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Comunicação e Extensão Rural

O PERÍODO DE
"TRANSIÇÃO
AMBIENTAL", A
PARTIR DE 1990 AOS
DIAS ATUAIS

Alnira, João Victor, Magna, Nathália, Sandro e Timna


DÉCADA DE
1990
Marcada pela intensa mobilização do sector
terciário prestador de serviços da ATER
Brasil, uma vez que o Estado reconheceu que
era da responsabilidade da iniciativa privada a
manutenção dos serviços não essenciais. Por
conseguinte, os serviços públicos federais da
ATER foram extintos.
1990 (GOVERNO DO PRESIDENTE FERNANDO
COLLOR)
Ocorreu a extinção da A coordenação do A EMBRAPA não teve
EMBRATER e após isso Sistema Brasileiro de êxito, os recursos e
cessaram o repasse ATER foi transferida à pessoal necessários à
federais às empresas EMBRAPA e a sua nova
estaduais da ATER e, regulamentação e responsabilidade não
como consequência prestação de serviços foram bem sucedidos
ocorreram a extinções, de ATER foi limitado ao na manutenção da
fusões e os serviços que Instituto Nacional de ATER.
continuaram foram Colonização e Reforma
sucateados; Agrária (INCRA)
A PRINCIPAL COMPETÊNCIA DA EMBRAPA, FOI A
PESQUISA AGROPECUÁRIA COM A FINALIDADE DE
PRODUZIR PACOTES TECNOLÓGICOS PARA A
TRANSFERÊNCIA VERTICAL DE TECNOLOGIA E TEVE
POUCO DIÁLOGO COM A EXTINTA EMBRATER;

1990 OUTRO PONTO NEGATIVO É QUE A EMBRAPA SE


MANTEVE DISTANTE DOS DEBATES OCORRIDOS
JUNTO A SOCIEDADE CIVIL DURANTE OS ANOS DE
1983 E 1989, DEBATES ESTES QUE DISCUTIAM SOBRE
AS RELAÇÕES ENTRE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
PARTICIPATIVO, ATER, REFORMAS ESTRUTURAIS E O
PAPEL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO
DESENVOLVIMENTO RURAL.
1990
Criação da Associação Brasileira da Entidades Estaduais de Assistência
Técnica e Extensão Rural (ASBRAER), numa tentativa de manter a
articulação entre entidades, devido as restrições da coordenação do sistema
brasileiro de ATER via EMBRAPA e as questões orçamentárias das
entidades, a separação do sistema foi inevitável;

Também houve a propaganda das empresas comerciais de insumos


agrícolas e maquinário que assumiram o papel da ATER, enviando os seus
técnicos as propriedades e prestando assistência técnica através de
recomendações prontas para venderem seus produtos;

Desde o início desta década já ocorria a disseminação dos princípios


agroecológicos entre importantes ONGs de extensão rural, como
consequência houve a projeção da agroecologia como movimento social a
partir do movimento da Agricultura Alternativa no Brasil.
PRINCÍPIOS DA AGROECOLOGIA

Os movimentos da agroecologia se iniciaram no fim da década de 1980

Estímulo aos mercados locais;


Valorização do saber e tecnologias tradicionais
na produção de base ecológica;
Estratégias de soberania alimentar;
Prevenção de sementes crioulas, entre outra
questões.
1993
Transferida a coordenação do Sistema
Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão
Rural, atribuída à EMBRAPA para a
Secretaria de Desenvolvimento Rural do
Ministério da Agricultura, através do Decreto
nº 936, de 23 setembro de 1993.
Governo de Fernando Henrique Cardoso
A Sociedade Civil articulava-se, através fóruns paralelos,
campanhas, reuniões, ocupações, marchas; e produção
científica e jornalística destinada a valorização e
reconhecimento das famílias rurais como uma categoria
específica a ser incluída nas políticas governamentais.
1994
Estes grupos continuaram a apoiar a Reforma Agrária,
capaz de descentralizar o rendimento e a propriedade
fundiária; bem como o estabelecimento de um ATER
destinado aos agricultores familiares. Neste processo, é
importante reconhecer os esforços dos próprios
agricultores.
LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA
O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST),
realizou uma série de ocupações em latifúndios e prédios
públicos;
O MST também foram violentamente reprimidos pelas
forças policiais e grupos armados particulares que
alegaram serem donos das propriedades das terras
ocupadas.

Ocorreu dois massacres: o de Corumbiara (RO) em 1995 e o do Eldorado


dos Carajás (PA) em 1996.
1996

Surgiu o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura


Familiar (PRONAF), que financia projetos individuais ou coleivos
que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da
reforma agrária.
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Seminário Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - Uma

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nova extensão para a agricultura familiar". Durante o evento ocorreu


discussões sobre os princípios e diretrizes da ATER pública.

Em novembro foi realizado o "Workshop" Uma Nova Assistência Técnica e


Extensão Rural Centrada na Agricultura Familiar, resultou em um modelo de
ATER voltado exclusivamente à agricultura familiar, gratuito aos beneficiários e
1997

financiados com recursos públicos.

Foi lançado pelo INCRA o Projeto Lumiar, uma inovadora experiência de


terceirização da assistência técnica em assentamentos rurais.
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Final de 1999 até janeiro de

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2000
Também foram instituídas a
Varios decretos levaram à criação Secretaria de Reforma Agrária e
do Ministério do Desenvolvimento Secretaria da Agricultura Familiar
Agrário (MDA). Em sua estrutura, (SAF), responsáveis pelas políticas de
foi estabelecido o Conselho crédito, pesquisa, assistência e
Nacional de Desenvolvimento extensão nos assentamentos e para a
Rural Sustentável (CNDRS); agricultura familiar, no entanto a
coordenação do Sistema brasileiro de
ATER continuo a cargo do Ministério
da Agricultura e Abastecimento
(MAA).
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2000- Criação do MDA, que substituiu


1998 - Pressão dos movimentos decisivamente o Gabinete do Ministro
sociais ligados a ATER continuam Extraordinário das Políticas Agrárias .
para aprovação de políticas A Secretaria de Desenvolvimento Rural e a
inovadoras. DATER foram extintas, enquanto a SARC foi
criada.
2000 2001 2002
Criação do O MAA foi transformado Volta importante para
Departamento de em Ministério da as políticas públicas
Infraestrutura e Agricultura, Pecuária e baseadas na
Extensão Rural. Abastecimento participação da
Alimentar. sociedade civil.
2003 - Decreto e nº 4.739 transferiu a execução dos
serviços públicos ATER do DIER/MAPA para do MDA.

2003 - Criou-se o CONDRAF composto por


representantes da Sociedade Civil Organizada e o
Poder Executivo.

2004 - Lançamento da Política Nacional de


Assistência Técnica e Extensão Rural
2005
O governo lançou o
PRONATER,
estabelecendo objetivos
e ações específicas para
estimular programas
públicos ATER,
formação de
agricultores familiares e
desenvolvimento
setorial ATER.
2006

Em 2006, por meio da Portaria Ministerial nº 25, o


Governo Federal formalizou a
operacionalização do Sistema Brasileiro de Assistência
Técnica e Extensão Rural (SIBRATER) que se tornou, a
partir de então, descentralizado. O MDA, em parceria
com outros Ministérios, Secretaria Especiais, INCRA e/ou
empresas públicas, passou a ser o órgão federal
responsável pelo repasse de recurso público da União às
organizações de ATER no país.
Acesso à assistência técnica do Censo Agropecuário 2006
1996
2006

A Lei 11.326, de 24/7/2006, estabeleceu as diretrizes para a


formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e
Empreendimentos Familiares Rurais.
O QUE É ATER
Lei 12.188/2010, que
SEGUNDO A LEI
instituiu a Política Nacional
de Assistência Técnica e serviço de educação não formal,
Extensão Rural para de caráter continuado, no meio
Agricultura Familiar e rural, que promove processos de
Reforma Agrária (Pnater) e gestão, produção, beneficiamento
o Programa Nacional de e comercialização das atividades
Assistência Técnica e e dos serviços agropecuários e
Extensão Rural na não agropecuários, inclusive das
Agricultura Familiar e na atividades agroextrativistas,
Reforma Agrária (Pronater) florestais e artesanais
PRINCÍPIOS
I - desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização
adequada dos recursos naturais e com a preservação do meio
ambiente;
Lei 12.188/2010

II - gratuidade, qualidade e acessibilidade aos serviços de assistência


técnica e extensão rural;
III - adoção de metodologia participativa, com enfoque
multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a
construção da cidadania e a democratização da gestão da política
pública;
IV - adoção dos princípios da agricultura de base ecológica como
enfoque preferencial para o desenvolvimento de sistemas de
produção sustentáveis;
V - equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia; e
VI - contribuição para a segurança e soberania alimentar e
nutricional.
OBJETIVOS
III - aumentar a produção, a qualidade e a produtividade das atividades e
serviços agropecuários e não agropecuários, inclusive agroextrativistas,
florestais e artesanais;
IX - apoiar o associativismo e o cooperativismo, bem como a formação de
Lei 12.188/2010

agentes de assistência técnica e extensão rural;


X - promover o desenvolvimento e a apropriação de inovações
tecnológicas e organizativas adequadas ao público beneficiário e a
integração deste ao mercado produtivo nacional;
XI - promover a integração da Ater com a pesquisa, aproximando a
produção agrícola e o meio rural do conhecimento científico; e

REQUISITOS PARA OBTER O CREDENCIAMENTO


COMO ENTIDADE EXECUTORA DO PRONATER
IV - contar com corpo técnico multidisciplinar
2010
O Congresso Nacional aprovou a Lei nº 12.188,
ou Lei da ATER, e o Presidente da República a
assinou em 2010. Sua promulgação marcou um
sucesso político significativo no fortalecimento
do modelo público de ATER para a agricultura
familiar. bem como alguma independência
quando o governo muda.
Nesse sentido, a Lei de ATER de 2010 também
previa a realização de conferências estaduais e
nacionais com representantes de beneficiários,
movimentos sociais e unidades de ATER para
implantação do PNATER por meio do PRONATER.
2010
A primeira CNATER foi organizada em 2012. Nessa
primeira reunião, a solicitação mais importante foi
a necessidade de criação de uma instituição
nacional de ATER, o que levou à criação da
ANATER em 2013.
AS PROPOSTAS APRESENTADAS, ASSIM
COMO EM 2012, MOSTRAM
PRINCIPALMENTE COMO A
PARTICIPAÇÃO DAS COMUNIDADES
LOCAIS NOS CONSELHOS MUNICIPAIS E
ESTADUAIS PARA O DESENVOLVIMENTO
RURAL SUSTENTÁVEL PODE SER
EFETIVAMENTE ASSEGURADA. ALÉM
DISSO, OS PARTICIPANTES
ENFATIZARAM A NECESSIDADE DE
MELHORAR AS CONDIÇÕES DE
TRABALHO DOS EXTENSIONISTAS.
2014
Foi o ano com mais ligações regionalmente. A chamada
"transição agroecológica" foi generalizada em todo o país.
No entanto, devido às diferenças regionais, é importante
mencionar o número de convites relacionados ao
programa "Plano Brasil sem Miséria" na região Nordeste e
ao programa "Leite Sustentável" na região Sudeste,
especialmente no estado de Minas Gerais onde produção
de leite é característica.
O Engenheiro Agrônomo, Mestre em
Desenvolvimento Agricultura e Sociedade Paulo
2015 Guilherme Francisco Cabral é nomeado para a
ANATER.
Problemas políticos resultaram no golpe à
Presidente Dilma Rousseff
2016
Golpe/ Após o processo de Destaca-se a As tratativas alusivas
extinção do impeachment de desarticulação das à agricultura familiar
MDA Dilma Rousseff a instâncias gestoras foram transferidas
transferência análise orçamentária desta política, para a Casa Civil da
das indica redução de decorrentes da Presidência, em
competências 51% das despesas extinção do MDA, forma de Secretaria
para o MAPA executadas relativas particularmente o Especial nominada de
à Ater para Conselho Nacional Agricultura Familiar e
agricultura familiar e de Desenvolvimento
82% na Ater para Desenvolvimento Agrário.
áreas de reforma Rural Sustentável
agrária. (2014-2017) (Condraf)
2017
Publicação da resolução 02 do Conselho de administração, a qual torna
público um regulamento para efetivação de parcerias entre a ANATER e
as entidades públicas de ATER dos Estados e do Distrito Federal.

No mês de abril de 2017 realizou-se uma oficina com o objetivo de se


dialogar com a “sociedade” sobre as ações que deveriam ser prioritárias
para a ANATER, contudo, participaram destes trabalhos unicamente
extensionistas rurais e representantes dos sindicatos da assistência
técnica e extensão rural (Ater) pública.

Este momento pode conotar a centralização de todo o pensar e fazer


extensionista focado nos profissionais de ater e não nos beneficiários e
também na priorização das instituições governamentais sob as não
governamentais.
O governo eleito em 2018
2018 MAIS DO QUE realizou ampla
DESMANTELAMENTO reestruturação político-
administrativa, incluindo-
DA ATER UMA
se a revisão de antigas
“REFORMA competências e
CONSERVADORA” atribuições dos
ministérios então
existentes.
2023 2
No Plano Plurianual (PPA) 2020-2023 coube ao Mapa a

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2023

responsabilidade e o gerenciamento de quatro programas, que


compreendem os principais campos temáticos de sua atuação:
Agropecuária Sustentável
Defesa Agropecuária Governança Fundiária
Pesquisa e Inovação Agropecuária.
2019-2023

Considerando a descrição oficial destes programas finalísticos,


identifica-se que déficits no acesso do agricultor à informação,
ao conhecimento e a inovações são apresentados como fatores
que contribuem para a ocorrência dos problemas que o
Programa visa confrontar.
Iniciativas do Mapa para Ater segundo diferentes fontes

Percebe-se um descompasso de iniciativas em curso em


relação à orientação geral do Mapa para a Política de
Ater, encontra-se diversidade mesmo nas iniciativas
“novas” – propostas pela gestão do Mapa pós-2018

Constata-se a necessidade de ampliação de ações relativas


ao seguro rural, questões ambientais, sociais, trabalhistas,
comerciais, incentivo à produção de alimentos saudáveis e
fortalecimento dos “segmentos que ficaram fora da
modernização agropecuária, em particular os pequenos
produtores.”
MDA X MAPA
Apresentam posições Enquanto a posição do Mapa Substituição de modelos de
distintas as quais orienta-se ao obscurecimento gestão pública participativa
remetem, em última da diferenciação social, em favor de modelo de
instância, às diferenças tratando todos como gestão pública tradicional
na forma de perceber a “produtores” (distintos (centralizador)
estrutura da sociedade apenas quanto à escala e à
e sua dinâmica. rentabilidade da produção), o
MDA trabalhou em prol da
valorização e reconhecimento
da diferenciação social com
base na condição, gênero,
geração e Identidade.
Ideia de Modernidade/Desenvolvimento

Inclusão da menção ao Sistema S e exclusão da alusão às ONGs.


MDA X MAPA

Na diversidade de enfoques identificados pelos autores, enquanto a


Pnater sob o MDA identificava-se com o enfoque da “agroecologia” e
preconizava o desencadeamento de um processo de “transição
agroecológica”, sob o Mapa tende-se a estabelecer uma identificação
com o enfoque da “Intensificação Sustentável”

Mapa “melhorias” incrementais X MDA ações capazes de contribuir para


mudanças/transformações sistêmicas
As posturas do governo pós-2018 são convergentes com uma posição de
"integração/adaptação” à dinâmica de desenvolvimento capitalista da
agricultura, mediante associação às cadeias dinâmicas do agronegócio.
Referências
A extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário e as consequencias para a extensão rural brasileira - Carolina Rios
Thomson, Sonia Maria Pessoa Pereira Bergamasco e Ricardo Serra Borsatto

Agricultura Familiar, Assistência Técnica e Extensão Rural e a Política Nacional de Ater - César Nunes de Castro e Caroline
Nascimento Pereira

Evaluation of extension reforms in Brazil - Prof. Dr. Sonia Maria Pessoa Pereira Bergamasco, Prof. Dr. Ricardo Serra Borsatto e
Msc. Carolina Rios Thomson

Lei nº 12.188 de 11 de janeiro de 2010 (Lei de Ater)

O histórico de criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER) e os desafios impostos a sua
consolidação na conjuntura política de 2017 - Carolina Rios Thomson, Sonia Maria Pessoa Pereira Bergamasco e Ricardo Serra
Borsatto

Política de Assistência Técnica e Extensão Rural no Brasil:


um caso de desmantelamento? - Vivien Diesel, Pedro Selvino Neumann, Marcelo Miná Dias e José Marcos Froehlich

(Re?)direcionamento metodológicos na atual conjuntura da assistência técnica e extensão rural - ATER no Brasil - Marcos
Roberto Pires Gregolin, Renato Santos de Souza e Alisson Vicente Zarnott

Relatório de Auditoria Operacional nas ações de assistência técnica e extensão rural (ATER) - TCU
Obrigado!

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