que o correto
seria falarmos de atos mágicos e não de uma magia única, uma vez
que essas práticas existem em diferentes sistemas culturais e compõem
a trama de suas sociedades.
Semíramis Corsi Silva
Flávia Regina Marquetti
Pedro Paulo A. Funari

Referências

Documentação
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