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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Engenharia Química


Laboratório de Engenharia Química I - FEQUI31011

Experimento 2: Calor específico dos sólidos

Autores: Bruno Viana, Julia Paulino, Julia Fator, Maria Clara Giampietro e Matheus Alves.

Faculdade de Engenharia Química – Universidade.Federal de Uberlândia


Campus Santa Mônica - Bloco 1K, CEP: 00000-000, Uberlândia – MG - Brasil
Telefone: (34) 3230-9534
E-mail: bruno.coimbra@ufu.br, julia.paulino@ufu.br, julia.fator@ufu.br.
maria.giampietro@ufu.br, matheus.alves1@ufu.br.

RESUMO – A proposta do experimento é a determinação do calor específico de alguns


materiais. O calor específico é uma propriedade intensiva da matéria, ou seja, independe da
extensão do sistema e é definido como a quantidade de calor fornecido pelo sistema a fim de
elevar a temperatura de 1 grama do material em 1ºC. Nesse experimento, foram medidos
calores específicos de alguns sólidos, onde cada peça foi inserida no calorímetro e após
atingir o equilíbrio térmico foram feitas as devidas leituras para os cálculos do calor
específico de cada sólido.

PALAVRAS-CHAVE: calor específico, equilíbrio térmico.

Objetivos:

Determinar o calor específico de alguns materiais como: cobre, latão, alumínio e plástico.

Uberlândia, 30 de Agosto de 2023 Nota: data de correção:.../.....


1. INTRODUÇÃO
A termodinâmica, durante muito tempo, definiu calor baseando-se em variações na
temperatura de uma unidade de massa de água. Assim, a caloria foi definida como a
quantidade de calor que, quando transferida para 1g de água, elevava a sua temperatura em
1°C. Contudo, a visão mais moderna mostra o calor como sendo energia em trânsito, no qual
um corpo tem uma certa capacidade para o calor. Quanto menor a variação de temperatura em
um corpo causada pela transferência de uma dada quantidade de calor, maior seria a sua
capacidade calorífica. (SMITH; NESS; ABBOTT, 2007).

Dessa forma, observou-se então que algumas substâncias apresentavam uma maior
facilidade em alterar sua temperatura ou armazenar a energia fornecida em forma de calor do
que outras. Então, o conceito de quantidade de calor necessário para mudar em 1°C a
temperatura de 1g de uma dada substância recebeu o nome de calor específico (C).
(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2011).

De acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica, em um sistema fechado, a variação


de energia interna é igual a soma do calor e do trabalho realizado no sistema (ΔU = Q + W).
Desprezando as perdas de calor com o ambiente e sem realizar trabalho, a variação da energia
interna de um corpo é igual a quantidade de calor recebido ou cedido por ele, nesse caso o
calor cedido provém da água e, o recebido, do corpo de prova. Ou seja:

Δ𝑈 á𝑔𝑢𝑎 = Δ𝑈 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎 (1)

Sabendo que o calor específico a pressão constante (Cp) e a volume constante (Cv)
são aproximadamente iguais e constantes para líquidos e sólidos, é possível igualar a
quantidade de calor da substância aquecida, a água, com a quantidade de calor da substância
fria, o corpo de prova, como demonstrado abaixo:
𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
𝑚á𝑔𝑢𝑎 . 𝐶𝑝á𝑔𝑢𝑎. (𝑇á𝑔𝑢𝑎 − 𝑇𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜) = 𝑚𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎 . 𝐶𝑝𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎. (𝑇𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 − 𝑇𝑎𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒) (2)

Com a equação acima, é possível calcular o valor do calor específico de cada sólido
analisado e compará-los com o Cp da literatura.

2. MATERIAIS UTILIZADOS
Para a realização deste experimento utilizou-se os seguintes materiais:

● Calorímetro: vaso com isolamento térmico em cuja estrutura está localizado um


termômetro para monitoramento da temperatura no interior do vaso.
● Termômetro de vidro.
● Banho Termostatizado: TE-184. (Fabricante: Tecnal)
● Água destilada.
● Cronômetro.
● Balança.
● Diferentes tipos de corpos de prova:
Imagem 1: Corpos de prova de aço inoxidável, cobre, latão, alumínio e plástico.

O calorímetro com o termômetro deve estar arranjado da seguinte maneira:

Imagem 2: Calorímetro preparado.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Primeiramente, iniciou-se o experimento identificando as massas dos corpos de prova.
Foi necessário que o banho termostatizado estivesse com água, na qual foi aquecida até uma
temperatura de 50°C aproximadamente. Logo após, adicionou-se 120-130 gramas de água, já
aquecida e com temperatura conhecida, no copo do calorímetro. Após 2 minutos, leu-se a
temperatura da água com o termômetro de vidro, para que assim a mesma entrasse em
equilíbrio térmico com o calorímetro, na qual foi definida como “temperatura inicial”.
Em seguida, inseriu-se o corpo de prova no calorímetro, usando uma pinça para evitar a
troca de calor entre o corpo de prova e as mãos. Posteriormente, fechou-se o calorímetro e
aguardou-se mais 2 minutos para medir a temperatura em que o calorímetro e o corpo
entravam em equilíbrio, identificada como “temperatura de equilíbrio”. O experimento se
repetiu para todos os corpos de prova, da mesma maneira, para que fosse possível comparar
os resultados obtidos. Além disso, foi necessário identificar a temperatura ambiente em todos
os casos.

4. TRATAMENTO DOS DADOS


As massas do material e da água, além das temperaturas medidas, sendo elas
temperatura ambiente , temperatura da água inicialmente e a temperatura de equilíbrio obtida
após a troca de calor entre o corpo de prova e a água podem ser observadas na tabela abaixo:

Material Massa Massa (água) Temperatura Temperatura Temperatura


(material) ±0,01g ambiente inicial de equilíbrio
±0,01g ±0,5°C ±0,5°C ±0,5°C

Plástico 13,08 126,42 25° 46° 44,5°

Alumínio 30,71 121,12 24° 46° 43,5°

Aço Inoxidável 87,20 122,53 25° 43,5° 41°

Cobre 102,07 122,53 25° 46° 44,5°

Latão 95,20 121,12 24° 43,5° 41°

Tabela 1: Dados obtidos experimentalmente da massa e temperatura.

Abaixo, está evidenciado o calor específico de cada material, o calor específico da


literatura e o erro relativo.

Material Cp calculado Cp literatura Erro relativo (%)


(cal/g. °C) (cal/g. °C)

Plástico 0,743 0,406 83%

Alumínio 0,506 0,217 133,2%

Aço inoxidável 0,219 0,120 82,5%

Cobre 0,092 0,093 1,1%

Latão 0,187 0,094 98,9%

Tabela 2: Dados de Cp e erro relativo.


5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Dessa forma, com a utilização da fórmula (1) descrita no item 7- memória de cálculo
e os valores de Cp encontrados na literatura, foi possível confeccionar a tabela (2), a qual
compara o valor esperado e o valor obtido. Ademais, a partir da fórmula (2) tomamos posse
dos erros relativos encontrados para cada material em análise.

Ao comparar os valores de calor específico (Cp) calculados com os encontrados na


literatura, observa-se uma tendência de que os valores calculados sejam maiores. Isso é
compreensível, considerando que o equipamento utilizado no experimento não se comporta
exatamente como um calorímetro ideal teórico. Essa discrepância sugere que o calor cedido
pela água pode não estar sendo totalmente absorvido pelos materiais, em parte devido às
limitações do equipamento.

No entanto, para amenizar esse efeito, a abordagem adotada consistiu em imergir


completamente as peças estudadas. Isso permitiu um contato mais amplo entre os elementos
do sistema, reduzindo o tempo necessário para que a temperatura de equilíbrio fosse atingida.
Caso contrário, um tempo mais longo poderia resultar em perdas maiores de calor do sistema,
ampliando os erros decorrentes dessa discrepância no comportamento do equipamento.
Portanto, embora haja uma diferença entre os valores calculados e os valores teóricos, a
metodologia empregada ajudou a minimizar os erros causados por essa disparidade no
comportamento do equipamento.

Além disso, ao considerar a magnitude dos erros relativos de forma geral, torna-se
evidente que certos elementos práticos estão contribuindo para resultados pouco plausíveis.
Acredita-se que a principal causa dos erros consideráveis tenha sido a dificuldade em
determinar com precisão o momento em que a temperatura da água alcança o equilíbrio
térmico com o calorímetro. Durante o intervalo em que a temperatura medida se aproxima
desse ponto de equilíbrio, a leve demora característica do funcionamento do termômetro
capilar utilizado introduz uma complexidade considerável. Isso dificulta a confirmação do
momento exato do equilíbrio, levando a um viés sistemático em que a temperatura de
equilíbrio do sistema é frequentemente subestimada ou superestimada, dependendo da
direção do aumento ou diminuição da temperatura medida devido à expansão/retração do
mercúrio no interior do instrumento.

Esse padrão foi evidenciado no caso do alumínio. O material em análise, que exibiu a
maior discrepância temporal entre as medições, também foi responsável pela maior taxa de
erro relativo no que diz respeito ao calor específico entre os materiais (133,2%). Esses
resultados sugerem que esta etapa foi onde ocorreu a maior fonte de imprecisão na
determinação da temperatura de equilíbrio do sistema. Portanto, como mencionado pelo
professor durante a atividade experimental, fica claro que uma flutuação de temperatura
superior a 2,5 ºC pode levar a erros significativos nos valores de Cp, reforçando a influência
predominante do termômetro como o principal contribuinte para as imprecisões observadas
nesta experiência.
Em contrapartida, o cobre apresentou um erro de apenas 1,1%, isso se deve pela
redução de temperatura ter sido de 46°C para 44,5°C, ou seja, uma diminuição de 1,5°C.
Outro motivo para os altos valores de erros relativos encontrados é a composição dos
materiais. Com o tempo, as características e algumas propriedades do corpo de prova
utilizado podem ser alteradas e desgastadas, mesmo que levemente, devido a exposição
sofrida em experimentos, levando assim a uma diferença considerável quando comparado aos
materiais utilizados na literatura.

6. CONCLUSÃO
Diante dos resultados expostos anteriormente, com a aplicação da Primeira Lei da
Termodinâmica para os cálculos do Cp dos materiais, nota-se que houve algumas
discrepâncias comparando com o valor da literatura, onde o erro relativo apresentou valores
altos, devido ao tempo que a peça ficou no calorímetro e também a leitura da temperatura de
equilíbrio, que são processos que dependem da percepção humana e, portanto, passíveis de
desvios, podendo ter afetado esses resultados.

O material que apresentou um valor próximo da literatura foi o cobre, haja vista que o
erro relativo foi cerca 1,1%, concluindo-se que este material chegou a resultados satisfatórios.
Em contrapartida, o alumínio foi o material que apresentou uma maior discrepância entre Cp
real e Cp calculado.

MEMÓRIA DE CÁLCULO
A partir dos dados de massa e temperatura coletados experimentalmente, dispostos na
tabela 1, foi possível determinar o calor específico de cada material isolando o
𝐶𝑝𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎 da equação (2) :

𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
𝑚á𝑔𝑢𝑎 . 𝐶𝑝á𝑔𝑢𝑎 . (𝑇á𝑔𝑢𝑎 − 𝑇𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜)
𝐶𝑝𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎 = 𝑚𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎 . (𝑇𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜− 𝑇𝑎𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒)

Abaixo, está representado o cálculo feito para encontrar o calor específico do


alumínio:
𝑐𝑎𝑙
121,12𝑔 . 1 𝑔 °𝐶
. (46−43,5)°𝐶 𝑐𝑎𝑙
30,71𝑔 . (43,5−24)°𝐶
= 0, 506 𝑔 °𝐶

Posteriormente, com o objetivo de comparar o resultados obtidos pelo experimento


com a literatura especializada, calcula-se o erro relativo pela seguinte fórmula matemática:
𝐶𝑝𝑙𝑎𝑏𝑜𝑟𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑜− 𝐶𝑝𝑙𝑖𝑡𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎
𝐸𝑅 = | 𝐶𝑝𝑙𝑖𝑡𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎
| . 100% (3)

Abaixo, está representado o cálculo feito para encontrar o erro relativo do alumínio:
0,50−0,217
𝐸𝑅𝐴𝑙𝑢𝑚í𝑛𝑖𝑜 = | 0,217
| . 100% = 133, 2%

REFERÊNCIAS
SMITH, J. M.; NESS, V.; ABBOTT, M. M. Introdução à Termodinamica da Engenharia
Química. Rio De Janeiro (Rj): Ltc, 2007.

HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER, J. Fundamentos de Física –vol.2 (Gravitação,


Ondas e Termodinâmica), 9ª. Edição (2011) Editora LTC.

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