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ESCOLA CARTOGRÁFICA

 Um dos pensamentos precursores da sociologia moderna, e da criminologia de


cariz sociológico, resulta dos estudos da chamada escola cartográfica.
 (verdadeira ponte entre clássicos e positivistas)
 ESCOLA CARTOGRÁFICA ou ESTATÍSTICA MORAL, fundada por
Garry (advogado) e Quételet (matemático).

 Eles descobriram, através do mapeamento do crime (cartografia), que o


registro anual de crimes em um país permanece constante ao longo do tempo,
sendo um fenômeno coletivo, constante e regular, regido por leis naturais
como qualquer outro fenômeno natural. Foi aí que se passou a utilizar o
método empírico (análise, observação, indução) ao invés do lógico (dedutivo).
 Surgiu um cunho científico aos estudos criminológicos, com a publicação, em
1827, na França, dos primeiros dados estatísticos sobre a criminalidade.
 Compte générale de l’administration de la justice criminelle.
 Torna-se possível analisar a criminalidade com base em dados estatísticos
recolhidos sistematicamente no território francês.
 André Michel Guerry (francês) em 1833 publica a obra Essai sur la statistique
moral de la France.
 Utiliza as recentes estatísticas criminais como indicadores do estado moral da
França.
 Adolphe Quetelet (1796-1874). Nascido na Bélgica, ganhou fama como
matemático e estatístico. Trabalhou como estatístico para as pesquisas
censitárias de seu pais.
 Foi o criador da Estatística Científica, dando origem ao aparecimento da
Estatística Criminal.
 Utiliza as recentes estatísticas criminais como indicadores da tendência para
o crime nos seres humanos.
 Adolphe Quetelet, ficou fascinado com a sistematização de dados sobre delitos e delinquentes.
 Justamente em função disso, em 1835, Quetelet publicou a obra Physique sociale ou essai sur
le développement des facultés de l’ homme - Física social ou ensaio sobre o desenvolvimento
das faculdades do homem, onde desenvolveu três preceitos importantes:
 a) o crime é um fenómeno social;
 b) os crimes são cometidos ano a ano com intensa precisão; Os totais são repetidas todos os
anos, não só em uma série de crimes, mas na mesma proporção. A importância deste ponto é
que o balanço da criminalidade pode ser calculado de forma antecipada.
 c) há várias condicionantes da prática delitiva, como miséria, localização geográfica,
analfabetismo, clima etc.
 Fulcrado nesses 3 princípios, ele estabeleceu as chamadas “Leis Térmicas de Quetelet:

I- no inverno se cometem mais delitos contra a propriedade, donde se deduz que nesta
época do ano são maiores as necessidades para a sobrevivência do homem;

II- no verão se cometem mais crimes contra a pessoa, devido á efervescência maior das
paixões humanas, provocada pelo aquecimento do sol;

III- os delitos sexuais são mais frequentes na primavera, considerando a exacerbação


da atividade sexual nessa época.
 desenvolveu as ideias de "homem médio", que foi apresentado como um tipo
ideal e abstrato que poderia ser visto como um padrão para analises
sociológicas.
 Quetelet distinguiu a criminalidade feminina da masculina, tentou
correlacionar o crime à idade cronológica do criminoso, observando que a
incidência delitual é maior entre os 14 e 25 anos(no homem) e, na mulher,
entre 16 e 17 anos, caindo o referido índice após os 28 anos.
 Quetelet tornou-se defensor das estatísticas oficiais de medição de delitos;
todavia, guardou certa cautela, na medida em que se apercebeu que uma
razoável quantidade de crimes não era detetada ou comunicada aos órgãos
estatais (cifra negra).

 É preciso ter cuidado ao analisar as estatísticas criminais oficiais, na medida
em que há uma quantia significativa de delitos não comunicados ao Poder
Público, quer por inércia ou desinteresse das vítimas, quer por outras causas,
dentre as quais os erros de coleta e a manipulação de dados pelo Estado
 Nesse sentido, convém diferenciar a criminalidade real da criminalidade
revelada e da cifra negra:
 a primeira é a quantidade efetiva de crimes perpetrados pelos delinquentes;
 a segunda é o percentual que chega ao conhecimento do Estado;
 a terceira, a percentagem de crimes cometidos e não comunicada às
autoridades competentes.
 Quetelet afirmava existir uma "lei dos grandes números“ e estudava o delito
não tanto como um fenómeno de massas, mas afirmando que os delinquentes
se limitavam a executar os fatos preparados pela sociedade, concluindo assim,
que a criminalidade é uma função representável matematicamente em
decorrência dos estados económicos e sociais do momento.
 A liberdade individual, em ultima analise, é um problema psicológico e
pessoal sem transcendência estatística. Além disso, o crime tem uma
regularidade constante.
 Com base nesse pensamento, Quetelet conclui que o único método adequado
para a investigação do crime, como fenómeno macrossocial, é o método
estatístico.
 Deve-se à estatística a lei da saturação criminal, segundo a qual o ambiente
físico e social, associado as tendências individuais, hereditárias e adquiridas, e
aos impulsos ocasionais, determina, necessariamente, relativo contingente de
crimes
 Tais assertivas de Quetelet, alem de granjearem seguidores europeus, também
permitiram antecipar os métodos utilizados, anos mais tarde, pela escola de
Chicago. Mesmo hoje, poucos são os criminólogos que não se valem de
métodos estatísticos para analisar os dados da criminalidade, com os quais
fazem o diagnóstico do problema e os prognósticos da devida intervenção,
preventiva ou repressiva.
 Revelação surpreendente na época:

 As estatísticas mostram que a relação entre a pobreza e a criminalidade


contraria o estabelecido pelo senso comum.
 As regiões mais pobres da França, são também aquelas onde se cometem
menos crimes contra a propriedade.
 Guerry supõe que existe uma relação entre o desenvolvimento comercial e
industrial e o desenvolvimento da criminalidade.

 Quetelet pensa que o crime é encorajado não pela pobreza ou riqueza, mas
pela passagem brusca de um estado a outro e sobretudo pela desigualdade: o
pobre que vive numa cidade opulenta é frequentemente tentado pelo luxo
ostentado à sua volta.
 Representa, para muitos, a ponte entre a criminologia clássica e a positivista.
Seus estudos numéricos do crime estimularam a discussão sobre o livre-
arbítrio e o determinismo, discussão central na chamada briga das escolas.
 Mesmo hoje, poucos são os criminólogos que não se valem de métodos
estatísticos para analisar os dados da criminalidade, com os quais fazem o
diagnóstico do problema e os prognósticos da devida intervenção, preventiva
ou repressiva.

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