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ABC

da Agricultura Familiar
Criação de abelhas
(apicultura)
Criação de abelhas
(apicultura)
Criar abelhas, Forme uma associação
um bom negócio! com seus vizinhos
A criação de abelhas é uma atividade Quando você se associa com outros
lucrativa e pode ser praticada pelo pequeno membros de sua comunidade, as vantagens
produtor rural ou agricultor familiar, com bons são muitas, pois:
resultados. Mas para isso, além de adotar • Fica mais fácil procurar as autori-
as técnicas corretas, o criador precisa enca- dades e pedir apoio para os projetos.
rar a atividade como um negócio.
• Os associados podem comprar
A apicultura, a criação racional de abe- máquinas e aparelhos em conjunto.
lhas, apresenta muitas vantagens. Exemplos:
• Fica mais fácil obter crédito.
• Não exige uma grande propriedade
para sua exploração. • Juntos, os associados podem vender
melhor sua produção.
• Não polui nem destrói o meio ambiente.
• Os associados podem organizar
• Além do mel, as abelhas oferecem mutirões.
outros produtos que podem ser con-
sumidos ou comercializados.
Nesta publicação você saberá mais A união faz a força!
sobre:
• Como vivem e se reproduzem as
abelhas.

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Para instalar 10 colméias, a preços • Como iniciar uma criação de abelhas,
atuais (outubro de 2007), é necessário com a montagem de um apiário.
investir aproximadamente R$ 1.500,00 (um • Os equipamentos e materiais neces-
mil e quinhentos reais) em cada apiário. sários para criar abelhas.
A casa do mel dever ser um investi- • A coleta e os cuidados com as col-
mento coletivo e para atender às exigências méias.
do Ministério da Agricultura, Pecuária e
• A alimentação das abelhas e seus
Abastecimento (Mapa) e a necessidade de
produtos.
produção de, por exemplo, 20 apicultores
com 10 colméias, seu custo está em torno • A coleta do mel.
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Esse valor • Informações úteis para obter mais
será dividido entre as famílias participantes lucros com o mel e outros produtos.
da associação ou cooperativa. Qualquer
organização desse tipo tem condições de Um pouco mais
obter um empréstimo a juros baixos por
meio de um programa do governo ou com sobre as abelhas
uma organização de assistência a agricul-
Existem muitos espécies de abelas,
tores.
mas aqui trataremos da espécie social com
Atenção! ferrão e que produz mel: a abelha africa-
nizada, conhecida no meio científico como
Apis mellifera, muito comum em todo o País.
Para obter sucesso na atividade, o api-
cultor precisa conhecer vários aspectos da
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vida desse tipo de abelha. Assim, pode-se Vantagens da união de produtores:
tirar melhor proveito da capacidade que ela
possui de produzir mel e outros produtos. • Maior possibilidade de conseguir
treinamento em programas de capa-
As abelhas possuem o corpo dividido citação.
em três partes: cabeça, tórax e abdome.
• Divisão do capital necessário.
• Compra de materiais e equipamen-
tos em conjunto a preços melhores.
• Venda da produção com maior volu-
me, com uma marca comercial e em
embalagens que estimulem os con-
sumidores a comprar o produto com
maior poder de negociação.
Além disso, com a associação, os pro-

Rego Lopes – adaptada de Snodgrass (1956)


dutores podem organizar mutirões quando
necessário e operar uma casa do mel em

Ilustração: Eduardo Aguiar Bezerra e Maria Teresa do


comunidade.
Divisão do corpo da abelha africanizada.
Cada família participante da associa-
ção pode cuidar de um certo número de col-
O vePeno das méias. Pode-se, por exemplo, começar com
abelhas
O veneno da abelha, chamado apitoxi- umas 10 colméias e aumentar esse número
na, fica numa bolsa ligada ao ferrão. Depois à medida que houver condições.

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A apicultura como da ferroada, o ferrão fica preso à vítima, e o
veneno continua sendo injetado.
atividade comunitária
O ferrão deve ser retirado da vítima o
e associativa mais rápido possível, raspando o local com
uma faca ou canivete. Nunca se deve tentar
Nas pequenas comunidades, a apicul-
tura pode produzir uma boa renda, mas para tirar o ferrão com os dedos, pois, nesse
essa atividade funcionar bem e ser lucrativa, caso, há o risco de injetar o resto do veneno.
ela deve ser feita segundo as técnicas reco- A tolerância das pessoas à dose do
mendadas. O apicultor e os interessados veneno varia bastante. Há casos de pessoas
devem procurar se capacitar, participando que receberam mais de 100 ferroadas e não
de cursos, feiras, seminários e por meio de apresentaram sintomas graves. Entretanto,
leitura de material informativo. Além disso,
pessoas muito alérgicas podem até morrer
são necessários investimentos para iniciar
com uma única ferroada, se não socorridas
a atividade, para a compra do material e
equipamentos. Por isso, a união de produtores a tempo.
por meio de uma associação ou cooperativa
é a mais recomendada, pela divisão dos Organizaçaaão social
investimentos necessários, principalmente
para a estruturação da casa do mel e compra
e desenvolvimento das
de equipamentos, conforme as exigências abelhas africanizadas
da legislação. Existem vários programas de
financiamento que podem ajudar nessa As abelhas, da mesma forma que as
etapa. formigas e as vespas são consideradas inse-

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tos sociais, ou seja, vivem em comunidade e
dividem as tarefas para a sobrevivência da
colônia. Elas vivem em enxames que podem
estar localizados dentro de ocos de árvores,
pendurados em galhos, em buracos no chão
ou em pedras, cupinzeiros ou ainda insta-
lados nos telhados de residências.
Na criação comercial de abelhas, o
Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo

costume é recolher os enxames e alojá-los


em caixas apropriadas chamadas colméias.

Os produtos das abelhas


Os principais produtos das abelhas são:
• Mel. Decantadores.

• Cera.
• PrRpolis. Analise, pense e decida: a criação de
abelhas pode ser um bom negócio
• Pólen apícola.
Como mostrado, para ganhar com o mel e
• GelHia real. seus subprodutos é preciso fazer a coisa certa
e, portanto, obter produtividade e qualidade.
• Apitoxina.

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Mel

Camargo
O mel H um alimento natural de grande
valor. Contém açúcares, água, sais minerais,
pequenas quantidades de vitaminas e
outros nutrientes.
É produzido pelas abelhas que colhem

Fotos: Ricardo Costa Rodrigues de


Utensílios utilizados na extração do mel: (a) peneira e (b) balde. e transformam o néctar, um líquido açuca-
rado encontrado nas flores. Esse líquido,
Decantador – É usado para armazenar após algumas transformações, é depositado
o mel já centrifugado e filtrado. Possui aber-
tura superior, com tampa e orifício, e registro nos alvéolos dos favos, onde o mel ama-
localizado na base. O recomendado é deixar durece, ou seja, fica pronto para o consumo.
o mel “descansar” por um período determi- Nesse ponto, as abelhas tampam os alvé-
nado (de 3 a 4 dias, em média), para que olos com uma fina camada de cera para que
as bolhas produzidas durante o processo o mel fique protegido até que seja usado
de centrifugação e as possíveis sujeiras como alimento.
ainda presentes nele (pedaços de cera e
partes do corpo das abelhas) subam até a A cor, o gosto (sabor), o cheiro (aroma)
superfície. Assim, permite-se que essas e a consistência do mel variam com as flo-
impurezas sejam separadas no momento radas e com o clima, além de outros fatores.
de o mel ser colocado em frascos ou outros
A manipulação do mel pelo apicultor tam-
recipientes, já que ele é retirado pela parte
inferior do decantador. bém pode alterar suas características.

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Cera
A cera produzida pelas abelhas é
usada na construção dos favos e no fecha-
mento dos alvéolos (operculação).
As indústrias de produtos de beleza,
de medicamentos e de velas são as princi-
pais consumidoras de cera, que também é
usada nas tecelagens.

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


PrRpolis
Equipamentos utilizados na extração do mel: (a) mesa
A prRpolis é produzida quando as abe- desoperculadora e (b) centrífuga.
lhas misturam a cera com a resina das
plantas. Essa resina é retirada dos botões de Peneiras – Filtram as sujeiras presentes
flores, das gemas e dos cortes nas cascas. no mel, como pedaços de cera do processo
de desoperculação e centrifugação. O ideal
A própolis é usada pelas abelhas para é que se utilize, para uma filtragem mais
manter a colméia livre de doenças e para completa, uma seqüência de peneiras com
fechar as frestas e a entrada do ninho, o “malhas” de diferentes diâmetros, com o mel
que evita correntes de ar frio durante o passando da mais grossa para a mais fina).
inverno. Atualmente, a própolis é usada Baldes – Utilizado para receber o mel
principalmente pelas indústrias de produtos centrifugado e para o transporte do mel até
de beleza e de remédios. Possui efeitos o decantador.

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cicatrizantes e é considerada um antibiótico
natural.

Pólen apícola
O pólen apícola é retirado das flores e
manipulado pelas abelhas, sendo depois
depositado nos alvéolos. É usado para
alimentar as larvas e abelhas adultas com
até 18 dias de idade.

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


Desoperculação do favo com garfo desoperculador.
Graças a seu alto valor nutritivo, é
sendo passada paralelamente sobre a usado como alimento. É vendido seco, mis-
superfície do quadro. turado com mel, em cápsulas ou tabletes.
Mesa desoperculadora – Fornece su- Geléia real
porte para apoiar os quadros de mel, a tela
e a cuba para recebimento do mel escorrido A geléia real é produzida pelas abelhas
dos opérculos. operárias mais novas (até 15 dias de idade).
Centrífuga – Equipamento que recebe Na colméia, é usada como alimento das
os quadros já desoperculados e retira o mel crias e da rainha. É rica em proteínas, água,
dos alvéolos. O mercado oferece centrífu- açúcares, gorduras e vitaminas. Possui cor
gas com várias capacidades de extração, branco-leitosa e sabor ácido forte.
manuais ou elétricas (com motor e dispositi- A geléia real é produzida por alguns
vos de controle de velocidade de rotação). apicultores para comercialização em estado

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natural, misturada com mel ou mesmo seca natural. Se houver eletricidade, usar lâmpa-
e em tabletes. As indústrias de produtos de das de luz fria, protegidas contra quedas e
beleza e de medicamentos também usam explosões.
esse produto.
Ventilação – O ambiente deve ser
Apitoxina bem ventilado.

Com o uso de técnicas apropriadas, é Equipamentos e utensílios


possível extrair o veneno das abelhas
(apitoxina) e vendê-lo. Entretanto, essa para extração do mel
atividade não é interessante para os peque-
nos produtores. A apitoxina é usada como Os equipamentos e utensílios para a
medicamento no tratamento de doenças extração do mel devem ser de aço inoxidável
reumáticas, mas só pode ser comercializada 304 (específico para produtos alimentícios).
por farmácias e drogarias. Garfo desoperculador – Apresenta
vários filetes pontiagudos, de aço inoxidável,
Organizaçaaão da colmHia e possui cabo de material plástico. Os
opérculos são retirados introduzindo o garfo
Numa colméia, é possível encontrar: paralelamente à superfície do quadro.
• A rainha – Responsável pela repro-
Faca desoperculadora – É uma lâmi-
dução, é a única abelha da colméia
que se acasala com os machos (zan- na de aço inoxidável com cabo plástico,
gões) e pode pôr ovos que geram podendo essa lâmina conter sistema de
fêmeas (operárias e rainhas) e zan- aquecimento. É utilizada para retirar a
gões. camada de cera protetora dos alvéolos,

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Portas – Devem ser de material resis- • Os zangões – Machos da colméia,
tente, não absorvente e de fácil limpeza. cuja única função é se acasalar com
Banheiros – Devem ser instalados em a rainha.
local separado da casa do mel. Se for • As operárias – Realizam todo o tra-
construído na mesma área, o importante é balho da colméia: coletam alimento
que não exista acesso interno nem comu- (néctar e pólen) e água, cuidam das
nicação com as áreas internas. Devem crias e da rainha, limpam a colméia
possuir boa ventilação, sanitários, pias, e defendem o enxame.
recipientes para sabonete líquido, papel-
Na falta da rainha, algumas operárias
toalha absorvente, papel higiênico e depó-
podem pôr ovos, mas desses ovos só nas-
sito de lixo com tampa acionada pelo pé e
cerão zangões.
com saco plástico na parte interna. Devem
conter também cartaz educativo que mostre
a maneira correta de lavar as mãos e utilizar
as dependências. Para evitar a contami-
nação do mel e de seus subprodutos, todo
cuidado é pouco.
Instalações hidráulicas – Deve haver
Fotos: Ricardo Costa
Rodrigues de Camargo

uma caixa d’água coberta e com capacidade


adequada. Não é recomendado o uso de Rainha, operárias e zangões adultos de uma colméia de
caixa d’água de amianto. abelhas africanizadas.

Iluminação e instalações elétricas – As abelhas produzem cera para a


As janelas devem facilitar a iluminação fabricação dos favos. Neles, é realizada a
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postura, as crias se desenvolvem e é arma- Pisos – Devem ser de material não
zenado o alimento – mel e pólen. escorregadio, resistente, impermeável (não
permite infiltrar água) e de fácil limpeza, com
Cada pequena célula do favo é cha-
inclinação adequada para evitar formação
mado alvéolo. Os alvéolos dos zangões são de poças de água.
maiores que os das operárias.
Paredes – Construídas e revestidas
A rainha nasce em uma célula diferen- com material não absorvente, lavável e de
te, chamado realeira, com formato de um cor clara. Devem ser lisas, sem fendas (para
pequeno tubo com a abertura voltada para evitar acúmulo de sujeiras) e com cantos
baixo. Lembra também o formato de um arredondados nos contatos piso–parede e
amendoim. parede–teto, para facilitar a limpeza.
Teto (forro) – Construído de forma a
evitar o acúmulo de sujeiras, pode ser de
laje, madeira ou PVC. Deve-se evitar o uso
de gesso.
Janelas – Devem ser de material re-
sistente, não absorvente e de fácil limpeza.
Devem possuir telas protetoras contra in-
setos, feitas de material resistente e de fácil
limpeza. Além disso, devem possuir um

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


pequeno buraco em forma de cone, para
permitir a saída de abelhas que eventual-
Realeiras contruídas na extremidade do favo. mente entrarem e evitar a entrada de outras.

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As medidas da casa devem obedecer A rainha e os zangões
ao volume da produção. Independente-
mente das medidas, as instalações devem A rainha adulta tem quase o dobro do
acomodar as diversas fases da extração e tamanho de uma operária.
processamento do mel de maneira que o Só há uma rainha em cada colméia.
produto entre de um lado da casa e passe Quando nasce a primeira rainha, ela destrói
de uma fase para outra, até sair embalado as outras realeiras. Se nascerem duas ou
do outro lado, sem necessidade de retornos. mais rainhas ao mesmo tempo, elas brigam
Se possível, devem-se localizar pias entre si até uma delas morrer.
com torneiras ao longo da linha de produ- Uma rainha nova começa a pôr ovos
ção. Isso facilita a limpeza de embalagens depois de acasalar-se com zangões. O aca-
e das mãos de quem faz a extração e o salamento ocorre cerca de 13 dias após o
processamento. Entretanto, não se deve nascimento da rainha, em pleno vôo, a uma
utilizar água em demasia durante a extração altura de 10 a 20 metros do chão. A rainha
do mel, pois isso pode aumentar a umidade pode se acasalar com 8 ou até 20 zangões.
do local e fazer o mel absorver água, o que
não é bom. Dos ovos da rainha podem nascer
tanto machos (zangões) quanto fêmeas
Características (operárias e rainhas). A rainha pode viver
gerais da construção até 3 anos, dependendo de uma série de
fatores, mas sua postura é maior no primeiro
Toda a construção deve apresentar ano de vida. Quanto maior a postura, maior
características que facilitem a limpeza do a produção de mel da colônia. Por isso,
local e evite a contaminação do ambiente. recomenda-se trocar a rainha todo ano.
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A rainha está sempre acompanhada • Área de manipulação (desoper-
por um grupo de 5 a 10 operárias, encarre- culação, extração e filtração).
gadas de alimentá-la e cuidar de sua limpeza.
• Área de processamento do mel (pode
A rainha recebe, durante toda sua vida, ser subdividida conforme a etapa de
um alimento chamado geléia real. processamento).
Os zangões são os indivíduos machos • Área de envase.
da colônia, cuja única função é acasalar com
• Local de armazenagem do produto
final.
• Banheiro em área isolada (externa
ao prédio), sem contato direto com
a área de manipulação.
A construção deve obedecer às normas
sanitárias do Ministério da Agricultura, Pe-
cuária e Abastecimento (Mapa), portaria
nº 006/986.

Projeto da casa do mel

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


Quando o terreno é inclinado, pode-
se construir a casa em dois níveis, o que
dispensa bombas para levar o mel de uma
Alvéolos de zangão e operária. etapa (extração) para outra (decantação).

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a rainha durante o vôo nupcial. As larvas
dos zangões são criadas em alvéolos
maiores que os das larvas de operárias. O
zangão morre logo após a fecundação, mas,
se ele não se acasalar com nenhuma rainha,
pode viver por até 80 dias.

Desenvolvimento
das abelhas
Durante sua vida, as abelhas passam
por quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto.
O ovo das abelhas, de cor branca,
lembra um pequeno grão de arroz e é colo-
cado “em pé”, no fundo do alvéolo. Três dias
depois da postura, ocorre o nascimento da
larva, que é branca e fica no fundo do al-
véolo com o corpo curvado, em forma de “C”.
No final da fase larval, o alvéolo é fe-
chado com um tampão de cera, o opérculo.
Assim, diz-se que o alvéolo está operculado,
Planta baixa de uma casa do mel.
ou seja, tampado com cera. A fase seguinte
é a fase de pupa.

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Na fase de pupa, é possível distinguir melgueiras que já se encontram nele. A
cabeça, tórax e abdome, com distinção de carga deve ser bem amarrada, e o veículo
olhos, pernas, asas, antenas e partes da deve ser conduzido devagar e sem sola-
boca. vancos. Todo cuidado deve ser tomado para
evitar o deslocamento das melgueiras.
O tempo de desenvolvimento, do ovo
até a fase adulta, é de 19 dias para as
Extração e beneficiamento
operárias; 16 para as rainhas; e 24 para os
zangões. do mel – Instalações
Para garantir ao consumidor a quali-
Fases do ciclo de desenvol-
dade final de qualquer produto alimentício,
vimento das abelhas. é necessário que ele seja manipulado de
forma higiênica e segura, em ambiente (ins-
talações) adequado, de preferência na casa
do mel ou no entreposto do mel, quando for
o caso.

A casa do mel

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


A casa do mel deve apresentar constru-
ção e disposição simples, com as seguintes
Os favos divisões internas:
O ninho das abelhas é formado pelos • Recepção do material do campo
favos, que são formados por pequenas (melgueiras).

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células com seis lados, chamadas alvéolos.
Os alvéolos têm uma pequena inclinação
para cima, para evitar que a larva e o mel
escorram, e são construídos em dois tama-
nhos. Nos maiores, a rainha põe ovos de
zangão; os menores podem ser usados para
a criação de operárias e para armazenar o
mel e o pólen.
Quando o mel está maduro, as abelhas

Fotos: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


fecham os alvéolos com uma fina camada
de cera chamada de opérculo.
Detalhe do transporte das melgueiras, do campo até a casa As crias geralmente estão localizadas
do mel.
nas partes centrais da colméia, de forma a
veículo que transportará as melgueiras deve facilitar o controle da temperatura pelas
ser estacionado na sombra. operárias. O centro dos favos é normalmente
ocupado pelas crias, sendo os cantos infe-
Para a acomodação da carga, pode- riores e superiores usados para estocagem
se usar uma tampa de colméia colocada de alimento, pois isso facilita o trabalho das
sobre a lona, para servir de base para o abelhas responsáveis pela alimentação das
empilhamento das melgueiras, e uma tampa larvas.
em cima da pilha.
Até o terceiro dia de vida, as larvas de
Enquanto outras melgueiras são trazi- operárias são alimentadas com um produto
das para o veículo, devem-se cobrir as chamado geléia de operária. Após esse

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período, passam a receber uma mistura de Cuidados com o
geléia de operária, mel e pólen. veículo e no transporte
A comunicação O veículo a ser usado no transporte
das melgueiras até a casa de mel precisa
das abelhas ser higienizado (limpado) um dia antes. Não
utilizar veículo que transportou animais ou
Entre as abelhas, a comunicação pode materiais que possam ter deixado sujeira
ser feita por meio de sons, substâncias
ou mau cheiro (bodes, porcos, cama de fran-
químicas, tato, danças ou estímulos eletro-
go, venenos, herbicida, adubo, esterco, etc.).
magnéticos.
A dança é um importante meio de Para evitar o contato das melgueiras
comunicação. Por meio dela, as operárias diretamente com o piso onde elas serão
podem informar a distância e a localização colocadas, ele deve estar revestido com
exata de uma fonte de alimento, um novo material limpo (lona plástica, por exemplo).
local para instalação do enxame, a neces- No transporte, para evitar a contami-
sidade de ajuda em sua higiene. Podem, nação do mel por poeira, terra, fumaça do
além disso, impedir que a rainha destrua veículo e outras impurezas, devem-se usar
realeiras e, com isso, estimular a enxame- lonas por baixo e por cima das melgueiras.
ação. As lonas evitam também o saque do mel
pelas abelhas.
Controle da temperatura Não se esqueça de que as melgueiras
A área de cria da colméia é mantida não devem ficar expostas ao sol, pois isso
entre 34 °C e 35 °C. Temperaturas mais prejudica a qualidade do mel. Portanto, o

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de mel serão depositados. Tampar essa altas ou mais baixas podem provocar o
melgueira para isolar os quadros de mel das aumento da mortalidade das crias ou causar
abelhas. defeitos físicos nas asas ou noutras partes
do corpo das abelhas recém-nascidas.
As próprias abelhas percebem quando
a temperatura e a umidade da colméia não
estão normais. Se precisam aquecer as col-
méias, as abelhas começam a abanar as
asas com movimentos rápidos e espalham
gotas de água pelos favos.
Para aumentar a temperatura do interior
do ninho em períodos frios, as abelhas se

Fotos: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


aglomeram em cachos e vibram o corpo,
gerando calor.

O apiário
Coleta do mel no campo, passo a passo.
Apiário é o nome do local onde serão
As melgueiras devem ser levadas até instaladas as colméias para a criação racio-
o veículo em padiolas, por 2 pessoas, ou nal de abelhas.
em carriolas (carrinhos de mão), e não se As colméias ou caixas de abelhas têm
deve esquecer que todo o material utilizado um formato padrão, com peças separadas,
precisa estar completamente limpo. e podem ser compradas prontas ou podem

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ser fabricadas pelo produtor. Neste último Transporte das melgueiras
caso, devem ser seguidas as medidas reco-
mendadas para cada peça. Na verdade, não durante a coleta
é muito recomendado que os apicultores fa-
çam suas colméias, pois elas exigem muitos A coleta de mel é muito cansativa, pois
detalhes. as melgueiras cheias de mel são muito
pesadas. Cuidados nessa operação e o uso
de equipamentos de transporte exclusivos
para melgueiras não só protegem a saúde
dos trabalhadores (evitam problemas de
coluna, por exemplo), como também evitam
a contaminação do mel.
As melgueiras não devem ser coloca-
das no chão, pois, além de essa prática
provocar problemas de coluna no apicultor,

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


o risco de contaminação do mel por poeira,
terra e restos de plantas pode comprometer
sua qualidade. Recomenda-se o uso de um
Colméia padrão vista de frente.
suporte (ninho vazio ou cavalete) com uma
base que pode ser uma tampa nova de
Flora apícola
colméia, suporte esse que deve colocado
O apiário deve ser instalado em local ao lado da caixa. Por cima da base é colo-
onde haja plantas que produzam flores cada uma melgueira vazia onde os quadros

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Não se deve retirar quadros que apre- apreciadas pelas abelhas como fonte de
sentem: alimento (néctar e pólen).
• Crias em qualquer fase de desen- O conjunto de plantas que fornecem
volvimento. néctar e pólen para as abelhas é chamado
• Grande quantidade de pólen. de flora apícola ou pasto apícola.
• Mel ainda não maduro (mel verde) – O pasto apícola pode ser natural, ou
com alto teor de umidade –, ou seja, seja, formado por plantas nativas, ou por
em alvéolos não tapados. culturas agrícolas e reflorestamentos. É
importante que o pasto apícola seja formado
Por conter muita água, o “mel verde”
por plantas de várias espécies e que flores-
fermentará, e o mel fermentado, por não ser
çam em diferentes épocas do ano.
bom para o consumo, é rejeitado pelos
compradores. Quanto mais próximas estiverem as
colméias do pasto apícola, mais viagens
serão feitas por dia e com menor desgaste

Camargo
das abelhas, o que resultará em maior pro-
dução.

Localização do apiário
O apiário deve ser instalado em local

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de


apropriado. Além da proximidade do pasto
apícola, deve apresentar outras qualidades
Escolha dos quadros de mel adequados para coleta. importantes.

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Acesso Uso da fumaça
É importante que o veículo de trans- O mel absorve o cheiro da fumaça,
porte possa chegar até as colméias em mesmo estando fechado nos favos (oper-
qualquer época do ano. culado). Por isso, o apicultor deve usar a
fumaça com cuidado.
Tipo de terreno
• Não queimar, no fumigador, esterco,
O local do apiário deve ser terreno plástico, madeira pintada ou com
plano e limpo. manchas de óleo, por exemplo.
• Não colocar a fumaça diretamente
Proteção contra ventos sobre os favos, mas apenas por cima
Devem ser evitados os topos de morros dos quadros, para facilitar sua retirada.
ou locais descampados, pois são muito cas- • Aplicar fumaça fria, limpa e livre de
tigados pelos ventos. Nessa situação, o maior fuligem.
esforço exigido das abelhas acaba por
diminuir a produção. Seleção dos quadros
Segurança Durante a coleta do mel, deve-se
observar cada quadro e retirar apenas os
Para evitar que as abelhas ataquem que estiverem com, no mínimo, 90 % de
pessoas ou animais, é preciso que o apiário alvéolos tapados (operculados com fina
fique distante pelo menos 400 metros de camada protetora de cera), o que indica que
currais, casas, escolas, estradas movimen- o mel está “maduro”, ou seja, tem baixo teor
tadas e outras construções. de umidade.
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a qualidade do produto, a coleta do mel deve Fontes de contaminação
ser cuidadosa para se obter um mel de boa
Para não contaminar os produtos apí-
qualidade.
colas, o apiário deve ficar, no mínimo, a três
quilômetros de depósitos de lixo, aterros
Vestimentas
sanitários, matadouros, engenhos, fábricas
Na coleta do mel, o apicultor deve usar de doces e de refrigerantes e outras fontes
as vestimentas próprias para o manejo poluidoras.
apícola (macacão, máscara e botas), tudo
bem limpo. Identificação do apiário

O ideal é que exista um uniforme para Para alertar as pessoas sobre o risco
a coleta do mel e outro para as demais de se aproximarem das abelhas, aconselha-
atividades no apiário (revisão, limpeza do se a colocação de placas de aviso próximas
terreno, etc.). ao apiário.

Água
Clima
As abelhas não ficam onde não existe
A coleta do mel deve ser feita em dias água. O apiário deve ficar entre 20 e 500
ensolarados, a partir das 9 horas da manhã metros de uma fonte de água limpa e que
e até as 4 da tarde. seja suficiente para o número de colméias
Depois de coletadas, as melgueiras instaladas.
não devem ficar ao sol por muito tempo, pois A fonte de água pode ser um rio, um
isso afeta a qualidade do mel, prejudicando açude, uma nascente ou mesmo um bebe-
sua comercialização. douro para abelhas, feito pelo produtor.
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Nesse caso, deve-se saber que cada colméia Uma desvantagem do alimentador de
pode consumir até 20 litros de água por cobertura é a grande quantidade de abelhas
semana e que, para evitar problemas com que morrem afogadas no alimento. Os mo-
os enxames, o bebedouro deve ser mantido delos com ranhuras na madeira próxima à
limpo. abertura devem ser preferidos, pois essas
ranhuras facilitam o retorno das abelhas
Sombreamento
para a colméia e evitam que muitas morram
Calor demais prejudica a qualidade do afogadas.
mel e o desenvolvimento das crias. O apiário
deve ser instalado na sombra, embaixo de Alimentador Doolitle ou
árvores ou de uma cobertura adequada. de cocho interno

Instalação Do tamanho de um quadro de ninho


ou melgueira, esse alimentador é usado
As colméias devem ser instaladas dentro da colméia, em substituição a um dos
sobre cavaletes individuais de 50 centíme- quadros. Para evitar que as abelhas morram
tros de altura, levemente inclinados para afogadas no alimento líquido, esse modelo
que a frente da colméia fique mais baixa, o deve ter a parte interna rugosa para que as
que evita que a água da chuva entre e se abelhas possam subir e sair do alimentador.
acumule nas caixas.

Formigas e cupins Coleta do mel


Para evitar o ataque de formigas e Momento tão esperado pelo apicultor,
cupins, aconselha-se colocar pequenos que deve tomar todo o cuidado para garantir
29 88
acesso das abelhas ao alimento. No mer- potes com óleo queimado, ou graxa, nos
cado, encontra-se esse modelo todo em pés dos cavaletes.
madeira ou revestido com chapa de alumí-
Posição das colméias
nio. Fornece alimento líquido, sólido ou
pastoso. Entretanto, quando não revestido Para que as abelhas comecem seu
de alumínio, só pode fornecer alimentos trabalho mais cedo, a entrada das colméias
líquidos depois de um banho de cera nas (alvado) deve ser voltada para o nascente.
emendas, cuja finalidade é evitar vaza- Deve-se prestar atenção na “linha de vôo”
mentos. das abelhas para evitar obstáculos em
frente ao alvado (porta de entrada e saída
das abelhas).
As colméias devem ser colocadas a
dois metros uma da outra, em fila, em círculo
ou em meia-lua. Não se esqueça de que o
veículo precisa chegar próximo das col-
méias para transportar o mel ou as próprias

Foto: José Maria Vieira Neto


colméias, no caso da “apicultura migratória”,
discutido adiante.

Tipos de apiário

Apiário fixo
No apiário fixo, as colméias ficam no
Colméia com alimentador de cobertura.
mesmo local durante todo o ano, e as abe-
87 30
lhas exploram as flores presentes na área suporte de madeira, parcialmente introdu-
em volta (máximo de três quilômetros). zido no alvado da colméia. É um modelo
Para maior segurança das pessoas e muito prático, pois deixa o alimento exposto
dos animais, o apiário deve ser cercado. do lado de fora (não é necessário abrir a
colméia para o abastecimento). Pode, con-
tudo, incentivar o saque.

Foto: José Maria Vieira Neto

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


Colméias instaladas em apiário fixo.
Colméia com alimentador de Boardman.

Apiário migratório
Alimentador de
Num apiário migratório, as colméias cobertura ou bandeja
são transportadas para locais com boa
florada em determinada época do ano, Consiste de uma bandeja colocada logo
muitas vezes a grandes distâncias. O local abaixo da tampa da colméia, com abertura
onde as colméias são instaladas deve ter central em forma de fenda, que permite o

31 86
Os alimentadores coletivos devem ser as mesmas características daquele para o
instalados a cerca de 50 metros do apiário apiário fixo, e os cuidados são os mesmos.
e a meio metro do chão. É importante colo-
As colméias devem ser instaladas
car uma proteção em cada pé do suporte,
sobre cavaletes. Colocá-las sobre tijolos ou
para evitar formigas e outros animais. A
caibros é uma alternativa para que a madei-
proteção pode ser uma latinha com óleo ou
ra das caixas não fique em contato com o
uma garrafa pet cortada e virada de cabeça chão. No entanto, isso não evita a entrada
para baixo, como um funil. de formigas e de outros inimigos naturais
Para evitar o afogamento das abelhas, das abelhas, como sapos e lagartixas. O
deve-se colocar pedaços de pau ou de ideal é utilizar cavaletes com protetores que
isopor, flutuando (boiando) no xarope. evitam a subida de formigas e de outros
inimigos naturais.
Os alimentadores individuais podem
ser comprados nas lojas especializadas, em
diversos modelos, ou podem ser fabricados
pelo próprio produtor. Deve-se preferir os
que fornecem o alimento dentro da colméia,
pois reduzem o saque.

Alimentador de Boardman
Instalado na entrada da colméia, é
Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo

utilizado apenas para alimentos líquidos.


Consiste de um vidro emborcado sobre um Colméias com cavaletes dobráveis em apiário migratório.

85 32
Equipamentos e individuais quanto em alimentadores coletivos.
Cada modelo tem vantagens e desvantagens,
produtos necessários e deve-se escolher o tipo mais adequado à
condição do apiário.
na criação de abelhas
O alimentador coletivo é uma espécie
Para o preparo e manejo das colméias, de cocho que deve ser colocado próximo
o apicultor necessita de alguns equipa- às colméias, para fornecer alimento a todos
mentos e produtos. os enxames. É um modelo que exige pou-
cos cuidados, sendo recomendado para
Martelo e alicate apiários com grande quantidade de colméias.
Feramentas utilizadas para consertar Apesar de mais prático, o alimentador cole-
caixas e para a colocação do arame nos tivo apresenta as seguintes desvantagens:
quadros. • Pode alimentar também outros enxa-
mes, além de pássaros, formigas,

Camargo
pequenos animais, etc.
• Incentiva o saque de mel nas colméias.
• Pode ser uma fonte de disseminação
de doenças.
• Os enxames fracos, justamente eles,

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de


ficam prejudicados, já que as abe-
Apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das lhas das colônias fortes consomem
colméias: (a) martelo de marceneiro, (b) alicate, (c) arame,
(d) esticador de arame, (e) quadro de melgueira. mais alimento do que as fracas.

33 84
Para preparar o pó, deve-se deixar as Arame
folhas, as vagens ou os frutos secarem à
sombra e depois triturá-los em forrageira, Usado para sustentar a placa de cera
pilão ou liquidificador. É importante que tudo no quadro. Não pode ser muito grosso, para
fique bem moído, como farinha de trigo ou não dificultar a fixação da cera. O arame
goma de mandioca. ideal é o de aço inoxidável nº 22 ou nº 24,
que não enferruja e possui boa durabilidade.
Todos esses pós devem ser mistura-
dos com xarope, xarope invertido ou com Esticador de arame
mel, formando uma pasta mole. A consistência
da pasta é importante, pois se ela ficar muito Suporte de metal ou madeira onde se
dura, as abelhas não conseguem recolher coloca o quadro para esticar o arame, o esti-
o alimento; se ficar muito mole e pegajosa, cador serve para fechar um pouco o quadro
as abelhas morrem grudadas nela. nas laterais durante a colocação do arame.
Com seu uso, o arame fica bem esticado
Por isso, ao preparar o alimento, deve- quando se retira o quadro.
se acrescentar o xarope ou o mel aos pou-
cos, misturando bem os ingredientes, até Cera alveolada
atingir a consistência desejada. Se passar
do ponto e a pasta ficar muito mole, basta Cera de abelha preparada na forma
colocar um pouco mais do pó. de lâminas, com a marcação do início dos
alvéolos, para facilitar o trabalho das abe-
Como fornecer o alimento lhas na produção dos favos. Essa cera em
lâminas pode ser comprada ou fabricada
A alimentação artificial pode ser ofere- pelo apicultor, caso ele possua os equipa-
cida às abelhas tanto em alimentadores mentos apropriados.

83 34
Carretilha de apicultor Receita 2
É uma peça que serve para fixar a cera Ingredientes – 7 partes de farelo de
no arame. trigo, 3 partes de farelo de soja e 15 partes
de mel.
Modo de fazer – Misturar os farelos e
acrescentar o mel. Deixar em repouso por
1 semana em local limpo e, se possível,

Foto: Ricardo Costa


refrigerado. Fornecer 200 g do alimento,

Rodrigues de Camargo
Carretilha de apicultor.
2 vezes por semana.
Incrustador elétrico de cera No lugar do mel, pode-se usar xarope
ou açúcar invertido, mas o mel é mais atra-
É um aparelho elétrico usado para tivo para as abelhas. Além disso, os farelos
esquentar o arame do quadro, para que a devem estar muito bem moídos, pois as
cera fique colada ao arame. abelhas não conseguem pegar o farelo
grosso.

Camargo
Ingredientes utilizados
Incrustador elé-
trico de cera. com os xaropes
Existem fontes naturais de proteínas,
como, por exemplo, jatobá, vagem de pau-

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de


ferro ou juá, pó de folhas de feijão, abóbora,
mandioca e leucena.

35 82
algaroba, que é fonte tanto de energia Limpador de canaleta
quanto de proteína.
Instrumento de metal com uma curva
Para produzir esse xarope, deve-se na ponta e que serve para raspar a cera
levar ao fogo 1 quilo de vagem de algaroba velha dos quadros, antes de colocar cera
triturada, misturado com 2 litros de água. A nova. Essa raspagem pode ser feita com
mistura deve ser fervida até se transformar canivete, faca e similares.
em xarope, que deve ser fornecido no
mesmo dia para as abelhas, pois assim elas Fumigador
se alimentam antes de ocorrer a fermenta- Equipamento indispensável no traba-
ção do produto. lho com as abelhas. É usado para produzir
Seguem 2 receitas que substituem, ao
mesmo tempo, o mel e o pólen:

Receita 1
Ingredientes – 3 partes de farelo de
soja, 1 parte de farinha de milho e 6 partes
de mel.
Modo de fazer – Misturar bem o farelo
Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo

com a farinha e adicionar o mel devagar,


até formar uma pasta mole. Fornecer 200 g Partes do fumigador: (a) tampa, (b) fole, (c) fornalha,
do alimento, 2 vezes por semana. (d) grelha, (e) bico de pato.

81 36
fumaça, que é de grande importância para e o que não for consumido pelas abelhas
a segurança do apicultor durante o manejo em até 24 horas deve ser recolhido e elimina-
das colméias. O fumigador é formado por do, para que as abelhas não se alimentem
um depósito com fundo e tampa e uma gre- de xarope estragado.
lha interna com a serragem a ser queimada.
Num dos lados do fumigador, um fole sopra Xarope invertido
o ar e no outro está a saída de fumaça.
Outro alimento recomendado e bastante
usado é o açúcar invertido, que é o xarope
com ácido tartárico ou ácido cítrico.
Para reduzir os custos, o apicultor pode
fazer o xarope com água e açúcar em quan-
tidades iguais. Adiciona-se 1 colher (chá)
de ácido tartárico para cada 8 litros de
xarope, logo depois que a mistura ferver e
o fogo for desligado. A vantagem desse

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


alimento é que o ácido não deixa o xarope
Fumigador montado. se estragar, e, portanto, este pode ser
deixado nas colméias por mais de 24 horas.
Formão de apicultor
Xarope de algaroba
Serve para abrir a colméia (desgru-
dando a tampa), para retirar os quadros e Um bom alimento para as abelhas
para a raspagem da colméia e dos quadros. pode ser preparado com a vagem de

37 80
se ficar atento: sempre que houver menos
de 2 quadros de mel na colônia, é necessá-
rio fornecer alimento a ela.
Pode-se adaptar a alimentação de
acordo com os alimentos que existem perto
do apiário. Os alimentos mais usados para

Foto: José Maria Vierira Neto


substituir o mel são: xarope de água e
açúcar, xarope invertido, caldo de cana-de-
açúcar e rapadura. Formão de apicultor.

Xarope de açúcar Vassoura ou espanador apícola

Ingredientes – Água e açúcar em Tipo de vassoura de mão, usada para


quantidades iguais. retirar as abelhas dos favos ou de outros
locais, sem machucá-las. Deve ser de mate-
Modo de fazer – Colocar a água no rial sintético e de cores claras. As vassouras
fogo e adicionar o açúcar logo que levantar feitas de fibras de plantas ou pêlos de ani-
fervura. Mexer até o açúcar se dissolver por mais têm cheiro forte e irritam as abelhas.
completo. Desligar o fogo e deixar esfriar.
Misturar a solução antes de colocá-la nas Vestimentas
colméias.
Para trabalhar com abelhas, o produ-
O xarope, fornecido 1 ou 2 vezes por tor precisa vestir a roupa especial, formada
semana, na quantidade de 500 mL (meio por macacão (ou calça e jaleco), máscara,
litro), deve ser feito no dia em que for usado, luvas e botas.
79 38
Macacão do néctar, e de pólen (minúsculos grãos
também encontrados nas flores).
Deve ser de cor clara (cores escuras
podem irritar as abelhas), feito de brim Nas épocas do ano em que faltam flores,
(grosso) ou de materiais sintéticos (náilon, o apicultor deve fornecer outros alimentos
poliéster, etc.). Pode ser inteiro ou com duas para as abelhas, como caldo de sumo de
peças (calça e jaleco), com elásticos nas caju, xarope de açúcar, feno da folha de
pernas e braços. A máscara pode fazer parte mandioca, vagem de algaroba e farelo de
do macacão ou ser uma peça separada. Os soja. Caso contrário, os enxames se enfra-
modelos com máscara separada precisam quecem e abandonam as colméias.
de chapéu, geralmente de palha. Para evitar Quando os enxames estão enfra-
contato com a pele do apicultor, o macacão quecidos, as abelhas ficam doentes, e as
deve ser folgado. colméias são atacadas por traças e formi-
gas, por exemplo.
Luvas
O resultado é uma queda na produção
Podem ser feitas de diversos mate- de mel durante a próxima safra, e os prejuí-
riais. Couro, napa e borracha, por exemplo, zos para o apicultor são certos.
são materiais que garantem a segurança
Por isso, para evitar que os enxames
exigida no trabalho com as abelhas.
sofram com a falta de alimento no campo,
Botas deve-se fazer revisões periódicas nas col-
méias e socorrer as abelhas. O néctar e o
São recomendadas botas de borracha, pólen, dependendo da região, podem faltar
de cor clara e de cano alto. em épocas secas, chuvosas ou frias. Deve-

39 78
Foto: José Maria Vieira Neto
Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo
Quadro com postura nova da rainha (ovos).

A alimentação das
colméias Vestimenta apícola completa.

Como nós, as abelhas precisam consu- As colméias


mir água e alimentos para sobreviver.
São vários os modelos de colméia,
Necessitam principalmente de alimentos
mas o apicultor deve usar apenas um deles
que forneçam energia e proteínas, mas
no apiário. A colméia ideal é dividida em
também precisam de vitaminas, sais mine-
tampa, sobrecaixa (melgueira ou sobre-
rais e gorduras.
ninho), ninho, fundo e quadros (caixilhos).
As abelhas se alimentam de néctar As medidas das peças devem ser as
(líquido açucarado encontrado nas flores), mesmas em todas as colméias, e a colméia
de mel, que elas mesmas fabricam a partir mais indicada é o modelo Langstroth.
77 40
A confecção das colméias requer que • Verificar se a rainha está fecundada.
sejam respeitadas rigorosamente todas as Se ela for virgem, é necessário ob-
medidas e detalhes, para que não ocorram servar se existem zangões no apiário.
problemas durante o manejo e a extração
• Destruir as realeiras existentes na
do mel. Assim, não se recomenda incentivar
colméia antes da introdução da nova
o apicultor a produzir suas colméias, pois nem
rainha.
sempre o resultado é favorável à produção.
• Realizar a introdução das rainhas
Abertura para entrada e saída apenas em dias claros, sem chuva
das abelhas: alvado.
ou ventos fortes e, de preferência,
pela manhã.
• Usar gaiolas apropriadas (muitos
tipos são encontrados no mercado).
• Retirar (eliminar) a rainha velha 24
horas antes da introdução da nova
rainha, de preferência.
Atenção!
Uma semana após introduzir a nova
rainha, fazer uma revisão na colméia para
verificar se ela foi aceita. A existência de
Partes da colméia: (a) tampa, realeiras ou a não-existência de ovos são
(b) melgueira, (c) ninho, (d) fundo.
sinais de que a nova rainha não foi aceita.

Fotos: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


41 76
Caixas danificadas, com furos ou que
não fecham direito também devem ser
substituídas.

Substituição de rainhas
A rainha deve ser trocada, de preferên-
cia a cada ano, e o apicultor pode fazer isso
de duas formas:
Colméia aberta mostrando

Foto: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo


• Comprando rainhas de produtores a disposição dos quadros
conhecidos (de preferência de sua dentro do ninho.
região). Para evitar rainhas irmãs no
apiário, recomenda-se comprá-las As colméias devem ser construídas
de fornecedores diversos. com madeiras de boa qualidade (cedro,
aroeira, pau-d’arco, etc.) e bem secas, pois,
• Ele próprio produzindo as rainhas.
assim, haverá a garantia de caixas resisten-
Nesse caso, treinamento especia-
tes e livres de deformações. A espessura
lizado é fundamental para o sucesso
da tábua pode variar, mas deve-se respeitar
no manejo.
as medidas internas das colméias e exter-
nas dos quadros.
Cuidados na
substituição de rainhas O produtor decide se, acima do ninho,
usará a melgueira ou o sobreninho. A mel-
Na substituição das rainhas, recomen- gueira e o sobreninho são colocados acima
da-se: do ninho para o armazenamento do mel
75 42
colhido pelo apicultor. Por ser menor que o • Utilizar cavaletes individuais.
sobreninho, a melgueira facilita o trabalho
durante a coleta do mel. O apicultor poderá Troca de quadros e caixas
acrescentar uma, duas ou mais melgueiras
à colméia, dependendo do volume de pro- Durante as revisões, o apicultor deve
dução. Pode optar também pelo sobreninho, marcar e trocar os quadros que possuam
que armazena maior quantidade de mel que arames partidos ou peças quebradas e que
uma melgueira. Não se pode equecer que estejam com cera velha, principalmente
o peso do sobreninho cheio de mel é bem aqueles já naturalmente rejeitados pelas
maior que o da melgueira, e isso dificulta o abelhas.
transporte até a casa do mel. Se os favos velhos ou danificados esti-
As caixas podem ser compradas ou verem com cria, devem ser transferidos para
as laterais da colméia, e ali permanecer até
feitas pelo apicultor e devem ser pintadas
o nascimento das abelhas, para então
(apenas por fora, nunca o interior) com tinta
serem substituídos.
clara e de boa qualidade (látex), o que ajuda
em sua conservação. Esses quadros devem ser substituídos
por quadros com cera alveolada, de boa
Outros instrumentos qualidade, quando se verifica se existe
alimento suficiente para as abelhas conti-
Existem ainda outros instrumentos nuarem a construção dos favos. É bom
usados para facilitar o manejo produtivo na lembrar que a produção de cera depende
entressafra (período em que falta alimento de uma boa quantidade de alimento na
para as abelhas) e para o transporte de colméia: para a produção de 1 quilo de cera,
colméias. são necessários de 6 a 7 quilos de mel.
43 74
nhas. Pela aglomeração e briga no alvado, Tela excluidora de rainha
o enxame roubado é facilmente identificado.
Nele, há grande quantidade de abelhas Armação de madeira e malha de metal
procurando entrar na colméia pela tampa e ou plástico. Colocada entre o ninho e a
outras frestas, e encontram-se operárias sobrecaixa (melgueira ou sobreninho), ela
mortas no chão. evita que a rainha passe para as sobre-
Para evitar a pilhagem, deve-se: caixas e ponha ovos nas áreas utilizadas
para a produção de mel.
• Evitar famílias fracas no apiário e,
enquanto os enxames são forta-
lecidos, usar tela antipilhagem ou
redutor de alvado e não deixar gran-
de quantidade de mel nas colméias.
• Não derramar mel ou alimentos pró- Tela excluidora de
ximo das colméias. rainha com malha
de metal.
• Alimentar as caixas apenas ao
entardecer e, de preferência, com
alimentadores internos.
Fotos: Ricardo Costa Rodrigues de Camargo

• Diminuir o número de colméias.


• Deixar as colméias distantes pelo
menos 3 metros uma da outra. Tela excluidora de
rainha com malha
• Identificar as colméias saqueadoras de plástico.
e trocar a rainha.
73 44
Tela excluidora de alvado Colméias fortes
Tela que se encaixa no alvado (aber- Quando há uma grande quantidade de
tura de entrada e saída das abelha) e evita abelhas fora da colméia, é sinal de que a
a saída da rainha da colméia (enxamea- colônia está muito forte. Falta espaço para
as abelhas e, por isso, a temperatura na
ção).
colméia aumenta. Com o objetivo de dividir
a colônia para resolver o problema, as ope-
Redutor de alvado
rárias produzem uma nova rainha.
Peça de madeira que se encaixa no Para não perder suas abelhas, o apicul-
alvado, diminuindo o espaço livre. O redutor tor deve dividir as colônias fortes, aumen-
pode ser usado em épocas mais frias, para tando o número de colméias do apiário.
facilitar o trabalho das abelhas de manter a Outra forma é adicionar melgueiras às
temperatura do ninho, ou na entressafra, para colméias fortes ou usar seus quadros para
diminuir ou evitar o roubo de alimento por fortalecimento de outras colônias. Seja qual
for a decisão, o importante é não perder
outras abelhas.
abelhas.
Tela de transporte Detalhes sobre a técnica de divisão de
enxames são mostrados mais adiante.
Usada para o transporte da colméia,
essa tela pode ser de dois tipos: tela de Pilhagem
encaixe no alvado e tela colocada no lugar
A pilhagem ou saque é o roubo de mel
da tampa. das colméias por operárias de colônias vizi-
45 72
• Retirar o fundo da colméia sem rainha
e colocá-la em cima do papel.
• Juntar as duas colônias numa única
caixa, 2 ou 3 dias após a união.

Foto: Ricardo Costa


Tela de transporte para

Rodrigues de Camargo
O papel colocado entre as duas caixas substituição da tampa.
separa as colônias e evita brigas entre as
operárias. Estimuladas pelo cheiro de mel, Alimentadores
elas cortam e eliminam o papel, vagarosa-
mente. Servem para a alimentação artificial
das abelhas. Há vários modelos descritos
Como muitas vezes o enfraquecimen- no item A alimentação das colméias.
to da colônia é por causa de rainhas velhas
e cansadas, o melhor é introduzir uma rai-
nha nova, proveniente de um enxame mais
Preparo das colméias
produtivo e forte.
Montagem dos quadros
Na preparação das colméias para a
produção, é necessário montar os quadros
aaaa aa
aaaa colocando o arame e a placa de cera alveo-
aa a a aaaa
lada.
aaaaaaaaa
Colocação do arame
Alguns fabricantes oferecem colméias
Esquema da união de enxames usando o método do papel.
Ilustração: Fábia de Mello Pereira com quadros já prontos (com o arame colo-
71 46
cado). Esse tipo facilita o trabalho do apicultor Também é possível reduzir o espaço
e deve ser o preferido. Caso os quadros não interno da colméia, dividindo-a com
tenham arame, o apicultor deverá colocá- uma peça de madeira, o que facilitará
lo conforme o procedimento a seguir. a manutenção da temperatura dentro
da caixa.
Aramação dos quadros
União de colônias
Material exigido: esticador de arame, Outra forma de reforçar colméias fracas
martelo, alicate e pregos. é obtida pela união de colônias. A técnica
1. Fixar o quadro no esticador de arame. mais usada é a união de com o uso de papel.
É feita com um pouco de mel e duas folhas
O esticador tem a função de pressionar de papel, pouco maiores que a tampa da
as laterais do quadro durante a colocação colméia. O papel deve ser flexível, sem
do arame. impressão, tipo papel de embrulho.
Na união de colônias, deve-se:
• Selecionar, nas colônias a serem uni-
das, uma das rainhas e eliminar a outra.
• Colocar uma folha de papel no lugar
da tampa da colméia que ficou com
a rainha.

Foto: José Maria Vieira Neto


• Derramar um pouco de mel sobre o
papel e colocar outra folha de papel
Fixação do quadro no esticador de arame. por cima.
47 70
• A rainha está muito velha. 2. Fixar um prego pequeno na lateral
• Os enxames são recém-capturados. do quadro, para servir de apoio para a
fixação de uma das pontas do arame. Após
Como fortalecer enxames a fixação do arame, bater o prego por
Existem muitas maneiras de fortalecer completo.
enxames:
• Fornecendo alimentação (explicado
mais adiante).
• Fornecendo favos com crias fecha-
das, retirados de outras colméias
mais fortes. É importante lembrar Foto: José Maria Vieira Neto

que essas crias devem estar na fase


de pupa (alvéolo fechado), pois, se Colocação de prego na lateral do quadro para a
fixação de uma ponta do arame.
forem mais novas, o enxame fraco
não terá condições de alimentá-las
3. Fixada a ponta do arame, ele é
adequadamente. Além disso, essas
passado pelos orifícios, nas laterais do
crias ainda não produzem e precisam
de tempo para se transformar em quadro. Quadros de melgueira possuem
abelhas adultas. dois orifícios em cada lateral, e quadros de
ninho possuem quatro. O ideal é que o
• Reduzindo o espaço de entrada
quadro possua ilhós nesses orifícios, de
(alvado) para evitar a entrada de
abelhas de outros enxames e o rou- preferência de inox, para maior durabilidade
bo do pouco alimento da colméia. da montagem.

69 48
que as abelhas a produzam, colo-
cando na colméia favos com ovos ou
larvas bem pequenas, com até 3 dias
de idade.

Colméias fracas

Foto: José Maria Vieira Neto


Passagem do arame pelos orifícios do quadro. e colméias fortes
4. Após passar o arame pelos orifícios, Para colméias muito fracas (com pou-
fixá-lo novamente com prego na parte cas abelhas) ou muito fortes (com muitas
abelhas), algumas medidas devem ser
inferior da lateral do quadro.
tomadas.

Colméias fracas
As colméias fracas precisam ser forta-
lecidas, pois, além de não produzir nada,
estão mais sujeitas a sofrer ataques de

Foto: José Maria Vieira Neto


pragas e doenças das abelhas. Geralmente,
Colocação de prego para a fixação do arame. as colônias ficam fracas (com poucas abe-
lhas) quando:
5. Após fixar o arame, retirar o estica- • Falta alimento no campo.
dor – liberando as laterais do quadro –, • Ocorre divisão natural de enxames
fazendo o arame ficar bem esticado. (enxameação).

49 68
indicação de que a colméia está
passando fome. Colméias nessa
situação devem ser alimentadas e,
além disso, deve-se reduzir o tama-
nho de sua entrada (alvado).

Foto: José Maria Vieira Neto


• Quando existem realeiras, a rainha
é encontrada e sua postura está Enrolamento da outra ponta do arame no prego da
parte inferior do quadro.
normal (presença de grande número
de ovos, larvas e pupas), é um alerta A colocação do arame pode ser reali-
de que o enxame se prepara para zada apenas com alicate, martelo e pregos.
enxamear. Nesse caso, deve-se Entretanto, quando se utiliza o esticador de
retirar as realeiras e aumentar o arame, o trabalho é feito mais rapidamente,
espaço na colméia, acrescentando e o arame fica mais esticado.
sobrecaixas, ou efetuar a divisão do
enxame. Colocação da cera
• Quando a colméia está sem rainha e alveolada nos quadros
sem realeiras, com um zumbido forte O uso da placa de cera alveolada é
das operárias, isso indica que a
indispensável na apicultura racional, pois
rainha morreu e que a colméia não
facilita o trabalho das abelhas e tem como
tem condições de produzir uma nova
resultado o aumento da produção.
rainha, por falta de crias jovens.
Nesse caso, deve-se introduzir uma Para a fixação da placa de cera no
rainha ou fornecer condições para quadro, seguir os passos abaixo:

67 50
1. Acertar a extremidade da placa de • Se as áreas de cria têm falhas. A
cera, deixando-a bem reta, para o perfeito presença delas pode ser sinal de
encaixe no quadro. doenças. Quadros com uma espécie
de “teia” e danificados podem indicar
a existência de traças. É importante
observar também se existem sapos,
lagartixas ou outros animais nas
proximidades das colméias.
• Se são boas as condições gerais dos

Foto: José Maria Vieira Neto


quadros. Laterais, fundos, tampas e
Corte da extremidade da placa para facilitar o
suportes estragados devem ser
encaixe perfeito no quadro. substituídos.
2. Passar a placa por entre os fios de Situações encontradas
arame no quadro, de forma alternada. durante as revisões
e medidas recomendadas
• Quando a colméia tem crias jovens
e também realeiras, isso pode indicar
que a rainha morreu e está sendo
substituída por outra, que nascerá de

Foto: José Maria Vieira Neto


uma das realeiras.
• Quando não há crias nem realeiras,
Passagem da placa entre os fios de arame. mas a rainha está presente, pode ser

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• Se os favos têm mel e pólen, para 3. Encaixar a placa na canaleta da
saber se a colônia tem alimento parte mais larga do quadro. Trabalhar com
suficiente. o quadro sempre com a parte mais larga
• Se existem ovos nas áreas de cria. para baixo.
Quando existem muitas falhas nes-
sas áreas, geralmente a rainha está
velha e fraca.

Foto: José Maria Vieira Neto

Fotos: Ricardo Costa


Encaixe da placa na canaleta do quadro.

Rodrigues de Camargo
Áreas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas (b).
4. Derreter um pouco de cera, para
• Se as abelhas se penduram fora das ajudar na fixação da placa de cera no
colméias, formando cachos ou “bar- quadro.
bas”. Isso é sinal de falta de espaço 5. Colocar cera derretida na canaleta,
na colméia, o que acaba provocando deixando-a escorrer por toda a sua exten-
a enxameação. são. Para isso, deve-se usar uma caneca
• Se existe presença de realeiras. Elas com bico ou uma colher.
podem indicar ausência de rainha ou Para não derreter a placa, a cera não
que a colônia vai enxamear. deve estar muito quente.
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gordura, etc) ou mineral (óleos), pois preju-
dicam as abelhas e contaminam o mel. Usar

Vieira Neto
o mínimo de fumaça, já que ela em excesso

Foto: José Maria


prejudica a qualidade do mel.
Na abertura da colméia, deve-se:
Colocação de cera derretida na canaleta para fixação da
placa. 1. Colocar fumaça na entrada da
6. Utilizar uma carretilha de apicultor colméia (alvado) e esperar alguns segundos
(após o esfriamento da cera) para a fixação para que a fumaça atue sobre as abelhas.
da placa de cera nos arames. Colocar um 2. Levantar um pouco a tampa, com o
pedaço de madeira embaixo da placa, para formão, e aplicar fumaça por cima dos
servir de apoio para a passagem da carre- quadros.
tilha. Essa madeira deve ser do tamanho 3. Retirar a tampa, em seguida, sem
exato da placa. A ponta da carretilha deve provocar movimentos bruscos.
ser previamente aquecida e depois ume-
decida. 4. Aplicar a fumaça, sem exagero,
tanto na colméia aberta quanto nas colméias
próximas, caso as abelhas se mostrem
agressivas durante a vistoria.

O que observar
durante as revisões?

Foto: José Maria Vieira Neto


Na retirada dos quadros, um a um
Passagem da carretilha para fixar a cera no arame. pelas laterais da colméia, deve-se observar:
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• A revisão deve ser feita por 2 pessoas: Povoando as colméias
uma maneja o fumigador, enquanto
a outra abre e revisa a colméia. Para introduzir abelhas no apiário (po-
• Ficar sempre na parte de trás ou nas voamento), o apicultor pode conseguir
laterais da colméia, nunca na frente, enxames de diferentes maneiras: comprar
para não dificultar a entrada e a saída colméias já povoadas, capturar enxames ou
de abelhas. dividir famílias fortes.

• Realizar a revisão com calma, sem Em qualquer caso, para facilitar a acei-
movimentos bruscos, porém rapida- tação das abelhas à nova caixa, é recomen-
mente, para evitar que a colméia dável pincelar o interior dela com uma
fique aberta por muito tempo. mistura de própolis e água ou com extrato
de capim-limão ou de capim-cidreira. Outra
• Não deixar os quadros no sol nem maneira é esfregar um punhado de folhas
no frio por longo tempo. do capim no interior das caixas, pois isso
deixa a madeira com um cheiro mais atrativo
Uso do fumigador para o enxame.
Usar o fumigador sempre que revisar
as colméias ou colher mel, pois a fumaça
Captura de enxames na natureza
deixa as abelhas menos agressivas. Os
melhores materiais são a serragem, as folhas Captura passiva:
utilização de caixas-iscas
e as cascas secas, que produzem fumaça
branca, fria e sem cheiro forte. Jamais usar Nas épocas de enxameação (períodos
produtos de origem animal (ossos, pêlos, naturais de divisão e deslocamento de
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enxames), o apicultor deve distribuir algumas – Para preparar a colméia para o
caixas, com 3 ou até 5 quadros com cera período de entressafra.
alveolada, perto de fontes de água ou de
locais com boas floradas, por exemplo. As • Na entressafra, as revisões devem
colméias devem ser fixadas em árvores, ou ser mensais – Para saber da neces-
colocadas em cima de tocos, de 1 metro e sidade de alimentar as colméias,
meio a 2 metros acima do solo, para que reduzir o alvado, controlar inimigos
fiquem mais visíveis aos enxames. naturais ou unir enxames fracos.
Se preferir, o apicultor pode usar caixas Para que as revisões não atrapalhem
de papelão próprias para captura de enxa- o trabalho das abelhas, deve-se seguir as
mes, encontradas em lojas especializadas, orientações abaixo:
ou fazer pequenas caixas de madeira. • Fazer as revisões das 8 às 11 horas
Dessa forma, é menor o prejuízo em caso da manhã e das 3 às 5 e meia da
de roubo, e o transporte do enxame para o tarde. Nessas horas, a maioria das
apiário fica mais fácil, embora seja maior o
operárias está no campo coletando
risco de perda do enxame no momento de
néctar e pólen.
sua transferência para a caixa padrão.
• Nunca fazer revisões durante a chuva.
• Usar a roupa de apicultor, que deve
estar limpa, ser de cor clara e não
pode estar rasgada.

Foto: Ricardo Costa


Rodrigues de Camargo
• Ao lidar com as abelhas, evitar cheiros
fortes (suor, perfume) e não provocar
Caixa-isca instalada em árvore. ruídos que possam irritá-las.
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• Existem favos velhos ou escuros? A cada 10 dias, é necessário observar
• Existem peças danificadas? se as caixas foram povoadas. Quando um
enxame tiver ocupado a caixa-isca, ele deve
Quando e como ser transportado para o apiário em alguns
realizar as revisões dias (apenas o necessário para o início da
postura pela rainha), pois sem o acúmulo
Como as revisões perturbam muito o de alimento, o enxame será menos defen-
trabalho das abelhas, devem ser feitas con- sivo, e isso facilita seu transporte.
forme as orientações e situações seguintes:
• Quinze dias depois da instalação de Captura ativa:
um novo enxame – Para verificar seu coleta de enxame migratório
desenvolvimento inicial e observar as O enxame migratório geralmente en-
condições gerais dos favos.
contra-se instalado provisoriamente em
• Antes das principais floradas. árvores, postes, telhados, etc. Nesse enxame,
• Durante as floradas, realizar revisões o apicultor não notará a presença de favos.
nas melgueiras a cada 15 dias – Para Para capturar as abelhas, basta colocar
verificar como estão a produção de o enxame completo na caixa contendo qua-
mel, a quantidade de quadros com- dros com cera alveolada. Pode-se utilizar
pletos, operculados, e a necessidade um balde ou simplesmente colocar a caixa
de acrescentar mais melgueiras. embaixo do enxame e sacudir as abelhas.
• Depois das principais floradas, rea- A caixa deve ser fechada imediatamente e
lizar uma revisão completa no ninho transportada para o apiário.
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Coleta de enxame fixo Como cuidar das colméias
A captura do enxame fixo é mais traba-
A criação de abelhas africanizadas exige
lhosa, uma vez que ela exige a retirada dos muita dedicação e cuidados. Não compensa
favos e sua transferência para a colméia. ter um apiário com várias colméias se elas
Depois de encontrado o enxame, deve- não produzirem bem e, em conseqüencia,
se aplicar bastante fumaça no local, cortar não derem lucro.
os favos e encaixá-los na armação do qua- Certos procedimentos são funda-
dro, fixando-os com elástico ou barbante. mentais para o sucesso na apicultura, e as
Os favos cortados devem permanecer na principais atividades que se deve realizar
mesma posição em que estavam ante- são descritas a seguir.
riormente, e aqueles com células de zangão
e mel não devem ser aproveitados. Revisão das colméias
Com o uso de um recipiente, as ope- O apicultor precisa estar sempre infor-
rárias são colocadas no interior da caixa. mado sobre suas colméias:
Se a rainha não tiver sido encontrada e se • Existe alimento suficiente?
as abelhas estiverem entrando natural-
• A rainha está presente, realizando
mente na colméia, é sinal de que a rainha postura?
já está no interior da colméia.
• O enxame está forte ou fraco?
Deve-se retirar do local todo o material
que sobrar do enxame, raspando bem os • Falta espaço na colméia?
restos de favos, para evitar que o local con- • Estão ocorrendo doenças ou pragas?

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(crias abertas) para a colônia que ficar sem tinue atrativo para a instalação de um novo
rainha, pois eles serão necessários para a enxame (obviamente, se um novo enxame
formação de uma nova rainha. Somente os não for de interesse do apicultor). A colméia
ovos ou larvas de até 3 dias podem gerar deve permanecer no mesmo local antes
rainhas. ocupado pelo enxame, com o alvado voltado
para o mesmo lado da antiga entrada da
As operárias também devem ser dividi- colônia, e assim ficar por, no mínimo, 3 dias,
das e o espaço vazio das caixas, preenchido tempo necessário para que as abelhas fixem
com quadros com cera alveolada. A colônia os favos transferidos.
que ficar com a rainha deve ser instalada a
uma distância mínima de 2 metros da outra. Divisão de colônias
Quando o apicultor notar que uma de
suas colméias está muito populosa, ele
poderá dividi-la em duas colônias menores.
Mas não se deve abusar dessa técnica para
multiplicar as colônias do apiário, pois são
justamente as colméias mais populosas que
produzem mais.
Ao fazer uma divisão, o apicultor deve
repartir igualmente o número de quadros
Esquema de divisão de enxames. contendo favos de cria e alimento nas duas
Ilustração: Fábia de Mello Pereira
colméias, deixando o maior número de ovos
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